DSC 5×08: Labyrinths

Michael precisa enfrentar teste de caráter pelos labirintos da mente

Sinopse

Data estelar: desconhecida.

Os breens velam o corpo de L’ak, filho favorito do Império. O primarca Ruhn promete reforçar sua reivindicação ao trono com a tecnologia que Moll os ajudará a obter. Ela diz que pode trazer L’ak de volta à vida. Ruhn fica contrariado de vê-la se dirigindo a seus soldados, mas acaba tendo de apoiá-la.

Enquanto isso, a Discovery chega às Badlands e é guiada remotamente por Hy’Rell, arquivista da Galeria e Arquivo Eternos, até a grandiosa biblioteca. Passando pelas tempestades de plasma, a nave chega ao destino e Michael Burnham solicita autorização para ir a bordo. Hy’Rell diz que há um artefato de Kwejian lá e gostaria de ter a ajuda de Book para catalogá-lo. Com isso, Michael e Book se teleportam para a biblioteca.

Hy’Rell conduz Michael até a sala de leitura reservada para ela, e ela passa a analisar o livro Labirintos da Mente, de Marina Derex. Em paralelo, Book é levado a outra sala, onde ele vê o artefato kwejian, um pedaço da raiz de seu mundo. Ele fica profundamente emocionado, e Hy’Rell diz que, como o último sobrevivente do planeta, ele poderá ficar com o objeto.

Michael folheia o livro e encontra encartado nele um dispositivo. Ela aperta um botão, que a coloca em estado inconsciente. Quando Book e Hy’Rell a reencontram, ela está caída no chão. Rayner e Culber vêm a bordo para ajudar, e o médico constata que um raio nucleônico está rodando um programa no cérebro de Michael – ela está experimentando uma realidade mental própria enquanto está inconsciente.

Dentro de sua própria mente, Michael se vê despertando na biblioteca e encontrando um personagem que se parece com Book, mas vestido como um arquivista. Ele explica que é parte do programa de Derex, um teste que Michael precisa superar para obter a última pista que levará à tecnologia dos Progenitores. Essa versão de Book, criada a partir do subconsciente de Michael, se dispõe a responder apenas perguntas de sim ou não, mas mantém uma postura enigmática.

Ela passa a vagar pelas enormes galerias de livros e considera impossível procurar a pista aleatoriamente. Então encontra um fichário e lhe ocorre que ela precisa buscar numa seção específica. Talvez a de história, ela pensa. Book nada diz, e ela se encaminha para lá, mas acaba não encontrando nada. Ela pergunta se está na trilha errada, e ele indica que sim.

Frustrada, Michael pensa que está presa a um labirinto, e o segredo para escapar é eliminar caminhos já trilhados para voltar à sala de leitura onde começara. Book ajuda com um balde de areia, que permite que ela deixe uma trilha por onde está passando.

No mundo real, Hy’Rell informa que uma nave breen se aproximou do farol da biblioteca e está requisitando acesso. Rayner comunica à Discovery que os breens estão a caminho. A arquivista responde a Ruhn, mas o primarca ordena que eles entreguem o artefato buscado. Hy’Rell se recusa e um conflito se inicia. Os responsáveis pela biblioteca se preparam para se defender, e a Discovery, comandada por Rhys, se esconde nas tempestades de plasma para não ser detectada. Na biblioteca, com pressa, Rayner e Book tentam encontrar a pista por si mesmos, sem sucesso. Hy’Rell avisa que os breens abordarão a instalação, e Book se oferece para ajudar na defesa do complexo.

Os breens tentam romper os escudos com um tunelamento, e Stamets, Adira e Reno trabalham num meio de atrasá-los. Ainda assim, alguns soldados acabam adentrando o complexo e trocam tiros com Book e Rayner. Book é ferido, e Culber diz que não poderá tratá-lo ali.

Em sua mente, Michael consegue retornar à sala de leitura, mas descobre que essa também não é a resposta – não há nada lá. Enquanto isso, as luzes da biblioteca estão se apagando. O tempo dela se esgota e, se não conseguir, ela morrerá. Michael fica frustrada, sem saber mais o que fazer, e se senta para conversar com a versão virtual de Book. Ela admite que às vezes é tomada pelo medo, pelo sentimento de inadequação, pela sensação de que talvez ela não esteja à altura da missão, do trabalho, do uniforme e do relacionamento com Book… Desesperançosa, ela vê que está para morrer e pergunta se ele pode dizer qual era o teste. O avatar de Book então diz que ela passou, que o objetivo era demonstrar que ela conhecia a si mesma e era capaz de encarar e enfrentar suas próprias incertezas. Ele revela que a pista está na sala de leitura 7, dentro de um cristal, e ainda revela uma informação que Michael vai precisar para encontrar a tecnologia dos Progenitores.

No mundo real, diante da iminente destruição da biblioteca, Rayner está preparado para voltar à Discovery e deixar Michael para trás. Mas então a capitão desperta e diz que sabe onde está a pista. Eles a pegam e voltam à nave. Michael então abre contato com os breens e diz a Ruhn que o problema deles é com a Discovery, não com a biblioteca. O primarca concorda em fazer um tergun, um juramento breen sagrado, de que não destruirá a biblioteca se Michael entregar as pistas para a tecnologia dos Progenitores. A capitão concorda, mas não sem antes abrir o mapa que revelava o local para onde deveriam ir. Em seguida, ela entrega os artefatos aos breens.

De posse do mapa, Ruhn decide se livrar de Moll e destruir a Discovery e a biblioteca. Moll provoca os soldados, dizendo que Ruhn não respeita L’ak, juramentos, seus soldados ou qualquer outra coisa. Ruhn ordena que a Discovery seja destruída, mas Michael está preparada: ela ordena uma ejeção de plasma ao mesmo tempo que um salto com o motor de esporos, dando a impressão de que foi destruída. Após o salto, por conta de danos no motor, a Discovery fica a 22 anos-luz de seu destino final. Será preciso efetuar os reparos em cinco horas para que possam chegar ao local antes dos breens.

Na nave breen, Moll acaba provocando uma insurreição dos soldados contra Ruhn, que o atacam. Ela então promete liderar todos numa busca pela ressurreição de L’ak, o herdeiro do império, e que longo será o seu reino.

Comentários

“Labyrinths” oferece uma jornada especial para Michael Burnham sem perder de vista a história principal da temporada, em um apaixonante drama psicológico que envolve o enfrentamento das incertezas diante do desconhecido. O episódio é bem escrito e conduzido e, apesar do seu teor intelectual, é suficientemente simples e intrigante para manter a audiência atenta ao seu desenrolar.

Os elementos usados aqui parecem todos se encaixar de forma muito charmosa. Os breens ganham mais tempo de tela em uma ambientação espetacular, pela primeira vez mostrando um pouco de conflito (e personalidade) entre eles, enquanto Moll se vira para manter acesa a chama de trazer L’ak de volta. Ainda é uma representação um tanto quanto genérica, mas vê-los envoltos em um ritual fúnebre e preocupados com a sucessão valoriza um pouco mais o trabalho feito com essa cultura originada em Deep Space Nine, mas pouquíssimo explorada na franquia. Já o primarca Ruhn se revela o péssimo líder que é, sem caráter, o que o converte de forma definitiva no vilão da temporada e facilita a sensação para a audiência de que Moll já fez uma transição e mudou de lado: ela agora é meio que uma das mocinhas, embora tenha uma agenda própria. Pela primeira vez vemos Eve Harlow exercendo o poder que a personagem deveria comandar, o que é uma agradável mudança.

Tudo isso faz do segmento breen um pedaço interessante do episódio, que não deixa a peteca cair, apesar de suas limitações. Mas claro que o foco principal do segmento está com Michael, em seu desafio para encarar os Labirintos da Mente. Não se poderia esperar um desafio menos potente, em se tratando de um engenho criado por uma betazoide, e temos toques aqui de “The Inner Light”, de A Nova Geração, pela forma como um programa “toma conta” da consciência de Michael. Claro, isso apenas na superfície, porque aqui temos um segmento bem mais leve, e a capitão passa longe de viver uma vida inteira num planeta moribundo. A leveza começa pela cativante introdução da arquivista Hy’Rell, interpretada com muito entusiasmo por Elena Juatco. É mais um daqueles personagens acessórios, irrelevantes para a trama, mas que ajudam a dar personalidade ao episódio. Nesse aspecto, lembrou o androide Fred, introduzido em “The Red Directive”.

E que ambiente fantástico para essa personagem habitar! Parte do que torna esse episódio tão interessante são os lugares que visitamos, tanto na enorme nave breen quanto na espetacular Galeria e Arquivo Eternos, a biblioteca que preserva artefatos de todas as partes da galáxia. O conceito lembra um pouco a ideia de Alfa Memória, planeta-biblioteca da Federação introduzido em “The Lights of Zetar”, da Série Clássica, mas com um verniz mais misterioso e quase como uma ONG interestelar que transcende culturas ou governos individuais – tanto que ele abriga peças de muitas civilizações não pertencentes à Federação, como o planeta destruído Kwejian e o Império Breen.

A cena de Book travando contato com um pedacinho de seu planeta é tocante, mas o grande trabalho de David Ajala no episódio está mesmo como o avatar usado pelo programa que roda na mente de Michael Burnham. É um personagem inteiramente diferente, que permite ao ator trazer novos maneirismos à performance. Em contraste com Jinaal, que habitou o corpo de Culber no terceiro episódio da temporada, este avatar de Book é muito mais lacônico e seco, personalidade adequada para oferecer a Michael o desafio intelectual diante de si.

Aliás, que curiosa ideia para esse teste: na verdade, ele não exigia a superação de um desafio, mas sim o reconhecimento da incapacidade de lidar com ele. É um teste de caráter, ao modo do clássico Kobayashi Maru (originado em Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan), mas muito mais sutil e delicado. Michael é obrigada a enfrentar suas próprias inseguranças, numa situação que aparentemente se revela insuperável. Além de lidar com sentimentos que são comuns a todos nós em alguns momentos da vida, o tal teste foi uma forma inteligente de explorar esse lado da capitão sem precisar expô-la à tripulação. Como essa versão bem acabada da personagem, após cinco temporadas de crescimento, ela já se porta como os capitães de Star Trek a que estamos acostumados: invencíveis, convictos, totalmente capazes. Mas, de vez em quando, podemos ver a fragilidade que se esconde por trás dessa fachada de cada um deles. Para Kirk, talvez de forma mais efetiva, em Jornada nas Estrelas III: À Procura de Spock, com a morte de seu filho David e a perda da Enterprise. Para Picard, a lembrança é “Family”, em que ele lida com o trauma de ter sido cooptado pelos borgs. Para Michael, este é o episódio em que a capitão se permite expor essa fragilidade, ainda que apenas dentro de sua própria mente.

Claro, é verdade que a personagem, em sua longa trajetória, já lidou com muitas angústias, o que pode fazer parecer que este segmento é supérfluo. Mas temos de lembrar que essa é uma nova etapa, uma exploração da capitão já amadurecida, feita aqui com inteligência e sensibilidade. Acima de tudo, há o mérito de não se desviar da história principal – tudo está conectado com a busca pela tecnologia dos Progenitores, embora ajude a explorar tanto os sentimentos dela com sua capitania e a grandeza da missão adiante como no contexto de sua relação mal resolvida (mas claramente avançando para uma resolução) com Book.

Por falar nele, uma coisa meio esquisita no episódio é que ele é ferido gravemente, a ponto de Culber dizer que não pode tratá-lo fora da enfermaria, e ainda assim o personagem participa da correria final para obter a pista e deixar a biblioteca a tempo. Esquisito. Mas nada que prejudique a apreciação do episódio como um todo.

Pequenos destaques positivos ficam por conta de Stamets, Adira e Reno interagindo para resolver o problema do ataque breen aos escudos da biblioteca, e Gen Rhys ganhando uma chance de assumir a cadeira do capitão e mostrar confiança nela (num bom resgate do elogio que Rayner havia feito a ele alguns episódios atrás sobre seu potencial para o comando).

Agora, com apenas mais dois episódios pela frente, vamos chegando ao final desta jornada com alguns ganhos: antagonistas que podemos de fato temer, na forma dos soldados breens (aparentemente liderados por Moll), e a promessa de fortes emoções até o final. Apesar da tensão que permeia “Labyrinths”, ele parece ter sido a calmaria antes da tempestade, a ser retratada nos segmentos finais. Vamos a eles.

Avaliação

Citações

“I am the wife of L’ak. Scion and true ruler of the Imperium. We will get him back. Long will he reign.”
(Eu sou a esposa de L’ak. Filho favorito e verdadeiro governante do Império. Vamos recuperá-lo. Longo seja seu reino.)
Moll, convocando os soldados breens

Trivia

  • Este é o segundo episódio escrito pela editora executiva de histórias Lauren Wilkinson, depois de “Jinaal”. Eric J. Robbins também está no seu segundo episódio, depois de “All Is Possible”, da quarta temporada.
  • O diretor ganense-americano Emmanuel Osei-Kuffour faz sua estreia na série com este episódio; ele ganhou notoriedade com a série Shogun.
  • Este é o quinto episódio seguido em que Doug Jones (Saru) não aparece e não é creditado.
  • Uma nova oficial da ponte é introduzida aqui, comandante Lorna Jemison (Zahra Bentham), provavelmente nomeada em homenagem à astronauta americana Mae Jemison, que já chegou a fazer uma ponta em A Nova Geração como uma tripulante.
  • Um feixe nucleônico é usado para transferir o programa à mente de Michael – mesma tecnologia usada pela sonda de Kataan em 2368, ao criar novas memórias para o capitão Jean-Luc Picard em “The Inner Light”.
  • Descobrimos aqui que Jett Reno já trabalhou em Hysperia, planeta que emula uma cultura medieval humana e é o mundo natal do tenente-comandante Billups, engenheiro-chefe da USS Cerritos em Lower Decks.
  • A Discovery não poderia se camuflar neste episódio por conta da radiação Cherenkov, que é um fenômeno real.
  • A madeira de tuli, que compunha a caixa em que havia a raiz de Kwejian, é a mesma que Book usava para decorar sua velha nave.
  • Entre os livros lidos por Marina Derex estão Um Guia Abrangente de Estilos de Cabelo Talaxianos, Contos Populares Hupyrianos e Geometria Euclidiana, os dois primeiros ficcionais, o terceiro real.
  • O manuscrito de Labirintos da Mente é nossa primeira olhada no alfabeto betazoide.
  • Para perturbar a arma de tunelamento de escudos dos breens, basta usar um feixe de pósitrons.
  • Ejetar detritos, como eles fizeram aqui e em “Balance of Terror”, é baseado em uma estratégia naval real da época da Segunda Guerra Mundial.
  • O código breen é em base 12.
  • As cenas na Galeria e Arquivo Eternos foram filmadas na Biblioteca Thomas Fisher de Livros Raros, na Universidade de Toronto. Claro, tudo foi ampliado com uso de efeitos visuais.

Ficha Técnica

Escrito por Lauren Wilkinson & Eric J. Robbins
Dirigido por Emmanuel Osei-Kuffour

Exibido em 16 de maio de 2024

Título em português: “Labirintos”

Elenco

Sonequa Martin-Green como Michael Burnham
Anthony Rapp como Paul Stamets
Mary Wiseman como Sylvia Tilly
Wilson Cruz como Hugh Culber
Blu del Barrio como Adira Tal
Callum Keith Rennie como Rayner
Tig Notaro como Jett Reno
David Ajala como Cleveland “Book” Booker

Elenco convidado

Eve Harlow como Moll
Elena Juatco como Hy’Rell
Patrick Kwok-Choon como Gen Rhys
Orville Cummings como Christopher
David Benjamin Tomlinson como Linus
Christina Dixon como Asha
Victoria Sawal como Naya
Natalie Liconti como Gallo
Zahra Bentham como Lorna Jemison
Tony Nappo como primarca Ruhn
Dorian Grey como tenente breen Arisar
Jordan Francis como piloto breen
Jordan L’Abbé como oficial de operações breen
Joel Labelle como oficial de segurança breen
Glib Tretiakov como soldado breen

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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