Star Trek – Sem Fronteiras :: Avaliação

sem fronteiras 12O que falar a respeito de Star Trek – Sem Fronteiras? Na época que saiu o primeiro trailer, eu fiquei decepcionado, acreditando tratar-se de mais um filme similar aos dois anteriores. Conforme o tempo passava, minha frustração só aumentava com a falta de divulgação. Mas o tempo passou e agora eu posso afirmar que os rumores foram bem… exagerados.
Atenção: O texto a seguir possui leves spoilers que descreve o enredo, mas não comprometem a experiência, principalmente para quem já viu os trailers.


A primeira coisa a se dizer é que pela primeira vez você verá lá o Kirk, Spock e Magro, mas não os mesmos que vimos a partir da Jornada de 2009, mas sim os personagens bem mais próximos da “Jornada de seus pais”. Vemos todos os trejeitos de Kirk, como a sua fala pausada, a narração de um diário de bordo, o senso de desconfiança 100% aguçado. Vemos Magro fazendo o contraponto às decisões de Kirk e as discussões filosóficas com Spock. De fato, Karl Urban no papel de Dr. McCoy (Magro) é – mais uma vez – o ator mais aderente a tripulação clássica, por vezes me fazendo pensar que o DeForest Kelley baixou no corpo dele.

Desta vez, eles foram representados.

Desta vez, eles foram representados.

 

Com início bem similar a Star Trek – Além da Escuridão, a Enterprise está numa missão de contato e introdução da Federação junto a uma nova delegação. Kirk oferta um antigo artefato, mas é mal interpretado. Mas uma vez a missão falha, fazendo com que ele tenha que sair rápido do local antes que seja capturado por ameaçadores aliens comedores de botas. As semelhanças entre os roteiros acabam por aqui, já que um elemento desta pré missão será peça fundamental para a principal em Altamid.

A tripulação tenta se adaptar a rotina da longa missão de cinco anos em espaço profundo longe dos familiares e amigos. Os relacionamentos entre a tripulação são tão normais quanto aqueles que teríamos numa turma na escola ou no trabalho. A Enterprise segue para a base Yorktown, um posto avançado na fronteira do espaço da Federação.

A base é tudo aquilo que já foi mostrado nos trailers e mais um pouco. Seu tamanho é enorme, impressiona até as pessoas do século 23 que estão acostumadas com coisas futuristicas. É o local de encontro de diversas raças, inúmeras inéditas e outras velhas conhecidas. Ao todo são 53 raças diferentes no filme. Ela é orgânica, viva, o resultado do cruzamento de uma Doca Seca apresentado em a Star Trek – O Filme com a estação orbital de do filme Elysium. É nela que se passa boa parte da trama, dividida em duas partes. A chegada da Enterprise é uma pura homenagem aos filmes clássicos, além de demonstrar que a Federação de Planetas Unidos está tecnologicamente mais próxima a Coruscant do que a Tatooine.

A tripulação pode finalmente descansar – um pouco – depois de três anos em espaço profundo. Temos a tão comentada cena da família de Sulu que na verdade é bem leve e singela. Se não fosse antecipadamente divulgada, a cena em si, poderia passar despercebida, remetendo nos a ver um encontro de parentes que não se veem a muito tempo. Kirk e Spock tem suas próprias agendas na base, um está com a mesma idade que o pai tinha quando morreu, avaliando se vale a pena seguir no comando de uma nave estelar. O outro é surpreendido por uma notícia que o leva a considerar deixar a frota em benefício de seu planeta. O conflito de agendas poderia ter rendido um melhor desenvolvimento durante toda a trama, mas acaba ficando esquecido em segundo plano.

A missão em Altamid inicia como uma daquelas coincidências que só ocorrem em Jornada. O comando poderia despachar a melhor nave da frota, mas infelizmente ela ainda está sendo construída. Sobrou para a Enterprise que estava ali, disponível e é a que possui os melhores recursos de navegação graças aos equipamentos para a missão de cinco anos. Altamid é um planeta repleto de montanhas, classe M-Anão, já que a tripulação acaba por ficar concentrada numa pequena parte dele apenas. Óbvio que isto é um recurso criado para dar dinâmica ao filme, visto principalmente nas cenas de resgate com a moto, mas também é um dos erros do filme. A base de Krall ora lembra uma nave Borg, ora uma visita a um cemitério de veículos. Por onde se olha, vê-se diversos painéis e gambiarras ligadas por cabos, possivelmente pilhadas da Franklin ou de outras naves abatidas pelos piratas de Krall. Como toda a ação concentra-se num único ponto do planeta, o local deveria estar cheio de capangas do Krall mas vê-se poucos deles. Isto é parcialmente justificado pelo fato de que uma grande parte da base estar no subsolo, mas a disparidade fica maior quando a tripulação é resgatada e o enxame – onde cada nave possui um piloto – decola.

As cenas de destruição da Enterprise são magnificas. Ela apanha muito, vira, se contorce, é desmontada peça por peça, dado o tipo de ameaça inédita que é o enxame de naves. O que é visto nos trailers é apenas uma pequena parte da cena.

Jaylah é a guia turística e a pessoa que irá prover o mecanismo de saída do planeta. Seus familiares foram mortos por Krall e o que ela mais gosta de fazer além de bater nos malvados é trabalhar na USS Frankin para sair daquele planeta. Ao salvar Scott, ela reconhece o símbolo na frota no peito dele e isto o livra de apanhar. Ela ainda tem a chave para conseguir derrubar o enxame. No fim, tem basicamente o desfecho padrão de todos os aliens simpatizantes da Federação.

Da tripulação secundária, Uhura continua a mesma dama linda, elegante e chutadora de bundas. Função que sabe fazer muito bem. Definitivamente não é uma mulher que fica esperando o príncipe resgatá-la. Checkov, Sulu e Scotty tem uma boa cota de participação, tendo um destaque maior para o último, possivelmente pelo fato de Pegg ter co-escrito o roteiro.

Avalio Krall como um vilão melhor que o Khan… de Cumberbatch. Ele tem uma motivação que foi crescendo ao longo dos anos, moldado por achar que foi traído. Sim, em resumo a mesma motivação que o Khan de Montalban (este ainda ganha como o melhor), mas com alvo diferente, baseado em algo que a Federação deixou de ser há muitos anos. Em sua insanidade, ele quer destruir aquilo que acha ser a causa dos seus problemas. Para levar a cabo a sua vingança, precisa pegar um dispositivo chave para uma arma biológica e depois ir até a Yorktown, mesmo que para isto tenha que levar seus aliados a morte. Pena que a Enterprise está no meio do caminho.

Sobre a trilha sonora Giacchino manteve o tema de Star Trek 2009 e Star Trek – Além da Escuridão, variando ora com corais o que por exemplo dá ênfase a grandiosidade da Yorktown, ora com notas lembrando o tema original em cenas mais emotivas. Num momento específico, achamos estar num episódio da série clássica. E Rihanna não atrapalha, ela está lá somente nos créditos finais.

 

Avaliação Final: Quem só conhece a nova fase de Star Trek, irá curtir muito. O filme mantém a pegada de não ser “a Jornada de seus pais”. Para aqueles que conhecem o universo clássico ou tem mais de 25 anos e, se estiver a procura daqueles filmes mais cerebrais, sinto muito não encontrará aqui. Já, se procura algo novo, leve, despretensioso, que bebe da mesma fonte da Jornada Clássica e dos trejeitos dos personagens, então irá degustar cada uma das referências. Me peguei diversas vezes dando leves risadas em cada um dos easter eggs ou na na cena que considero ser a mais emotiva do filme (que será aplaudida). Só isto para mim já valeu o filme.

Agora é pedir para Kahless que ilumine os executivos da Paramount já que a direção de Justin Lin fez diferença e foi totalmente acertada. J. J. Abrams retornará ao comando no quarto filme – espero – que não volte a qualidade, nem os len-flares dos dois filmes anteriores.

 

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Avaliação: 4 de 5 USS Franklin