Violência, tortura e morte começam a abrir fosso entre Soong e seus “filhos”
Sinopse
Data: Desconhecida
Sem saber onde procurar os fugitivos, a Enterprise vai ao planeta Trialas IV, onde Soong educou os aumentados secretamente. Lá, eles descobrem que equipamentos médicos foram levados e também encontram uma pessoa: Udar. Ele era um dos Aumentados, mas por alguma razão não adquiriu habilidades superiores e foi deixado para trás.
Sob o comando de Soong, os aumentados vão à Estação Fria 12, onde estão armazenados cerca de 1.800 embriões remanescentes das Guerras Eugênicas. Após interceptar e se apoderar de uma pequena nave denobulana, eles conseguem embarcar no complexo médico seguro, instalado no interior de um asteroide.
Lá, capturam a equipe de pesquisa, torturam o doutor Jeremy Lucas, velho amigo de Phlox, para terem acesso à câmara dos embriões. Ele resiste, e Malik convence Soong a torturar um dos colegas dele. Ele é colocado numa câmara de isolamento e infectado com um patógeno mortal. Soong ainda tenta salvá-lo, mas é tarde demais.
Depois de descobrir que os equipamentos levados de Trialas IV eram incubadoras, Archer deduz para onde os aumentados foram e ordena que a Enterprise se encaminhe para lá. Soong ordena que a nave se afaste, ou ele executará Lucas, e Archer obedece, mas lidera um grupo de descida, com a ajuda de Udar, para abordar a estação e tentar imobilizar os aumentados. Acabam emboscados.
Archer ordena que T’Pol ative o sistema de autodestruição do complexo, o que também falha. Quando o grupo de Soong ameaça matar Phlox, Lucas acaba cedendo e dá o código de acesso aos embriões. Malik decide levar consigo amostras dos patógenos mais perigosos abrigados na estação e, antes de partir, mata Udar, depois de um combate corpo a corpo com Archer. Como ação final, ele libera todos os patógenos no ar da estação, o que certamente matará a todos a bordo. Archer e seus comandados lutam contra o tempo, enquanto os Aumentados e Soong partem na ave de rapina, mais uma vez, para um local desconhecido.
Comentários
“Cold Station 12” é um sólido segundo ato na trilogia dos Aumentados, que explora o lado humano da relação de Soong com os jovens “super-humanos”. Abrindo com uma cena em flashback que mostra o cientista com eles enquanto crianças, ele deixa mais claras as intenções e o idealismo equivocado, mais uma vez telegrafando um conflito que está por vir e que já começa a se manifestar aqui.
Vemos Soong descobrir o destino de Raakin e se revoltar. Malik o manipula emocionalmente, fingindo remorso e contando de forma distorcida o que houve entre ele e o “irmão”, mas o conflito já está ali, semeado. A tensão vai só aumentando, conforme fica claro que Malik não pretende aceitar as barreiras impostas por Soong, como não matar ninguém. Os dois chegam a se enfrentar, e o cientista já começa a entrever problemas, mas por ora eles terminam alinhados. Afinal, o objetivo foi atingido, e os embriões foram resgatados.
A situação, contudo, obviamente não está resolvida. Há a sensação muito clara de que Soong ainda terá de confrontar a realidade de que seus “filhos” não são o que ele gostaria que eles fossem. Suas boas intenções (das quais o inferno está cheio, por sinal) fazem com que tenhamos simpatia pelo personagem, embora uma redenção vá se tornando cada vez mais complicada, conforme ele embarca em ações cada vez mais violentas. Brent Spiner novamente brilha no papel.
A sequência ambientada na Estação Fria 12, a exemplo do mercado de escravos órion no episódio anterior, é bastante efetiva. Ela expõe de forma muito clara o sadismo e o desprezo pela vida de Malik, bem como a obediência cega de seus “irmãos” Aumentados. As cenas de tortura e morte são fortes, algo que apenas raras vezes foi visto em Star Trek.
Além de violento, o episódio é sexy. Temos cenas íntimas, naquele sabor sadomasoquista que Khan imprimiu à relação com a tenente Marla McGivers em “Space Seed”, mas desta vez protagonizadas por Malik e Persis. A jovem aumentada, por sinal, dá pistas de que pode fazer o papel de McGivers para além disso, em algum momento traindo Malik em favor de Soong.
E é divertido o sabor clássico dado a algumas das cenas de ação: desde Archer correndo para o comunicador para dar uma ordem cifrada a T’Pol (que lembra muito Kirk em “A Taste of Armageddon”, com a “ordem geral 24”) até o confronto dele com Malik, que lembra a luta de Kirk e Khan, mas repaginada, em “Space Seed”. Contudo, se Kirk precisava vencer naquele episódio, aqui Archer precisa amargar uma derrota, pois ainda estamos a um ato do desfecho do arco.
Pelo menos parece que, depois de serem arrastados pela trama no primeiro episódio do arco, os tripulantes da Enterprise NX-01 agora começam a ser força ativa nela. Archer consegue trazer Udar para seu lado e, embora seja inefetivo na retomada da estação, pelo menos ele tenta. E o final do episódio mais uma vez é bem-sucedido em criar um cliffhanger que deixa o público à espera do desfecho.
Para além da aventura, temos uma cena interessante em que Archer e Phlox discutem engenharia genética, seus perigos e suas vantagens. O capitão ecoa um discurso que parece mais alinhado com os tempos atuais: o uso benigno dessa tecnologia é de fato defensável, embora a Terra no universo ficcional de Star Trek tenha decidido bani-la após o trauma das Guerras Eugênicas. O problema todo é quando o uso transcende a medicina e passa a escrever o futuro da espécie (criando o inevitável e indesejável degrau entre humanos “modificados” e “não modificados”). O diálogo ajuda a realinhar a ficção histórica de Star Trek ao que podemos pensar hoje sobre engenharia genética.
A despeito desse e de outros diálogos inspirados, que ninguém se confunda: estamos diante de uma trama que é mais feita de ação e vilania que de dilemas complicados. E o desfecho promete ainda mais disso.
Avaliação
Citações
“Whenever a group of people start believing they are better than everyone else, the results are always the same.”
(Toda vez que um grupo de pessoas começa a acreditar que eles são melhores que todo mundo, o resultado é sempre o mesmo.)
Archer
Trivia
- Quando este episódio foi transmitido pela primeira vez no Reino Unido, o Channel 4 cortou algumas das cenas mais violentas, incluindo partes da tortura do doutor Lucas e o close do cientista sendo morto pelo vírus.
- As doenças mortais que aparecem listadas como armazenadas na Estação Fria 12 referenciam vários patógenos ficcionais citados em séries anteriores de Star Trek: xenopolicitêmia, febre de Anchilles, Synthococcus novae tipo A, febre rigeliana e praga teluriana.
- O episódio recebeu uma indicação ao Emmy por melhor coordenação de dublês, para Vince Deadrick Jr.
Ficha Técnica
Escrito por Michael Bryant
Dirigido por Mike Vejar
Exibido em 5 de novembro de 2004
Títulos em português: “Estação Fria 12”
Elenco
Scott Bakula como Jonathan Archer
Jolene Blalock como T’Pol
John Billingsley como Phlox
Anthony Montgomery como Travis Mayweather
Connor Trinneer como Charlie ‘Trip’ Tucker III
Dominic Keating como Malcolm Reed
Linda Park como Hoshi Sato
Elenco convidado
Brent Spiner como Arik Soong
Alec Newman como Malik
Abby Brammell como Persis
Richard Riehle como Jeremy Lucas
Kaj-Erik Eriksen como Udar
Kris Iyer como vice-diretor
Adam Grimes como Lokesh
Amy Wieczorek como piloto denobulana
Jordan Orr como jovem Malik
Kevin Foster como segurança 1
Enquete
Edição de Mariana Gamberger
Revisão de Roberta Manaa