TNG 7×21: Firstborn

História de viagem no tempo traz resolução para a relação entre Worf e seu filho

Sinopse

Data estelar: 47779.4.

Worf tenta convencer Alexander a se preparar para o Rito de Ascensão e seguir o caminho do guerreiro klingon, mas o menino não quer. Enquanto isso, a Enterprise-D tem um encontro marcado com outra nave, a Kearsarge, em quatro dias. Na reunião do estado-maior, Worf se mostra distraído. Picard pergunta o que houve, e ele explica que está tendo dificuldades com Alexander. O capitão sugere que seria bom se o menino pudesse conviver com outros klingons, e que o festival Kot’baval se aproxima. Ele sugere levar a Enterprise até o posto avançado klingon em Maranga IV, o que dará também à equipe de dinâmica estelar a oportunidade de estudar uma nebulosa.

Chegando lá, Alexander de fato se empolga com as festividades, que envolvem lutas ritualísticas retratando a história de como Kahless derrotou o traidor Molor. Quando eles estão prestes a voltar à Enterprise, são cercados por um trio de klingons armados. Eis que surge também um velho klingon, K’mtar, que se apresenta como conselheiro da Casa de Mogh, para apoiar Worf, e juntos eles afastam os agressores.

Os dois retornam à nave e Riker os interroga, infeliz com a relutância de K’mtar em dar informações. A adaga de um dos agressores leva a insígnia da Casa de Duras, o que sugere que Lursa e B’Etor estão envolvidas. Não se sabe o paradeiro delas desde que foram vistas tentando vender explosivos de bilítrio a um terrorista bajoriano na Estação 9.

Nos aposentos de Worf, K’mtar manifesta preocupação com o futuro de Alexander. Como ele poderá liderar a Casa de Mogh se não quer ser um guerreiro? K’mtar começa a influenciar o menino, e Worf fica um pouco incomodado, embora confie nele.

No dia seguinte, Riker entra em contato com Quark na Estação 9 e pede informações sobre as irmãs Duras. Em troca de créditos que Riker obteve jogando Dabo, o ferengi revela que as duas estavam tentando adquirir equipamento de mineração para explorar um depósito de magnesita dos pakleds no sistema Kalla. Enquanto a Enterprise faz a viagem, K’mtar introduz Alexander a uma simulação de holodeck que representa o confronto que tiveram no planeta, mas o menino hesita em matar seu atacante e foge.

Em Kalla III, um grupo avançado encontra um dopteriano, Gorta. Ele troca passagem do planeta por informações das irmãs, que parecem ter partido depois de levar tudo que ele tinha de valor. O plano delas era vender a magnesita para um comerciante yridiano no sistema Ufandi.

No bar panorâmico, K’mtar sugere que Worf deveria mandar Alexander para uma escola klingon em Ogat. Worf recusa, e o velho ameaça tirar a guarda dele evocando o ya’nora kor. Mas também está cada vez mais frustrado com Alexander pelo desinteresse dele por sua cultura. K’mtar fala sobre os costumes klingons, mas o menino faz perguntas questionadoras e logo percebe que K’mtar é igual ao seu pai.

Riker rastreou o minério levado pelas irmãs até o comerciante yridiano Yog, e o compra. Mas em vez de trazê-lo a bordo, ele o detona no espaço, revelando a presença de uma ave de rapina klingon. As irmãs Duras são trazidas a bordo e confrontadas com a tentativa de assassinato de Worf. Elas analisam a adaga e estranham, por ela ter uma marca indicando o filho de Lursa – sendo que ela ainda não o tem. Worf pressiona K’mtar sobre a real origem da adaga, e ele revela que na verdade é Alexander, vindo de 40 anos no futuro.

Ele disse que voltou no tempo para tentar mudar o próprio destino, convertendo a si mesmo jovem em um guerreiro. Em sua trajetória original, ele se tornou um diplomata pacifista que tentou instigar o fim das disputas entre as casas klingons, mas se sente culpado pela morte de Worf, assassinado na sala do Alto Conselho.

Worf diz a Alexander que, só de ter voltado no tempo, ele já mudou o curso dos eventos e pode ter evitado sua morte. E que ele fica feliz de saber que o filho tem seu próprio caminho. K’mtar parte e Worf, repensando a relação com Alexander, decide parar de forçar a cultura klingon sobre ele.

Comentários

“Firstborn” é mais uma daqueles episódios com uma premissa fantástica que acaba se perdendo nos detalhes. Com o objetivo de dar um desfecho mais sólido à relação turbulenta de pai e filho entre Worf e Alexander antes do fim da série, ele lança mão de viagem no tempo para produzir uma trama fortemente pessoal, com potencial dramático enorme.

Afinal de contas, não é fácil psicologicamente alguém voltar ao passado para transformar ou, na pior das hipóteses, matar a si mesmo. A escalação de James Sloyan para o papel de Alexander velho é muito boa, e o ator consegue trazer a carga emocional que o roteiro pede, bem como alguns trejeitos que fazem mesmo parecer como uma versão adulta do personagem trabalhado pelo jovem Brian Bonsall.

Infelizmente, o roteiro acaba não explorando tão bem essa faceta. Poderia ter funcionado de forma mais comovente se quebrasse com o formato e fizesse o episódio de fato girar em torno do velho Alexander do futuro, em vez de deixar Worf como protagonista (como é o caso aqui). Poderíamos ter tido uma história tão tocante quanto a de “The Visitor”, que ainda estaria por vir, na terceira temporada de Deep Space Nine. Acabamos com uma história muito confusa e presa a detalhes, enquanto fazemos uma perseguição meio infrutífera de meia hora pelas irmãs Duras, tudo para trazer a surpreendente revelação de que K’mtar é de fato Alexander.

Os elementos da cultura klingon desenvolvidos para o episódio são muito bons, bem como sua realização em excelente trabalho que combinou maquiagem, figurino, objetos de cena, cenografia e a direção de Jonathan West. A ópera ritualística dos klingons, lembrando uma espécie de capoeira alienígena, é bem legal e orna bem com tudo que havia sido desenvolvido antes sobre esses alienígenas em A Nova Geração.

Michael Dorn faz seu costumeiro bom trabalho como Worf, dando mais contornos à relação conflituosa, mas em última instância amorosa, com seu filho, e Bonsall também tem aqui uma de suas melhores atuações como o menino Alexander. Mas o aspecto mais marcante –e positivo– do episódio é que o oficial tático klingon sai transformado pelos eventos. Ele passa a enxergar como válido o caminho alternativo que seu filho trilhará no futuro e decide que é melhor nutri-lo do que ficar tentando impor sua própria visão.

É um desfecho emocionalmente satisfatório para o segmento e para o estabelecimento de um novo estado na relação dos dois. Mas não será uma solução definitiva, já que veremos Alexander mais adiante em Deep Space Nine, então como um jovem adulto, ainda atritando com seu pai e tentando se adaptar como um guerreiro (com pouco sucesso, é verdade). Quanto ao futuro de Worf, ele segue em aberto no cânone: o Alexander do futuro teria vindo do ano 2410, o que implica que seu pai deve ter sido morto naquela linha do tempo antes disso, e a última vez que vimos Worf em tela foi em 2401, durante a terceira temporada de Picard.

Avaliação

Citações

“I love you, father.”
“And I you, Alexander.”
(Eu amo você, pai.)
(E eu você, Alexander.)
Alexander do futuro e Worf

Trivia

  • A versão final do roteiro é datada de 28 de janeiro de 1994. A história original de Mark Kalbfeld não envolvia Alexander. Em vez disso, lidava com uma nave romulana com marcações federadas de um futuro em que a Federação e o Império Estelar Romulano estavam em paz. Entretanto, tanto a nave como a versão futura de Riker a bordo dela se revelariam embustes, parte de uma trama romulana.
  • Jeri Taylor comentou: “Nós compramos aquela história e ele a escreveu, mas parecia meio comum, então começamos a mexer com ela durante uma de nossas sessões de brainstorming, e trombamos na ideia de que Alexander volta do futuro para matar seu jovem eu. Isso parecia maravilhoso, mas por um longo tempo era tudo que tínhamos. Não sabíamos por que ele fez isso.”
  • A noção de usar Alexander em uma trama de viagem no tempo se originou em uma premissa não utilizada criada por Joe Menosky mais cedo na temporada. Menosky havia proposto uma história em que Alexander acidentalmente caía em um portal do tempo e se tornava para sempre um amargo rapaz de 25 anos. Michael Piller odiou a ideia, comentando: “Acho que é uma coisa terrível roubar a juventude de alguém.” Essa trama acabaria sendo reciclada em “Time’s Orphan”, com Molly O’Brien, em Deep Space Nine.
  • Originalmente, René Echevarria queria incluir K’Ehleyr como a salvadora de Alexander no fim da história. Embora Suzie Plakson tivesse interesse em voltar ao papel, ela acabou recusando por ter outros compromissos. Echevarria comentou: “A verdade é que foi uma bênção. Já havia exposição suficiente para explicar ao final do episódio do jeito que ficou!” Piller disse: “Eu sei que Rick [Berman] teve um suspiro de alívio porque ele não gosta da ideia para começar. Para o bem ou para o mal, aquilo pode ter ajudado o episódio.”
  • No roteiro original, Riker chega a mencionar ter conversado com Benjamin Sisko, e teria sido Sisko quem sugeriu que ele falasse com Quark à procura das irmãs Duras.
  • Armin Shimerman faz sua primeira aparição como Quark fora de Deep Space Nine. Ele apareceria depois em “Caretaker”, piloto de Voyager, e em uma cena cortada do filme Jornada nas Estrelas: Insurreição. Além disso, ele participaria das animações “Hear All, Trust Nothing”, de Lower Decks, e “Holograms All the Way Down”, de Very Short Treks. Este episódio em particular foi exibido e se passa entre “The Maquis, Part I” e “The Maquis, Part II”.
  • James Sloyan apareceu antes em A Nova Geração como o almirante romulano Jarok, em “The Defector”, e como Moral Pol em “The Alternate” e “The Begotten”, de Deep Space Nine. Ele também viveu o doutor Ma’Bor Jetrel em “Jetrel”, de Voyager.
  • Rick Berman e Michael Piller estavam hesitantes em escalar Sloyan como K’mtar, já que ele havia acabado de aparecer como Mora Pol em “The Alternate”, de Deep Space Nine. Mas Jeri Taylor os convenceu de que a maquiagem klingon esconderia isso. “Eu fui para Michael e disse, olhe, nós podemos pegar um ator pior neste papel ou escalar o ator que deveria ser escalado”, revelou.
  • Este episódio marca as aparições finais de Alexander Rozhenko (Brian Bonsall), Lursa (Barbara March) e B’Etor (Gwynyth Walsh) na série. As irmãs Duras haviam aparecido também em “Past Prologue”, da primeira temporada de Deep Space Nine (em eventos citados por Riker aqui), e teriam seu fim no filme Jornada nas Estrelas: Generations. Alexander voltaria a aparecer na sexta temporada de Deep Space Nine, mas vivido por outro ator, Marc Worden.
  • Joel Swetow (Yog) já havia aparecido antes em “Emissary”, piloto de Deep Space Nine, como gul Jasad.
  • Originalmente, os dois atores que fizeram parte do Festival Kot’baval rosnavam suas falas em cena. Depois da filmagem, foi decidido tornar a ópera klingon mais lírica. O compositor Dennis McCarthy caprichou na nova melodia, e os atores eram cantores bons o suficiente para regravar suas falas. A produtora Wendy Neuss comentou: “Foi um dos nossos maiores trabalhos no ano – descobrir como os instrumentos em tela iriam soar, quebrar todas as sílabas, descobrir onde a fala fora de tela entraria.”
  • Ronald D. Moore, conhecido por escrever episódios klingons, elogiou o trabalho de Echevarria aqui. “A coisa que ele fez na sexta temporada em ‘Birthright’ e então o que ele fez aqui é muito interessante. Worf e Alexander celebram num posto avançado klingon e há essa canção operística, lutas heróicas e recriações de coisas nas ruas e bandeiras, e esse era um sabor cultural totalmente diferente para esses caras em que eu não tinha pensado. Minha pegada com os klingons era meio que mais shakespeariana, com a Casa de Mogh e todo aquele tipo de coisa, e a ascensão e queda de agentes políticos. René traz um elemento muito diferente que acho que lhes serve bem.”
  • Michael Dorn opinou: “Não sabemos o que realmente acontece agora. Apenas que o futuro é incerto. É apenas como a vida real, mas Worf ainda é um pai terrível. Ele não tem noção.”
  • Já Michael Piller gostou do segmento: “Eu me apaixonei pela ideia de ‘Firstborn’ em que lidamos com as implicações psicológicas de um homem que se sente um fracasso, que volta à sua infância para destruí-lo jovem, para evitar a dor que ele causaria e sofreria. Há uma tremenda premissa de ficção científica nisso. E se você esteve nas minhas sessões de terapia, sabe que eu lidei com isso em vários níveis diferentes.”
  • Este episódio foi indicado ao Emmy por melhor design de cabelo em uma série.

Ficha Técnica

História de Mark Kalbfeld
Roteiro de René Echevarria
Dirigido por Jonathan West

Exibido em 25 de abril de 1994

Título em português: “Primogênito”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Gates McFadden como Beverly Crusher

Elenco convidado

James Sloyan como K’mtar
Brian Bonsall como Alexander Rozhenko
Gwynyth Walsh como B’Etor
Barbara March como Lursa
Joel Swetow como Yog
Colin Mitchell como Gorta
Armin Shimerman como Quark
Michael Danek como cantor
John Kenton Shull como Molor
Rickey D’Shon Collins como Eric

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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