TNG 7×20: Journey’s End

Episódio introduz a origem dos maquis e promove despedida de Wesley

Sinopse

Data estelar: 47751.2.

A Enterprise visita a Base Estelar 310, e Wesley Crusher retorna à nave para suas férias. Picard recebe a bordo a almirante Nechayev, que informa sobre o novo tratado assinado entre a Federação e os cardassianos, após três anos de negociações. A fronteira estabelecida deixa colônias federadas em território cardassiano, e vice-versa. A Picard, caberá a tarefa de evacuar a colônia de Dorvan V, estabelecida há 20 anos por uma tribo indígena norte-americana.

Na engenharia, Wesley visita La Forge, mas se mostra muito desconfortável e agressivo, levando a uma discussão entre os dois. Crusher tanta conversar com o filho, mas ele se mostra de novo muito incomodado.

Chegando a Dorvan V, Picard e Troi conversam com o conselho da tribo, liderado por Anthwara. Alegando razões religiosas, ele recusa qualquer proposta de evacuação. O grupo volta a se reunir a bordo da Enterprise para uma recepção, e Anthwara pergunta a Picard sobre sua história familiar. No bar panorâmico, Wesley é abordado por Lakanta, um dos indígenas, que diz saber há dois anos que ele viria até o planeta, por conta de uma visão. Lakanta diz que Wesley veio até eles em busca das respostas que busca.

Mais tarde, Crusher fala com Picard sobre Wesley e pede ajuda, já que o rapaz está se comportando de forma muito arredia e tem caído muito de desempenho na Academia. O capitão acha que o esforço pode ser inútil.

Na manhã seguinte, Wesley desce à superfície e reencontra Lakanta, que o convence a fazer um ritual de visão na Habak, um lugar sagrado para aquele povo.

As negociações seguem, mas Anthwara continua se recusando a partir e diz que Picard está lá para protegê-los, para compensar a ação de um ancestral dele que foi partícipe da ação que causou o deslocamento de seu povo, no século 17.

As coisas se complicam ainda mais quando uma equipe cardassiana desce ao planeta para fazer uma inspeção das edificações da colônia que estão prestes a ocupar. Picard negocia com gul Evek para que eles não entrem em atrito com os indígenas. Mas as coisas se complicam quando Wesley, recém-saído de uma visão em que encontrara seu falecido pai, que disse para não segui-lo e procurar seu próprio caminho, revela aos colonos que serão transferidos pela Enterprise à sua revelia. Revoltados, eles fazem dois cardassianos como reféns.

De volta à nave, Wesley é fortemente recriminado por Picard e comunica ao capitão sua decisão de deixar a Frota Estelar. Beverly não entende a escolha do filho, mas ele explica que já não se sente confortável na Academia há algum tempo, e a visão que teve do pai apenas sedimentou isso.

Ao descer novamente à colônia, Wesley vê a tensa situação com os reféns cardassianos. Eles tentam fugir, e um tiroteio de feiser começa. Mas então tudo para, como se o tempo congelasse, e apenas duas pessoas se movem: ele e Lakanta, que se revela como o Viajante – que veio buscá-lo para uma nova jornada destinada a pouquíssimos humanos.

Na Enterprise, Picard tenta evitar o reinício de uma guerra com os cardassianos, convencendo Evek a meramente transportar seu grupo do planeta. Retomando a conversa com os colonos, uma solução é encontrada: os indígenas perderão status de cidadãos da Federação e estarão sob jurisdição cardassiana.

Comentários

“Journey’s End” traz uma reviravolta ao destino de Wesley Crusher em sua despedida, ao mesmo tempo em que ajuda a estabelecer elementos centrais para a premissa da próxima série de Star Trek, então prestes a ser lançada, Voyager.

As relações entre os cardassianos e a Federação vêm sendo trabalhadas desde a quarta temporada de A Nova Geração, quando “The Wounded” introduziu essa espécie e o fato de que ela esteve em guerra com os federados no passado recente. A situação tensa e precária entre as duas potências galácticas foi bastante explorada com a estreia de Deep Space Nine, mas para Voyager os produtores introduziriam um grupo de rebeldes tratados como foras da lei tanto pela Federação como por Cardassia: os maquis.

A justificativa lógica para a existência deles é introduzida justamente em “Journey’s End”, com a apresentação do tratado que deixou várias colônias da Federação sob a jurisdição cardassiana. Mas, longe de ser meramente exposição e preparação para a premissa de Voyager (que veria uma tripulação maquis e outra federada se unindo), o episódio traz uma trama interessante em que Picard se vê num dilema de como proceder com a evacuação dos nativos.

Como premissa, funciona. Mas a resolução para o problema acaba sendo simplória, praticamente realizada fora da tela, com o capitão meramente reafirmando a escolha dos colonos de abandonarem a Federação.

E, no meio disso tudo, tem Wesley. O rapaz chega à Enterprise muito contrariado, o que até orna com a última vez que o vimos, em “The First Duty”, da quinta temporada. É natural que os eventos mostrados então, com a morte de um cadete por culpa de Nick Locarno e os membros de seu esquadrão, dentre eles Wesley, tenham azedado a experiência dele com a Academia. Mas não temos continuidade dramática suficiente, considerando que o personagem perdeu sua posição como parte do elenco regular na quarta temporada, e a coisa parece meio que vir do nada.

Wil Wheaton trabalha bem trazendo essa versão revoltada do personagem, embora ela soe muito diferente do que estávamos acostumados a esperar de Wesley. E a relação que ele estabelece com Lakanta, bem interpretado por Tom Jackson, é provocadora. O que não dá para entender é por que o Viajante teria usado esse artifício todo para “recrutar” Wesley. É pura conveniência de roteiro, e há uma forçada de barra inegável, que tira um pouco do brilho da trama.

Ainda assim, temos um episódio que cativa pelos temas que explora, do misticismo à realocação de povos nativos, traz uma resolução a um dos personagens mais importantes da série e apresenta elementos que fariam parte importante da história do século 24. No geral, uma boa jornada.

Avaliação

Citações

“I was right, captain. You did not take us from our land… and you have wiped clean a very old stain of blood.”
(Eu estava certo, capitão. Você não nos tirou de nossa terra… e você limpou uma mancha de sangue muito antiga.)
Anthwara, para Jean-Luc Picard

Trivia

  • A versão final do roteiro é datada de 20 de janeiro de 1994. A história original que inspirou esse episódio foi escrita por Shawn Piller, filho de Michael Piller, e Anatonia Napoli.
  • Jeri Taylor queria que a colônia indígena americana deste episódio fosse o lar de Chakotay, personagem de Voyager. Mas isso nunca foi estabelecido em tela.
  • Coincidentemente, Ned Romero, que interpreta Anthwara nesse episódio, apareceria como o avô de Chakotay em “The Fight”, de Voyager.
  • Este foi o último episódio da série dirigido por Corey Allen, responsável pelo piloto “Encounter at Farpoint”. Ele não trabalhava nela desde “The Game”, da quinta temporada.
  • Ronald D. Moore assumiu a responsabilidade por despachar Wesley com o Viajante. “Eu sentia que havia uma contradição embutida em um personagem que se dizia que era como Mozart em sua apreciação de alta matemática e física e que ainda assim estava no mesmo caminho de carreira que qualquer cadete da Frota Estelar. Eu não entendia – se Wes é realmente especial e superdotado, o que ele está fazendo no leme? Ele parecia estar indo à Academia apenas para honrar a memória de seu pai e as expectativas de Picard, não porque fosse seu melhor destino. ‘Journey’s End’ também pareceu uma oportunidade para ver alguém se afastar da Frota Estelar de cabeça erguida e dizer, ‘é legal, mas não para mim’. Eu estava cansado de todo mundo no século 24 dizendo, ‘tudo que quero fazer é vestir o uniforme e servir numa nave estelar’. Ei, é legal, mas não é para todo mundo. Então eu defendi termos Wes percebendo que seu destino era em outro lugar e fazê-lo partir.”
  • A almirante Nechayev cita Otto von Bismarck, mas com um pequeno erro. Ela diz a Picard que “A diplomacia é a arte do possível”, mas a citação correta é “A política é a arte do possível”.
  • Este episódio marca a criação da Zona Desmilitarizada e o início dos maquis. Eles também seriam explorados no episódio duplo “The Maquis”, de Deep Space Nine, e em “Preemptive Strike”, de A Nova Geração, antes de se tornarem centrais na premissa de Voyager.
  • Na cena em que Wesley segue Lakanta escada acima, um membro da equipe do departamento de som pode ser visto rapidamente.
  • Os cenários da vila são um reaproveitamento dos construídos para “Thine Own Self”.
  • Esta foi a última aparição de Wil Wheaton como Wesley Crusher em A Nova Geração. O ator ainda faria uma ponta no filme Nêmesis (embora suas cenas com falas tenham sido cortadas, ele é visto no filme sentado à mesa no casamento de Riker e Troi) e voltaria 28 anos depois de “Journey’s End” em “Farewell”, da segunda temporada de Picard, então ele mesmo como um Viajante, parte de um grupo associado aos Supervisores, dos quais o mais famoso foi Gary Seven, do episódio “Assignment: Earth”, da segunda temporada da Série Clássica.
  • Richard Poe reprisa aqui o papel de gul Evek, depois de ter aparecido em “Playing God”, de Deep Space Nine. Ele ainda apareceria em “Preemptive Strike”, de A Nova Geração, “The Maquis, Part I” e “Tribunal”, de Deep Space Nine, e “Caretaker”, de Voyager.

Ficha Técnica

Escrito por Ronald D. Moore
Dirigido por Corey Allen

Exibido em 28 de março de 1994

Título em português: “O Fim da Jornada”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher

Elenco convidado

Wil Wheaton como Wesley Crusher
Tom Jackson como Lakanta
Natalija Nogulich como Alynna Nechayev
Ned Romero como Anthwara
George Aguilar como Wakasa
Richard Poe como Evek
Eric Menyuk como o Viajante
Doug Wert como Jack R. Crusher

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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