KHN 1×04: Magical Thinking

Segundo ato da tragédia de Khan abre com esperança, um herdeiro e um casamento

Sinopse

Data estelar: desconhecida

Khan secretamente abre duas covas para Sylvana e Richter. Ivan se aproxima e pede para realizar a tarefa, sugerindo que o líder não confia nele nem para isso. Ainda afetado por ter tido de matar Richter, Khan é consolado por Ivan, que diz que ele fez o que sempre faz – guiando-os e liderando-os.

Ursula faz a autópsia de Richter e, relutantemente, pede a ajuda de Marla McGivers, que descreve o que viu da criatura que atacou Sylvana. Juntas, elas identificam que foi uma larva dessas o que afetou o rapaz, entrando pelo ouvido e agarrando-se ao córtex cerebral. A morte dele era inevitável. McGivers conclui que será preciso estudar as criaturas e sai para caçá-las, à noite. Ursula vai atrás dela. Elas se juntam a Paolo, que empresta seu sensor de alcance mais longo. Dúzias das enguias são detectadas, e McGivers captura uma com um tiro de feiser em tonteio. Ela pede a Ursula que mantenha em segredo o fato de ela ter a arma. As duas começam a forjar uma relação de confiança, e Ursula conta a Marla o que aconteceu a Sylvana e Richter.

Khan discute o que se descobriu sobre as enguias, e Madot propõe uma forma de proteger os alojamentos com uma cobertura capaz de envenená-las, feita a partir de conchas de criaturas marinhas abundantes no planeta. O líder então chama Marla para caminhar com ele e questiona sua decisão de liderar a caça às enguias. Ela, por sua vez, sugere que Khan promova algum ritual para que o grupo processe de forma mais efetiva as perdas recentes de Hugo, Joaquin, Sylvana e Richter. Ele considera tudo isso pensamento mágico e descarta a realização de qualquer cerimônia. Marla insiste, e ele fica de pensar.

À noite, em volta da fogueira, Khan festeja os campos plantados com sucesso, a vigilância do acampamento e o futuro nascimento do primeiro bebê aumentado. Ele também menciona as perdas que vieram com essas conquistas, e faz homenagens aos que mais sentiram cada perda, dizendo sofrer com eles. Todos se juntam em solidariedade, criando um ritual próprio de luto. Por fim, Khan convoca todos a se unirem em novas funções para fortificar o assentamento e exterminar as criaturas que os ameaçam.

Em seu diário, Marla registra que aquele foi um dia marcante. Ela passou a ser aceita pelo grupo, um conselho foi fundado para tomar decisões sobre a colônia e ela passou a passar mais noites com Khan do que em isolamento. Assim que as fortificações contra as enguias foram erguidas, ela passou a morar com ele.

A historiadora Rosalind Lear interrompe a escuta do diário de McGivers ao ouvir a campainha. É o alferes Tuvok, chamado por ela. Ela quer acessar arquivos secretos. Ele informa que o capitão Sulu é o único com essa autorização. Ela quer entender o que a Enterprise sabia sobre o sistema Ceti Alfa, inclusive a instabilidade do sexto planeta, antes de James Kirk mandar Khan e seus seguidores ao exílio. Ela também se mostra inconformada com a ideia de que a USS Reliant, em missão pelo Projeto Gênesis, confundiu o quinto com o sexto planetas. Tuvok aponta que Lear parece consciente ou inconscientemente enviesada no que diz respeito a Kirk ou à Frota Estelar, mas diz que considerará levar seu pedido ao capitão Sulu.

Voltando a escutar os diários de McGivers a partir do dia 119 do exílio, ela descobre como as coisas evoluíram bem na colônia e como Khan liderava não pelo medo, mas pelo amor de seus seguidores.

Marla conversa com Ursula. Exames mostram que ela deve estar grávida de seis semanas. No laboratório, elas estudam as enguias e descobrem que uma é diferente: um macho. Até então, eles especulavam que a reprodução das criaturas era assexuada. Para Ursula, a revelação muda tudo. Ao que tudo indica, deve haver uma enguia-rainha em algum lugar e, ao matá-la, eles poderiam debelar a infestação das criaturas na região. Khan decide empreender uma caçada pela rainha na floresta. Marla tenta dissuadi-lo, apontando os perigos, mas ele está decidido a conquistar esse mundo. Ela revela que está grávida, na tentativa de sensibilizá-lo. Khan diz que fará isso especialmente pelos filhos deles.

A rainha está cercada por enguias, o que leva a uma batalha feroz. Ivan ataca com um rifle, mas ela parece resistente aos tiros. Eis que Marla surge com o feiser e destrói a rainha. Khan fica surpreso de ela ter essa arma. Ela só quer voltar para casa.

À beira-mar, Khan pergunta por que ela escondeu isso dele, e Marla indica que vem de sua cultura da Frota Estelar, não expor grupos a tecnologias que eles não desenvolveram por si mesmos. Khan decide não falar aos outros da gravidez nesse momento. E propõe um novo ritual, contrariando seu pensamento anterior sobre pensamento mágico. Ele se ajoelha e pede Marla em casamento. Os dois se casam numa cerimônia diante de todos.

Comentários

“Magical Thinking” meio que fecha o primeiro ato da tragédia de Khan Noonien Singh, com o enterro clandestino de Sylvana e Richter, e abre um segundo ato que, a exemplo do início do primeiro, começa com uma nova dose de esperança e vigor renovados.

Os problemas iniciais enfrentados pelos colonos (conflitos internos, que levaram à morte de Hugo) e por Marla McGivers (relação conflituosa com Khan e mais ainda com os outros aumentados) se mostram superados e, após a descoberta trágica das ceti-enguias, os exilados descobrem maneiras de se proteger.

Claro, dessas soluções emergem novos problemas. Ivan já não se mostra tão satisfeito com a liderança de Khan, que não manifesta nele tanta confiança quanto ele gostaria. Marla passa a ser a principal influência sobre os rumos da colônia, tendo os ouvidos e a cama de Khan. Embora em princípio descartasse as ideias dela sobre a importância de ritos e cerimônias para a coesão social, ele aqui abraça essa estratégia, produzindo bons resultados. Temos, com efeito, talvez a versão mais dócil e romântica do personagem já mostrada. Há o desejo de tornar a versão sanguinária de Khan uma vítima quase inocente de suas circunstâncias, o que talvez fosse um passo a mais do que o recomendado por parte do roteiro. O tom shakespeariano dos monólogos de Khan vai aos poucos cansando a audiência, e felizmente esse é um episódio em que essas ocorrências são mais moderadas.

A revelação de que Marla está grávida, embora não surpreendente, é mais uma daquelas “boas notícias que prenunciam coisas terríveis”. Na mesma categoria entra a destruição da tal enguia-rainha, vista aqui como uma vitória, mas possivelmente mais um dos erros de Khan em sua hubris de dominar um planeta alienígena como se as enguias, e não os aumentados, fossem os invasores.

Tentando variar o formato, este episódio inclui uma sequência da história-envelope no meio, em vez de no começo ou no fim. Para além do tradicional diálogo bem-humorado, a conversa entre Lear e Tuvok evolui para trazer questões que sempre perturbaram os fãs ao ver “Space Seed” e Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan: Kirk não sabia que Ceti Alfa VI ia explodir? A Reliant não notou que estava faltando um planeta no sistema ou, no mínimo, que o mundo a ser visitado estava no lugar errado? Mais que questionamentos, essas são promessas de que dúvidas como essa serão respondidas ao longo da minissérie.

O que aparece como adição surpreendente à mitologia de Ceti Alfa V é um bocado de biologia acerca das ceti-enguias. Aprendemos um bocado aqui sobre a dinâmica de vida insectoide dessas criaturas e é aposta segura que a ação para conter sua ameaça vai piorar, em vez de melhorar, as circunstâncias.

Como uma boa abertura de ato, “Magical Thinking” entrega na quantidade certa trama e alusões a problemas e desafios vindouros, prosseguindo com o sólido desenvolvimento dos personagens que a atração oferece. A essa altura, os ouvintes mais atentos já estão bem familiarizados com figuras como Ursula, Madot, Paolo e Ivan, para não falar em Khan e Marla.

O título, por sinal, parece ter duplo sentido. Mais literalmente, ele se refere aos rituais a que os aumentados acedem para preservar e ampliar sua coesão social em torno de Khan, algo que o líder de início descreveu como “pensamento mágico”. Num contexto mais alegórico, ele parece se referir à própria ilusão induzida em Khan ao aderir a esses comportamentos. Depois de uma fase muito difícil em Ceti Alfa V, ele voltou a acreditar que a colônia está destinada à prosperidade, mesmo diante de todas as evidências em contrário.

Avaliação

Citações

“My brother, what have I done?”
“What you always do. Guided us, inspired us, protected us.”
(Meu irmão, o que eu fiz?)
(O que você sempre faz. Nos guiou, nos inspirou, nos protegeu.)
Khan Noonien Singh e Ivan

Trivia

  • Entre as revelações sobre as ceti-enguias, aprendemos que elas se reproduzem de forma sexuada, e existem pelo menos três tipos diferentes: as fêmeas operárias, que saem pelas cercanias da colônia buscando hospedeiros para suas larvas; os machos, cuja única função é reprodutiva; e a rainha, que comanda e coordena toda a ação coletiva das criaturas.
  • O episódio marca o casamento de Khan Noonien Singh e Marla McGivers, ocorrido portanto cerca de 120 dias (quatro meses) após o início do exílio em Ceti Alfa V. A formalização da união é consistente com o fato de Khan mencionar “sua querida esposa” em Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan.
  • O título se refere à conversa de Khan e McGivers sobre a importância de memorializar os mortos, o que ele descreve como “pensamento mágico” – o estado mental que conecta eventos ou fenômenos não relacionados, usualmente evocando causas sobrenaturais. Em termos psiquiátricos, é pensar que as crenças e pensamentos de alguém podem influenciar eventos externos.
  • Quando Khan pergunta a Ivan o que fez, e ele responde “o que sempre faz”, a situação espelha o diálogo entre Kirk e McCoy quando da destruição da Enterprise, em Jornada nas Estrelas III: À Procura de Spock. É a segunda vez que a minissérie traça um paralelo entre Khan e Kirk. No episódio anterior, é dito que Khan não aceita cenários sem chance de vitória.
  • A sugestão de Madot de usar terra diatomácea contra as enguias é boa – isso é usado ainda hoje para controle de pragas, da forma que ela sugeriu.
  • Lear fala que a missão da Reliant a Ceti Alfa foi “cinco anos atrás”, o que é obviamente um arredondamento. Jornada II se passa em 2285 e a história-envelope, em 2293-94. O correto seria oito ou nove anos.
  • McGivers diz que, em quatro meses, eles perderam três para as enguias. Se Richter contar como o primeiro, morreram mais dois, deixando a contagem atual em 67.

Ficha Técnica

História de Nicholas Meyer
Roteiro de Kirsten Beyer & David Mack
Dirigido por Fred Greenhalgh

Exibido em 29 de setembro de 2025

Título em português: “Pensamento Mágico”

Elenco

Naveen Andrews como Khan Noonien Singh
Wrenn Schmidt como Marla McGivers
Sonya Cassidy como Rosalind Lear
Tim Russ como Tuvok
Maury Sterling como Ivan
Zuri Washington como Madot
Mercy Malick como Ursula
Maxwell Whittington-Cooper como Paolo
Tina Ivlev como Erica

Elenco Adicional

Paul Castro Jr.
Aleena Khan
Adriel Jovian Nerys Rivera
Juliette Goglia
Juan Francisco Villa
Jacqueline Jackson
Cynthia Hood
Fajer Al-Kaisi
Hamish Sturgeon
Hayden Bishop
Ethan Dubin
Christina Tellesca
Chad Chenail
Regina Taufen
Aaron Hendry
Aaron Fors
Jeremy Maxwell

Episódio na Íntegra

TB ao Vivo

Enquete

TS Poll - Loading poll ...

Edição de Maria Lucia Rácz

Episódio anterior | Próximo episódio


Descubra mais sobre Trek Brasilis

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.