DSC 5×07: Erigah

Episódio burocrático sobre burocracia traz os breens para o centro do palco

Sinopse

Data estelar: desconhecida.

A USS Discovery se junta à USS Locherer, que acaba de capturar Moll e L’ak. A comandante Nhan está de volta à nave para acompanhar o transporte dos prisioneiros ao Quartel-General da Federação. Michael se surpreende com a presença de Book, que se oferece para participar do interrogatório com os dois cativos, tentando fazer com que cooperem. Nhan diz que chamará se precisar.

Os dois serão transportados à enfermaria da Discovery, e L’ak está à beira da morte. Culber faz o que pode por ele, a despeito do pouco conhecimento sobre a fisiologia breen. O médico pesquisou sobre o que poderia ajudar e desenvolveu algo como uma UTI refrigerada adequada para a espécie dele.

Vance se encontra com Michael e diz que os breens estão exigindo a extradição dos dois, marcados com um erigah, algo como a condenação a uma caçada eterna, uma “recompensa de sangue”. O almirante teme que o segredo dos Progenitores caia nas mãos dos breens e por isso ordena que a Discovery salte para longe a fim de resguardar os prisioneiros. Em vez disso, Michael sugere tentar uma negociação diplomática, e ele relutantemente concorda.

T’Rina, Vance, Michael e Rayner se reúnem para planejar a estratégia da negociação. A presidente de Ni’Var foi designada pela Federação como negociadora principal e atualiza os demais sobre a situação dos breens, em que seis primarcas disputam o poder. Rayner acha que a Federação tem de se preparar para o conflito, o que causa mal-estar na reunião. Já Michael quer conversar com Moll e L’ak para descobrir por que os breens estão tão interessados neles.

Na saída do QG da Federação, a capitão confronta Rayner e indica que o problema dele com os breens é pessoal, mas o primeiro oficial prefere não comentar. Ao mesmo tempo, na Discovery, Tilly está prestes a partir, para proteger seus cadetes do potencial ataque breen, mas Stamets a convence a ficar a bordo, pois seria mais importante ajudar a investigar a pista mais recente obtida na busca pela tecnologia dos Progenitores – um cartão metálico com dizeres em betazoide. Ela concorda e se reúne com Adira para trabalhar. No laboratório, com a ajuda de Zora, descobrem que o texto é o título de um livro chamado Labirintos da Mente, mais especificamente sua versão manuscrita, escrita por Marina Derex em 2371, uma das cientistas envolvidas na descoberta da tecnologia dos Progenitores há 800 anos. Mas ninguém tem conhecimento de onde esse livro estaria hoje. Zora também revela que Jett Reno já trabalhou com manuscritos antes, e Tilly e Adira decidem procurá-la por ajuda. Ela revela a existência de uma biblioteca-repositório móvel conhecida como Eterna Galeria e Arquivo, que fica a bordo de uma nave, e que guarda todo tipo de manuscrito raro. O trio é surpreendido pela chegada de uma gigantesca nave breen às imediações.

Na enfermaria, Michael convence L’ak a revelar o interesse do primarca Ruhn nele – é seu tio, e L’ak seria o herdeiro de sangue do Império Breen, descendente direto do imperador. O tio jamais poderá ascender ao poder sem ele. Michael se reúne com T’Rina e Vance para responder ao primarca Ruhn, que exige os fugitivos imediatamente. T’Rina menciona trâmites burocráticos, e o breen concede uma hora.

Na engenharia, Stamets está tentando descobrir a origem do cartão com base em sua composição, mas são muitos os alvos. Book vai até lá e pede para ajudar, notando que será como encontrar uma agulha num palheiro.

No QG, Michael se reúne com Rayner e mais uma vez o pressiona por conhecimento sobre os breens. Ela descobriu que Kellerun, seu planeta, foi ocupado pelos breens no passado. Mas foi outra primarca, Tahal, a responsável pelo ataque. A ocupação devastou o planeta, a despeito da luta dos kelleruns, e Rayner foi o único de sua família a ter sobrevivido. Ele está convencido de que não se pode negociar com os breens. Michael é inspirada pela conversa e diz que podem sugerir ao primarca que ele precisa de algo ainda mais de que Moll e L’ak.

Na enfermaria, L’ak diz que fará algo para que derrubem o campo de contenção e Moll deve fugir. Ele então se autoinjeta com uma overdose da droga tricordrazina, com que estava sendo tratado. Culber baixa o campo de contenção, e Moll foge.

No QG, Vance abre contato com os breens e diz que estão prontos para entregar os fugitivos. Um grupo avançado breen vem a bordo e não está interessado em conversas. O primarca quer apenas os prisioneiros. T’Rina insiste em fazer uma oferta: 45 toneladas de dilítio em troca da derrubada do erigah. O primarca recusa, e T’Rina diz então que terá de aceitar uma oferta de outra primarca, Tahal. Os breens acham que é um blefe, mas Rayner usa seus conhecimentos para dar credibilidade à história.

T’Rina sugere então uma terceira opção: eles recusarão a oferta de Tahal, ficarão com os prisioneiros, e os breens partirão em paz. A presidente promete que vão proteger a vida de L’ak a qualquer custo. Michael é chamada à enfermaria e descobre que Moll fugiu e L’ak está morrendo.

Na engenharia, Stamets sugere que Book use seus poderes telepáticos com o cartão para tentar ler alguma “impressão” que ele tenha deixado. Ele “vê” uma tempestade de plasma intensa, além de uma sensação de eternidade. Em seguida, parte atrás de Moll, escondida em algum lugar da nave. Ele e Nhan tentam contê-la, e Book consegue argumentar com ela e sensibilizá-la para voltar e ficar com L’ak.

A pedido de Michael, um médico breen vem a bordo. Mas L’ak acaba morrendo, após se despedir de Moll. O primarca quer ir à guerra depois disso. Naves da Frota Estelar se alinham para enfrentar a gigantesca nave breen. Moll então revela que se casou com L’ak, o que obriga o primarca a levá-la com ele. Para convencê-lo, ela revela que a Federação está em busca de um poder imenso e que pode consegui-lo para o primarca. Ele concorda e dá cinco minutos para entregarem Moll, ou haverá guerra.

No QG, eles discutem a possibilidade de entregar Moll aos breens e concordam por essa ação, sob protestos de Book.

Na Discovery, Stamets revela tudo que descobriram — a pista deve estar junto com o manuscrito na nave-biblioteca Eterna Galeria e Arquivo, que está numa região turbulenta conhecida como Badlands. A nave então se prepara para ir até lá.

Comentários

Para resumir, “Erigah” é um episódio sobre burocracia, construído de maneira burocrática. A produção faz a escolha interessante de poupar a audiência de mais uma perseguição a Moll e L’ak – iniciando a história depois que ambos foram apreendidos pela USS Locherer – e a intenção é igualmente charmosa – criar um suspense político em torno da extradição ou não desses prisioneiros cheios de segredos –, mas a resolução dessa história acaba não realizando todo o seu potencial.

A exemplo de “Mirrors”, este é um episódio mais sobre a dupla de “vilões” desta temporada do que sobre nossa própria tripulação, escolha que por si só já carregava um certo risco. A coisa toda depende de que a audiência esteja engajada com a história pessoal deles, o que é algo longe de garantido. Se você está entre aqueles que captaram e apreciaram a vibe “Bonnie e Clyde” que emana de Moll e L’ak, provavelmente o segmento lhe será mais aprazível do que se estiver entre os que não viram muita graça nesses dois.

É verdade que os roteiristas fizeram uma força danada para tentar dar alguma tridimensionalidade a eles, com direito às longas cenas de flashback em “Mirrors”, mas no fim das contas elas apenas giram em torno de fatos básicos já sabidos desde muito cedo sobre os personagens, e nem mesmo a conexão bombástica com os breens foi capaz de torná-los suficientemente sofisticados. Em que pese o carisma que possam ter (e essa é uma percepção pessoal), são personagens de uma nota só, com um único intuito – simplesmente fugir–, o que os torna pouco atraentes.

Para este segmento, não ajuda também que estejamos diante de mais um bottle show em que muito pouco de fato acontece, e a maior parte da trama consiste em nossa tripulação pensando, falando e expondo, sem fazer muito de fato. É verdade que alguns dos mais espetaculares episódios da história de Star Trek são feitos exatamente disso, mas “Erigah” não se aproxima de atingir esse brilhantismo.

Mais uma vez vemos uma estrutura de trama A/B, com a principal naturalmente sendo a forma como será resolvida a extradição ou não de Moll e L’ak, populada por personagens secundários, como T’Rina e Vance, além de Michael e Rayner. Capitão e primeiro oficial, por sinal, são usados de forma bem estereotípica na trama: Michael é quem tem todas as intuições corretas para fazer as coisas avançarem, e Rayner faz mais uma vez o papel de “oficial torturado por um passado difícil”, desta vez conectado ao destino de seu planeta, Kellerun, que no passado foi ocupado pelos breens.

Que conveniente, por sinal, que a história pregressa dele tenha a ver com os breens – e que seja uma espécie de segredo sobre o qual Rayner não goste de falar. A “coincidência” acaba ainda mais empobrecida por sua aparição fortuita neste episódio. Teria sido muito mais intrigante se, desde o início, ele soubesse que L’ak tinha relação com os breens e por isso fosse obcecado em capturá-lo. Uma boa oportunidade de desenvolver tanto os vilões quanto Rayner foi desperdiçada.

Nessa trama principal, temos mais uma esquecível sequência de ação e tiroteio, na tentativa de fuga de Moll, na único esforço de imprimir algum sabor de aventura à trama. E o momento mais dramático é a morte de L’ak, muito bem executada, graças mais à direção e à trilha sonora do que propriamente à atuação. Ainda assim, Eve Harlow faz o que provavelmente são suas melhores cenas na temporada, reagindo à perda de seu amado, e Elias Toufexis faz o que pode sob a pesada maquiagem para transmitir a emoção do momento.

A morte do personagem, até certo ponto surpreendente, vem junto com a insistente ideia (já não é a primeira referência a isso) de que a tecnologia dos Progenitores pode trazer mortos de volta à vida. Considerando que os breens estão ansiosos para fazer picadinho da Federação e a revelação de que L’ak é o herdeiro de sangue do Império Breen, será surpreendente se todas essas pontas não venham a se unir ao final da temporada para promover uma resolução.

No “núcleo Moll e L’ak” do episódio, vale também destacar o retorno gratuito, mas sempre bem-vindo, de Rachael Ancheril como Nhan, aparecendo aqui de uma maneira que faz algum sentido, embora claramente refletindo apenas o desejo de trazer a personagem para uma última aparição na série.

Quanto à trama B, que diz respeito à decifração da quarta pista e do quinto local que a Discovery terá de visitar para encontrar a tecnologia dos Progenitores, o trabalho é dividido entre Stamets, Book, Tilly e Adira, com participação especial de Jett Reno (em outra coincidência daquelas que só acontecem em roteiros mesmo, com a personagem subitamente tendo um passado como contrabandista de livros).

De novo, várias ideias são jogadas para fechar essa história, algumas muito boas – como a noção de Book usar sua telepatia para “ler” informações no cartão deixado por sua criadora betazoide –, mas infelizmente usadas de forma sumária e, de novo, burocrática.

Em ambas as tramas, os personagens agem no piloto automático, e não há muito a destacar em suas atuações. No fim, essa é a impressão principal que esse episódio deixa: com execução econômica, ele meramente coloca as peças em seus devidos lugares, com mínimo esforço, para que a aventura da temporada possa chegar a seu desfecho. A Discovery termina a caminho da quinta e última pista, e Moll é reunida aos breens, a quem ela promete a cobiçada tecnologia dos Progenitores. O antagonismo de duas superpotências interestelares eleva as apostas para a reta final, sem no entanto mobilizar emocionalmente a audiência com os personagens. Que seja diferente daqui para o final.

Avaliação

Citações

“This was never about an erigah. This was about power.”
(Isso nunca foi sobre um erigah. Isso era sobre poder.)
Michael Burnham, resumindo as motivações de Ruhn

Trivia

  • O roteirista M. Raven Metzner se juntou à equipe de Discovery nesta quinta temporada, e este é seu primeiro episódio. “Depois de passar uma vida como fã de Star Trek, eu tenho a honra de ter escrito um episódio e ter sido parte da equipe da quinta temporada de Discovery”, disse o escritor na rede social X.
  • Jon Dudkowski está com a série desde o começo, mas como editor. Este episódio é sua segunda oportunidade como diretor, depois de “Unification III”, da terceira temporada.
  • Pelo quarto episódio seguido, Doug Jones (Saru) está ausente e não foi creditado.
  • Rachael Ancheril volta a série como Nhan; a personagem havia sido introduzida na segunda temporada e deixou a nave na terceira, depois da ida ao século 32. A atriz e a personagem já haviam reaparecido também em um episódio da quarta temporada.
  • Tilly diz que os breens destruíram uma cidade da última vez em que visitaram o espaço da Federação. Isso parece indicar que eles ficaram fora do território federado desde que atacaram São Francisco, em “The Changing Face of Evil”, de Deep Space Nine, cerca de 800 anos antes de “Erigah”.
  • Tricordrazina, o estimulante com que L’ak provoca uma overdose, foi desenvolvido durante a época de A Nova Geração e é derivado de cordrazina, introduzido em “The City on the Edge of Forever”, da Série Clássica.
  • O ditado romulano a que Rayner se refere, “Nunca vire as costas para um breen”, foi introduzido em “By Inferno’s Light”, de Deep Space Nine. Rayner também sugere o uso de “campos de tóron e sombras de durânio” para parecer que a Federação estava superarmada, técnica que foi usada em “Emissary” pela Estação 9 e mencionada em “The Way of the Warrior”, tudo isso em Deep Space Nine.
  • Quando os breens aparecem, a Discovery passa ao “código um alfa zero”, que era usado para indicar nave em perigo, visto pela primeira vez em “Relics”, de A Nova Geração.
  • Moll diz a Book que ele deveria tentar vender a ela uma “fazenda de bodes em Bopak III”. O planeta do quadrante Gama foi visto em “Hippocratic Oath”, episódio de Deep Space Nine.
  • As Badlands são uma área de turbulentas tempestades de plasma situada próximo a Bajor e Cardassia, que serviram como lar para a rebelião Maquis nos anos 2370. Foi lá que a USS Voyager acabou atirada ao quadrante Delta, no piloto “Caretaker”.

Ficha Técnica

Escrito por M. Raven Metzner

Dirigido por Jon Dudkowski

Exibido em 9 de maio de 2024

Título em português: “Érigot”

Elenco

Sonequa Martin-Green como Michael Burnham
Anthony Rapp como Paul Stamets
Mary Wiseman como Sylvia Tilly
Wilson Cruz como Hugh Culber
Blu del Barrio como Adira Tal
Callum Keith Rennie como Rayner
Tig Notaro como Jett Reno
David Ajala como Cleveland “Book” Booker

Elenco convidado

Oded Fehr como Charles Vance
Annabelle Wallis como Zora
Tara Rosling como T’Rina
Eve Harlow como Moll
Elias Toufexis como L’ak
Rachael Ancheril como D. Nhan
Orville Cummings como Christopher
David Benjamin Tomlinson como Linus
Christina Dixon como Asha
Victoria Sawal como Naya
Natalie Liconti como Gallo
Tony Nappo como primarca Ruhn
Dorian Grey como tenente breen Arisar
Emmanuel John como oficial de operações do QG da Federação
Dorren Lee como Teemo
Jason Lee Bell como segurança do QG da Federação

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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