VOY 2×17: Dreadnought

Fantasma do passado de B’Elanna volta do Quadrante Alfa para ameaçar a nave

Sinopse

Data estelar: 49447.0

Enquanto o Doutor e Kes executam os exames pré-natais da alferes Samantha Wildman na enfermaria, a tripulação da Voyager detecta uma arma construída pelos cardassianos que carrega uma ogiva capaz de destruição em massa. Ainda no Quadrante Alfa, enquanto serviam aos maquis, Chakotay e B’Elanna haviam encontrado o mesmo projétil, que apelidaram de “dreadnought“. Naquela época, Torres o tinha reprogramado para atacar aqueles que o construíram, mas a arma sumiu nas “Badlands“, o que levou todos a pensarem que fora destruída.

A situação fica tensa na ponte da Voyager, quando a engenheira-chefe descobre que o míssil inexplicavelmente traçou curso para Rakosa, um planeta densamente povoado no Quadrante Delta. B’Elanna se transporta para o míssil na tentativa de desativá-lo, mas é surpreendida quando ele parte em velocidade de dobra logo após sua saída. Paralelamente, o alferes Michael Jonas continua enviando mensagens secretas para os kazon-nistrim e Seska, a cardassiana que traiu a tripulação da Voyager. Quando Janeway tenta alertar os nativos de Rakosa, seus avisos são inicialmente interpretados como ameaças, dada a reputação da nave no quadrante.

A tripulação descobre que o “dreadnought” não acredita estar no Quadrante Delta. De fato, o míssil “pensa” que Rakosa é o alvo cardassiano no Quadrante Alfa e que Torres estava trabalhando para o inimigo ao entrar falsos dados na estrutura dos sensores de navegação. Tentativas de desativar o míssil acabam danificando os sistemas principais da Voyager seriamente.

Com dois milhões de pessoas em risco no planeta, Torres consegue voltar ao “dreadnought” enquanto uma frota de defesa rakosana se aproxima e intercepta o míssil. Sob a ofensiva do projétil, entretanto, a frota recua. Como última tentativa, Janeway ordena que sua tripulação abandone a nave e planeja acionar a autodestruição, a fim de causar uma forte explosão de antimatéria no caminho da arma, antes que chegue a Rakosa.

Bem a tempo, Torres consegue reativar um antigo programa cardassiano nos sistemas do “dreadnought“. Os dois programas começam a “discutir” sobre o alvo, criando uma distração para que a tenente rompa o campo de contenção e detone a ogiva. Quando os sensores da Voyager confirmam o sucesso de B’Elanna, Tuvok a transporta de volta e a tripulação retorna.

Comentários

O enfoque de “Dreadnought” é B’Elanna e seu passado voltando para assombrá-la. Isso, por si só, representa boas e más notícias. Em primeiro lugar, sabemos que haverá mais desenvolvimento e atenção para a engenheira. Por outro lado, é meio frustrante que, numa série em que a premissa é justamente o isolamento do mundo conhecido, seja necessário ficar o tempo todo trazendo elementos do Quadrante Alfa para impulsionar esses desenvolvimentos.

Somando os prós e contras, o resultado acaba sendo positivo. Comparando a B’Elanna deste episódio com a personagem que começou a série, vemos como ela mudou ao longo dos meses, passando de uma maqui revoltada e temperamental para a dedicada engenheira-chefe da Voyager. Embora a abordagem do conflito entre as metades humana/klingon tenha sido novamente deixada de lado, a evolução da personagem é boa. Sabemos, desde o início, que Torres sempre gostou mais do seu lado humano por causa das experiências que vivenciou enquanto criança.

Ao contrário do que aconteceu em “Prototype”, a determinação e a personalidade forte da tenente aqui são usadas de forma consistente, o que favorece o andamento da história. B’Elanna não está obcecada com o “dreadnought” do nada, como ocorreu com o robô de “Prototype”. Na verdade, o míssil é um belo lembrete sobre seu passado terrorista, ecoando no presente.

Outro ponto interessante a ressaltar são as estranhas atitudes de Tom, que chega atrasado e trajado de forma imprópria para uma reunião. Algo decididamente está ocorrendo com ele e isso será abordado nos próximos episódios. É interessante ver a sequência estabelecida entre as histórias do segundo ano (artigo raríssimo em Voyager). Em “Meld”, o comportamento de Paris já começou a mudar, fazendo Chakotay entrar em ação.

Outro tema antigo que volta é a subtrama do traidor a bordo (Michael Jonas), embora não enriqueça em nada o roteiro. Também vemos o retorno da alferes Wildman, introduzida em “Elogium”.

Aqui, Janeway enfrenta um sério dilema. Mesmo não conhecendo os rakosanos, ela tenta desesperadamente impedir que a ogiva chegue a seu destino final, sacrificando até mesmo a missão primordial da Voyager. Apesar de ser um pouco precipitado, o ato de acionar o mecanismo de autodestruição acabou mostrando ao ministro de Rakosa a boa índole da tripulação, desmistificando o que os kazons haviam espalhado pelo setor (uma amizade com espécies do Quadrante Delta é outra raridade na série).

A interação entre Tuvok e a capitão no final da história também revelou o forte elo que existe entre eles. Através de uma lógica impecável, o vulcano exprimiu seus pensamentos e afeição para com Janeway (vale lembrar uma cena em “Twisted”, em que o tenente se aproxima da capitão inconsciente). Esse tipo de coisa deveria ter sido mais aprofundada ao longo da série e o relacionamento, desenvolvido.

A crítica fica à capacidade de raciocinar (e até mesmo mentir) do míssil — exagerada, para dizer o mínimo –, além de sua invulnerabilidade ao poderoso arsenal da Voyager. Se os cardassianos foram capazes de construir tamanha arma, como não venceram as guerras?

Avaliação

Citações

“She won’t mind that I usurped her baby’s name the moment I heard it? Thank you, but no thank you.”
(Ela não vai ligar que usurpei o nome do bebê no momento em que ouvi? Obrigado, mas não obrigado.)
Doutor

“Lieutenant, I expect everyone to show up on meetings on time and properly dressed.”
(Tenente, espero que todos apareçam nas reuniões na hora e apropriadamente vestidos.)
Chakotay

“When a bomb starts talking about itself on the third person, I get worried.”
(Quando uma bomba começa a falar sobre si mesma na terceira pessoa, fico preocupado.)
Paris

“It is logical to have a second in command in case you are injured or unable to complete the mission.”
(É lógico ter um segundo em comando no caso de você se machucar ou não poder completar a missão.)
Tuvok

Trivia

  • Esse é o segundo episódio de Voyager a ser dirigido por LeVar Burton (Geordi La Forge). O primeiro foi “Ex Post Facto”.
  • O nome do pai de Kes, Vaneran, é citado pela primeira vez na série. Ela também tem um tio chamado Elrum, o que significa que os ocampas, de fato, podem ter mais de um filho (uma impossibilidade apresentada em “Elogium”).
  • Raphael Sbarge volta como o informante de Seska a bordo da Voyager, o maqui Michael Jonas. Nancy Hower também retorna no papel da alferes Samantha Wildman, que descobriu estar grávida no episódio “Elogium”.

Ficha Técnica

História de Gary Holland
Roteiro de Gary Holland e Lisa Klink
Dirigido por LeVar Burton

Exibido em 12 de fevereiro de 1996

Título em português: “Míssil”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

Raphael Sbarge como Michael Jonas
Nancy Hower como alferes Wildman
Michael Spoundz como Lorum
Dan Kern como Kellan

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Edição de Stéphanie Cristina
Revisão de Nívea Doria

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