DS9 2×13: Armageddon Game

Show de O’Brien e Bashir inicia uma grande amizade entre os dois

Sinopse

Data estelar: Desconhecida

Bashir e O’Brien estão a bordo de uma nave de munição t’lani, orbitando o deserto planeta T’lani III, para ajudar  dois povos recém-saídos de uma longa guerra (os t’lanis e os kelleruns) a eliminar completamente as suas letais armas biológicas, os “ceifeiros”, na esperança de perpetuar a paz entre os dois povos.

Quando o último cilindro de ceifeiros está para ser neutralizado, soldados kelleruns invadem o laboratório e matam todos os cientistas de ambas as raças presentes. O’Brien e Bashir conseguem se transportar para o planeta (pois não haviam conseguido se transportar para o seu explorador, o Ganges).

Algum tempo depois, os embaixadores desses dois povos alienígenas vão à estação. Eles apresentam a Sisko um vídeo (adulterado), que mostra todos os presentes no laboratório sendo desintegrados em um infeliz acidente, quando O’Brien teria descoberto por engano um antigo e esquecido dispositivo de segurança, do tipo “ou você me dá a senha certa em 5 segundos ou morre”.

No planeta, O’Brien e Bashir se instalam em um posto militar abandonado, onde encontram algumas rações e medicamentos de emergência. O’Brien começa a trabalhar em um rádio antigo que ali encontram, de forma a contar aos t’lanis sobre a traição dos kelleruns. Eles conversam sobre muita coisa, especialmente casamento. Em dado momento, Bashir acaba por diagnosticar que O’Brien foi contaminado pelos ceifeiros durante o tiroteio a bordo da nave.

Keiko assiste ao vídeo e afirma, com convicção, que ele é falso, pois O’Brien nunca bebe café no final da tarde. Sisko e Dax vão a T’Lani III tentar descobrir a verdade.

Bashir, seguindo as instruções de O’Brien, consegue consertar o rádio e manda um fraco sinal de socorro para os t’lanis. O’Brien está morrendo.

Sisko investiga a nave de munições, enquanto Dax examina o computador do Ganges. Ela encontra provas de que O’Brien e Bashir ainda podem estar vivos.

Os dois embaixadores chegam ao local onde O’Brien e Bashir estão, revelando que ambos os governos estão envolvidos na conspiração para eliminar todos os vestígios dos ceifeiros e de todos que possuem algum conhecimentos sobre eles. No último momento, Sisko transporta os dois. Depois, utilizando o Ganges para despistar a nave de munições, os quatro conseguem fugir.

De volta à estação, Bashir consegue curar O’Brien. Keiko conta aos dois a história de que, quando duas pessoas partilham uma experiência de morte, elas criam um elo eterno. Ao final, surpreendentemente, O’Brien diz a Keiko que ele, de fato, costuma beber café durante o dia..

Comentários

Sem dúvida, a melhor coisa desde “Necessary Evil“, esta pequena alegoria sobre a guerra biológica, com elementos de ação, acaba por terminar sendo (surpreendentemente) um efetivo episódio sobre pessoas. Foi aqui que o relacionamento entre Bashir e O’Brien, de fato, começou. Antes que o armagedom realmente chegue, leia as próximas linhas e descubra o porquê.

É tão melhor quando a “mensagem da semana” não toma conta do episódio, como foi feito aqui (o que será que o conselho da Federação tem a dizer sobre todo esse incidente?).

A interação O’Brien-Bashir foi o ponto alto do episódio. As suas posições sobre a crise em mãos são perfeitamente complementares, a de O’Brien do tipo “estabelecer uma base” e a de Bashir, “pegar o que interessa e seguir viagem”.

A discussão sobre casamento foi excelente, dando um grande insight sobre o “interior” de ambos (e a história da bailarina de Bashir foi um doce só). O mais importante é que se pode realmente acreditar nesses diálogos como o de dois (futuros) amigos conversando. Belo trabalho!

Com tantas diferenças entre os dois (soldado veterano/idealista querendo ser herói, casado/solteiro, maduro/jovem, introvertido/extrovertido), com tantas coisas para se aprender um com o outro e com um acontecimento doloroso (e marcante) compartilhado, nascia aqui uma real e memorável amizade.

O impacto sobre o pessoal da estação da anunciada morte de O’Brien e Bashir foi incrivelmente bem atuada e sincera. Odo, Kira, Dax e Sisko assistindo à gravação adulterada e a posterior conversa entre Keiko e Sisko foram duras de se assistir, como deveriam ser.

A ideia da gravação para convencer a tripulação da estação de que os dois estavam, de fato, mortos, foi maravilhosa. Entretanto, a ideia de Keiko reconhecer a não autenticidade da gravação não parece um elemento que venha de forma fluida da escrita. Parece mais um meio de fechar a trama do episódio do que qualquer outra coisa (ver mais sobre “a história do café” abaixo).

O “trabalho de detetive” de Sisko e Dax para achar a dupla perdida fez um bocado de sentido, assim com suas ações em relação aos t’lanis e aos kelleruns. A trama também oferece (durante a maior parte do episódio) a perspectiva de que apenas os kelleruns estariam envolvidos, até a embaixadora t’lani se apresentar. Belo trabalho aqui!

O que é meio ridículo é o fato de os conspiradores ficarem explicando toda a sua conspiração para Bashir e O’Brien com as armas apontadas para eles, aparentemente esperando Sisko os tirar de lá com o transporte. Algo parecido acontece em seguida com os conspiradores, contatando Sisko e pedindo os dois de volta. Isso, contudo, não tira o mérito da manobra de Sisko em utilizar o outro explorador para encobrir sua fuga.

(Aparentemente, o roteirista se viu no dilema de preservar o mistério do envolvimento dos t’lanis até o último momento possível e usou a cena em que o grupo de alienígenas encontra O’Brien e Bashir para expor toda a conspiração, para benefício do espectador. Talvez tivesse sido melhor eliminar esse mistério desde o início e aproveitar esse tempo de exposição para algo mais importante: mais Bashir e O’Brien, é claro!)

Muito boa a direção de Kolbe. Ele e o episódio conseguiram sempre manter a atenção — quase toda cena tinha um gancho com algo interessante acontecendo. Foi muito importante manter um tom sereno, mesmo com o anúncio da morte de Bashir e O’Brien na estação — funcionou muito bem. As cenas entre O’Brien e Bashir funcionaram igualmente bem e as cenas de ação saíram com a competência usual.

Meaney e El Fadil estiveram maravilhosos juntos e fizeram cada linha de diálogo soar natural e verdadeira. Brooks (especialmente) e o resto do elenco regular estiveram ótimos.

A atuação de Chao (meio “distante”, especialmente quando ela informa a tripulação sobre a “história do café”) é um pouco difícil de se julgar. Os outros convidados fizeram o pedido e nada mais.

Boa a cena entre Kira e Dax. A ideia de dar os seus diários a Jadzia é (acredito eu) uma tática 100% Bashir de conseguir o coração dela (e quem assistiu a “The Alternate” percebeu que ele não desistiu, só está tentando ser um pouco mais sutil). A cena seguinte com as duas e Quark foi sensível e 100% consistente com a personalidade do ferengi.

Foi importante o fato de O’Brien conduzir Bashir nos reparos e salientar no processo que apenas o seu corpo fora afetado. Da mesma forma, a fala do médico sobre os seus “cursos de extensão em engenharia” foi um verdadeiro achado e, novamente, 100% Bashir.

Para uma praga de tal magnitude, esses “ceifeiros” têm uma grande dificuldade de infectar as pessoas. Temos coisas hoje em dia que teriam matado O’Brien e Bashir rapidamente dentro do abrigo.

A “história do café” tem duas explicações plausíveis. Uma seria o fato de Keiko “sacar” inconscientemente que algo estava errado com a gravação. E a outra, que ela simplesmente estava em negação, o que também responderia pela “distante” atuação de Rosalind Chao.

Armageddon Game” é mais um exemplo vencedor da antiga (e infalível) fórmula “arrume um bom motivo para colocar dois bons atores trancados em algum lugar e os abasteça com bons diálogos”.

Avaliação

Citações

Extension courses?
(Cursos de extensão?)
O’Brien

I’m not blind, you know.”
Of course not — but you are married.”
(Eu não sou cego, você sabe.)
(Claro que não, mas você é casado.)
Bashir e O’Brien

Trivia

  • A relação entre Bashir e O’Brien é a favorita do produtor-executivo Ira Steven Behr, dentre tantas desenvolvidas ao longo de Deep Space Nine. Ao final da série, Ira fez questão de tirar uma foto de Colm e Siddig se abraçando.
  • A história original do roteirista Morgan Gendel foi a do pessoal da Federação indo a um planeta e tentando convencer os seus habitantes a se livrar de uma arma do juízo final. Esses alienígenas dão um jeito de codificar a sua arma no DNA de O’Brien, ou seja: se a Federação quisesse destruir a tal arma ela, teria que matar o engenheiro.
  • O título do episódio foi uma homenagem (sugerida por Robert Hewitt Wolfe) ao episódio, da série original de Jornada, “A Taste of Armageddon“.
  • Este episódio recebeu uma indicação ao Emmy pelos seus  penteados criativos, mas acabou perdendo para Doctor Quinn, The Medicine Woman.

Ficha Técnica

Escrito por Morgan Gendel
Dirigido por Winrich Kolbe

Exibido em 31 de Janeiro de 1994

Título em português: “Jogo De Armagedom”

Elenco

Avery Brooks como Benjamin Lafayette Sisko
René Auberjonois como Odo
Nana Visitor como Kira Nerys
Colm Meaney como Miles Edward O’Brien
Siddig El Fadil como Julian Subatoi Bashir
Armin Shimerman como Quark
Terry Farrell como Jadzia Dax
Cirroc Lofton como Jake Sisko

Elenco convidado

Rosalind Chao como Keiko O’Brien
Darleen Carr como E’Tyshra
Peter White como Sharat
Larry Cedar como Nydrom
Bill Mondy como Jakin

Balde do Odo

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Edição de Muryllo Von Grol
Revisão de Nívea Doria

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