VOY 3×09: Future’s End, Part II

Depois de “férias” na Terra, tripulação brinda a volta ao Quadrante Delta

Sinopse

Data estelar: desconhecida

As tentativas de Janeway em teletransportar Henry Starling e a nave temporal falham quando os transportes de longo alcance da Voyager param de funcionar. Como plano alternativo, a astrônoma Rain Robinson o atrai para um encontro no qual a tripulação espera capturá-lo. Starling aparece com o Doutor, agora equipado com um dispositivo do século 29 que o permite existir em ambientes sem os emissores holográficos convencionais.

Após terem reconfigurado os defletores de uma nave auxiliar para ocultá-la dos radares do século 20, Chakotay e Torres tentam transportar Starling. Mas o empresário usa um aparelho que interfere no processo. A Voyager consegue redirecionar o sinal para materializá-lo, mas a disrupção danifica os controles da nave auxiliar seriamente. Chakotay e Torres fazem um pouso forçado no deserto e são feitos reféns por um grupo paramilitar. A capitão consegue triangular o local da queda no Arizona e manda o Doutor e Tuvok tentarem localizá-los.

Na Voyager, Starling admite que quer viajar ao futuro para roubar mais tecnologia. Embora Janeway acredite ter posto um fim aos planos dele, o seu capanga na superfície consegue transportá-lo de volta ao escritório em Los Angeles. Do lado de fora do prédio, Paris avista um caminhão que aparenta estar movendo a nave temporal para outro lugar. No Arizona, Tuvok e o Doutor conseguem libertar Chakotay e Torres. Torres repara a nave auxiliar, que eles usam para localizar o caminhão e destruí-lo. Contudo, eles descobrem que o caminhão era uma isca falsa; a nave temporal estava no escritório de Starling, e ele acaba de lançá-la.

Recolhendo Paris e Tuvok, a nave auxiliar volta à Voyager, onde Janeway abre contato com Starling, que se recusa a abandonar a missão. Ela não encontra alternativas, senão destruir a Aeon. Segundos depois, uma fenda espacial abre e Braxton aparece em sua nave temporal. Com a sua linha temporal anterior alterada pela destruição de Starling, este Braxton veio do futuro para levar a Voyager de volta ao século 24, de onde nunca deveria ter saído. Janeway pede a Braxton que os deixem na Terra, mas Braxton cita a Primeira Diretriz Temporal, sobre a qual a capitão não discute. De volta ao Quadrante Delta, a tripulação desfruta da única vantagem dessa jornada: o Doutor ficou com a tecnologia do século 29, o holoemissor portátil que finalmente o libertou de seu confinamento na enfermaria.

Comentários

Embora o episódio não tenha sido tão interessante quanto a primeira parte — o que acontece com frequência nos duplos de Jornada –, “Future’s End, Part II” foi uma conclusão adequada à história apresentada na semana anterior. A qualidade do roteiro foi quase tão boa, apesar de este trazer uma série de inconsistências.

Parece que os personagens que mais brilharam na primeira parte desta vez ficaram em segundo plano, e vice-versa. Rain Robinson, por exemplo, foi um dos pontos altos esta semana, enquanto o capitão Braxton sequer apareceu (a referência aqui é ao velho mendigo das ruas de Los Angeles) e, diga-se de passagem, o telespectador nem tem como saber o que se fez dele. Nem a Voyager, nem a Aeon, o resgataram. Infere-se que ele ficou preso no século 20.

Fazendo uma pausa na análise dos personagens, vale a pena insistir um pouco nesse ponto, que é um dos maiores buracos no roteiro. Se a versão jovem de Braxton apareceu ao final da história para retornar a Voyager ao Quadrante Delta, afirmando ter detectado uma anomalia sobre a Terra do século 20, como é que ninguém no século 29 detectou a queda da Aeon em 1967, corrigindo essa anomalia em primeiro lugar?

Enfim, voltando aos personagens, outro que brilhou foi o Doutor. Aliás, não se podia esperar menos dele — ou de Robert Picardo. Houve humor, sarcasmo e uma importante adição ao personagem: o emissor holográfico portátil. Ao introduzirem o aparelho, os produtores finalmente se tocavam que o Doc era o personagem mais popular e carismático de Voyager. Engraçado, pois a ideia inicial era deixá-lo como um secundário. Mas também, tudo nessa série é inesperado. Nos episódios que se seguem, será possível vê-lo andando pelos corredores da nave e até se transportando para fora dela.

As cenas envolvendo o Doutor e Starling, e Starling e Janeway, estiveram entre as melhores. Isso por causa da dramaticidade que passaram. Foram interessantes principalmente o trecho em que Starling mostra ao Doc o que é a dor, derrubando a atitude sarcástica e a falsa sensação de invulnerabilidade dele — algo que ninguém na USS Voyager tinha conseguido fazer — e aquele em que a capitão tenta argumentar com o dono de um império capitalista sobre os prejuízos que suas ações podem causar às vidas de pessoas, nove séculos no futuro.

A trama secundária envolvendo Chakotay e B’Elanna foi meio sem pé nem cabeça. Realmente não acrescentou nada à construção da série. Sua única relevância foi a conversa que os dois tiveram a bordo da nave auxiliar. Eles começaram a especular, em tom irônico, o que aconteceria à tripulação se ficassem presos no século 20, uma possibilidade que até então ninguém tinha mencionado.

Falando em naves auxiliares, surge outra dúvida: porque Harry Kim não enviou uma delas para resgatar a capitão e o comandante no final da primeira parte? Com certeza as câmeras de vídeo não a teriam identificado como um OVNI. E, sinceramente, como é que não passou pela cabeça deles que uma nave auxiliar é praticamente invisível, se comparada a um monstro de 15 decks, todo iluminado?! Mas tudo bem… o público teria ficado sem a simbólica imagem da Voyager cruzando os céus da Terra — este deve ter sido o raciocínio dos roteiristas.

Em “Future’s End, Part II” novamente é levantado o questionamento sobre as perícias técnicas de Starling. Ou o homem é superdotado — o que dificulta a explicação sobre o fato de, nos anos 60, ele ter sido um hippie bêbado –, ou estudou e muito os manuais de pilotagem e operação de naves estelares. Chega a ser engraçado o modo como se esquiva com tanta facilidade da tripulação de Voyager e como lida com a tecnologia do século 29. Nem os oficiais das séries de Jornada são tão rápidos no gatilho quanto Starling. É claro que também não se pode esquecer de citar o capanga dele, que também conhece os sistemas da Aeon. Do jeito que os caras são raposas, é de se espantar que os roteiristas não cogitaram que a própria Voyager fosse alvo de Starling. Sim, porque seu banco de dados lhe seria útil por décadas.

Vamos a outra inconsistência que não deve ter passado pela cabeça de muitos. Como é que Tuvok e o Doutor chegaram ao Arizona em tempo menor do que aquele que Paris e Robinson levaram para cruzar Los Angeles? Afinal, eles não foram transportados, ou pelo menos nada foi dito a respeito.

Sobre Janeway, em primeiro lugar ficou muito mais jovial com o novo penteado. E ela também está visivelmente mais solta e acessível. Mas, quanto à sua conduta, com que direito ela pode criticar o fato de Starling roubar tecnologia do futuro, quando ela mantém a tecnologia dada ao Doutor? E como é que ela, como capitão da Frota, poderia ter ficado surpresa quando Braxton citou a Primeira Diretriz Temporal? Ela acreditou mesmo que a Voyager poderia ter ficado na Terra?

No final, a nossa intrépida nave está de volta ao Quadrante Delta, no momento exato em que encontrou Braxton pela primeira vez. É o chamado “episódio-reset“. Mas, de fato, as coisas não mudaram muito, mudaram? O estrago foi feito no século 20. Rain Robinson tem uma bela noção do futuro (não vamos subestimar sua inteligência), o velho Braxton supostamente ainda está em L.A. e só Deus sabe o que aconteceu com a Chronowerks, a empresa de Starling. O fato de ele ter desaparecido, e seu prédio ter um enorme rombo na estrutura (falo sobre a sequência de lançamento), não deve ter passado desapercebido pela imprensa. Some a isso as imagens da Voyager sobrevoando a cidade.

Só há mais alguns comentários a fazer. Os feitos da Voyager são conhecidos no século 29. Então, teoricamente, seria razoável a tripulação achar que ainda teria alguma coisa importante a fazer no Quadrante Delta e que eventualmente chegaria em casa, já que a Frota sabe de suas viagens.

Jeri Taylor, produtora da série, disse que a equipe começaria a “abraçar mais a aventura” nesta temporada. O episódio comprova isso. No fim, a tripulação brinda o retorno ao Quadrante Delta.

Em um apanhado geral, a história deu certo. Embora não tenha seguido a linha da primeira parte — talvez porque teve uma outra pessoa na direção –, trouxe desenvolvimentos importantes e potenciais, sobretudo a nova mobilidade do Doutor.

Avaliação

Citações

“Would you pass me a burrito?”
(Você poderia me passar um burrito?)
Tuvok

“These things are kinda… crude.”
(Essas coisas são meio… cruas.)
Paris

“Your program… really isn’t very sophisticated.”
“That is a matter of opinion.”
(O seu programa… realmente não é muito sofisticado.)
(É uma questão de opiniões.)
Starling e Doutor

“If my History is accurate, southern California in the late 20th century had no shortage of psychotherapists, competent and otherwise. I suggest you look for one.”
(Se minha História está precisa, o sul da Califórnia no final do século 20 não tinha escassez de psicoterapeutas, competentes ou não. Eu sugiro que você procure um.)
Doutor

“I could win a Nobel Prize.”
(Eu poderia ganhar um Prêmio Nobel.)
Chakotay

“This one lookes Indian. But that one… I don’t know what her story is.”
(Este parece índio. Mas aquela ali… eu não sei qual é a história dela.)
Sequestrador

“Welcome, to the 24th century. I took the precaution of removing your tricorder. That’s what it’s called, by the way.”
(Bem-vindo ao século 24. Por precaução eu removi o seu tricorder. A propósito é esse o nome dele.)
Janeway

“What are you going to do? Shoot me?”
“The thought has crossed my mind.”
(O que você vai fazer? Atirar em mim?)
(O pensamento passou pela minha cabeça.)
Starling e Janeway

“Let’s recap. UFO in orbit, laser pistols, people…vanishing. I’ve seen every episode of Mission: Impossible and you are not secret agents.”
(Vamos recapitular. OVNI em órbita, pistolas laser, pessoas… desaparecendo. Eu assisti a todos episódios de Missão Impossível e vocês não são agentes secretos.)
Rain

Trivia

  • Este episódio tem um pequeno blooper. Em uma cena, o Doutor sai do carro, deixando a porta de trás aberta. Na tomada seguinte, ela está fechada.
  • O caminhão explodindo mostrou o poder das novas técnicas de efeitos especiais de Voyager. Embora a imagem seja gerada por computador (CGI), é extremamente realista.
  • Ao final do episódio, o Doutor holográfico finalmente adquire um sistema derivado de tecnologia do século 29, que permite que ele ande livremente por qualquer ambiente.
  • No episódio fica estabelecido que Chakotay treinou como piloto na América do Norte, no primeiro ano da Academia. Depois foi para Vênus para aprender a lidar com tempestades atmosféricas e mais tarde estudou asteroides no Cinturão.

Ficha Técnica

Escrito por Brannon Braga & Joe Menosky
Dirigido por Cliff Bole

Exibido em 13 de novembro de 1996

Título em português O Fim do Futuro, Parte II

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

Sarah Silverman como Rain Robinson
Allan Royal como capitão Braxton
Ed Begley, Jr. como Henry Starling
Brent Hinkley como Butch
Clayton Murray como Porter

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Edição de Ricardo Delfin
Revisão de Nívea Doria

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