Feijoada na Enterprise? TB entrevista Anson Mount (Pike) e Rebecca Romijn (Una)

A segunda temporada de Strange New Worlds segue a todo vapor no Paramount+, e o Trek Brasilis foi convidado a bater um papo exclusivo com Anson Mount (Christopher Pike) e Rebecca Romijn (Una Chin-Riley) sobre as novas aventuras da Enterprise. Ao longo da entrevista, a atriz conta como foi o trabalho com o segundo episódio da série, “Ad Astra Per Aspera”, e o ator comenta a visita a Rigel VII, planeta originalmente mencionado no primeiro piloto de Star Trek“The Cage”.

A dupla também fala sobre o que podemos tirar de mais importante, em termos de crítica social, desta nova temporada e explora como suas personalidades como atores estão influenciando a construção de seus papéis. O ator do capitão Pike fala de paralelos entre o arco de seu personagem e seu momento recente como pai (a primeira filha dele nasceu em novembro de 2021, pouco antes do início das filmagens da segunda temporada).

Mount e Romijn também comentam uma possibilidade inusitada: poderia o capitão Pike servir uma refeição à brasileira para sua tripulação? Saiba isso e muito mais, na entrevista a seguir, conduzida por Salvador Nogueira e Gustavo Gobbi (confira em vídeo ou em texto, logo abaixo).

Trek Brasilis – Vamos começar com a Rebecca, porque acabou de ir ao ar o segundo episódio e, uau, que grande episódio de tribunal, Star Trek clássico, e uma mensagem tão poderosa para tanta gente! O que significa para você, como atriz, entregar aquela atuação e para Una, a personagem, indo adiante?

Rebecca Romijn – Bem, foi uma honra incrível fazer um dos clássicos dramas de tribunal para Star Trek e me somar ao legado de vários dramas de tribunal famosos que todos conhecemos. Para Una… achei que o roteiro ressoou de forma brilhante, eu estava tão empolgada de lê-lo e trabalhar nele. Akiva Goldsman fez muitas reescritas, estava muito conectado à mensagem e ao diálogo, e passamos muito tempo ensaiando partes dele no cenário do tribunal com Yetide Badaki, que interpretou a advogada e simplesmente arrasou. É uma virada incrível para Una, que finalmente se desvencilha dessa mentira com que ela tem vivido e finalmente pode viver de forma autêntica e, espero, indo adiante, que ela seja é uma Una mais livre.

Trek Brasilis – Anson, a primeira temporada foi muito o arco do Pike lidando com seu destino. Ele de início estava lutando com isso, e no fim da primeira temporada ele enfim vê que não há outro modo de agir com seu futuro. O que isso traz para o personagem na atual temporada? Isso muda o personagem, é um novo momento para ele?

Anson Mount – Sim, isso é algo que sabíamos que tínhamos de lidar com desde o início da série. Você não pode começar a série sem começar a lidar com aquilo. E aquilo foi, Pike aprendendo, ou pensando que estava aprendendo, a lição de que a jornada é o destino, e infelizmente, você pode entender que mentalmente ele ainda não aprendeu a lição. Então ele continua trombando com isso. E acho que a adição da relação com a capitão Batel é importante, porque permite aquela pergunta de… ele vai dividir isso com outra pessoa, com alguém com quem é íntimo? Ele vai reconhecer para si mesmo? O que isso vai fazer com ele indo adiante, quando ele está lidando com uma relação que, presume-se, ambos querem que tenha longevidade? Eu acho que é muito parecido com as lições que eu tenho aprendido como pai — você tem de aproveitar cada dia por si mesmo, e não ficar muito envolvido com para onde as coisas estão indo, ou você enlouquece.

Trek Brasilis – Olhando para trás, vocês têm agora duas temporadas de Strange New Worlds. O que a segunda traz para vocês que é diferente ou especial comparada à primeira? Nós temos visto essa grande exploração de gêneros, e tudo mais, mas o que vocês acham que é o sabor especial, a coisa especial, que a segunda temporada traz à mesa?

Rebecca Romijn – Bem, estávamos todos trabalhando na segunda temporada quando a primeira temporada começou a ser exibida, e as críticas começaram a aparecer. Nós não sabíamos se a nossa série ia funcionar completamente, e ficamos deliciosamente chocados quando vimos que boa recepção ela estava tendo. Então, eu diria, ir para a temporada 2 foi muito empolgante para nós, e nós apenas queríamos ir lá e fazer. Quer dizer, arrebentar. Fazer maior e melhor.

Anson Mount – E fizemos movimentos bem maiores com as ideias de episódio, mesmo em termos de gêneros que estávamos explorando. Mas não apenas em termos disso, e não só… bem… e também, fazer mais comédia, mas também os movimentos que estávamos fazendo em termos do trabalho dramático. Tem umas coisas bem pesadas vindo por aí. E é tão divertido trabalhar em uma série tão maleável, que pode fazer todas essas coisas.

Rebecca Romijn – E nós fomos encorajados, e tivemos um pouco mais de liberdade, para a segunda temporada. Também tomamos mais propriedade de nossos próprios personagens desse modo. E os roteiristas… no começo, quando íamos aos roteiristas e pedíamos ajuda com nossos personagens, agora eles estão vindo até nós e dizendo: o seu personagem faria isso, ou aquela outra coisa?

Trek Brasilis – Isso é algo que queríamos perguntar. Porque, a essa altura, vocês já foram Pike e Una para Discovery, então os curtas, e aí duas temporadas de Strange New Worlds. O quanto da sua atuação, e de seu trabalho como atores, está sendo injetado no personagem a ponto de os roteiristas começarem a escrever para vocês, como atores, os personagens? Vocês sentem que isso está acontecendo a essa altura?

Anson Mount – Sim, está acontecendo de modos que eu realmente não posso te contar agora. Mas sim, está acontecendo.

Rebecca Romijn – E há meio que uma política de portas abertas com nossos roteiristas e produtores, eles nos encorajavam a vir e sugerir ideias. Sim, definitivamente está acontecendo.

Trek Brasilis – Bem, um dos pontos de parada nesta temporada é Rigel VII, que é um planeta clássico de Star Trek, do primeiro piloto. É extra divertido fazer um estranho novo mundo que é, na verdade, velho, em certo sentido… Há um sabor especial em fazer isso?

Anson Mount – Bem, foi uma grande ideia. Não apenas isso. Ela nos lembra… É outra conexão ao Pike clássico. E não é só fan service, mas a ideia de que… no cânone, é sabido que a Enterprise perdeu três pessoas naquela batalha que aconteceu em Rigel VII. E a ideia de que, e se uma delas sobreviveu e ficou furiosa durante todo esse tempo por ter sido deixada para trás? Era uma ideia tão boa, uma grande mexida no cânone… funciona particularmente bem para aquele episódio. Porque é um episódio sobre memória, certo? Ou a falta dela… e tudo isso meio que entrou junto.

Trek Brasilis – O capitão Pike tem um grande lugar na franquia — é meu personagem favorito –, mas tem um certo sujeito chamado James T. Kirk que algumas pessoas podem conhecer… Como você se sentiu, Anson, quando descobriu que Pike ia interagir com Kirk e como foi trabalhar com Paul Wesley no papel?

Anson Mount – Eu fiquei empolgado. Sabe, os roteiristas me ligaram antes disso acontecer e disseram, sabe, queremos te informar, vai ter uma pessoa que virá a bordo e viverá o Kirk, mas ele estará lá só por uns poucos episódios de vez em quando… Eu disse: pessoal, tudo bem, eu não me sinto ameaçado, está tudo bem. E ter o Paul se juntando ao elenco foi tão legal, porque ele se tornou imediatamente parte da família, o mesmo tipo de senso de humor, não se leva a sério nada nada, e está realmente se divertindo com o personagem. Então, sim, eu realmente curti a ideia e apreciei tudo que fizemos.

Trek Brasilis – Pike adora cozinhar, já o vimos fazendo isso durante toda a primeira temporada. Então, sou brasileiro, e gostaria de saber se algum dia ele vai preparar comida brasileira para a tripulação da Enterprise. Talvez preparar algumas caipirinhas?

Rebecca Romijn – Ah! Feijoada! Devíamos ter feijoada!

Anson Mount – Essa é uma ótima ideia. Ainda não fizemos [comida] brasileira na série. Vou mencionar isso aos roteiristas. Já que claramente temos uma base de fãs no Brasil.

Trek Brasilis – A próxima pergunta é para vocês dois. Star Trek sempre trouxe comentários sociais e políticos à mesa, criando paralelos com o mundo de hoje. Qual vocês acham que é o comentário mais importante que a segunda temporada de Strange New Worlds está trazendo agora?

Rebecca Romijn – Acho que um senso de otimismo com o futuro, em vez desta vibe de distopia sombria que a gente pega de tanto sci-fi por aí. Não é assustador. Ela tem entusiasmo pelo futuro. Sabe, temos um instinto de continuar como raça humana e eu acho que, quando pensamos no futuro, queremos pensar nele com esperança em vez de medo.

Anson Mount – Eu acho que é fácil, especialmente com a nossa série, porque estamos nos divertindo tanto, é fácil esquecer que a Enterprise a esse ponto é tripulada por muitos veteranos de guerra e, como você sabe, em meu país, estivemos lidando com as cicatrizes da guerra por um bom tempo, então você pode ver algo sobre isso, o que acho que é um assunto importante a ser abordado.

Trek Brasilis – A última pergunta é para Rebecca, agora que vimos uma conclusão para o arco da Una como iliriana escondida na Enterprise. Que aspectos da personagem você acha que seria divertido mergulhar mais a fundo a seguir?

Rebecca Romijn – Hmmm, boa pergunta! Estou esperando que tenhamos uma Una mais livre, indo adiante, menos carregada… sabe, gostaríamos de saber…

Anson Mount – Mais como uma Betty Davis.

Rebecca Romijn – Sim, Betty Davis (risos). Gostaríamos de uma história de origem, na verdade. Gostaríamos de mergulhar nas origens da relação entre Pike e Una. Acreditamos que eles são velhos amigos da Academia da Frota Estelar, então adoraríamos fazer esse episódio.

Trek Brasilis – Seria incrível.

Rebecca Romijn – Sabe, eu queria saber se a Una em algum momento encontrou o amor, há muitas coisas que eu gostaria de descobrir sobre ela ainda…

Trek Brasilis – Muito legal, talvez ela ache um Número Um, como você, Rebecca, fez, certo? (risos)

Rebecca Romijn – E case com ele? E seja realmente competitiva? (risos)

Trek Brasilis – Obrigado, pessoal, foi ótimo. Estamos amando a temporada, tudo de bom para vocês.

Anson Mount – Obrigado.

Rebecca Romijn – Obrigada.

 

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