TOS 2×07: Catspaw

​Não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem!

Sinopse

Data estelar: 3018.2.

Kirk está preocupado com ausência de contato com um grupo avançado do qual fazem parte Scott e Sulu, em missão de reconhecimento na superfície do planeta Pyris VII. De repente um dos membros, o tripulante Jackson chama a Enterprise pedindo tele-transporte apenas para uma pessoa. Kirk pergunta pelos outros membros, mas Jackson não esclarece o que aconteceu.

O capitão ordena o transporte e segue para a sala de transporte, seguido por McCoy. Jackson é trazido a bordo, mas este já se encontra morto. Uma voz sai da boca do tripulante falecido, mandando que Kirk deixe o planeta com a Enterprise, caso todos a bordo morrerão.

Apesar do aviso, Kirk desce ao planeta para procurar pelos outros tripulantes e tentar descobrir o que matou Jackson, levando com ele Spock e McCoy. Eles encontram um tipo de nevoa cobrindo a superfície do planeta embora o tricorder não possa encontrar elementos que justifiquem tal formação. O grupo começa uma caminhada cautelosa até que subitamente o tricorder passa a registrar múltiplas formas de vida. Kirk perde confirmação dos sensores da nave, mas Chekov, encarregado do posto de ciências, informa ler somente os sinais do grupo de Kirk.

Uhura tenta retransmitir a informação mas as comunicações são cortadas. Na superfície, Spock continua mantendo os sinais captados anteriormente, e Kirk mantêm a busca da fonte dos sinais, mas no caminho o grupo é assombrado por que parecem ser três “bruxas”, repetindo a mensagem para deixarem o planeta e seguir viagem. O grupo prossegue até encontrar a fonte das leituras, uma construção que lembra um castelo medieval. O grupo permanece sem contato com a Enterprise, a não tem escolha a não ser entra na estrutura, onde cruzam com um gato preto.

Enquanto isto a Enterprise constata ter perdido também o contato dos sensores com o grupo de descida. O Tenente Comandante DeSalle, oficial encarregado, continua obstinado em descobrir o que aconteceu com as pessoas no planeta. Dentro do castelo, Kirk e Cia continuam sua busca através de corredores iluminados por tochas e cobertos de poeira e teias de aranha, até que uma parte do piso cede, fazendo com que os três caiam desacordados. Quando acordam encontram-se acorrentados em um calabouço, cercados de esqueletos.

Presos, eles começam a especular o motivo da existência de tantas manifestações comuns aos Humanos (Bruxas, esqueletos, maldições, castelo medieval, etc, etc, ) quando a porta do calabouço se abre. Por ela passam os desaparecidos Scott e Sulu, parecendo zumbis. Sulu os liberta, mas Scott apontando um faser para os três, manda que eles sigam em direção a porta. Subitamente Kirk tenta tomar a arma de Scott, acompanhado na ação por Spock e McCoy, mas de repente o calabouço desaparece, dando lugar a uma elegante sala onde um homem sentado em trono ordena que parem a luta.

Eles obedecem, chocados com a súbita mudança, mas Kirk rapidamente se recompõe, exigindo explicações sobre o por que deles estarem ali.. O homem, que parece se comunicar com o mesmo gato que cruzou o caminho do grupo desde que eles entraram no castelo, identifica-se como Korob. Korob diz que eles estão lá apenas por que ignoraram os avisos para voltarem, mas Kirk não se dá por satisfeito. O grupo entre outras coisas esta curioso pelo fato de expedições anteriores não terem encontrado nenhuma forma de vida em Pyris VII.

Korob diz não ser nativo do planeta, nas continua com evasivas, embora gentil. McCoy comenta sobre o gato e Spock lembra de antigas lendas da terra sobre bruxos e seus animais. Korob atento comenta sobre o pensamento lógico do Vulcano, diferente dos outros e em seguida faz aparecer uma mesa farta, oferecendo-a ao grupo. Os três se sentam a mesa mas na tocam a comida. Korob então muda a comida e bebida para pedras preciosas, esperando torná-los mais cooperativos. A ação não tem o efeito desejado por Korob e deixa-o ainda mais confuso, mas este então diz que tudo aquilo havia sido um teste para o grupo.

O que esteve sempre presente, deixa a sala e retorna como uma mulher, que Korob apresenta como Sylvia, que explica superficialmente seus poderes, mas enquanto ela fala Kirk salta sobre Scott mais uma vez e desta vez consegue tomar seu faser. Sylvia não se intimida, e ameaça destruir a Enterprise caso o capitão não se renda. Ela materializa uma pequena Enterprise presa por uma corrente, e a deixa paira sobre a chama de uma vela. Sylvia manda Kirk contatar a Enterprise, que fica sabendo por DeSalle, que a temperatura externa da nave começou a subir rapidamente, o que faz com que o capitão ceda. Com a temperatura da nave voltando ao normal, DeSalle tenta fazer contato com o capitão novamente sem sucesso.

Na superfície tanto Korob quanto Sylvia demonstram curiosidade sobre o grupo da Federação, porem enquanto o primeiro parece ser mais paciente e pacifico, Sylvia ao, contrario, quer conseguir a cooperação deles pela intimidação. Entretanto, quando Kirk diz que em breve haverá outro grupo de busca procurando por eles, é Korob quem usa de sua “magia” para formar um campo de força em volta da nave, impedindo tal tentativa. Sylvia volta a carga, mas Kirk se nega a cooperar, fazendo com que eles sejam postos de volta na cela, com exceção de Scott, que fica na presença de Sylvia por ordem dela própria. Enquanto isto, a bordo da Enterprise DeSalle e Chekov continuam seus esforços, agora para vencer o campo de força.

No calabouço Kirk e Spock discutem sobre a natureza e propósito dos seus anfitriões, concluindo tratam de alienígenas, e que as manifestações escolhidas por eles demonstram que o conhecimento que tem da cultura da Federação é limitada, baseada em pensamentos subconscientes. É quando Scott e Sulu retornam ao calabouço com McCoy, este agora agindo também como um Zumbi, e levam Kirk de volta ao salão. Neste meio tempo, Sylvia a Korob discutem. Korob fala sobre algum tipo de missão para a qual eles estão ali e da qual Sylvia estaria se desviando, em função de benefícios próprios e ameaça o próprio Korob, caso ele tente impedi-la.

Kirk chega, e Sylvia encerra a discussão mandando que Korob e os outros saiam, e a deixem sozinha com o capitão. Sem saber que Korob está a espreita observando, ambos começam a conversar e Sylvia diz vir de um mundo sem sensações, e que agora que ela as tem, quer mais. Ela também garante que o estado dos outros tripulantes é reversível. Kirk usa de seu charme sobre Sylvia, para torná-la vulnerável. Após um pequeno show de Sylvia, que muda a sua aparência para impressionar o capitão, Kirk tenta descobrir o segredo da manipulação da matéria executado por ela, que parece ter a ver um aparelho chamado “transmutador”, mas Sylvia percebe plano de Kirk e se irrita, mandando-o de volta a prisão.

A tripulação da nave continua lutando contra o campo de força, com algum sucesso, embora pequeno, enquanto em Terra Korob resolve libertar o grupo de sua prisão, mas Kirk quer levar de volta os homens controlados por Sylvia. Korob diz não poder fazer nada, pois eles estão sobre controle dela, agora irracional, segundo ele, mas Kirk insiste. Quando tentam deixar a prisão, encontram Sylvia, agora em forma de um gato gigante, barrando a passagem. Com as armas descarregadas e sem opções, eles retornam ao calabouço onde encontram o buraco por onde caíram ao chegar no castelo. Kirk e Spock fogem por ele enquanto Korob tenta enfrentá-la, sem sucesso.

Kirk leva o bastão de Korob, que ele acredita ser o “transmutador”. No caminho são atacados por McCoy, Sulu e Scott, mas conseguem incapacitá-los, mas Sylvia ainda continua em seu encalço, porem quando percebe que Kirk tem o “transmutador”, ela cessa a perseguição e retorna a sua forma “humana”, tentando convencer Kirk a entregá-lo, mas ele quebra o bastão e ao fazê-lo, tudo em volta deles desaparece. Sulu, Spock e Sulu voltam ao normal e a as verdadeiras formas de Korob e Sylvia são reveladas, mas os dois não resistem muito tempo fora do ambiente controlado, e morrem antes que se possa fazer algo, então o grupo retorna a nave.

Comentários

Um dos grandes prazeres de revisitar os episódios da Série Clássica é perceber como muitas das histórias contadas a mais de cinquenta anos ainda conseguem ser interessantes nos dias de hoje, seja pela originalidade, seja pela competência da forma de contar essas histórias. Infelizmente Catspaw não está entre essas histórias.

Porém, o mais intrigante desse enredo em particular é que é difícil imaginar que mesmo na concepção a ideia fosse boa. Star trek parece não combinar muito com o cenário haloween, dada a abordagem que sempre preferiu tratar todos os seus temas a partir de uma abordagem claramente cientifica, mesmo que essa ciência nem sempre seja muito apurada.

A partir dessa observação podemos achar o primeiro problema desse roteiro. Catspaw propõe um tema “sobrenatural”, mas não o abraça, deixando claro de que esse item se trata de um mero subterfugio, uma cilada que tentará fisgar a atenção do espectador, mas que na realidade será logo descartada Essa escolha já se nota logo em seu início, a partir dos comentários e reações de Kirk e Spock a saudação das simpáticas bruxas.

Se essa decisão preserva a opção que a serie faz pela aposta na ciência não só como fio condutor das histórias, mas como elemento básico de sua existência, ela acaba com qualquer possibilidade de que esse episodio pudesse dar certo, visto que menos em obras de ficção se faz necessário que em algum nível o espectador possa acreditar nessa história, ou parte dela.

O Resultado é que todo o cenário que tenta passar algum temor se torna quase uma peça cômica, uma comedia involuntária. Em alguns momentos quase se tem a impressão de que estamos vendo um episódio de Perdidos no Espaço, e não de Jornada nas Estrelas. A partir daí o que vemos é o desperdício de algumas possibilidades que poderiam, se bem cuidadas, criar algum interesse para esse segmento. Primeiro a ideia de que Korob e Sylvia são formas de vida de outra galáxia em tentativa de primeiro contato. Algo interessante do ponto de vista da Serie que sempre colocou nossos protagonistas como exploradores a agentes dessa iniciativa. Logo essa inversão de papeis ameaça injetar algum frescor ao cenário de Jornada nas Estrelas.

Outra questão (mal) colocada é a forma como Sylvia se corrompe ao ser exposta aos sentimentos humanos, algo que para sua raça parece ser uma experiência nova e singular, e que leva a personagem a se desviar de sua missão (?) a procurar usar essa experiência em proveito próprio. O que nos leva ao confronto entre Sylvia e Korob, que obviamente se opõe a esse curso de ação de sua companheira.

Entretanto todas essas possibilidades são usadas a esmo, sem nenhum polimento e vão se esvaziando uma após a outra, sem que se retire nada de realmente importante dessas possibilidades. Não sabemos se Sylvia e Korob são parte de uma equipe de exploração ou apenas dois aventureiros solitários, quais são suas intenções, muito menos como conseguiram as informações que tinham sobre os humanos.

Em função desses tropeços em momento algum temos desse “grande perigo” dos personagens. E quando o “Sex Appeal” de Kirk é chamado para resolver a situação é sinal que a coisa não vai muito bem em termos de criatividade.

A falta de interesse latente acaba por fazer chamar mais a atenção para algumas coisas que não são novidades em Jornada, mas nem por isso deixam de ser estranhas. Por que Sulu e Scott desceram num grupo avançado para uma missão que aparentemente exige as habilidades de nenhum dos dois ? Kirk, Spock e McCoy juntos numa missão deixando a Enterprise em os dois oficiais mais graduados apesar de ser um cliché da série, quase uma marca registrada, aqui assume contornos de inverossimilhança ainda maiores do que o normal.

Somemos a tudo isso a peruca horrível de Walter Koenig, as expressões assustadas com tudo de Uhura, e o grande duelo entre Sylvia e Korob, que termina com uma porta caindo em cima do pobre coitado, e temos a receita para um segmento absolutamente dispensável. E Para não ser injusto, as intervenções de De Salle, que parece mandar mais que Kirk, e os eventos a bordo da Enterprise não ajudam em nada no resultado e a coreografia da luta final entre Sulu e Kirk não das mais bem elaboradas.

Embora pareça um contrassenso, o trabalho da produção pode ser considerado bom. A construção de cenários está dentro dos melhores padrões da série e os efeitos, com exceção do gato gigante (?) que não funciona muito bem, apesar do esforço com as técnicas possíveis na época. É claro que não dá para deixar de comentar que a representação de Korob e Sylvia em suas formas originais também é bastante insuficiente.

Talvez essa tentativa de mostrar formas de vidas não humanoides seja uma prova de que a opção por “narizes” e “testas”, as maquiagens preferidas da série clássica, talvez tenham sido uma acerto realmente a melhor opção para dados os recursos disponíveis a época, ao invés de investir em representações mais exóticas. Mas esses efeitos mesmo se bem realizados não seriam capazes de salvar essa história pouco inspirada e mal elaborada.

As intervenções de Antoinette Bower (Sylvia) e Theo Marcuse (Korob) dado o material com que tiveram que trabalhar podem ser consideradas competentes dentro do possível, mas também incapazes de fazer o milagre de tirar esse segmento das Sombras.

Felizmente alguns desses temas voltariam a Serie clássica tratados com mas competência, mas “Catspaw” não passa de desperdício de tempo e recursos. O episódio é arrastado, previsível e nem mesmo contribui de alguma forma para a mitologia da série, se tornando um dos seguimentos mais esquecíveis dessa temporada.

Avaliação

Citações

“Spock. Comment.
“Very bad poetry, Captain.
(“Spock. Comentário.”)
(“Poesia muito ruim, capitão.”)
Kirk  e Spock

“Could this be an Earth parallel development …of some sort?”
 “It’s more like a human nightmare.”
“Poderia ser isto algum tipo de desenvolvimento paralelo terrestre?”)
(“Isto parece mais como um pesadelo humano.”)
McCoy e Kirk

Trivia

  • Castspaw foi o primeiro episódio da 2ª temporada a ser produzido. A intenção era justamente exibi-lo na semana do Halloween de 1967, fazendo desse o único episódio temático da série.
  • A partir desse episódio, o nome de DeForest Kelley passou a constar dos créditos iniciais.
  • Esse foi o primeiro episodio produzido com o personagem Ckekov
  • O ator Theo Marcuse morreu em um acidente de carro um mês depois que o episódio foi ao ar.

Ficha Técnica

História de Robert Bloch
Dirigido por Joseph Pevney

Exibido em 27 de outubro de 1967

Título em português: “O Dia Das Bruxas ” (AIC-SP), “O Dia das Bruxas” (VTI-Rio)

Elenco

William Shatner como James T. Kirk
Leonard Nimoy como Sr Spock
DeForest Kelley como Dr Leonard McCoy
James Doohan como Tenente Comandante Montgomery Scott
Nichelle Nichols como Tenente Nyota Uhura
George Takei Tenente Hikaru Sulu
Walter Koenig Alferes Pavel Chekov
Michael Barrier como DeSalle

Elenco convidado

Antoinette Bower  como Sylvia
Theo Marcuse como Korob

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Edição de Carlos Henrique B Santos
Revisão de Nivea Doria

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