Escritoras do novo quadrinho Star Trek: Voyager – Homecoming, Tilly e Susan Bridges formam um casal que, além de serem colaboradoras criativas, compartilham uma paixão de longa data por Star Trek.
Elas se conheceram online escrevendo fanfics do universo da franquia e recentemente aproveitaram essa forte conexão com Jornada em sua vida pessoal: usaram a cerimônia de casamento klingon de Deep Space Nine como inspiração para uma renovação de votos, incluindo até “plantas alienígenas” em arranjos de mesa decorados com entradas no estilo LCARS cheias de piadas personalizadas.
Em Homecoming, que terá sua primeira edição lançada nesta quarta-feira (3) nos Estados Unidos, elas apresentam a sequência da saga da tripulação da USS Voyager após seu retorno à Terra, concluindo tramas pendentes e explorando novos desdobramentos, desde o enfrentamento de problemas como a doença neurodegenerativa de Tuvok, a transição de Sete de Nove rumo ao destino que presenciamos em Star Trek: Picard, até os desafios de B’Elanna e Tom como novos pais, além do peso das decisões de Janeway e a redescoberta de um lar que pode não ser o esperado.
O Trek Brasilis conversou com Tilly e Susan Bridges sobre a nova HQ e o trabalho delas como consultoras em Star Trek: Prodigy. Confira a entrevista completa:
Trek Brasilis: Já se passaram 30 anos desde a estreia de Star Trek: Voyager. Agora vocês estão voltando aos momentos finais da série para contar uma nova história que alguns descrevem como uma “oitava temporada de Voyager”. Essa era a ideia desde o início? Como vocês chegaram a isso?
Tilly & Susan Bridges: Definitivamente não é uma história grande o suficiente para ser considerada uma “oitava temporada”! A melhor forma de pensar nela é como outro final de duas horas que segue “Endgame”, ou quase como se fosse “Endgame” partes 3 e 4.
Estávamos conversando sobre ideias para os quadrinhos de Star Trek com a editora Heather Antos quando a Paramount decidiu que gostaria de uma série em quadrinhos como parte da comemoração de 30 anos de Voyager. Ela nos perguntou se gostaríamos de propor algumas ideias relacionadas ao seriado e à Janeway, e ficamos super empolgadas. Enviamos quatro ou cinco ideias diferentes, focadas em diferentes áreas da carreira da Janeway que poderiam se conectar a Voyager de maneiras distintas. A que a Paramount e a IDW mais gostaram foi a que se tornou a HQ Homecoming.
A proposta básica era que todos passamos sete anos conhecendo e amando esses personagens, e todos queríamos vê-los chegar em casa. E embora gostemos muito de “Endgame”, nunca chegamos a VER de fato eles chegando em casa e reencontrando seus entes queridos. Os fãs esperaram muito tempo por isso, então é realmente emocionante e uma grande honra sermos as responsáveis por contar essa história.
Mas é claro que nada nunca sai como planejado para a tripulação da Voyager, então haverá grandes problemas que eles terão que enfrentar primeiro. E vamos descobrir até onde estão dispostos a ir para finalmente chegar em casa, e se ainda existem linhas que não vão cruzar. Nesse processo, veremos exatamente o que a Frota Estelar e a Federação significam para Janeway.
TB: Contar uma história que se entrelaça com o final de Voyager é, claro, arriscado, mas também uma grande oportunidade de desenvolver novas camadas para os personagens. Vocês acham que, depois de ler a HQ, os fãs assistirão a “Endgame” sob uma nova perspectiva?
T&S: Não há nada em nossa história que mude qualquer coisa de “Endgame”, então a experiência deve permanecer basicamente a mesma. Mas os leitores saberão que o final não foi realmente o fim, e que eles tiveram uma última aventura juntos antes de finalmente e verdadeiramente chegarem em casa.
TB: Vocês também trabalharam como consultoras em Star Trek: Prodigy! A Janeway está lá. Chakotay está lá. O Doutor também está lá. Essa experiência impactou a escrita de Homecoming? A história de alguma forma cria pontes entre Voyager e Prodigy?
T&S: Nossa consultoria em Prodigy foi toda focada em Zero. Ajudamos os roteiristas incrivelmente talentosos a contar a história de Zero com uma alegoria trans autêntica e significativa ao longo do arco da temporada. Isso não impactou Homecoming em nada, mas há uma referência a Prodigy que vocês verão antes do fim de Homecoming! Conectar nossa história ao universo maior de Star Trek é uma das coisas mais divertidas de fazer, tornando-a parte do grande mosaico.
TB: Em uma entrevista recente, vocês disseram que reassistiram a “Endgame” e todas as aparições da Espécie 8472 para escrever a HQ. O que podemos esperar da Espécie 8472 em Homecoming?
T&S: Vocês vão aprender muito mais sobre como é a vida deles, sua cultura e a forma como funcionam como espécie. Essa foi outra das partes mais divertidas de escrever Homecoming, porque tão pouco foi revelado sobre a Espécie 8472 durante os três episódios de Voyager em que apareceram. Tivemos a oportunidade de criar muitos detalhes sobre eles, e foi emocionante deixar a imaginação correr solta para pensar como seria a vida dessa espécie alienígena tão diferente do nosso elenco principal.
TB: A HQ é uma homenagem aos 30 anos de Star Trek: Voyager. Quanto conhecimento prévio de Star Trek e Voyager é necessário para entender e aproveitar a história? Ela funciona como uma narrativa própria?
T&S: Uma das melhores coisas que a editora Heather Antos fez com toda a linha de quadrinhos de Star Trek foi tentar garantir que eles fossem acessíveis a todos. Queremos que os fãs de Trek os adorem, mas também queremos que pessoas que simplesmente amam ficção científica, ou uma ótima história de aventura, ou personagens incríveis, também possam gostar. Já na primeira edição de Homecoming mostramos ao leitor o que é Voyager. É uma introdução para quem é novo em Voyager, mas também uma espécie de recapitulação da série e de “Endgame”, porque já se passaram três décadas!
No fundo, estamos contando uma história de ação e aventura de ficção científica, cheia de dilemas morais e momentos de quietude entre personagens. A esperança é que, se as pessoas forem novas em Voyager (ou até em Star Trek), elas vejam o que há de tão especial. E talvez queiram voltar e assistir a Voyager e outras produções de Star Trek depois da leitura!
TB: E uma última pergunta. Todos sabemos que duas cabeças pensam melhor do que uma, mas imagino que vocês tenham tido algumas ideias diferentes durante o processo de escrita. Como isso funcionou para vocês? Há ideias descartadas que poderiam compartilhar?
T&S: Na verdade, como já escrevemos em dupla há muito tempo, geralmente estamos na mesma sintonia em tudo! As únicas coisas que não conseguimos fazer foram por questões de continuidade, para garantir que a história se encaixasse dentro do universo maior de Star Trek. Tivemos muitas discussões com Heather e a Paramount sobre quem seria o adversário certo para a HQ, já que havia algumas outras opções, antes de chegarmos à Espécie 8472.
Algumas opções não foram usadas porque não se encaixavam bem em nossa história, ou seriam muito parecidas com tramas já exploradas em outro ponto do cânone, ou até porque um personagem ou espécie não estava “disponível” — já que, naquele ponto da linha do tempo de Star Trek, sabíamos que estavam em outro lugar por conta de histórias já existentes.
É realmente divertido ter todas essas peças de quebra-cabeça e ver quais se encaixam melhor, não apenas para a nossa história, mas para Star Trek como um todo.
É por isso também que Harry Kim, infelizmente, não será promovido neste quadrinho! Foi uma das primeiras coisas que pedimos para fazer, mas infelizmente ele já havia aparecido em outra história que se passa depois da nossa, cronologicamente, e ainda era alferes lá! Então, para que tudo ficasse consistente, ele precisava continuar sendo alferes em Homecoming (pobre Harry).
Star Trek: Voyager – Homecoming não tem previsão de lançamento no Brasil. A versão digital em inglês está disponível para pré-compra na Amazon.
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