SNW 3×10: New Life and New Civilizations

O destino cruza o caminho de Pike e Batel, que vivem uma vida em um instante

Sinopse

Data estelar: 3165.2

A capitão Batel volta ao serviço na Corregedoria da Frota Estelar e passa na Enterprise para uma rápida visita a Pike, que preparou uma festinha para ela em seus aposentos. Scotty aparece com traje de gala, numa peça tradicional pregada em recém-chegados à nave.

Mais tarde, na enfermaria, Scott, M’Benga e Chapel investigam o aprisionamento do vezda que havia tomado o corpo de Gamble. Descobriu-se que ele conseguiu manipular o computador e reconstruiu o padrão de transporte de Gamble, que se transportou para longe dali – até Skygowan, local explorado por Roger Korby, em busca de mais pistas dos vezdas, que lá são adorados por deuses. O alto clérigo local o leva a uma câmara, onde ele reencontra Gamble, possuído por um vezda que se identifica como Zeperez.

A tripulação conclui que a criatura se transportou para Skygowan, por meio de atalhos interdimensionais que ligam mundos a dezenas de anos-luz. Pike ordena uma ida ao planeta e que um grupo de descida investigue o paradeiro do corpo de Gamble e a situação dos vezdas. Una, La’An, M’Benga, Chapel e Uhura vão à cidade e conseguem atravessar o acesso que leva à câmara interna.

Na Enterprise, a investigação dos corredores interdimensionais revela que há um ligando Skygowan a Vadia IX, o que pode ser usado para libertar todos os vezdas. Pike contata Kirk, e pede suporte da Farragut, já reparada, para a missão.

Em Skygowan, os tripulantes encontram Korby e descobrem que Gamble é adorado como um deus. Em um ritual, ele faz o povo local destruir seus próprios olhos, em preparação para terem seus corpos tomados por vezdas. No interior da câmara, o grupo de descida encontra um portal que contém textos em vários idiomas, inclusive suaíli, língua-mãe de Uhura e M’Benga. O médico nota que o texto diz respeito à sua vida e conclui que é seu destino cruzar o portal. Ele consegue ativá-lo e, empurrado por Gamble, vai parar na prisão de Vadia IX, onde confronta o vezda. Ele diz que destruirá a estátua, o guardião que impede sua fuga, e libertará os vezdas. Ao disparar contra a estátua, Batel sente dores horríveis na Enterprise.

Ela está sofrendo uma transformação, seus olhos estão alterados e ela adquiriu novas capacidades. Chapel faz leituras dela e constata que a sondagem é igual à da estátua guardião. Segundo os dados, Batel seria a estátua. Ela conclui que a hibridização usada para tratá-la a deixou com DNA gorn, iliriano e da flor quimérica, e isso deu a ela alguma memória genética de raças antigas de como combater o vezda. Ela parece estar destinada a ser a estátua guardião. Spock lembra que isso é possível, já que no espaço interdimensional causa e efeito podem ser invertidos – a criação da estátua agora pode afetar a contenção dos vezdas milhões de anos atrás. Batel está convencida e faz Pike aceitar sua decisão.

Pike e Batel descem a Skygowan e precisam reabrir o portal. Concluem que o único modo de fazer isso é usar os feisers de duas naves estelares em sincronismo perfeito para que dê certo, sem destruir o planeta. Com esse objetivo, Spock faz um elo mental com Kirk, para que a Enterprise e a Farragut juntas abram o dispositivo. Com isso, Pike e Batel o atravessam e vão parar em Vadia IX, onde ela enfrenta o vezda no corpo de Gamble. Ele fere Pike, e Batel manifesta um poder extraordinário para contê-lo.

Então Pike e Batel aparecem na casa dele na Terra. Eles estão planejando seu casamento, e Pike ganha de presente um avental com seu nome. Alguém bate à porta. Deve ser April, chamando o capitão para treinar cadetes na Academia. Ele sabe que não pode recusar. Tempos depois, já com uma filha, Pike sabe que terá de ir à missão da qual não voltará, numa nave classe J. Ele teme que voltará um inválido. Mais uma vez, batem à porta. E aí Pike volta da missão sem qualquer ferimento. Ele não sabe explicar, mas a explosão não ocorreu. O capitão teme que tenha alterado o futuro com consequências trágicas. Batel tenta tranquilizá-lo, diz que algo aconteceu em Skygowan, que o medo de perdê-lo deu a força para abrir o tecido do espaço-tempo, e isso pode ter mudado o destino.

Anos depois, Pike e Batel recebem a filha Juliet, acompanhada por Elijah, filho de April, que a pede oficialmente em casamento. Mais uma vez, uma batida à porta. Ele quer atender, mas Batel o atrai para outra coisa. Outras décadas se passam, e ambos estão velhinhos, Batel acamada, à beira da morte. Ela diz que não morrerá de verdade, que sempre estará com ele, e que tudo que ele precisa fazer é olhar para as estrelas, e ela estará lá. Mais uma vez batem à porta. Pike não quer atender, não vai sair do lado dele. Batel diz que ele precisa ir, que agora é a hora – agora ela finalmente tem forças para ir, depois da dádiva que viveram. A batida na porta.

Pike se vê de volta a Vadia IX com Batel. O vezda destrói o guardião, e as criaturas parecem estar livres, mas Batel evoca seus poderes e os aprisiona, convertendo-se na estátua guardião. O amor vence o ódio.

O povo de Skygowan está livre, Korby se despede de Batel para estudar o conhecimento do passado dos vezdas. Ele entrega a ela dados que encontrou, mapas estelares de civilizações perdidas, remetendo a regiões inexploradas. Kirk e Spock jogam xadrez e partilham um novo vínculo, após o elo mental – inclusive a relação de ambos com La’An. Jim e Sam terminam num brinde, enquanto Pike processa com Una a perda de Batel. Ele não quer conversar. Caminha na direção de um avental, mas não é aquele que teve por uma vida toda – uma vida que jamais viveu, exceto em sua mente, e da qual jamais se esquecerá. De volta à ponte, Pike está pronto para voltar a explorar novos mundos, baseado nos dados cedidos por Korby.

Comentários

“New Life and New Civilizations” é mais um marco importante na jornada de Pike rumo a seu amargo futuro. Numa combinação exótica de aventura mística e drama espiritual, o capitão ganha a oportunidade de uma vida – literalmente, a vida que lhe foi privada quando seu destino foi determinado.

O segmento é basicamente uma continuação direta do quinto episódio da temporada, “Through the Lens of Time”, mostrando que os produtores sabiam onde queriam levar a trama com Batel, com seu destino plantado desde então. Não é uma morte propriamente dita, mas, para todos os efeitos práticos, sim, é – o que por si só não surpreende. A capitão está marcada para morrer desde o final da temporada anterior, e viveu ao longo dos últimos episódios uma versão sci-fi do que é vivenciar os altos e baixos de uma luta contra uma doença implacável, como um câncer. Ora melhora, ora piora, ora melhora de novo, esperança, desespero, resignação… E aqui ela finalmente contempla seu último ato.

Melanie Scrofano faz um ótimo trabalho com Batel, elevando-a a mais que um artefato de trama. Aqui ela ganha status real de personagem, e seu “presente” para Pike é não só para ele, como também para ela, que extrairá de uma vida de amor (ainda que vivida em um instante) a energia para derrotar uma força maligna conhecida como vezda, na forma do ressurreto alferes Gamble. Pois é, não era brincadeira a menção a “aventura mística e drama espiritual”…

Talvez seja demais para aqueles que apreciam Star Trek mais próximo da ficção científica do que da fantasia, e com alguma razão. O segmento abusa de conveniências e tecnobaboseira para explicar a volta do vezda, entrelaçando essa história com a visita de Roger Korby a Skygowan, planeta em que, conveniente, os vezdas são adorados como deuses.

O visual estonteante da cidade capital do planeta, com direito a muitos figurantes alienígenas, não consegue esconder as forçadas de barra de que o roteiro lança mão para avançar a trama na direção desejada. É um dilema compreensível: acelerar mais esses passos provavelmente os tornaria ainda menos compreensíveis; dar mais tempo a eles criaria sequências ainda mais enfadonhas do que as que estão em tela. A história só ganha tração – e sua razão de ser – quando Batel e Pike descem a Skygowan e conseguem se transferir a Vadia IX, para confrontar Gamble-vezda. Chris Myers faz mais uma vez um ótimo trabalho vivendo a malévola criatura, que aqui assume o nome de Zeperez, e pretende libertar seus iguais para que tomem os corpos dos habitantes de Skygowan.

As coisas tomam um rumo inesperado – e maravilhoso – quando Batel oferece a Pike a dávida de uma experiência à moda de “The Inner Light”, em que o capitão tem a oportunidade de viver sua vida como gostaria, até a velhice, contornando o desfecho que estaria destinado a ter. Strange New Worlds vem fazendo um trabalho prodigioso em elevar o drama trágico de Pike, desde que ele descobriu o que aconteceria a ele no futuro, na segunda temporada de Discovery. No primeiro ano, ele é obrigado a aceitar seu destino, descobrindo que as consequências de contorná-lo teriam repercussões desastrosas para a galáxia. No segundo ano, ele descobre que ainda há motivos para viver e aceita a possibilidade de se abrir a um relacionamento mais estável com Batel. E agora, no terceiro ano, ele precisa não só processar a perda dela, como tem a chance de realizar internamente tudo aquilo que a vida lhe privara: a chance de formar uma família, tornar-se pai e ir até a velhice ao lado de sua companheira.

Dispensável mencionar o extraordinário trabalho que Anson Mount faz no papel, dando enorme peso a cada um dos momentos da “vida imaginária” de Pike – a angústia do encontro iminente com seu destino, a superação eufórica desse momento (que nos faz pensar por um momento que os produtores pudessem estar até mesmo promovendo uma alteração na linha do tempo) e a alegria de ver sua filha crescer e se casar, abraçando cada momento com a sensação subjacente de que é um milagre e ao mesmo tempo pode ser o último. Em contraste com o que acontece em “The Inner Light”, de A Nova Geração, aqui não sabemos exatamente o que está acontecendo, o que confere valor às escolhas e potencializa o drama em uma direção diferente.

Ao final, após se despedir de Batel, ele precisa testemunhar ela se transformando na estátua e fechando um ciclo do tempo que manterá os vezdas presos para sempre. Aquele papo de efeito precedendo causa e confusão temporal por conta do caráter interdimensional daquele “templo-prisão” veio bem a calhar, ainda que não seja recomendado tentar entender exatamente como isso funciona.

Para Pike, o que se segue é o luto. Batel não está de fato morta, mas é como se estivesse, e o capitão jamais voltará a vê-la. Esse processo é retratado de forma realista e delicada, tanto na cena em que ele diz a Una não estar pronto para conversar sobre o assunto como em sua volta à ponte, em que, claramente abalado, ele sabe que a vida precisa continuar.

Secundariamente, o episódio entrega também um novo avanço na relação entre James Kirk e Spock. A introdução da situação que os traria juntos na trama é feita a marretadas, com artificialidades como “duas naves precisam atirar sincronizadas, ou o planeta vai explodir”, e “isso só pode ser feito com um elo mental vulcano entre dois pilotos”. Tendo dito isso, as cenas funcionam, elaborando mais sobre o que vimos em “The Sehlat Who Ate its Tail”, e mostrando uma crescente química da dupla que se tornaria lendária. Paul Wesley finalmente parece começar a se aproximar mais do Kirk que conhecemos.

O segmento também faz força para dar alguma coisa para todo mundo, com mais destaque para M’Benga – que também parece ter seu destino atrelado a essa trama cósmica interdimensional de curva temporal fechada, ao permitir que Gamble fosse possuído pelo vezda. Nada, contudo, que realmente seja marcante. Este episódio, em contraste com vários outros na temporada, é assumidamente do capitão Pike.

E se a história teve um jeitão de “final de série”, saiba que isso foi intencional. Os produtores não tinham convicção de que o programa fosse ser renovado por mais uma temporada e decidiram se prevenir fechando os principais arcos tanto quanto possível. Felizmente, acabou não sendo este o caso, deixando-os não só com um episódio muito bom, que ajuda a dar a sensação de completude ao destino trágico de Pike, como com o caminho aberto para mais aventuras antes que ele passe o bastão a Kirk no comando da Enterprise.

Avaliação

Citações

 “I won’t really be gone. I’ll always be with you. All you have to do is look up at the stars and know that I’m waiting for you there.”
(Eu não terei realmente partido. Estarei sempre com você. Tudo que precisa fazer é olhar para as estrelas e saber que estou esperando por você lá.)
Marie Batel, para Christopher Pike

“Maybe memory is as real as the present. And no one we have ever loved is truly gone.”
(Talvez a lembrança seja tão real quanto o presente. E ninguém que já amamos de fato se foi.)
Christopher Pike

Trivia

  • A roteirista Dana Horgan assina seu quinto episódio de Strange New Worlds. Já Davy Perez está em seu sétimo e último, depois de ter escrito “Through the Lens of Time”.
  • A diretora Maja Vrvilo, egressa de Discovery e Picard, onde dirigiu dois episódios de cada série, assume seu terceiro segmento em Strange New Worlds, após “Children of the Comet” e “Hegemony”.
  • De acordo com Davy Perez, a mitologia dos vezdas aprisionados foi inspirada pelo Livro de Enoque, texto em geral apócrifo, mas tratado como canônico pela Igreja Ortodoxa Etíope.
  • Segundo o co-showrunner Akiva Goldsman, a vida ilusória de Pike e Batel neste episódio foi diretamente inspirada pela experiência de Jean-Luc Picard em “The Inner Light”, da quinta temporada de A Nova Geração.
  • O co-showrunner Henry Alonso Myers admitiu que o episódio foi escrito com a ideia de que talvez ele tivesse de servir como um final para a série, caso não houvesse renovação para uma quarta temporada.
  • Spock chama Kirk de Jim pela primeira vez.
  • Pelia faz uma revelação bombástica: “Lembre-me de contar sobre o encontro que tive comum um doutor viajante do tempo uma vez…”, sugerindo que ela conheceu o Doutor de Doctor Who (na segunda menção à série britânica, após a breve e discreta aparição da Tardis em “The Sehlat Who Ate its Tail”).
  • A engenheira-chefe também chama Spock de “Spock-O”, antecipando o apelido de gângster que ele ganharia em “A Piece of the Action”, da Série Clássica.
  • Scotty aparece para sua primeira reunião do capitão com uniforme de gala induzido por Uhura – que se viu na mesma situação na primeira temporada.
  • O kilt de Scott é igual ao que foi visto em “Is There in Truth No Beauty?” e “The Savage Curtain”, da Série Clássica.
  • O canto que Gamble promove entre os habitantes de Skygowan é em latim: “Dimittis tenebris. Interitus vide clara” (Você deixa a escuridão. Veja a destruição claramente).
  • Vulcanos aparentemente podem sentir a chegada de terremotos.
  • A carta estelar vista no laboratório inclui a Assembleia Tholiana e a República Talariana.
  • A canção que toca quando Una e Pike estão tomando um drink é “Wait”, da M83.

Ficha Técnica

Escrito por Dana Horgan & Davy Perez
Dirigido por Maja Vrvilo

Exibido em 11 de setembro de 2025

 Título em português: “Novas Vidas, Novas Civilizações”

Elenco

Anson Mount como Christopher Pike
Ethan Peck como Spock
Jess Bush como Christine Chapel
Christina Chong como La’An Noonien-Singh
Celia Rose Gooding como Nyota Uhura
Melissa Navia como Erica Ortegas
Babs Olusanmokun como Joseph M’Benga
Martin Quinn como Montgomery Scott}
Rebecca Romijn como Una Chin-Riley

Elenco convidado

Paul Wesley como James T. Kirk
Melanie Scrofano como Marie Bate
Cillian O’Sullivan como Roger Korby
Dan Jeannotte como Sam Kirk
Chris Myers como Zeperez
Carol Kane como Pelia
Zoe Doyle como capitão V’Rel
Rong Fu como Jenna Mitchell
Cassandra Guthrie como cultista
Michael Hanrahan como Abna
Eric Miracle como Elijah April
Anna Mirodincomo Juliet

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Edição de Maria Lucia Rácz

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