Produtores prometem 3ª temporada de Strange New Worlds com surpresas e esperança

A terceira temporada de Star Trek: Strange New Worlds estreou com o episódio “Hegemony, Parte II”, que conclui a narrativa iniciada no final da segunda temporada envolvendo os Gorn, seguido por “Wedding Bell Blues” que traz um personagem icônico.  Os showrunners Akiva Goldsman e Henry Alonso Myers conversaram com o TrekMovie e TrekCore compartilhando insights sobre os episódios, e dando dicas quanto aos desdobramentos da temporada. Aqui temos um resumo do que foi dito de mais importante.

Sobre os Gorn

Nas duas primeiras temporadas de Strange New Worlds, os Gorn foram destaque como uma ameaça constante e aterrorizante. Agora, com a estreia da terceira temporada, parece que o foco neles está diminuindo, como se fossem colocados numa espécie de gaveta para dar espaço a novas histórias.  Goldsman e Alonso Myers disseram que, embora os Gorn não sejam o centro das atenções desta vez, sua história está longe de acabar, prometendo surpresas que mantêm a essência da franquia.

Vocês verão mais dos Gorn. Os Gorn não se foram, mas não são o principal adversário da 3ª temporada.

Questionados sobre o respeito ao cânone, especialmente em relação ao clássico episódio “Arena”, os showrunners indicam que estão trabalhando para alinhar a narrativa, com detalhes, como a menção ao sistema Cestus no mapa de Pike, sendo intencionais.

Ainda não (alinhamos à “Arena”)… Sempre que possível, tentamos nos encaixar perfeitamente no cânone. Quer dizer, há certas coisas que simplesmente ficaram de fora, como as datas canônicas da Terceira Guerra Mundial e coisas do tipo. Mas sim, vamos perseguir a ideia de que “Arena” possa parecer totalmente novo quando chegarmos a “Arena”.

Acrescenta Myers.

Não cometemos acidentes,

Myers explica ainda que a ideia era concluir o arco de duas partes sem prolongá-lo como um filme, mantendo a intensidade e a autenticidade.

O verdadeiro objetivo era dizer “E agora a conclusão”, ou seja, não queríamos terminar o episódio com a sensação de que há tanta história em aberto que mal conseguimos sair vivos, e o que vai acontecer a seguir? Queríamos preparar as histórias para a temporada, mas basicamente concluir essas duas partes do episódio. Queríamos chegar a esse final.

A decisão de Pike de salvar colonos fora da Federação, mesmo contra a opinião do almirante April, reflete o espírito de Star Trek de abordar dilemas éticos contemporâneos, como disse Goldsman:

Sempre. É nisso que Star Trek é bom. Star Trek é bom em pegar as questões do dia e colocá-las de maneiras que as pessoas tenham liberdade para considerar, com uma certa distância segura.

A sobrevivência de Ortegas

A possibilidade de matar personagens principais, como Ortegas, que quase se sacrifica, também foi discutida. Goldsman lembra a morte de Hemmer na primeira temporada:

Bem, já matamos. Matamos o Hemmer na primeira temporada. Acho realista dizer que ninguém que não esteja na Série Clássica pode ter certeza de sua segurança. Há certas pessoas que não podemos matar, isso é certo. Mas o espaço é perigoso.

E Myers acrescenta:

Mas parte do desafio é que matá-la na 3ª temporada eliminaria boa parte da ótima história que surgiu da sobrevivência dela e que realmente nos interessava mostrar na tela. Algumas das mais importantes acontecem perto do final desta temporada.

Mudança maior está por vir

Sobre a temporada, os showrunners prometem surpresas. O episódio 4, A Space Adventure Hour”, estilo “Mistério de Assassinato em Hollywood”, é um dos destaques, mas Goldsman adianta que “uma mudança ainda maior” está por vir, sem envolver fantoches, brincou. Myers resume a terceira temporada em cinco palavras:

Chocante, engraçada, romântica, surpreendente, gloriosa. Strange New Worlds é sobre esperança, e essa temporada reforça essa mensagem.

Criação da Cetacean Ops

Na segunda temporada, os fãs foram apresentados ao bar The Port Galley a bordo da Enterprise, e agora, na terceira temporada em “Wedding Bell Blues”, a série revela um novo e impressionante laboratório de engenharia e ciências, marcando mais um passo na busca da produção por cenários inovadores e visualmente impactantes.

Quando perguntados sobre a origem do novo laboratório, Myers, com um sorriso, passou a palavra a Goldsman, brincando:

Akiva, você provavelmente vai querer falar sobre as baleias.

Ao longo de diversas séries de Star Trek, o centro de operações conhecido como Cetacean Ops é mencionado como o lugar para simular o habitat natural de diversas formas de vida cetáceas, em naves da Federação. A ideia para Cetacean Ops foi uma colaboração entre o ilustrador e designer sênior Rick Sternbach, e o supervisor de arte cênica Michael Okuda e através de A Nova Geração incluíram referências sutis à “Instalação da Tripulação Tursiops” no episódio da primeira temporada, “We’ll Always Have Paris” e mais mais tarde, breves referências à Operação Cetáceos nos episódios Yesterday’s Enterprise, “The Perfect Mate”. Mas foram nas animações Star Trek: Lower Decks e Star Trek: Prodigy que a Operação Cetáceos também desempenhou um papel importante nas histórias.

Já em Strange New Worlds, os showrunners explicaram como tornaram esse lugar uma realidade na série e comentaram os bastidores da construção deste cenário.

Goldsman: Sim, Operações com Cetáceos. Bem, só precisávamos de mais um cenário! Nosso cenário de engenharia, que é um dos maiores que temos, é uma AR Wall (realidade Virtual) usando recursos digitais — e é o primeiro conjunto de AR Wall que construímos.

Fizemos isso meio que despreocupadamente, sem perceber que a parte física daquele cenário seria uma instalação e tanto. Foram necessários três dias para instalar todas as peças físicas do cenário antes de ligar as projeções.

Myers: E três dias para desmontar tudo!

Goldsman: Então, são seis dias de trabalho, mais o tempo que leva para filmar uma cena na engenharia. Adoramos o fato de termos cenários de realidade aumentada fixos, mas isto é trabalhoso. Então dissemos: “Como podemos ter conversas científicas fora da ponte, longe da sala de preparação, sem um prazo de seis dias?” E aqui está, o laboratório de ciências. Eu só queria que as baleias passassem flutuando! (Risos)

Myers: Há uma bela quantidade de água corrente de verdade, tanto no chão quanto nas paredes e no teto do lugar. Se você olhar para baixo, verá água de verdade. Observamos várias versões diferentes do cenário; a água criou um lindo reflexo azul que deixou todo o cenário incrível — e nós dois ficamos bastante comovidos.

Mais um episódio musical

Uma das características mais marcantes de Star Trek: Strange New Worlds é sua habilidade de contar histórias por meio de diferentes gêneros, transitando entre ação, comédia, drama e até experimentações ousadas como um episódio musical. Na entrevista, os produtores Akiva Goldsman e Henry Alonso Myers comentaram como conseguiram equilibrar tons tão distintos ao longo de uma temporada. Disse Goldsman:

Bem, não é por acaso que nossos episódios de abertura são tipicamente de ação e aventura, com muita ficção científica e bastante focados em elenco; essa é a porta de entrada para a temporada.

Normalmente não fazemos duas comédias seguidas. Nossos maiores sucessos como o musical costumam acontecer na segunda metade da temporada.

Myers complementou, apontando que os episódios mais ambiciosos, como o aclamado musical da temporada anterior, geralmente aparecem na segunda metade da temporada.

Normalmente porque há algo incrivelmente complexo que exige muitos meses de preparação. Para a 4ª temporada, ainda estamos trabalhando em algo que já levou seis meses de preparação.

Goldsman reforçou que essas grandes apostas criativas costumam ser reservadas para o final da temporada, quando a equipe já conquistou a confiança do público.

Certo, isso sempre acontece perto do final da temporada. Também tentamos manter o público – e nós mesmos – entretidos e animados. E parte da empolgação do programa é: “O que eles vão fazer esta semana?”. Então, gostamos de entregar isso.

Planejador de Casamentos

Um dos momentos mais divertidos da entrevista foi a discussão sobre o personagem de Wedding Bell Blues”, que traz Rhys Darby como um misterioso planejador de casamentos. Embora a produção tenha tentado manter segredo sobre sua identidade, os trejeitos e o figurino do personagem deixam claro que se trata de Trelane, uma figura icônica da Série Clássica, que surgiu no episódio “Squire of Gothos”. Tralane deste episódio foi interpretado por William Campbell.

A surpresa não para por aí: John de Lancie empresta sua voz para interpretar o pai de Trelane, conectando-o diretamente ao enigmático Q. Goldsman confirmou que a série abraça a ideia de que Trelane e Q são parentes e não a mesma pessoa, incorporando uma teoria de fãs ao cânone oficial, como revelou Goldsman:

Não estamos conectando Q e Trelane. Acho que há uma parte muito boa do cânone auxiliar — que não criamos — que é uma peça inteligente de tecido conjuntivo que queríamos incluir no cânone. É um belo presente daqueles que tiveram essa ideia; agora podemos apreciá-la e retribuí-la. Agora, Trelane e Q são parentes.

O cânone auxiliar a que Goldsman se refere é o livro “Star Trek The Next Generation – Q-Squared”. Lançado em 1994 e escrito por Peter David. Q-Squared conta a história do Capitão Jean-Luc Picard enfrentando um oponente poderoso. Um outro membro do Q Continuum que se conecta a uma fonte de poder que o torna mais poderoso que o próprio Q Continuum. Este renegado se chama Trelane. Mas Picard conta com a ajuda de Q para enfrentar este inimigo em comum. 

Na série Voyager, Q teve um filho em The Q and the Grey. Perguntado se este seria Trelane, disse o showrunner:

Não, não — mas também estamos dizendo que mesmo a individuação em criaturas antropomorfizadas isoladas pode nem ser típica dentro do Q Continuum. Para ser justo, estamos apenas usando rótulos que nos dão a oportunidade de rastreá-los e torná-los familiares.

Você poderia até dizer que Q e Trelane são o mesmo ser em épocas diferentes. Quer dizer, você pode variar um pouco, mas “pai” e “filho” são a maneira mais fácil de fazer isso. É o que parece para nós. Pode não ser o que diriam uns aos outros no Continuum.

Barman Edosiano

Goldsman não escondeu seu entusiasmo por trazer elementos da animação para o universo live-action, como o barman de três braços, um barman Endosiano e até gostaria de ter revivido um Caitiano (que não foi possível). Ele também mencionou o desejo de incluir a espécie Kzinti, do universo de Larry Niven, embora reconheça que isso seria um desafio.

Para mim, é certamente canônico (os elementos das séries animadas), e é também por isso que podemos fazer algo envolvendo o Holodeck, porque alguma versão dele existe na série animada.

O que eu realmente adoraria fazer é cruzar para o universo do Espaço Conhecido de Niven e trazer os Kzinti … mas acho que não conseguiria fazer isso!

Os Kzinti são uma espécie de humanoides agressivos, parecidos com felinos e que apareceram no episódio The Slaver Weapon da Série Animada. Quanto ao Holodeck, a Enterprise tinha uma sala de recreação holográfica na série animada.

Com o anúncio da quinta temporada sendo o último ano, surgiu a curiosidade sobre como os produtores enxergam a estrutura narrativa do programa. Akiva Goldsman respondeu:

Cada temporada é definitivamente um “próximo capítulo” para a série. Cada temporada move tudo para frente – alguns episódios podem ser alternados entre temporadas diferentes, mas, fundamentalmente, a maioria não. Tematicamente, eles estão conectados ao longo de cada temporada.

Agora, se alguém tivesse dito que poderíamos ter feito mais dez capítulos… faríamos dez!

O próximo episódio da terceira temporada de Star Trek: Strange New Worlds será “Shuttle to Kenfori” e passará na próxima quinta feira pelo Paramount+.

Fonte: TrekMovie e TrekCore

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