TNG 2×06: The Schizoid Man

Data dá novo passo rumo à conquista de seus direitos, graças a seu “vovô”

Sinopse

Data estelar: 42437.5

A Enterprise corre para um planeta remoto em uma missão de prioridade máxima para fornecer ajuda médica ao dr. Ira Graves, uma das maiores mentes humanas do século 24. A assistente do cientista, Kareen Brianon, pediu ajuda contra os desejos do doente.

Um grupo avançado, liderado por Data, desce ao planeta para prestar socorro a Graves. Data desenvolve um forte elo com o brilhante cientista, que está bravamente resistindo aos estágios finais de uma doença terminal. Logo após Graves contar a Data sobre sua capacidade incrível de transferir conhecimento humano diretamente para um computador, ele morre.

De volta à Enterprise, Data mostra estranhos comportamentos, chegando até a acusar Picard de estar tentando seduzir Kareen. Após um teste de engenharia não demonstrar qualquer problema com o androide, Troi testa as reações psicológicas de Data e descobre duas personalidades conflitantes dentro dele –a personalidade normal de Data, junto com um lado brilhante mas irracional que está tomando conta de sua mente.

Enquanto isso, Data revela a Kareen que ele na verdade é Graves, que transferiu sua mente moribunda para dentro do cérebro positrônico do androide. Ele também diz que pretende colocá-la em um corpo androide para que eles possam viver eternamente juntos. Uma assustada Kareen rejeita o plano de “Data Graves”, o que provoca uma reação violenta da parte dele.

Ao descobrir o plano de Graves, Picard confronta Data e pede que o cientista abandone o corpo e a mente do androide. Em resposta, Data ataca o capitão, deixando-o inconsciente. Mas quando Picard acorda, fica aliviado ao saber que o conhecimento de Graves foi transferido para o computador da nave e que Data voltou a seu estado normal.

Comentários

“The Schizoid Man” apresenta uma premissa muito semelhante à do episódio da Série Clássica “What Are Little Girls Made Of?, com a diferença maior sendo a de que, enquanto no seriado original a posição era totalmente desfavorável aos androides, aqui o cenário não pode ser descrito de forma tão radical, pois há a necessidade de proteger o personagem de Data. O segmento acaba resultando em mais um passo de nosso androide preferido para que ele adquira seus direitos enquanto forma de vida.

Na Série Clássica, transferir uma mente humana para um corpo androide era morte certa –a transferência implicava uma perda irreparável no processo. Aparentemente, “The Schizoid Man” diz a mesma coisa. Por outro lado, dizer que uma mente não é capaz de “viver” em um corpo androide equivale a dizer que Data não é vivo. Por isso, a melhor interpretação para o episódio é a de que a transferência de Graves não deu certo devido à já debilitada condição mental do cientista. Como ele já estava irremediavelmente senil, não havia como preservá-lo de forma intacta no corpo androide.

Com essa interpretação (que não tem nenhum favorecimento específico dado ao longo da história, sendo, portanto, apenas especulativa), salva-se Data e o enredo de uma tacada só.

Embora a história em si não seja nada impressionante, as interpretações espetaculares de Brent Spiner (tanto como o tradicional Data como o androide “possuído” por Ira Graves) e de W. Morgan Sheppard (como o moribundo cientista no planeta) tornam o episódio realmente agradável de se ver. São sensacionais as tiradas de Graves com Data, exigindo ser chamado de “vovô”, e de Data já controlado por Graves, desafiando o capitão Picard.

O confronto final entre Picard e Data (possuído) ajudam Graves a perceber que, apesar dos esforços, ele não foi integralmente preservado no corpo androide. O capitão da Enterprise baseia sua argumentação no direito de Data à vida, que estava sendo eliminado pela presença do cientista em sua mente, enquanto Graves defende que ele tem mais direitos que Data, um ser, segundo ele, sem vida.

O nocaute do capitão pelo androide é a gota d’água para que Graves perceba que já não é mais o mesmo, o que o faz restaurar a consciência de Data e inserir seu conhecimento no computador da Enterprise. Na queda de braço pelo direito de viver, o androide saiu ganhando. Mas como a motivação principal de Graves para sua decisão foi seu próprio comportamento aberrante, não se pode dizer que Data de fato adquiriu totalmente seus direitos enquanto forma de vida artificial legítima. Isso só viria a acontecer em “The Measure of a Man”, desta mesma temporada.

Uma coisa que incomoda um pouco no episódio (e em muitos outros durante a série) é a extrema “humanização” de Data. Embora um teste na engenharia faça todo o sentido do mundo, um teste psicológico com base na exibição de imagens não tem a menor razão de ser. Trata-se apenas de um mecanismo para que Troi consiga aferir a existência de uma dupla personalidade em Data, diante da incapacidade da conselheira de sentir as emoções do androide. Ou seja, uma solução fácil e pouco convincente para um problema de roteiro.

Tirando o próprio Data, o episódio não faz muito por qualquer outro personagem, o que mostra a natureza profundamente voltada para enredos (e pouco para personagens) da série naquele ponto (isso mudaria definitivamente a partir do terceiro ano, com a chegada de Michael Piller na equipe de roteiristas).

Tecnicamente, o episódio é bem executado, com atuações convincentes de Suzie Plakson (Selar) e Barbara Alyn Woods (Kareen) e uma direção sem destaques, mas sem problemas. Os efeitos, pouco exigidos ao longo do segmento, cumprem o papel que é exigido deles sem grandes dificuldades.

Avaliação

Citações

“It’s no secret that I don’t like people much, and I like doctors even less.”
“That’s funny. I thought most doctors were people.”
 “Then you are wrong. Ask any patient.”
(Não é segredo que eu não gosto muito de pessoas, e eu gosto de médicos menos ainda.)
(Isso é engraçado. Eu pensava que a maioria dos médicos fossem pessoas.)
(Então você está errada. Pergunte a qualquer paciente.)
Graves e Troi

“I thought you didn’t like people.”
“Women aren’t people, they are women.”
(Pensei que você não gostasse de pessoas.)
(Mulheres não são pessoas, são mulheres.)
Troi e Graves

“I trust I did nothing unbecoming to a Starfleet officer.”
“Does wrestling with a Klingon targ ring a bell?”
“Did I win?”
(Eu espero que não tenha feito na indigno de um oficial da Frota.)
(Brigar com um targ klingon te diz alguma coisa?)
Eu ganhei?)
Data e Riker

Trivia

  • Suzie Plakson aqui interpreta a dra. Selar, a primeira vulcana oficial da Frota que foi vista na franquia. Suzie ficaria mais conhecida dos fãs de Jornada como K’Ehleyr, a klingon mãe de Alexander, o filho de Worf. Como K’Ehleyr, Suzie participou de mais dois episódios na Nova Geração“Emissary” e “Reunion”.
  • W. Morgan Sheppard, o dr. Ira Graves deste episódio, atuou em “Jornada nas Estrelas VI – A Terra Desconhecida” como um comandante klingon.

Ficha Técnica

História de Richard Manning & Hans Beimler
Roteiro de Tracy Tormé
Dirigido por Les Landau

Exibido em 23 de janeiro de 1989

Título em português: “O Homem Esquizoide”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Wil Wheaton como Wesley Crusher

Elenco convidado

Diana Muldaur como Katherine “Kate” Pulaski
W. Morgan Sheppard como dr. Ira Graves
Suzie Plakson como tenente Selar
Barbara Alyn Woods como Kareen Brianon

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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