DS9 2×12: The Alternate

História sobre busca interior de Odo alterna entre bons e maus momentos

Sinopse

Data estelar: 47391.7.

O cientista bajoriano Mora Pol vem à estação e convida Odo para uma expedição ao quadrante Gama. Ele acredita que a viagem pode revelar pistas sobre o passado do Comissário. Mora foi o cientista bajoriano que estudou Odo, provou a sua consciência e desenvolveu a sua capacidade de mudar de forma, em um processo em que Odo passou de um “monte de goma” dentro de um béquer até obter a capacidade de assumir uma forma humanoide, similar à do próprio doutor Mora.

Entretanto, Odo tem muita mágoa do tempo em que ele se sentia um literal “experimento vivo” nas mãos de Mora. O relacionamento entre os dois em muito lembra o de pai e filho.

Odo, Mora, Dax e outro cientista bajoriano de nome Weld se teleportam para a superfície de um planeta  no quadrante Gama, onde encontram uma pequena forma de vida com características metamórficas e um monolito que eles teleportam para o Explorador. Quando o monolito se desmaterializa, se segue um imediato terremoto e a liberação de uma grande quantidade de gás vulcânico. Todos, com exceção de Odo desmaiam. O Comissário ordena um transporte de emergência para os quatro. De volta à estação, enquanto os outros três se recuperam, Odo informa a Sisko do ocorrido.

Mais tarde naquela noite, Kira acorda Sisko para informar que o laboratório foi destruído e a forma de vida sumiu. Mais tarde O’Brien encontra, nos dutos de ventilação, os restos da forma de vida, a qual aparentemente não tem condições de sobreviver na atmosfera da estação. Naquela noite, enquanto Bashir estudava os restos da forma de vida, ele é atacado por uma criatura. Usando um bisturi laser ele consegue repelir tal criatura, que foge pelos dutos de ventilação.

Mais tarde Dax conduz uma comparação entre um amostra da forma de vida e um resíduo da criatura e conclui que as duas são distintas. Ela deixa o computador trabalhar na identificação da segunda amostra, porém Mora já identificou a criatura –Odo.

Mora informa a Odo de sua descoberta e força a questão de que outros crimes inexplicáveis no passado da estação poderiam também ter sido causados por Odo (sem o conhecimento consciente do Comissário) e a única chance de cura, e de real entendimento do Comissário, é o retorno dele ao laboratório de Mora em Bajor.

 

Odo postula que o gás vulcânico o afetou de alguma forma, afinal. Mora sabe que Odo está provavelmente certo, mas força Odo ao máximo, tentando, ainda assim, fazer crer a ele que o único caminho para a sua cura seria ele voltar com Mora para Bajor.

Mora não quer perder, de jeito algum, a oportunidade de ter Odo novamente sob os seus cuidados. No pico de sua fúria e desespero, Odo se transforma na “criatura” e Mora foge aterrorizado.

Entendendo que de certa forma é responsável pela situação, Mora se oferece como isca. Mora diz que os outros dois ataques anteriores foram motivados por uma tentativa de libertar a forma de vida e por um ataque ao próprio doutor.

O plano funciona e a criatura reverte ao estado natural. Bashir e Mora conseguem eliminar todo o gás do organismo de Odo, curando-o. Mora e Odo conversam na enfermaria e prometem iniciar um relacionamento de verdade, assumindo os reais sentimentos que têm um pelo outro.

Comentários

Definitivamente uma melhora em relação à recente “trilogia do terror”, mas ainda longe da qualidade que podemos esperar desta série. Possivelmente os motivos do tombo sofrido neste episódio estejam explicados nas inscrições do monolito, mas como a Dax não terminou de decifrá-las até o fim do episódio, vou tentar dar uma ajuda nas próximas linhas.

Em dois episódios anteriores nesta temporada, “Second Sight” e “Rivals“, tivemos o caso de uma trama razoavelmente óbvia e mundana que, com o lastro de imbecilidades Sci-Fi, como a “projeção telepática clônica” e a “máquina de probabilidade”, foram literalmente para o “toilete”. Talvez sem tal “lastro” esses episódios pudessem chegar ao menos no nível do medíocre, o que é chato constatar, pois havia um potencial inerente que foi perdido. Entretanto isso atinge níveis drásticos neste episódio.

Com uma sólida premissa envolvendo o passado de Odo com Mora e um ator convidado do calibre de James Sloyan (que trabalha muito bem, obrigado, com o maravilhoso Rene Auberjonois), “The Alternate” poderia ter sido fantástico. Infelizmente, uma total falta de foco e um roteiro completamente bagunçado colocam tudo a perder. Chega a ser engraçado como um sólido drama familiar (ou a menos uma alegoria para um) pode ser posto de lado em detrimento de uma absurda história derivada de “filmes B” com efeitos visuais e música de qualidade e gosto duvidosos.

O ponto alto do episódio foi sem dúvida a potente cena entre Mora e Odo no escritório de segurança no começo do quinto ato. Podemos entender, em sua obstinação de não deixar passar a oportunidade de ter Odo de volta, que Odo foi de fato a melhor coisa da vida de Mora, seu maior feito no campo profissional e também o filho que ele nunca teve. O esforço para obter resultados e as pressões dos cardassianos devem ter sido brutais na época e devem ter criado um elo que foi muito doloroso partir quando Odo deixou os seus cuidados. Por outro lado, não é difícil entender que, de todas as pessoas, Mora é aquele que consegue atingir o lado mais frágil de Odo. Muita coisa reprimida de ambas as partes, as quais vem à tona de uma forma brutal. Bravo para esta cena!

A trama do episódio tem sérios problemas (que infelizmente “estupidificam” vários personagens no processo), além de vários elementos não-resolvidos.

A primeira coisa foi remover o monolito, sem pensar duas vezes. Porque não tirar umas fotos? Será que a posição do monolito não era importante para decifrar as suas inscrições e/ou o seu próprio funcionamento? Na melhor das hipóteses, eles roubaram uma sepultura e jogaram o método científico pela janela. De fato, não é feita (nem é tentada) nenhuma explicação da origem e da relação entre o monolito, quem viveu naquele planeta, o gás, o terremoto e a “forma de vida” encontrada.

O monolito –por ser acentuado, no curso do episódio, com diferentes ângulos de câmera e fundos musicais– é inicialmente sugerido como uma espécie de “chave para o mistério”, mesmo suas inscrições recebem atenção no sentido de um esforço para decifrá-las ser iniciado. Porém, ao final do episódio, aquele grande monolito acaba como um motivo de chacota para o episódio, que aparentemente foi rescrito BRUTALMENTE já sendo filmado.

O’Brien caçando a forma de vida, naqueles termos, nos dutos de ventilação, foi extremamente imbecil (ele próprio reconhece isso no diálogo).

Um outro mal movimento foi utilizar mais uma “pista para origem de Odo” de uma forma bastante manipulativa, somente para iniciar a história do episódio –um problema menor, pois esse não era o foco do episódio, mas ainda assim um problema.

A direção de David Carson (que partiu desse episódio para dirigir o filme “Generations“) foi boa, especialmente considerando a bagunça que devem ter sido os dias de filmagem deste episódio, com novas versões e novas páginas de roteiro chegando a todo momento. Entretanto, teria sido interessante se, na cena em que a criatura atacou Bashir, o bom doutor tivesse sentido algum sensação de calor imediatamente antes do ataque.

James Sloyan foi soberbo, mostrando ao mesmo tempo os reais sentimentos de Mora e todos os elementos da personalidade do doutor que geraram ressentimento por parte de Odo. Existe uma suficiente semelhança física, com a ajuda da maquiagem, para tornar o trabalho dos dois ainda mais interessante do que já é. Grande química aqui!!! Matt McKenzie é só um extra com algumas falas.

Rene Auberjonois foi excelente, mostrando um Odo muito mais pessoal do que de costume, trazendo à tona um legítimo ressentimento com relação a Mora. Os demais regulares apresentaram o bom desempenho de sempre, nada mais, nada menos.

De quem eram os restos mortais que Quark estava vendendo no início do episódio? De Rom, talvez? (eheh!) De qualquer forma uma bela cena que atesta o quanto Quark e Odo funcionam bem juntos. Idem para a cena entre Jake e Ben.

The Alternate” é um confuso e esquizofrênico episódio que alterna momentos verdadeiros e bem atuados que revelam interessantes elementos da psique de Odo, com outros momentos que poderiam tranquilamente estar em um mediano filme B.

Avaliação

Citações

All things considered, the computer’s having a bad week
(Levando tudo em conta, o computador está tendo uma má semana.)
Dax 

I prescribe rest, because it’s hard for a doctor to go wrong with that one
(Prescrevo descanso, porque é difícil um médico errar com essa prescrição.)
Bashir

Trivia

  • Introdução do doutor Mora Pol (interpretado pelo fantástico James Sloyan), o cientista que estudou Odo enquanto este esteve em seu laboratório em Bajor.
  • O esboço (pitch, em inglês) desta história também foi fornecido por Jim Trombetta e explora elementos estabelecidos em um pitch da temporada passada que resultou em “The Forsaken“.
  • Originalmente Rene Auberjonois faria os dois papéis, o de Odo e de Mora, mas o tempo adicional de tirar e colocar a maquiagem em Auberjonois tornaria impossível a filmagem nos típicos sete dias alocados a cada episódio.
  • Aparentemente, na época, a equipe de roteiristas acreditava que o pai de Ben Sisko já havia morrido. À luz da presença do seu pai em “Homefront“, da quarta temporada, devemos entender (com alguma boa vontade no processo), que Joseph Sisko chegou tão perto da morte que só retornou por uma milagre, daí o pesar na fala de Ben para Odo.

Ficha Técnica

História de Jim Trombetta e Bill Dial
Roteiro de Bill Dial
Dirigido por David Carson

Exibido em 03 de janeiro de 1994

Título em português: “Volta ás Origens” .

Elenco

Avery Brooks como Benjamin Lafayette Sisko
René Auberjonois como Odo
Nana Visitor como Kira Nerys
Colm Meaney como Miles Edward O’Brien
Siddig El Fadil como Julian Subatoi Bashir
Armin Shimerman como Quark
Terry Farrell como Jadzia Dax
Cirroc Lofton como Jake Sisko

Elenco convidado

James Sloyan como dr. Mora Pol
Matt McKenzie como dr. Weld Ram

Balde do Odo

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Edição de Muryllo Von Grol
Revisão de Roberta Manaa

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