VOY 1×06: Eye of the Needle

Melhor episódio da temporada apela para espécie popular do Quadrante Alfa

Sinopse

Data estelar: 48579.4

Harry sonda a região buscando anomalias espaciais e detecta um buraco de minhoca, o que faz Janeway alterar o curso da Voyager para investigar. Embora uma sonda tenha sido capaz de determinar que a fenda leva ao Quadrante Alfa, onde ficam os territórios da Federação, a “fenda espacial” é muito pequena para a passagem da Voyager.

Quando a sonda enviada é detectada por uma nave do outro lado, a tripulação começa a utilizá-la como um satélite e consegue comunicar-se com uma nave romulana. Seu capitão, Telek R’Mor, desconfia da história que Janeway contou sobre a Voyager estar perdida no Quadrante Delta, mas no fim acaba descobrindo que é verdade. Ele oferece ajuda para transmitir mensagens para casa.

B'Elanna e Janeway

Mais tarde, B’Elanna descobre um método de transporte para a nave romulana através da fenda, mas o método de retorno ao Quadrante Alfa é impedido por um pequeno problema: a fenda não é só uma passagem no espaço como também no tempo. Os romulanos encontrados estão ainda em 2351, vinte anos antes de a Voyager se perder no Quadrante Delta!

Diante da impossibilidade de voltar, Janeway decide pedir a Telek que entregue, em 20 anos, uma mensagem para a Frota Estelar. Entretanto, depois ficamos sabendo que o capitão romulano morreu quatro anos antes de transmitir os dados à Federação. A Voyager não sabe se ele providenciou para que outro enviasse a mensagem.

Comentários

“Eye of the Needle” é a primeira grande oportunidade da Voyager de voltar para casa. E é com algum esforço que aceitamos a ideia de que eles não poderiam ter resolvido seu problema e retornado ao Quadrante Alfa neste episódio. Mesmo assim, trata-se de uma boa história, que apela ao carisma de uma das mais tradicionais e prestigiadas espécies da história de Star Trek: os romulanos.

Os produtores acertam na mosca quando escrevem que o buraco de minhoca pode ligar não só dois pontos distantes do espaço como também diferentes pontos do tempo. Por incrível que pareça, é teoricamente possível. Agora, muito mais simples seria fazer os 20 anos que separavam a atualidade de Voyager e a da nave romulana passarem num piscar de olhos. Um pouquinho de Einstein não vai mal a ninguém.

A teoria da relatividade mostra que quanto mais rápido nos movemos, mais devagar o tempo passa para nós – o que quer dizer que ele passa mais depressa para os outros! Coloque a tripulação em uma nave próxima da velocidade da luz (sem usar o truque da dobra espacial, que convenientemente suprime o efeito relativístico) por alguns minutos e voilà! Vinte anos no futuro!

Janeway, com formação em ciência, com certeza deveria saber disso. Ou ela matou a aula que explicou relatividade na Academia…

Uma curiosidade cronológica que surge no episódio: segundo o que vimos em A Nova Geração, a Federação havia passado quase 80 anos sem contato com os romulanos antes de 2364. Mas agora descobrimos que o primeiro contato com eles no século 24 foi feito pela Voyager, de forma semiclandestina, em 2351!

Para um primeiro contato após tantos anos, até que os romulanos se mostram simpáticos. Podemos atribuir isso ao fato de ser uma nave científica, menos afetada pelas desavenças militares entre o Império Romulano e a Federação, somado ao interesse de saber o que uma nave da Frota Estelar fazia do outro lado da singularidade.

Justamente por unir tantos elementos (de cronologia, familiaridade e ciência) em uma chance potencial de se atingir o Quadrante Alfa é que “Eye of the Needle” obtém sucesso, apesar da ocasional tecnobaboseira e do ritmo moderado do episódio. Também encanta o modo como a tripulação se envolve com a possibilidade de voltar para casa e como Janeway administra a situação, em seus altos e baixos.

Avaliação

Citações

“If there’s one thing you can count on, it’s that I am the last to be told about anything that happens on this ship.”
(Se há alguma coisa com o qual você pode contar, é com o fato de que eu sou o último a ser comunicado sobre qualquer coisa que aconteça nesta nave.)
Doutor

Trivia

  • A história deste episódio foi proposta por Hilary J. Bader, uma ex-estagiária em A Nova Geração. E coube a Jeri Taylor, cocriadora da série, dar forma final ao roteiro, reescrevendo texto de Bill Dial. Foi o primeiro roteiro dela sem envolver os outros cocriadores de Voyager, Michael Piller e Rick Berman.“Eu adoro escrever episódios focados em pessoas e adoro a construção deste arco entre Janeway e esse comandante romulano”, disse Taylor. “Ele começa com dúvida total, ceticismo e cautela, todas essas coisas romulanas, e vai, de certo modo, e a longa distância, compondo uma relação, uma proximidade, quase uma amizade. A ideia de que, ao final, ele quase se torna nosso defensor foi muito divertida.”
  • A equipe de roteiristas chegou a discutir se o episódio deveria mostrar a tripulação escrevendo suas cartas para casa, mas ao final decidiu-se que não, que seria ainda mais poderoso não mostrar isso.
  • Este episódio originalmente introduziria o conceito do holorromance de Janeway. Escrito por Jeri Taylor, ele de início seria ambientado no Velho Oeste. No fim, acabou passando um suspense gótico do século 19. A cena chegou a ser filmada para ser usada como o teaser, mas foi descartada na pós-produção. O material acabou adaptado para a abertura do episódio “Cathexis”, com pequenas modificações de texto.
  • Como um “bottle show”, totalmente ambientado na Voyager (tirando cenas num pequeno cenário da nave romulana), esperava-se que a produção desse episódio fosse ser tranquila. Mas a mudança de última hora do formato dos episódios da série para 1 teaser e 4 atos (antes eram 5 atos) exigiu alguma ginástica de toda a equipe, a começar por Jeri Taylor, que teve de reformatar o roteiro todo para filmagem dali a dois dias (a mudança, no final, caducaria já no episódio seguinte, voltando ao padrão com 5 atos estabelecido em A Nova Geração e Deep Space Nine). As gravações também tiveram uma pausa para refilmagens do piloto “Caretaker”.
  • Durante a filmagem das reações da tripulação à revelação de Tuvok de que Telek R’Mor foi transportado de vinte anos no passado, o ator Robert Beltran (Chakotay) virou para Tim Russ (Tuvok) e, em alto e bom som, soando inocente, perguntou: “Isso significa que estamos fodidos?” Após uma fração de segundo de silêncio, todo mundo no set caiu na gargalhada, inclusive o produtor executivo Rick Berman, que estava acompanhando as gravações.
  • Esta foi a primeira aparição do ator Vaughn Armstrong (Telek R’Mor) em Voyager. Seu primeiro papel em Star Trek veio com um klingon, em “Heart of Glory”, da primeira temporada de A Nova Geração. Depois, ele interpretou incontáveis alienígenas, mas seu rosto é mais conhecido por seu papel como o almirante Forrest, um humano, em Enterprise.
  • Este episódio estabelece que a primeira temporada de Voyager se passa em 2371 e marca o início da busca do Doutor holográfico por um nome.
  • O ano 2351, que na cronologia de Jornada vem 13 anos antes do início de A Nova Geração e 19 anos antes da série Deep Space Nine, é marcado por um acontecimento importante: nesse ano foi concluída a construção de uma estação espacial cardassiana chamada Terok Nor, em órbita do planeta Bajor. Posteriormente, a conheceríamos como a Estação Espacial 9.

Ficha Técnica

História de Hilary J. Bader
Roteiro de Bill Dial e Jeri Taylor
Dirigido por Winrich Kolbe

Exibido em 20 de fevereiro de 1995

Título em português: “O Buraco da Agulha”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

Vaughn Armstrong como Telek R’Mor
Tom Virtue como Walter Baxter

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Edição de Stéphanie Cristina
Revisão de Roberta Manaa

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