ESPECIAL: Esperando Enterprise

Eu não sei se a dupla Berman & Braga vai criar e produzir uma boa série, mas a efervescência produzida pela divulgação dos exteriores e interiores da nova (ou seria velha?) SS Enterprise, está atingindo proporções épicas na grande rede. Pra falar a verdade eu não sou muito chegado em discutir desenhos de naves e cenários, os que costumam ler o material que escrevo, sabem que meu maior interesse (em qualquer série de TV) são os personagens. Mas NÃO DÁ pra ficar calado frente a presente situação de polêmica.

Um certo número de Trekkers não gostou do desenho da SS Enterprise, dizendo coisas como: “desenho muito modernoso, um autêntico destruidor da continuidade estabelecida”, “B&B; já estão rescrevendo o canône de Jornada antes da exibição do piloto”, “isto parece mais moderno do que a Enterprise-E”, “Roddenberry deve estar rolando no seu túmulo”, “um plágio preguiçoso da Akira” etc.

(Uma dúvida que sempre fica é qual fração do público sabe identificar uma Akira e vai achar a SS Enterprise parecida com uma Akira.)

Em contrapartida existe uma certa parte do público que gosta do desenho da Akira e está mais disposto a aceitar (aparentemente sem maiores ressalvas e sem se precoupar muito com a consistência desta opção) um desenho que reflita os mais modernos valores de produção atuais.

Existe algo de verdadeiro nestas duas correntes.

Devo lembrar que ainda temos muito pouca informação, essencialmente uma foto de topo, escaneada de uma revista. Além de não termos mais nenhuma outra vista, existe sempre uma clara possibilidade de que a versão da nave que iremos ver no seriado NÃO será IDÊNTICA a da revista. Dai, procedendo com alguma cautela, vamos tecer alguns comentários.

Uma coisa que é inegável é que a nave é, em linhas gerais, bastante moderna para um suposta nave do século XXII. Outro óbvio ponto é que a nave parece muito com uma Akira.

Quanto ao primeiro aspecto, acredito estarmos tocando em uma mal necessário para produzir uma ‘prequel’ e ainda manter o apelo junto a uma audiência contemporânea. Obviamente os detratores de tal premissa (‘prequel’) vão sempre encontrar “um prato cheio” para criticas, sob este aspecto (este “está moderno demais” vai aparecer após todo episódio, enquanto esta turma tiver dedos pra digitar). Mas este é um tipo de “suspensão de descrença” que eu estou disposto a fazer, a menos que tais escolhas se degenerem em uma DE FATO anarquia, o que poderemos acompanhar mais claramente no decorrer da produção da série.

A grande semelhança com a classe Akira (um tipo de nave extremamente popular) fere REALMENTE o quesito originalidade, mas quanto mais olho para a figura mais diferenças eu vejo, sendo as naceles pra cima só uma delas. Acredito que fotos adicionais (isto sem falar nas imagens da nave no piloto e além) irão revelar cada vez mais diferenças entre a SS Enterprise e uma Akira.

Dentre os motivos (razoavelmente aceitos no meio da “comunidade trekker”) que (provavelmente) levaram a escolha do presente ‘design’, temos que: o modelo de nave visto no escritório de Sisko é um modelo de uma nave da classe Daedalus (DADO NÃO-CANÔNICO) ; a classe Daedalus foi a primeira classe de nave estelar a utilizar a configuração “duas naceles + casco secundário + pescoço + casco primário” (DADO NÃO-CANÔNICO) e a necessidade de se isolar ao máximo os tripulantes dos efeitos da radiação das naceles de dobra.

Não fica difícil então conceber a SS Enterprise, como uma antepassada da Akira (uma nave já com um certo visual retrô, devido a sua simplicidade conceitual) e como uma ponte de ligação entre a Phoenix (a nave de Cochrane, vista no filme “First Contact”, esssencialmente um “míssil warpizado”) e uma Daedulus. Acredito que o mais correto seria termos um casco primário esférico como em uma Proto-Daedulus, mas um disco com espessura uniforme e pouco curvatura (lembrando uma Constitution) já está bom pra mim (se parecer demais com o disco da Galaxy, vai ficar uma droga).

(Então teriamos em uma linhagem: Deadulus, Constitution, Excelsior, Ambassador, Galaxy e Sovereign. Em uma outra linhagem teriamos algo como: NX-01, … , Reliant, Miranda, Nebula e Akira.)

Dentre as diferenças com relação a classe Akira e algumas homenagens a série original, temos: a NX-01 é MUITO MENOR do que uma Akira ; as naceles são para cima como as de uma Constitution ; as naceles lembram de varios modos as de uma Contitution ; temos uma espécie de proeminente antena, saindo do defletor/sensor principal, como em uma Constituition ; um turbo-elevador atrás da ponte ; aparentemente todas as armas principais estão debaixo do disco ; detalhes com relação as cores e o estilo das luzes de navegação ; janelas arredondadas e a fonte da letra usada na identificação da nave etc.

(Assumidamente, chutando um bocado aqui, devido a falta de maiores detalhes da nave.)

Aparentemente Eaves e Cia. conseguiram um ‘design’ amigável e popular (vide o sucesso da classe Akira), que promete ser um ponto positivo no curso dos sete anos da série. Acredito também que as opções feitas carreguem suficiente lógica interna de forma a não insultar os fãs, ainda que descontentes sempre irão aparecer, o que é inevitável.

(NOTA: O prefixo da nave estelar Dauntless, do episódio “Hope and Fear”, último da quarta temporada de Voyager, é NX-01-A.)

(EM TEMPO: Esta nota trataria somente do exterior da SS Enterprise mas vendo as fotos do interior da nave, da matéria do ET, vou dar uma pequena opinião. Um certo visual “industrial” está claramente presente em uma concepção mais contemporânea. Uma agradável surpresa foi reparar nas similaridades com a Defiant: cadeira do comandante, sala de reuniões no fundo da ponte, “Look and Feel” de submarino, ser também um protótipo etc. )