TNG 2×17: Samaritan Snare

Episódio traz peculiar mistura de humor, inteligência e drama

Sinopse

Data estelar: 42779.1

Pulaski ordena Picard a se apresentar à Base Estelar 515 para uma intervenção cirúrgica: a substituição de seu coração artificial. Wesley Crusher tem um teste da Academia a fazer lá e acompanha o capitão em uma nave auxiliar.

A Enterprise, comandada por Riker, se prepara para estudar o aglomerado de pulsares Epsilon, mas recebe um pedido de socorro e encontra uma nave pakled. Seus ocupantes não parecem particularmente brilhantes, e Geordi se oferece para fazer reparos a bordo.

Apesar de sua aparência inofensiva, os pakleds na verdade preparam uma armadilha. Eles capturam Geordi e querem trocá-lo por todas as informações disponíveis no computador da Enterprise-D. É assim que eles aprimoram sua tecnologia, roubando-a de outras espécies.

Após uma reunião com o estado-maior, Riker decide tentar aplicar um truque nos pakleds. Ele se recusa a entregar os dados do computador, mas leva-os a crer que Geordi é um especialista em armamentos.

Enquanto isso, na Base Estelar 515, a cirurgia vai mal, e Picard está entre a vida e a morte. A Enterprise precisa voltar o mais rápido possível, pois somente Pulaski é qualificada para salvá-lo.

Os pakleds pedem a Geordi que os faça fortes, com novos armamentos, mas o que ele faz é na verdade sabotar a nave, enquanto a Enterprise prepara ações em coordenação para parecer que foram eles a vencer a batalha — deixando Geordi como incompetente. Isso faz com que eles liberem o engenheiro.

De volta à Base Estelar 515, Pulaski chega a tempo de salvar o capitão. O desempenho de Wesley permite que ele continue a estudar na Enterprise, e a nave parte rumo ao aglomerado de pulsares Epsilon.

Comentários

“Samaritan Snare” é, no fundo, uma história sobre prejulgamentos. A Enterprise e sua tripulação são vítimas da percepção inicial que têm dos pakleds, e isso coloca em perigo o engenheiro-chefe da nave. Convenhamos: ninguém pode culpar Riker ou seus comandados, pois os alienígenas realmente parecem muito estúpidos. Mas as aparências podem enganar.

O padrão de comportamento pakled, com diálogos simplórios, funciona como humor, e faz um bom contraste com a trama secundária deste episódio — que por vezes compete com a principal e traz uma nova camada de densidade e tridimensionalidade ao capitão Picard.

Wesley é um personagem raras vezes bem utilizado, mas normalmente suas melhores aparições ocorrem quando ele se contrapõe a Picard. Há uma relação paternal relutante entre os dois que acaba muito bem traduzida na longa viagem de nave auxiliar que fazem juntos.

O segmento aborda as escolhas de vida do capitão e um lance em particular do seu passado, quando ele perdeu seu coração natural e quase morreu. Mais uma vez, temos Picard refletindo e questionando a si mesmo e a suas convicções, a exemplo dos episódios “Time Squared” e “Q Who”. Aqui, ele teme ser visto como uma figura frágil diante da tripulação, o que faz com que precise se afastar para fazer a cirurgia de substituição de seu coração artificial em processo de falha.

Além de aprofundar a personalidade do capitão, esse elemento da trama ajuda a criar um dramático senso de urgência para a Enterprise. Pena que a resolução da crise com os pakleds, embora boa na teoria (Riker comunicando de forma sorrateira a Geordi uma trapaça), acabe meio vazia na prática. Faltou criatividade para torná-la mais interessante.

A maquiagem, o tipo físico e as atuações dos pakleds fazem deles criaturas marcantes e engraçadas, e isso conta como um dos sucessos do episódio. Já a pintura da Base Estelar 515, na versão original do episódio, era uma reciclagem de outra usada na primeira temporada para o planeta Angel I. Algumas alterações na versão remasterizada em alta definição ajudaram a disfarçar (embora não completamente) a economia.

No fim das contas, um episódio divertido e bem ritmado de A Nova Geração, embora esteja longe de figurar como particularmente inspirado ou brilhante. A temática do incidente do coração da Picard ganharia um tratamento de luxo na sexta temporada, com o espetacular “Tapestry”. A história se origina aqui, mas é lá que ela de fato brilha. E os pakleds voltariam a aparecer como vilões, mais perigosos do que nunca, na série animada Lower Decks.

Avaliação

Citações

“We are smart. You think we’re stupid, but we’re smart.”
(Somos espertos. Você acha que somos estúpidos, mas somos espertos.)
Grebnedlog

Trivia

  • O diretor Les Landau viu a introdução dos pakleds como um comentário social sobre consumismo: “Lidei com uma raça que parecia ser de gente feia e lenta. Eles têm uma necessidade por coisas, o que pode ser uma reflexão da nossa sociedade. Isso é o que Star Trek tenta fazer, pegar uma situação quase inacreditável em uma época inacreditável e de algum modo nos faz perceber que aquilo está acontecendo hoje e o que podemos fazer para tornar o planeta e o universo lugares melhores. Acho que essa é a essência de Star Trek e a tradição que Roddenberry está tentando carregar.”
  • O showrunner Maurice Hurley gostou do resultado do episódio: “Estranho, mas muito bom. Foi bem diferente. Deu a Geordi uma boa participação e, quanto mais você usa LeVar, mais feliz o episódio será, porque LeVar é uma pessoa maravilhosa com quem trabalhar.”
  • A ideia original para este episódio era usar o iate do capitão para a viagem até a Base Estelar 515, mas, por razões orçamentárias, eles acabaram ficando com a nave auxiliar.
  • Na versão original do episódio, o uso de cenas recicladas da nave auxiliar cria um conflito: Wesley fala que é a nave 02, mas vemos a nave 01 saindo do hangar. Para a versão remasterizada, isso foi corrigido.
  • Dois objetos de cena na nave pakled Mondor são equipamentos militares reais: um é um transmissor localizador de emergência AN/PRT-5 de um Lockheed P-3 Orion da Marinha, e outro é uma unidade de controle remoto de rádios de campo CANK-23429, da Segunda Guerra Mundial.
  • O truque de Riker com o “campo de força vermelho” nos remete ao ardil corbomite, aplicado por Kirk em “The Corbomite Maneuver”. Mas no episódio clássico a execução é muito melhor.
  • Esta é a segunda vez que Wesley presta o teste de admissão à Academia; no ano anterior, em “Coming of Age”, ele havia sido reprovado. Aqui, presumidamente, passou, e poderá estudar a bordo da Enterprise.
  • Ao falar que o quase encontro com a morte dele “foi grandemente exagerado”, Picard está citando uma frase de Samuel Clemens (Mark Twain) a um obituário dele publicado prematuramente. O escritor do século 19 apareceria como personagem no episódio duplo “Time’s Arrow”.
  • Esta é a segunda e última aparição de Lycia Naff como Sonya Gomez em A Nova Geração. A personagem foi pensada para ser recorrente, fazendo par com Geordi, mas não vingou. Ela pode ser vista na série animada Lower Decks, em “First First Contact”, exibido em 2021. Neste segmento, Gomez é a capitã da USS Archimedes, 16 anos depois dos acontecimentos de “Samaritan Snare”.

Ficha Técnica

Escrito por Robert L. McCullough
Dirigido por Les Landau

Exibido em 15 de maio de 1989

Título em português: “A Cilada”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Marina Sirtis como Deanna Troi
Wil Wheaton como Wesley Crusher

Elenco convidado

Diana Muldaur como Katherine Pulaski
Christopher Collins como Grebnedlog
Leslie Morris como Reginod
Daniel Benzali como cirurgião
Lycia Naff como Sonya Gomez
Tzi Ma como especialista biomolecular

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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