Discovery começa em 2255, dez anos antes de Kirk

fuller-cbsO produtor-executivo Bryan Fuller soltou uma tonelada de informações sobre a próxima série de Star Trek, durante um evento de imprensa da Associação de Críticos de Televisão, realizado na tarde desta quarta-feira (10), na Califórnia. A informação mais aguardada talvez fosse a revelação da época em que se passará a nova série: 10 anos antes do início da famosa missão de cinco anos da Enterprise sob o comando do capitão Kirk.

Portanto, quem apostou — com base no design e no número de registro da USS Discovery — que o novo show estaria situado entre Enterprise e a Série Clássica acertou em cheio. Agora, poucos poderiam imaginar que seria tão colada à época de Kirk — até pelos desafios visuais que isso traz, em termos de encaixar os novos episódios no contexto mais amplo da linha do tempo “mestra” (podemos chamar assim a prime timeline em português?) de Jornada nas Estrelas. A rigor, a série cai bem no período histórico que separa o piloto recusado pela NBC, The Cage, e a primeira aparição de Kirk, em Where No Man Has Gone Before.

Sobre o visual, Fuller falou especificamente o seguinte: “Estamos no universo ‘mestre’, 10 anos antes do capitão Kirk. Temos a oportunidade de preencher o espaço entre Enterprise e a série original e realmente ajudar a redefinir o estilo visual de Star Trek.”

Sendo um pouco mais específico, Fuller disse que maquiagem, cenários e efeitos visuais serão elevados ao estado da arte de 2016, da mesma forma que aconteceu no começo dos anos 2000 com Enterprise, que se passa cem anos antes da série original, ambientada no século 22, mas tinha valores de produção modernos. E o produtor-executivo adicionou: “Estamos muito mais perto do universo de Kirk, então podemos brincar com toda aquela iconografia daquelas naves e uniformes [da série original].”

Você pode ler essas declarações com uma mentalidade otimista ou pessimista, dependendo de quais são suas expectativas e exigências em termos de canonicidade.

A PREMISSA
Fuller também deu alguns detalhes intrigantes da premissa da série, que terá como protagonista uma mulher humana, com a patente de tenente-comandante. Ou seja, ela não será o capitão da USS Discovery. Sobre a nave em si, o produtor-executivo disse que estavam alterando significativamente o desenho mostrado no “vídeo-teste” exibido na Comic Con, mas que ela continuaria tendo traços baseados na proposta de Ralph MacQuarrie para o filme de Jornada cancelado nos anos 1970, Planet of the Titans.

“A história que é fascinante para mim é, tivemos seis séries [feitas] do ponto de vista do capitão… nós pensamos que ver personagens diferentes de perspectivas diferentes nos daria contextos diferentes”, disse o showrunner. “Uma dinâmica e uma relação diferente com a tripulação.”

De acordo com Fuller, o ponto de partida da série é um incidente envolvendo a Frota Estelar que já foi mencionado antes no cânone de Jornada nas Estrelas, mas jamais mostrado em tela. (O produtor-executivo negou que fosse o incidente com o Kobayashi Maru, embora ele vá ser mencionado na série, a Batalha de Axanar, citada no episódio Whom Gods Destroy, ou a Guerra Romulana, que se passa cem anos antes. O que resta? Façam suas apostas)

A série está formatada como uma obra literária, segundo Fuller, com 13 capítulos perfazendo uma história. Mas ele destaca que cada um desses episódios terá começo, meio e fim, parando em pé por si mesmo — o que era uma preocupação de muitos fãs. Imagina-se que o formato não seja muito diferente do que foi adotado em boa parte de Deep Space Nine e na terceira temporada de Enterprise.

E, seja qual for o “incidente histórico” que dá início à aventura, o “coração” da história em si, centrada em torno dessa protagonista, tem a ver com a jornada interior que ela faz para se apaziguar com outras formas de vida na galáxia.

“Vamos mergulhar fundo em algo que para mim foi sempre muito intrigante, e [estamos contando] esta história por meio de um personagem que está numa jornada que vai ensiná-la como lidar com outros na galáxia. Para que ela realmente entenda algo que é alienígena, ela precisa primeiro entender a si mesma.”

De forma misteriosa, Fuller adiciona que, apesar de ser uma tenente-comandante na Frota Estelar, ela “terá muitas patentes”. Entenda isso como quiser.

ELENCO
Não há ainda confirmação de contratação de nenhum dos atores para a nova série, mas Fuller — a exemplo do que já vinha dizendo em entrevistas anteriores — promete grande diversidade, citando o precedente aberto pela série original, que colocou lado a lado uma africana, um asiático, um russo e um alienígena na ponte de comando.

O produtor-executivo anunciou que a série deve ter sete personagens principais, e um deles será gay. Além disso, segundo informação exclusiva do Hollywood Reporter, devemos ter uma almirante mulher, um capitão klingon, um almirante homem, um assessor e um médico britânico. Se você somar, são sete personagens. Mas, com essa quantidade de almirantes, temos de supor que não estaremos passando todo o nosso tempo a bordo da Discovery (o que também se encaixa à frase “novas tripulações” no teaser da série).

Fuller também confirmou que teremos robôs em Star Trek: Discovery, assim como mais alienígenas do que costumávamos ver em outras séries da franquia.

VELHOS CONHECIDOS
Colocando-se numa época em que a Enterprise clássica já está no espaço e Kirk e sua tripulação já estão todos — ou quase todos — na Frota Estelar, uma pergunta inevitável é: revisitaremos versões mais jovens desses personagens? Óbvio que os jornalistas presentes perguntaram isso a Fuller. E, embora ele não tenha dado informações concretas, deu a entender que sim.

Ele citou especificamente Amanda Grayson, a mãe de Spock, completando que adora Winona Ryder, a atriz que interpreta a personagem nos filmes da linha do tempo da Kelvin, capitaneados por J.J. Abrams. Quando perguntado se ela apareceria na primeira temporada, Fuller sorriu e respondeu: “talvez”.

O produtor-executivo também mencionou outros personagens, como possivelmente uma aparição de um jovem dr. McCoy, mas asseverou que não havia planos para isso ainda — um contraste forte com a declaração sobre Amanda Grayson.

Em resumo, Fuller sugeriu que a primeira temporada serviria para consolidar os personagens centrais de Discovery, mas, dali em diante, o céu era o limite. Perguntado se a série teria episódios de viagem no tempo, ele não disse “não” e, em entrevista ao site Ain’t It Cool, disse que a exibição no CBS All Access oferece a vantagem de entregar todos os episódios de Star Trek juntos (algo que também acontecerá no resto do mundo, via Netflix).  “Eu acho que o que é ótimo com Star Trek e como ele se relaciona com o CBS All Access é que você tem acesso a todas essas coisas simultaneamente. Então, Star Trek, você pode dobrar tempo e espaço. E, no All Access, você pode dobrar tempo e espaço para chegar a Star Trek.”

E aí, o que você acha?