TNG 4×25: In Theory

Data procura o amor e dá novo passo na busca de sua própria humanidade

Sinopse

Data estelar: 44932.3

A alferes Jenna D’Sora, após romper com o namorado, subitamente começa a ver em Data algo mais que uma amizade. Após a jovem beijá-lo, o androide resolve pedir conselhos a seus amigos sobre o que fazer e decide investir no novo relacionamento. Já que não tem quaisquer emoções ou sentimentos, ele cria um programa especial para guiá-lo nas iniciativas amorosas. Entretanto, conforme seu relacionamento com Jenna progride, ele descobre que, em romances, o curso lógico nem sempre é o mais apropriado.

Depois de insistir com uma atitude romântica, ele decide iniciar uma discussão com Jenna, explicando que tomou a decisão porque seu estudo de dinâmica interpessoal sugere que conflitos e sua posterior resolução muitas vezes fortalecem a ligação entre duas pessoas. Quando Jenna aponta que há algo artificial no comportamento dele, ele concorda, lembrando-a de que todos os seus comportamentos são baseados em um programa e, portanto, são artificiais.

Enquanto isso, a Enterprise explora uma nebulosa cujas propriedades nunca foram encontradas antes. Para investigar os efeitos dela sobre formas de vida, Picard decide visitar um planeta próximo. Durante a viagem, objetos começam a cair no chão misteriosamente, mas ninguém associa as estranhas ocorrências com a nebulosa.

Quando a nave chega nas coordenadas do planeta, a tripulação descobre apenas espaço vazio, sugerindo que o astro teria desaparecido. Momentos depois, o planeta aparece diante dos olhos dos tripulantes. Uma pesquisa conduzida por Data sugere que a nebulosa pode estar causando pequenos vãos no tecido do espaço próximo, que causam o momentâneo desaparecimento de qualquer matéria que entre em contato com eles.

Partes da nave começam a desaparecer, e Picard percebe que todos estão em grande perigo, ordenando a imediata saída da nebulosa. A Enterprise é muito grande para manobrar evitando os vãos, e o capitão é obrigado a assumir a perigosa missão de pilotar uma nave auxiliar pela nebulosa à frente da Enterprise, guiando-a em segurança.

Após a saída da nebulosa, Jenna chega aos aposentos de Data e diz a ele que não poderá mais continuar o relacionamento. Ele reconhece que seu namorado anterior era pouco emotivo e acha que sua atração por Data indicava um padrão. Data compreende a validade de sua opinião e concorda em interromper seu programa para namoro sem hesitar.

Comentários

“In Theory” é um belo estudo sobre um dos personagens mais fascinantes de Jornada nas Estrelas, o androide Data. Desta vez, somos convidados a explorar o amor sob o ponto de vista dele, e o resultado dessa viagem pode ser definido, no mínimo, como muito divertido.

É bem verdade que em alguns momentos a caracterização de Data está aquém das capacidades já demonstradas pelo androide. Todo mundo sabe que ele é capaz de movimentos mais graciosos do que os aplicados quando convida Jenna a sentar-se ao seu lado para recebê-la em seus braços e dar-lhe um beijo.

Por outro lado, os acertos de Brent Spiner superam com folga seus pequenos exageros. As cenas em que um sedutor Data faz de tudo para deixar sua companheira confortável, ou a súbita briga entre os dois, são momentos impagáveis.

Mais uma vez o androide funciona como um belo espelho para nossa própria humanidade. Vê-lo “emular” uma paixão é quase tão agradável quanto estar apaixonado por si mesmo, pela extrema sinceridade das intenções dele. E ver Jenna terminando com ele é quase tão triste quanto se fosse conosco, pelas mesmas razões. O que nos leva à paradoxal imagem de nos identificarmos com um personagem que, a rigor, deveria ser o mais diferente de nós. São justamente os contrastes que mostram o quanto a essência é a mesma, apesar das diferentes roupagens.

Os personagens principais são bem utilizados na trama de Data, oferecendo suas perspectivas únicas a respeito da situação do amigo androide. Pessoalmente decepcionante foi a resposta de Picard, que mais lembrou o ranzinza das duas primeiras temporadas do que o capitão mais reflexivo que nos acostumamos a ver nos anos subsequentes.

Sobre a trama secundária, vale dizer que até mostrou alguma qualidade, levando em conta o fato de que sua existência se deu para meramente produzir a “falsa encrenca” do episódio, propiciando um senso de começo, meio e fim para a história. Vemos mais uma vez Picard tomando para si a responsabilidade de guiar sua nave em situação de crise, como ele já havia feito em “Booby Trap”, da temporada anterior.

Em termos de direção, Patrick Stewart não teve muito a trazer para o episódio. Evitando muitas inovações, o ator conduziu bem o episódio por trás das câmeras, fazendo da simplicidade das tomadas e das boas atuações suas principais contribuições.

O episódio traz de volta o tema recorrente da busca da humanidade por Data, em suas várias facetas. Ele segue o padrão estabelecido em “Data’s Day” – colocando o personagem em primeiro plano e deixando o enredo envolvendo a nave como pano de fundo. O resultado não é tão primoroso desta vez, mas funciona perfeitamente como um prosseguimento natural do eterno esforço do androide por suplantar sua própria programação.

Avaliação

Citações

“You didn’t talk to the entire ship about us?”
“No. In actuality less than 1% of the Enterprise crew was involved.”
(Você não falou sobre nós para a nave inteira?)
(Não. Na verdade menos de 1% da tripulação da Enterprise foi envolvida.)
Jenna e Data

Trivia

  • Para o roteirista Joe Menosky, “essa foi outra chance de caminhar sobre a fronteira entre o hardware de Data e seu ‘coração’ programado – explorar se realmente há um fantasma na máquina”.
  • De acordo com Ronald D. Moore, a história foi inspirada pelo fascínio que as fãs tinham com Spock na Série Clássica.
  • Este episódio foi a primeira colaboração entre Menosky e Moore. Os dois dividiram as cenas entre si e depois se reuniram para refinar e harmonizar o trabalho.
  • O desejo deles era se concentrar no estudo de personagem, focando em Data, mas o formato de A Nova Geração os obrigou a incluir uma trama sci-fi
  • Este foi o primeiro episódio dirigido por Patrick Stewart, que gostou muito da experiência e ficou feliz de ter um segmento protagonizado por Brent Spiner. Ele mais tarde destacaria “In Theory” como seu episódio favorito na série.
  • O episódio foi filmado entre 1º e 9 de abril de 1991, totalmente nos cenários da Enterprise, nos galpões 8 e 9 da Paramount.
  • A música tocada no concerto do bar panorâmico é o Quinteto de Sopro em Mi Bemol Maior, de Anton Reicha. Mais adiante, Data cantarola “Che Gelida Manina”, parte da ópera italiana La Bohème, de Giacomo Puccini.
  • Este episódio menciona uma liga de alumínio transparente das janelas, referindo-se à mesma liga que Montgomery Scott apresentou ao século 20 em Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa.
  • O gato de Data ganha um nome neste episódio: Spot. Mais adiante, ele é revelado como fêmea e tem filhotes em “Genesis”, da sétima temporada.
  • Michele Scarabelli, que interpreta aqui Jenna D’Sora, ficou conhecida por seu papel como Susan na série Alien Nation.
  • Whoopi Goldberg volta a aparecer como Guinan, depois de “Night Terrors”. No quarto ano, ela apareceu um total de oito vezes – um recorde.
  • Rosalind Chao também volta como a esposa de O’Brien, Keiko, sua quarta aparição na série. Ela retornará em “Disaster”, da quinta temporada, quando dará à luz Molly, filha do casal.

Ficha Técnica

Escrito por Joe Menosky & Ronald D. Moore
Dirigido por Patrick Stewart

Exibido em 3 de junho de 1991

Título em português: “Teoricamente”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher

Elenco convidado

Michele Scarabelli como Jenna D’Sora
Rosalind Chao como Keiko O’Brien
Colm Meaney como Miles O’Brien
Pamela Winslow como McKnight
Whoopi Goldberg como Guinan
Majel Barrett como voz do computador

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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