Com enredo sensível e tocante, filme troca a lógica pela emoção no resgate de Spock
Sinopse
Data estelar: 8210.3
A Enterprise, seriamente danificada após a batalha contra Khan, retorna à Terra. Os jovens tripulantes esperam uma recepção de herois, mas Kirk segue abalado pela morte de Spock. Ao adentrarem a doca espacial, a tripulação admira a mais nova nave da Frota Estelar: a Excelsior, que tem um motor de transdobra.
Em seguida, um alarme interno detecta uma invasão dos aposentos do vulcano. Kirk vai ver do que se trata e encontra McCoy, aparentemente fora de si, perguntando por que Jim o abandonara e pedindo que escale os degraus do monte Seleya, em Vulcano. Ele termina dizendo “lembre-se”, antes de cair nos braços de Kirk, desmaiado.
Em outra região do espaço, um cargueiro se encontra com uma ave-de-rapina klingon, comandada por Kruge. Os contrabandistas transferem os dados sobre o Projeto Gênesis para os klingons, e Kruge em seguida, em vez de pagar pelo material, destrói a nave com todos a bordo – inclusive sua mulher, Valkris. Após partirem para a Zona Neutra, Kruge e seus comandados avaliam os dados e destacam o poder destrutivo dessa tecnologia capaz de criar planetas. O capitão klingon está determinado a ir até Gênesis e obter o segredo da arma.
Na órbita da Terra, recepcionados pelo almirante de frota Morrow, Comandante da Frota Estelar, os tripulantes são informados de que a Enterprise será descomissionada, e Scott será transferido para a Excelsior. Kirk tenta convencê-lo a deixar que ele volte ao planeta Gênesis, mas Morrow diz que o assunto se tornou uma controvérsia galáctica e foi declarado secreto pelo Conselho da Federação.
Em órbita do planeta Gênesis, a USS Grissom, do capitão J.T. Esteban, leva Saavik e David Marcus, que iniciam os estudos daquele novo mundo. O planeta parece muito instável, com diversas variações climáticas a pouca distância uns dos outros. As sondagens também detectam a presença do torpedo fotônico que abrigava o corpo de Spock. Sensores detectam uma forma de vida não identificada. Esteban hesita em autorizar o transporte das formas de vida a bordo, mas relutantemente concorda com o envio de um grupo de descida.
Na Terra, Kirk reúne sua tripulação em seu apartamento e recebe a visita de Sarek. O pai de Spock deseja falar a sós com ele e questiona por que Kirk renunciou ao futuro de Spock e o deixou em Gênesis. Sarek explica que apenas seu corpo estava morto, mas seu katra ainda vivia, e devia estar com Kirk, o último a vê-lo. O almirante não entende do que se trata, e o vulcano pede autorização para fazer um elo mental. Sarek então verifica que o katra de Spock não está mesmo com Kirk.
O almirante explica que eles estavam separados por um vidro na ocasião da morte, mas também se convence de que Spock encontraria outro meio de preservar seu katra. Analisando as imagens de registro da Enterprise, Kirk e Sarek descobrem que Spock fez um contato telepático com McCoy pouco antes de entrar na câmara de dilítio. Sarek diz que um está vivo, o outro não, mas ambos estão em sofrimento. Tudo se resolverá se Kirk levar ambos, o corpo de Spock e o próprio McCoy, até o monte Seleya, em Vulcano. O almirante promete fazê-lo.
Na superfície de Gênesis, David e Saavik investigam o sinal de vida e descobrem que eles são fruto de micróbios no torpedo fotônico que se replicaram e evoluíram em rápida velocidade para criaturas macroscópicas quando expostos ao planeta. Estranhamente, ao abrir o torpedo, encontram apenas a mortalha de Spock. Em seguida ouvem um grito, à distância.
Na Terra, Kirk apela mais uma vez a Morrow para levar a Enterprise em uma última missão, até Gênesis, para buscar o corpo de Spock. Alegando não compreender o misticismo vulcano, o comandante recusa e proíbe Kirk de até mesmo fretar uma nave para ir até Gênesis. O almirante decide violar as ordens e ir de todo modo, com apoio de Sulu, Chekov, Uhura e Scott.
Enquanto isso, guiado pela interferência do katra de Spock, McCoy vai a um bar na Terra e tenta ele mesmo fretar uma nave até Gênesis. O estranho alienígena em negociação com ele começa a falar alto, levando o médico a também elevar o seu tom, o que chama a atenção de um segurança da Federação à paisana, que diz que McCoy está falando de assuntos proibidos em local público. Depois de fracassar em aplicar uma pinça vulcana no segurança, ele é detido.
Kirk vai visitá-lo na detenção e, com a ajuda de Sulu, consegue resgatá-lo. Eles se encontram com Uhura, então designada para um posto numa unidade de teletransporte da Frota Estelar, e ela os transporta para a Enterprise, onde Scott prepara um sistema de automação para que a nave possa fazer uma última viagem com tripulação mínima.
Kirk se despede de seus companheiros, dizendo que ele e McCoy precisam prosseguir, mas não os demais. Apesar disso, Sulu, Chekov e Scott decidem ir com ele, e o reencontro com Uhura será em Vulcano. O quarteto então inicia o roubo da Enterprise, tirando-a da doca espacial depois de hackear a abertura das portas. A Excelsior é comandada a perseguir, e o capitão Styles está ansioso para demonstrar o motor de transdobra. Mas ele falha, graças à sabotagem promovida por Scotty. Com isso, a Enterprise pode seguir desimpedida para Gênesis.
No planeta, ao seguirem um segundo sinal de vida, Saavik e David encontram uma criança vulcana, congelando em meio a uma nevasca. Saavik informa a Esteban que o planeta Gênesis parece ter regenerado o corpo de Spock. Ela quer levá-lo a bordo, mas o capitão hesita mais uma vez e decide pedir autorização à Frota Estelar antes de prosseguir. As comunicações são bloqueadas, e em seguida uma ave-de-rapina klingon se descamufla em órbita de Gênesis. Um tiro de torpedo, e a Grissom é destruída. Kruge fica furioso, pois queria prisioneiros. Depois de matar o oficial tático, outro tripulante informa que há pessoas no planeta – talvez até os cientistas que ele procura.
Na superfície, Saavik e David concluem que os agressores destruíram a Grissom e virão atrás deles. Enquanto fogem, a vulcana confronta David sobre o que teria dado errado com o Projeto Gênesis, um planeta instável demais. Ele admite ter usado protomatéria, uma substância proibida, na matriz.
Pouco tempo depois, Kruge e um grupo de klingons encontram as formas de vida evoluídas do torpedo de Spock, quando chega o anoitecer no planeta. Perto dali, Saavik cuida de Spock, que parece envelhecer rapidamente, como o planeta. David estima que ambos só seguirão vivos por alguns dias, talvez horas. Saavik se preocupa que em breve Spock tenha de passar pelo pon farr, o momento do acasalamento. Os klingons se aproximam, e David vai confrontá-los, enquanto Saavik fica com Spock e o ajuda a superar seus impulsos primais.
Na Enterprise, Chekov informa que a Frota Estelar tenta contato com a Grissom, avisando sobre eles, mas não há resposta. Kirk decide também fazer contato com a Grissom, na aproximação a Gênesis. Os klingons os detectam e decidem reativar sua camuflagem. Chekov detecta por um instante uma nave, mas depois ela desaparece. No planeta, Kruge e outros dois klingons capturam Spock, David e Saavik. Ele quer o segredo do torpedo Gênesis e pretende torturá-los para obtê-lo. Com a chegada da Enterprise, Kruge volta à nave, enquanto Saavik e David ouvem por seus comunicadores o chamado de Kirk.
Kruge se prepara para atacar a Enterprise de surpresa, desta vez sem destruí-la. Kirk, Chekov e Sulu notam uma distorção que pode ser uma nave camuflada e se antecipam, acionando alerta vermelho e disparando torpedos contra a nave klingon assim que ela se descamufla. O ataque é bem-sucedido, mas os sistemas da Enterprise se sobrecarregam e os escudos falham. O contra-ataque klingon é fatal, e deixa a nave à deriva. Kirk tenta blefar, solicitando a rendição de Kruge, mas ele percebe o truque e exige, em vez disso, a rendição de Kirk. Ele diz ter três prisioneiros no planeta e que vai executá-los caso Kirk não colabore.
Kruge então deixa Saavik falar com Kirk pelo comunicador, e ela informa que David está com ela, assim como Spock – que está vivo, mas não é exatamente ele mesmo. David aconselha Kirk a não se render, porque o Projeto Gênesis fracassou. Kruge quer provar que suas intenções são sinceras e decide ordenar a morte de um prisioneiro. Um dos klingons vai matar Saavik, mas David reage e acaba morto no lugar dela. A vulcana então conta a Kirk que seu filho está morto.
O almirante fica arrasado por perder o filho que havia acabado de reencontrar. Abalado, ele leva um momento para recobrar os sentidos e então decide concordar com os termos de Kruge. Ele irá entregar a Enterprise, pedindo apenas um minuto para alertar a tripulação. Kruge concede dois.
Kirk então decide ativar o sistema de autodestruição da nave, com contagem regressiva de um minuto. Ele, McCoy, Scott e Sulu então se teletransportam para o planeta, enquanto os klingons vêm a bordo. Eles encontram a nave vazia e, quando Kruge se dá conta do que se passa, alerta seu grupo que saia da nave, mas é tarde demais. O klingon perde a maior parte de seus tripulantes, conforme a Enterprise explode e mergulha na atmosfera do planeta moribundo, sob os olhares atônitos de Kirk, McCoy, Chevok, Sulu e Scott na superfície.
O quinteto em seguida encontra Saavik e Spock, rendendo os klingons que os guardavam com o fator surpresa. Kirk tem um último momento para se despedir de David e então pega um comunicador klingon para informar que está na superfície e disposto a entregar o segredo de Gênesis, se ele for lá buscá-lo. Kruge então se teletransporta e ordena que todos, menos Kirk (e Spock, que está desmaiado), sejam levados como prisioneiros. O almirante pede que ele leve o vulcano também, mas Kruge recusa. O que se segue é uma luta corpo a corpo entre Kirk e Kruge, que termina com o klingon seja atirado em um rio de lava, com o planeta se desfazendo. Kirk pega o comunicador klingon e repete o comando de Kruge para teletransporte, o que o leva, abraçado a Spock, à ave-de-rapina. Lá, ele rende Maltz, o último klingon remanescente a bordo, e usa a ave-de-rapina para ir até Vulcano.
A nave pousa no pé do monte Seleya, e de lá Spock é levado até uma arena cerimonial, onde Sarek solicita à sacerdotiza T’Lar o fal-tor-pan – a refundição. A ideia é transferir o katra de Spock, preso no cérebro de McCoy, de volta ao vulcano, que fora restituído à sua idade original pelo efeito Gênesis, mas tem um vazio na mente. A cerimônia é bem-sucedida e Spock desperta confuso, lembrando os últimos momentos a bordo da Enterprise e por fim reconhecendo seu amigo Jim. A aventura humana continua…
Comentários
Eis aí uma clássica continuação em forma de filme. Jornada nas Estrelas III: À Procura de Spock recupera todos os elementos básicos da trama do segundo filme, extrapolando o desenrolar dos eventos em torno de uma história que tinha essencialmente uma missão: trazer Spock novamente ao mundo dos vivos.
Pequenas pistas que poderiam ajudar a explicar como isso seria possível, como as propriedades do efeito Gênesis e o estranho elo mental feito por Spock em McCoy pouco antes de adentrar a câmara de dilítio em um caminho sem volta, são aqui explorados em sua plenitude, combinados a uma boa dose de misticismo vulcano nunca antes mencionada (mas totalmente em linha com o que conhecíamos dessa espécie até então), para permitir que Leonard Nimoy volte a viver seu mais famoso personagem ao final da jornada.
Não é à toa que Harve Bennett apresentou este como o roteiro que achou o mais simples de escrever em toda sua carreira – a premissa se desenrola como desfecho lógico das implicações do Projeto Gênesis. Já discutidas no filme anterior, elas indicam algo muito mais poderoso e dramático que uma simples iniciativa de terraformação, capaz de ser pervertida em uma arma capaz de destruir planetas inteiros.
Mais uma vez bebendo da fonte da Série Clássica, e da apresentação dos klingons como um império numa constante guerra fria com a Federação, a motivação dos antagonistas é totalmente razoável, personificada em Kruge, o vilão vivido pelo grande ator Christopher Lloyd. Se não chega a ser um primor de caracterização –afinal, não resta dúvida de que Kruge é bem mais simples que seu predecessor Khan, do filme anterior–, ao menos é algo que se alinha bem ao estilo que vimos nos klingons dos episódios clássicos, combinado a um visual mais sofisticado e alienígena adotado a partir de Jornada nas Estrelas: O Filme.
Todos esses elementos parecem tão familiares que, a despeito de seu encaixe perfeito como um esforço de serialização, é impossível não sair com a sensação de que, em contraste com A Ira de Khan, À Procura de Spock é um filme que carece de originalidade. Não há, de fato, nenhuma grande ideia nova a propelir a trama adiante, e tudo é um enorme rescaldo do longa anterior.
Tendo dito isso, um aspecto em que este terceiro filme com o elenco clássico se destaca é no trabalho com os personagens. Temos um uso muito bom de vários deles. A ideia de Spock transferir seu katra para a mente de McCoy antes de sua morte ajuda a explorar o relacionamento dessa dupla que, desde a Série Clássica, se revela completamente amorosa, a despeito de sua animosidade superficial. Spock e McCoy se amam, e também amam se odiar, o que é retratado em várias sequências aqui, desde quando o bom doutor diz a Kirk que o vulcano deve ter feito isso com ele para se vingar de todas as discussões que teria vencido, até quando, ao final, no silêncio de um quarto vazio na ave-de-rapina klingon, diante de um Spock desacordado, McCoy confessa que não poderia suportar perder o vulcano novamente. DeForest Kelley, com a naturalidade e discrição que lhe é peculiar, brilha muito nessas cenas.
A melhor atuação do filme, contudo, fica por conta de William Shatner, que traz à tona, em breves momentos, o lado que o almirante procura sempre esconder de seus comandados – sua fragilidade. Dois momentos são especialmente tocantes, um quando Kirk cede seus pensamentos a Sarek e praticamente revive a morte de Spock, e outro –sem dúvida o mais potente deles– quando o almirante fica sabendo que Kruge matara seu filho, David. Ver Kirk perder completamente o norte, ainda que por apenas alguns segundos, tropeçando na ponte e caindo da cadeira, é algo totalmente inédito para o personagem e um momento crucial em sua história pessoal. Aqui, em contraste com a Série Clássica, a tripulação pode sofrer e evoluir em razão das situações pelas quais passa, e fica evidente que o almirante não sai dessa aventura da mesma forma que entrou.
Como parte do elenco de apoio, Merritt Butrick está de volta, como David, e uma nova atriz é escalada para viver Saavik: Robin Curtis. Essa é possivelmente a única descontinuidade mais aparente do segundo para o terceiro filmes, não só pela mudança da atriz, mas pelo retrabalho da personagem. Saavik, antes pensada como uma híbrida meio romulana, meio vulcana (informação citada no roteiro de A Ira de Khan, mas não explicitada em tela após o corte da cena que mencionava isso), aqui figura como um vulcana puro-sangue, emulando em muito o estilo de atuação padronizado por Nimoy para esses alienígenas. A transição cria um certo ruído para quem está vendo os filmes um em seguida do outro, mas nada que prejudique a obra em si.
Também temos o retorno de Mark Lenard como Sarek, papel que ele já havia vivido em “Journey to Babel”, da Série Clássica, e “Yesteryear”, da Série Animada, incluído de forma muito apropriada no filme para colocar Kirk em sua jornada para o resgate de Spock.
Os tripulantes de menos destaque também ganham pelo menos um pequeno momento de destaque, com Scotty sabotando a nova USS Excelsior, Sulu confrontando um segurança e pedindo que não o chame de baixinho, e Uhura tendo de lidar com o “sr. Aventura” na central de teletransporte. Chekov, como o último a chegar à Série Clássica, tem a participação mais discreta aqui (em contraste com o papel importante em A Ira de Khan).
Do ponto de vista de direção, Leonard Nimoy adota uma postura mais conservadora aqui, sem tentar chamar muita atenção para a câmera nos enquadramentos e ângulos. O foco está totalmente na história e, sobretudo, nos atores, refletindo a natureza da peça como uma trama focada principalmente nos personagens. O que, é claro, não impede a presença de duas sequências particularmente empolgantes e espetaculares – a fuga da Doca Espacial e a destruição da Enterprise. Ambas são carregadas de forma muito efetiva pelos efeitos visuais de primeira linha fornecidos pela empresa Industrial Light & Magic, de modo que, por esse aspecto, o filme não tem nada a dever às maiores produções cinematográficas daquela época.
Também há de se destacar as novas inclusões à saga, com a introdução da USS Grissom, uma nave científica da classe Oberth, e da USS Excelsior, além da ave-de-rapina klingon e da Doca Espacial. Nenhuma delas havia sido visto antes, e sua adição ofereceu recursos valiosos para um sem-número de futuras produções de Star Trek, todas elas aparecendo, de uma forma ou de outra, várias vezes. Nesse aspecto, a equipe de Harve Bennett não economizou.
Em contraste, para muitas das cenas com os atores, os valores de produção deixaram a desejar. Os cenários do planeta Gênesis são muito contidos e artificiais para convencerem a audiência, e os ambientes internos que mais agradam são redecorações de sets herdados dos filmes anteriores. A ponte da Excelsior, um dos únicos cenários de fato construídos para este longa, deixa muito a desejar, com um aspecto simplório e desalinhado do estilo que a cinessérie havia começado a construir desde 1979.
Ainda assim, o que mais conta para o filme, muito além de sua história simples e da própria ressurreição de Spock, é a sensibilidade com que ele retrabalha um dos temas de A Ira de Khan, trazendo para ele um outro lado. Se no segundo longa Spock precisa se sacrificar para salvar seus amigos, lembrando a lógica de que as necessidades de muitos se sobrepõem às de um, aqui Kirk evoca a percepção humana de que as necessidades de um podem se sobrepôr às de muitos. Com efeito, para resgatar Spock, o almirante coloca em risco a vida e a carreira de seus leais tripulantes, além de perder seu filho (algo que ainda teria repercussões sérias no futuro da cinessérie) e seu grande amor – a Enterprise. A mensagem de que a amizade está acima de tudo e vale todos os riscos é tão poderosa quanto a do significado do envelhecimento, retratada no filme anterior. E é impossível não sentir os olhos marejados na cena final, em que Spock dá sinais de que irá recuperar sua memória e é cercado por seus queridos companheiros de jornada.
Por tudo isso, apesar de suas deficiências, À Procura de Spock merece ser celebrado como um competente e sensível segundo ato em uma trilogia que levaria a Enterprise e sua tripulação de volta para casa…
Avaliação
Citações
“My God, Bones. What have I done?”
“What you had to do. What you always do. Turn death into a fighting chance to live.”
(Meu Deus, Magro. O que eu fiz?)
(O que tinha de fazer. O que sempre faz. Transformar a morte em uma chance de vida.)
James T. Kirk e Leonard McCoy, vendo a Enterprise em chamas na atmosfera
“My father says that you have been my friend. You came back for me.”
“You would have done the same for me.”
“Why would you do this?”
“Because the needs of the one outweighed the needs of the many.”
(Meu pai diz que você é meu amigo. Que voltou por mim.)
(Você teria feito o mesmo por mim.)
(Por que você fez isso?)
(Porque as necessidades de um sobrepujaram as necessidades de muitos.)
Spock e James T. Kirk
“Jim. Your name is Jim.”
(Jim. Seu nome é Jim.)
Spock, ao começar a recuperar sua memória
Trivia
- De acordo com o produtor e roteirista Harve Bennett, Jornada nas Estrelas III: À Procura de Spock foi o filme em que ele se envolveu que teve a aprovação mais rápida do estúdio: a ordem para produzi-lo veio apenas dias após o lançamento do predecessor.
- Bennett também disse que foi o roteiro que ele considerou mais fácil de escrever em toda a sua carreira, começando com a volta de Spock e trabalhando a história de trás para a frente.
- Nicholas Meyer não quis se envolver com o projeto em nenhuma função, por ser contra a ressurreição de Spock, escolha que desvalorizaria o filme anterior. Décadas depois, em retrospecto, olhando para o conjunto da obra de Star Trek, ele reconheceu que a decisão do estúdio era a correta.
- A premissa original de Harve Bennett, um documento de 20 páginas, se chamava Return to Genesis, e era datada de 16 de setembro de 1982. O argumento então envolvia os romulanos indo até Gênesis e descobrindo que o planeta era rico em dilítio. Eles começariam a minerar o planeta até serem atacados por um Spock-fera, cujo envelhecimento estava ligado ao do planeta. Ao mesmo tempo, Vulcano, ao saber da criação do Dispositivo Gênesis, teria se enfurecido com o desenvolvimento de arma tão poderosa pela Federação e queriam se separar dela. Isso levaria Kirk a ser enviado a Vulcano com a tripulação da Enterprise para lidar com os vulcanos. A trama também teria um antagonista sofisticado, a exemplo do comandante romulano de “Balance of Terror”, da Série Clássica.
- A trama acabou vazando para os fãs em fevereiro de 1983, o que obrigou Bennett a reescrever a história, mudando vários detalhes e eventos. O incidente, entre outras coisas, causou um atraso na produção que levou o estúdio a adiar a estreia do filme, originalmente programado para o natal de 1983, para 1º de junho de 1984.
- O chefe do estúdio, Barry Diller, estava hesitante em aceitar Leonard Nimoy como diretor do filme. O ator disse que, se ele quisesse Spock, teria de deixá-lo dirigir o filme também. Diller de início relutou, acreditando em rumores de que Nimoy só havia voltado a Star Trek com a provisão em contrato de que seu personagem seria morto no filme anterior. Nimoy negou que tivesse feito qualquer exigência do tipo e acabou na direção do longa-metragem.
- Nimoy teve pouca influência na trama, mas fez uma exigência em particular: que a história terminasse com o reencontro de Spock e sua tripulação após a cerimônia de ressurreição em Vulcano. Os executivos queriam que o filme terminasse com a fuga espetacular do planeta Gênesis e Spock sendo revivido na enfermaria da nave.
- As filmagens começaram em 15 de agosto de 1983, com a cena de abertura na ponte da Enterprise, e terminaram em 20 de outubro daquele ano, na ponte da Excelsior. Durante a produção, o evento mais dramático foi um incêndio no galpão onde estavam montados os cenários do planeta Gênesis. William Shatner conta que ajudou a conter o fogo, vestido de capitão Kirk, preocupado que o incidente atrasasse as filmagens e prejudicasse seu retorno para a gravação da nova temporada da série TJ Hooker (Carro-Comando), na qual era protagonista.
- Nos créditos de abertura, há uma longa pausa entre os nomes de William Shatner e DeForest Kelley, um sutil sinal da presença de Nimoy como Spock no filme, algo que foi mantido em segredo. Para manter o suspense, os documentos da produção citavam seu personagem apenas como “Nancluv” (“Vulcan” ao contrário), atribuído a um ator fictício chamado Frank Force. Nimoy manteve o gracejo até o fim, usando o pseudônimo para creditar seu papel como a voz do turboelevador da Excelsior.
- Nimoy também emprestou sua voz em algumas sequências, quando McCoy invade os aposentos de Spock e, mais tarde, opera a estação de ciência da Enterprise, falando como o vulcano.
- O plano original de Harve Bennett era manter a destruição da Enterprise em segredo até a estreia do filme, mas o departamento de marketing da Paramount decidiu destacar a sequência nos trailers, rotulando-a como “a morte da Enterprise”. Bennett protestou contra a ação, mas foi voto vencido. De toda forma, a exemplo do que havia feito com a morte de Spock, Roddenberry também “vazou” a destruição da nave como uma forma velada de protesto, e Bennett se determinou a trazê-la de volta no momento apropriado, o que aconteceria com a introdução da Enterprise-A, em Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa.
- Uma cena entre Kirk e McCoy num turboelevador foi filmada, mas acabou cortada do filme. Ela aparece, contudo, na adaptação de quadrinhos do filme.
- Outra cena filmada e cortada envolvia a tripulação da Enterprise carregando Spock pelas escadarias do monte Seleya. Nela, uma criança vulcana se desprenderia de seu pai e iria até Spock, fazendo a saudação vulcana, e dizendo “Vida longa e próspera, Spock”. A cena não sobreviveu, mas a criança, interpretada por Katherine Blum, recebeu crédito no filme.
- A sequência, por sinal, era muito elaborada e mostraria muitos aspectos visuais da sociedade vulcana. George Takei diz que eles gastaram três noites para filmá-la, e o ambiente era espetacular. Ele ficou surpreso em ver que acabaram cortando-a do filme, por uma questão de ritmo. O segmento eliminado também incluía uma passagem pelo chamado Salão do Pensamento Antigo.
- Nimoy queria para o papel de Kruge o ator Edward James Olmos, mas o estúdio vetou. O trabalho ficou pra Christopher Lloyd, que se tornaria ainda mais famoso um ano depois com De Volta para o Futuro. Olmos, que havia figurado em Blade Runner, voltaria à ficção científica como o comandante Adama, na versão de Battlestar Galactica desenvolvida em 2003 pelo roteirista Ronald D. Moore.
- O filme marca a primeira aparição em live-action de Sarek desde que Mark Lenard originou o papel em “Journey to Babel”, da Série Clássica. O ator, contudo, já havia dado voz ao personagem em sua versão animada para “Yesteryear”, além de ter participado como o capitão klingon em Jornada nas Estrelas: O Filme.
- Kirstie Alley recebeu uma oferta para voltar ao papel de Saavik, mas por um cachê menor que o do filme anterior. Com a recusa, Nimoy escalou Robin Curtis, que interpretou uma versão puramente vulcana da personagem –no filme anterior, ao menos no roteiro, ela era retratada como meio vulcana, meio romulana.
- Os klingons têm participação relevante no filme e, pela primeira vez, cada personagem tem um padrão de testa diferente. O linguista Marc Okrand foi contratado para desenvolver o idioma desses alienígenas, e Christopher Lloyd fez esforço para pronunciá-lo corretamente. Mas, quando ele errava, Okrand incorporava a pronúncia dele no próprio idioma. Até hoje, a criação do idioma klingon é um dos mais marcantes casos de criação de uma linguagem artificial.
- A faca tradicional klingon, d’k tahg, também aparece aqui pela primeira vez, mas o estilo das armaduras klingons visto aqui é uma herança de Jornada nas Estrelas: O Filme.
- No roteiro, Kruge era descrito como um “comandante de batalha” e um “lorde de guerra klingon”, o que explica por que Saavik e Valkris o tratam como “meu lorde”, termo que não voltaria a ser usado novamente até Discovery, em 2017.
- O filme introduziu três novos designs de naves: a USS Excelsior, a USS Grissom e a ave-de-rapina klingon, que originalmente seria romulana.
- O bar de São Francisco, em que McCoy encontra o alienígena orelhudo, é uma redecoração da enfermaria da Enterprise. A ponte da Grissom é a ponte da Enterprise, com pequenas alterações. Já o complexo de teletransporte, com Uhura e o “sr. Aventura”, foi uma adaptação do cenário da estação Regula I.
- O cenário da ponte da Excelsior, bastante precário, foi criado para o filme.
- A sequência de autodestruição replica o que foi visto antes em “Let That Be Your Last Battlefield”, da Série Clássica. E a batalha entre a Enterprise e a ave-de-rapida de Kruge é recriada em animação no Short Treks “Ephraim and Dot”.
- James Horner voltou a fazer a trilha sonora do filme, após Jornada II. Clique aqui para ler mais sobre ela.
- O terceiro filme trouxe em seu fim de semana de estreia bilheteria maior nos EUA que seu predecessor (US$ 16,7 milhões, contra US$ 14,3 milhões), porém, o total doméstico acabou um pouco abaixo (US$ 76,5 milhões, contra US$ 78,9 milhões). Incluindo a bilheteria internacional, a arrecadação terminou com US$ 87 milhões, o que garantiu amplo sucesso para a produção, orçada em US$ 16 milhões.
- Diferentemente dos dois primeiros filmes, Jornada nas Estrelas III: À Procura de Spock não teve uma versão estendida exibida na televisão.
Ficha Técnica
Escrito por Harve Bennett
Dirigido por Leonard Nimoy
Produzido por Harve Bennett
Música de James Horner
Estreia em 1º de junho de 1984 (EUA), 24 de janeiro de 1985 (Brasil)
Título em inglês: Star Trek III: The Search for Spock
Elenco
William Shatner como James T. Kirk
Leonard Nimoy como Spock
DeForest Kelley como Leonard H. McCoy
James Doohan como Montgomery Scott
Walter Koenig como Pavel Chekov
George Takei como Hikaru Sulu
Nichelle Nichols como Nyota Uhura
Robin Curtis como Saavik
Merritt Butrick como David Marcus
Phil Morris como trainee
Scott McGinnis como “sr. Aventura”
Robert Hooks como almirante Morrow
Carl Steven como Spock aos 9 anos
Vadia Potenza como Spock aos 13 anos
Stephen Manley como Spock aos 17 anos
Joe W. Davis como Spock aos 25 anos
Paul Sorensen como capitão do cargueiro
Cathie Shirriff como Valkris
Christopher Lloyd como Kruge
Stephen Liska como Torg
John Larroquette como Maltz
Dave Cadiente como sargento
Bob Cummings como artilheiro 1
Branscombe Richmond como artilheiro 2
Phillip Richard Allen como J.T. Esteban
Jeanne Mori como piloto
Mario Marcelino como oficial de comunicações
Allan Miller como alienígena
Sharon Thomas como garçonete
Conroy Gedeon como agente civil
James B. Sikking como Styles
Miguel Ferrer como primeiro oficial
Mark Lenard como Sarek
Katherine Blum como criança vulcana
Dame Judith Anderson como alta sacerdotiza
Gary Faga como guarda da prisão 1
Douglas Alan Shanklin como guarda da prisão 2
Grace Lee Whitney como Rand
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Edição de Maria Lucia Rácz
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