LDS 2×05: An Embarrassment of Dooplers

Boimler e Mariner assustados

Eles não vão nos pegar, estamos em uma missão para Gene

Sinopse

Data Estelar: 58053.9

Enquanto a Cerritos se aproxima da Base Estelar 25, Freeman e sua equipe oferecem um jantar para o emissário doopler que escoltam para realizar negociações comerciais na base. Os federados ali estão extremamente cautelosos em lidar com o cara, pois a espécie dele se duplica quando emocionalmente abalada, como forma de defesa. Mas consideram que o esforço valerá a pena, pois terão a chance de atender a festa de encerramento da conferência da Frota sendo realizada na base, uma épica reunião que não desejam perder.

Em um dos depósitos da Cerritos, enquanto transportam caixas, Mariner e Boimler cozinham um plano para conseguir entrar na dita festa: Mariner sugere que Boimler se passe pela duplicata de teleporte dele, William Boimler, pois, como a Titan está do outro lado do setor, ele não comparecerá à festa, dando a chance de Boimler ir no lugar dele e levar Mariner como acompanhante. Entrementes, Tendi e Rutherford relaxam no refeitório enquanto trabalham em um modelo de montar da USS Cerritos, um produto licenciado pelo Quark com absurdo nível de detalhe. Rutherford nota que deixou instruções anotadas em diversas peças antes de perder a memória, embora não esteja conseguindo decifrar exatamente qual a razão para aquelas instruções.

No que a Cerritos está requisitando autorização de atracar à Base Estelar 25, Freeman faz um desabafo com o almirante em comando do destacamento local da Frota sobre como foi exaustivo ter que ficar pisando em ovos devido ao emissário, mas ela não nota que o sujeito estava ali na ponte e, dito e feito, o cara surta e produz uma duplicata pelo constrangimento. Freeman tenta mitigar, mas as duplicatas adicionais do doopler também duplicam, aumentando exponencialmente o problema dos federados, e logo a ponte está tomada de duplicatas. Com isso, o almirante nega autorização para atracar até que eles consigam resolver o enrosco.

Alheios ao rolo, Boimler e Mariner aproveitam que a ponte está ocupada demais com as duplicatas e fazem um gato no teleporte para ir à Base Estelar 25. Enquanto procuram pela festa, Mariner oferece um pequeno tour do local para Boimler, já que ela morou anos antes ali. Eles chegam até uma loja de propriedade de Malvus, um conhecido de Mariner, ainda invocado por ela tê-lo abandonado em Ceti Alfa IV, com Boimler concordando com essa mania dela de largar pessoas em planetas por aí. Malvus oferece a ela a informação de onde a festa está ocorrendo contando que eles transportem umas caixas de shampoo em garrafas na forma do comandante Data para outro local de estoque dele.

Shaxs leva vários dos dooplers para o refeitório da Cerritos, mas eles continuam se duplicando, e Rutherford e Tendi têm que procurar outro local mais tranquilo para continuar a trabalhar no modelo, pois Rutherford continua esbarrando em mais instruções estranhas e não consegue entendê-las muito bem. Eles tentam ir para o muquifo onde costumam trabalhar, procurando evitar a crescente quantidade de duplicatas do emissário pela nave.

Mariner e Boimler estão a caminho da área de estoque para onde transportar as caixas, usando um veículo terrestre para o transporte, e enquanto discute com Boimler que ele não devia ficar comentando sobre mancadas dela por aí, eles são interceptados por forças de segurança da estação. Boimler não vê muito problema nisso, mas Malvus comenta por comunicador para Mariner que eles têm disruptores klingons escondidos no meio dos Datas — uma armação dele para ferrar com a federada devido ao já mencionado abandono do cara em Ceti Alfa IV. Mariner não confia na idoneidade da força policial local e resolve escapar em alta velocidade.

Ela dirige feito uma alucinada por várias lojas até chegar no promenade principal da estação, tendo que desviar de vários pedestres no caminho, incluindo um pobre coitado em uma cadeira de rodas com cara de quem foi demitido. Ela dá ré abruptamente, salta com o veículo para mudar de nível, atravessa naves em docas internas, enquanto várias viaturas vão se acidentando no caminho tentando alcançar os federados. Eles acabam invadido o aviário da estação, onde, após despistar a última viatura, capotam o veículo no lago do local.

No muquifo, Tendi e Rutherford estão cercados de dooplers em número cada vez maior. Eles sobem nos destroços da nave auxiliar Sequoia, ainda armazenados no local, e Rutherford sugere escaparem por uma escotilha de manutenção, mas ele não lembra que ela foi lacrada meses antes, o que o deixa cada vez mais frustrado por sua falta de memória estar causando aqueles problemas para eles. Tendi acaba explicando que, antes da perda de memória, eles nunca terminavam o modelo de qualquer forma, aquilo era apenas uma maneira de curtirem o tempo juntos. Mais animado, Rutherford ejeta o minúsculo núcleo de dobra da maquete e o utiliza para estourar o lacre do tubo Jefferies acima deles, possibilitando escaparem do local antes de serem soterrados por dooplers.

Enquanto saem do lago onde capotaram, Mariner manda um recado para Malvus para prensar o sujeito na parede ameaçando contar às forças de segurança sobre as armas klingons se ele não revelar logo o local da festa, e o sujeito acaba aceitando. Uma vez lá, Boimler se apresenta como William Boimler e é autorizado a entrar, mas o porteiro do local não autoriza Mariner como acompanhante dele. A alferes já fica invocada quando ele indica que vai entrar sozinho, abandonando-a como fez antes para ir para a Titan, enquanto ele se irrita por Mariner ainda estar trazendo a questão da Titan à baila. Boimler entra na festa e acha tudo incrível no local, mas logo se desanima por sentir-se sozinho, e chateado por Mariner não estar ali para curtir com ele o evento.

Boimler acaba reencontrando Mariner enchendo a cara em um boteco no promenade da estação. Ele se desculpa por não ter se despedido para ir à Titan, pois não imaginava que ela iria se importar tanto, considerando que ela não dava indícios disso. Mariner comenta que não gosta de passar por vulnerável na frente de outros, mas abre uma exceção para o amigo alferes dela. A DR que realizaram os deixa bem entendidos entre si, mas ainda frustrados devido à festa. Contudo, a atendente do boteco os anima dizendo que eles não são os primeiros oficiais da Frota a irem até ali depois de não conseguirem entrar na festa, mostrando um entalhe no balcão com os dizerem “KIRK + SPOCK”, o que deixa Mariner e Boimler admirados por estarem na mesma situação de tão famosos oficiais.

Na ponte da Cerritos, Freeman perde a paciência com a confusão e já sai xingando os dooplers, o que faz dois deles a se recomporem em apenas um. Ransom nota que insultá-los reverte o processo de duplicação, e eles ordenam a tripulação inteira da nave a fazer o mesmo até que finalmente todas as duplicatas desaparecem no emissário doopler original. Confusão resolvida, Freeman, Ransom, Shaxs e T’Ana vão para a festa, mas também são barrados pelo porteiro por não estarem na lista de convidados, o que deixa a capitão da Cerritos furiosa. O grupo acaba indo afogar as mágoas em uma barraquinha de espetinho do lado de fora do bar. Mariner vê a mãe e os demais oficiais e os convida a se juntarem a eles, com todos terminando a noite se divertindo no local, juntamente com Tendi e Rutherford, além de vários outros tripulantes.

Comentários

Dentro daquilo que se propôs, “An Embarassment of Dooplers” teve sucesso. A ideia foi basicamente trabalhar mais as relações entre os dois casais de “Work Husband” e “Work Wife” estabelecidos, depois de um par de episódios variando essas combinações. Aqui, eles tiveram tempo para interagir bem entre si, considerando que o “rolo da semana” foi um problema criado pela equipe de ponte e resolvido pela equipe de ponte.

Mariner e Boimler foram aqueles que tiveram mais bagagem para desempacotar nessa ocasião. O catalizador da treta, no caso a questão de um abandonar o outro em determinadas situações veio à tona durante a discussão com Malvus, e só foi piorando ao longo do episódio, com Mariner finalmente atirando na cara dele a transferência abrupta de Boimler para a Titan e a maneira como ele foi para lá sem se despedir, coisas que ainda estavam ressoando forte com a moça.

Disso, a maneira pela qual ambos abriram o coração um ao outro foi bem tocada na trama, com Boimler finalmente percebendo que Mariner pode não ser alguém que expressa os seus sentimentos, mas claramente os tem; não de uma maneira vulcana, longe disso, mas sim como alguém que não quer ser vista como vulnerável por aqueles que tem como amigos. Ela até mesmo evita considerá-los demasiadamente como tais devido a exatamente o tipo de dor que sente quando a eventual separação ocorre, dado o estilo de vida que levam.

Boimler, da mesma forma, é alguém que, de seu jeito particular, também tem dificuldades com relações pessoais, e soube ler a sala o bastante para perceber que magoou a colega e se desculpar pela maneira como saiu da nave originalmente, coisa que não havia feito ainda. Portanto, conseguimos observar aqui que, através das características de cada um deles dois, eles indicam que são pessoas que se importam imensamente com seus amigos, mas apenas têm dificuldades de expressar esses sentimentos.

Tudo isso foi executado com boa dose de humor durante a desventura do casal, e toda a sequência também teve suas pequeninas velhas conveniências de roteiro, como por exemplo a fuga da dupla ficar por isso mesmo, apesar de a cara deles ter sido claramente visível por toda a confusão, e o veículo que utilizaram convenientemente possuir freio de mão mecânico, o que ajudou Mariner a dirigir como se estivesse em um rally do Grupo B nos anos 1980.

Já o rolo da semana foi algo com escala adequada com a pegada da série: algo complicado, mas besta. O transporte de um emissário alienígena para a base estelar 25, coisa de rotina, vira uma daquelas encrencas do tipo vista por exemplo no episódio de Short Treks intitulado “The Trouble With Edward”, com o maluco se reproduzindo descontroladamente. Algo instigante, profundo? Claro que não, e isso não é demérito algum para Lower Decks. A série sabe fazer bom uso desse tipo de situação, é o que pede a premissa dela como um todo.

E a finalidade criativa das circunstâncias foi meramente segurar a equipe de ponte para no final do episódio se encontrar com os alferes no boteco da base estelar, criando o contraste final das situações: algumas tripulações podem ser mais adequadas para a grandiosa festa, mas as tripulações “lower decks” vão se sentir mais a vontade no sujinho da esquina mesmo.

Ainda que o personagem tenha sido um mero gimmick, foi muito boa a caracterização do emissário doopler, adequada para o que a premissa pedia, e o sujeito me lembrou muito Jay Sherman, da série de animação O Crítico, do início dos 1990, mas não sei até que ponto teria sido proposital essa semelhança. O texto pareceu indicar que aquela reprodução era mais uma reação defensiva do que a forma de reprodução dos dooplers, algo reforçado pela maneira que encontraram de reverter o processo. Maneira que, por sinal, o próprio cara deveria saber, ou deveria estar registrada em algum lugar. Mas divago.

No meio do rolo com o doopler, tivemos a interação de Rutherford e Tendi através do episódio, que pode ser definida pela ideia de que o valor da jornada deles não está apenas no destino, mas na companhia que eles têm um do outro, além de uma cômica dose de “não encham nosso saco”, ao desejarem continuamente trabalhar naquele admiravelmente realista modelo da Cerritos.

Além disso, também tivemos mais desdobramentos da perda de memória de Rutherford, algo que certamente ressoa forte no alferes, e ele definiu bem com a fala de que agora parece que ele tem que competir com o seu próprio fantasma. É de se notar que a equipe criativa nesta temporada tem colocado uma ênfase maior nesse aspecto da personalidade dele do que apenas em conceitos possíveis devido a ele ter um implante cibernético, como foi na temporada passada.

No mais, fico imaginando qual teria sido a razão de Rutherford colocar as instruções no modelo. A lógica revelada por Tendi foi para deixá-los em um loop contínuo trabalhando no modelo, OK, mas o que levou o alferes a criar esse plano de contingência em primeiro lugar? Ele acreditava tanto assim que poderia perder a memória em algum momento?

Em itens menores, coisinhas bobas aqui e ali sempre ajudam imensamente a polvilhar ainda mais humor no todo, como por exemplo a voz em falsetto do computador da Cerritos em miniatura, alguns Lores entre os bonecos do Data, e a linha de miniaturas que Quark lançou conseguindo a licença com a Frota Estelar; são detalhes inesperados por serem absolutamente pequenos, mas que soam totalmente encaixados aos momentos em que aparecem pelo episódio.

Sobre a ambientação e direção de arte do episódio, mais uma vez as vantagens da animação se fazem presentes para possibilitar a retratação de uma estação espacial diversificada em espécies, locais e itens diferentes, algo totalmente natural a Star Trek. Fica apenas uma questão pequena sobre quem efetivamente opera a Base Estelar 25 e tem jurisdição sobre ela. Há uma grande presença da Frota, mas ela não parece controlar totalmente as operações locais, e o diálogo de Mariner indica que as forças de seguranças não são da Federação, dada a reputação que ela menciona. Podemos considerar que seja um arranjo semelhante, mas não idêntico, a aquele com os bajorianos para o controle da Estação 9, vulgo Deep Space Nine.

Já o bar em que a tripulação da Cerritos acabou me pareceu com um daqueles bares americanos que existem nas regiões de bases militares, que se tornam pontos de encontro de pilotos, completos com memorabilia e fotos de frequentadores anteriores do passado. Dessa forma, as referências dentro dele ficam totalmente orgânicas e criam uma ambientação perfeita para o tipo de estabelecimento que quiseram recriar.

No frigir dos ovos, um simpático episódio que trabalha muito bem as motivações e relações desta tripulação em sua exploração da fronteira final. Mas, quem sabe? Talvez a fronteira final esteja mesmo, como dizem os memes, em todos os amigos que se faz ao longo do caminho. Coisa que não é estranha a Jornada nas Estrelas e parece ser literalmente o tema deste episódio, assim como de Star Trek V, adequadamente intitulado, bem, “A Fronteira Final”.

Avaliação

Citações

“After a hard day of working on the ship, nothing relaxes me like building a smaller version of the ship.”
(Depois de um duro dia trabalhando na nave, nada me deixa mais relaxada do que construir uma versão menor da nave.)
Tendi, sobre trabalhar na maquete da Cerritos com Rutherford

“We can forget about the party, because guess what. We’re probably getting arrested instead.”
“No way. I didn’t put on underwear for nothing.”

(Nós podemos esquecer a festa, pois adivinha? Vamos acabar presos em vez disso.)
(De jeito nenhum. Eu não coloquei calcinha à toa.)
Boimler e Mariner, sobre as chances deles de ainda entrarem na festa

“Your pagh is weak, and it disgusts me!”
(O pagh de vocês é fraco, e isso me enoja!)
Shaxs, insultando duplicatas do emissário

“What is that? No way.”
“What? Captain Kirk drank here?”
“He and his pointy-eared pal tried to party-crash back in, uh, what was it? 2260-something.”

(O que é isso? Fala sério.)
(O quê? O capitão Kirk já bebeu aqui?)
(Ele e o amigo de orelha pontuda dele tentaram entrar na festa em, uh, quando foi? 2260 e alguma coisa.)
Mariner, Boimler e a balconista do bar contando a eles que Kirk e Spock também não tiveram sucesso em entrar na festa da Frota

“Anderson! Okona is in there?”
“He is the DJ.”
“What? He’s not even Starfleet. This is outrageous.”

(Anderson! O Okona está aí?)
(Ele é o DJ.)
(O quê? Ele nem é da Frota Estelar. Isto é uma audácia.)
Freeman e o segurança, sobre Okona estar na festa da Frota

Trivia

  • A espécie do primeiro oficial da capitão Shelby foi baseado em testes iniciais da maquilagem de Saru, em Star Trek: Discovery.
  • O personagem na cadeira de rodas ao estilo de Pike é uma caricatura do produtor-executivo de Star Trek, Alex Kurtzman.
  • O episódio fez uso no letreiro em um quiosque de uma fonte bajoriana criada por fã, baseada em design originais por Doug Drexler para DS9. A fonte pode ser encontrada na internet com o nome de “Star Trek Bajoran Ideogram”.
  • Você pode conferir todas as referências e easter eggs do episódio neste artigo de Maria-Lucia Racz no Trek Brasilis.

Ficha Técnica

Escrito por Dave Ihlenfeld & David Wright
Dirigido por Kim Arndt

Exibido em 9 de setembro de 2021

Elenco

Tawny Newsome como Beckett Mariner
Jack Quaid como Brad Boimler
Noël Wells como D’Vana Tendi
Eugene Cordero como Sam Rutherford
Dawnn Lewis como Carol Freeman e garçonete
Jerry O’Connell como Jack Ransom
Fred Tatasciore como Shaxs, porteiro e klingon
Gillian Vigman como T’Ana, aureliana e computador da maquete da Cerritos

Elenco convidado

Richard Kind como o emissário doopler
Tom Kenny como John Anderson, Malvus e aureliano
Jenifer Lewis como balconista do bar
Paul Scheer como Andy Billups e jardineiro do aviário

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Edição de Leandro Magalhães
Revisão de Salvador Nogueira

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