ENT 3×03: Extinction

Archer transformado em alienígena por conta de um vírus

Episódio apresenta vários clichês e história desligada do arco xindi

Sinopse

Data: Desconhecida

Um alienígena foge correndo por uma floresta, perseguido por três homens de outra espécie, vestidos com roupas pressurizadas. Ao alcançarem o fugitivo, não hesitam em incinerá-lo.

Em outra parte da Expansão Délfica, o capitão Archer investiga o banco de dados obtido da nave pirata para descobrir a rota pregressa do cargueiro xindi atacado pelos bandidos. Ele chama T’Pol ao Centro de Comando (obrigando-a a interromper mais uma sessão de terapia vulcana com Trip) e comunica sua descoberta, ordenando que Travis trace um curso para o último planeta pelo qual passaram os xindis.

Archer analisando dados obtidos de nave xindi

Ao chegar lá, Archer lidera um grupo de descida, composto por ele, T’Pol, Hoshi Sato e Malcolm Reed. Eles encontram, na superfície, uma pequena nave de configuração xindi e um corpo incinerado. Mas não há tempo para mais estudos, pois logo o quarteto começa a sofrer violentas mutações. T’Pol parece ser mais resistente e mantém sua consciência, mas Reed, Archer e Sato logo estão totalmente transformados em alienígenas.

Nem mesmo a consciência e a língua é retida por eles. T’Pol tenta convencê-los a voltar à Enterprise, comunicando-se com a ajuda do tradutor universal, mas sem sucesso. Eles parecem determinados a procurar um lugar chamado Urquat, supostamente sua cidade natal.

Reed sendo transformado em alienígena por conta de vírus

Enquanto isso, a bordo da Enterprise, Trip não tem a menor ideia de onde estão seus tripulantes — embora os sensores detectem um sinal vulcano, os três sinais humanos sumiram, dando lugar a alienígenas. Phlox sugere que talvez Archer, Reed e Sato tenham sido, literalmente, transformados nos alienígenas.

Trip prepara um grupo de resgate, munido de roupas pressurizadas. Eles conseguem encontrar T’Pol e os outros, mas só Reed é capturado. A vulcana instrui Trip a levar o oficial tático de volta à Enterprise, enquanto ela prosseguiria com os outros.

Reed sendo capturado pelos MACOs

O engenheiro segue as instruções e Reed é mantido numa câmara selada de descontaminação, que permite que Phlox determine a causa das mutações: eles foram afetados por um vírus. Aparentemente, as células K do sistema imunológico vulcano conseguem combatê-lo, o que sugere a possibilidade de desenvolvimento de um antiviral contra a infecção.

Mas ele não tem muito tempo para pesquisar, pois logo duas naves alienígenas surgem nas imediações do planeta. Seu capitão, Tret, ordena a Trip que se prepare para ser abordado, pois carrega um homem contaminado com o vírus, que precisa ser exterminado para evitar o surgimento de uma epidemia.

Tucker com Tret na enfermaria

O engenheiro não se intimida e diz que o líder alienígena pode vir a bordo para discutir o problema, mas não será autorizado a levar Reed e, se insistir com a violência, terá uma batalha nas mãos. Hesitante, o alienígena concorda em ir a bordo. Lá, ele explica a origem do vírus: trata-se de uma criação do povo que antes vivia nesse planeta, os lokeks. Quando sua espécie entrou em extinção, criou um vírus mutagênico, capaz de converter qualquer humanoide em um deles, a fim de manter a espécie viva. Esse vírus, certa vez, contaminou 10 milhões de pessoas no planeta de Tret, que foram mortas para evitar que sua espécie inteira fosse extinta. Segundo ele, não há outra maneira de lidar com esse vírus.

Phlox, entretanto, acha que pode criar um antiviral baseado no DNA de T’Pol — mas precisa de uma amostra da vulcana. Tret é alertado por seus comandados sobre a detecção de outros três sinais de infectados na superfície do planeta. Trip diz que são seus tripulantes, mas o alienígena não se interessa: ordena que T’Pol seja capturada e os outros dois, mortos.

Phlox

O alienígena parte da Enterprise e o tempo de Trip e Phlox está se esgotando. Então, o engenheiro se lembra que pode conseguir alguma amostra do DNA de T’Pol em uma fruta que ela mordeu durante a última sessão de terapia dos dois. Ele corre e leva a fruta ao médico, que começa a trabalhar.

Enquanto isso, ele prepara uma equipe de resgate para Archer, T’Pol e Hoshi. Os três chegaram a encontrar Urquat, mas a cidade está em frangalhos, desabitada há muito tempo. Os três quase são encontrados pela equipe “descontaminadora” de Tret, mas Trip aparece bem na hora para defender seus colegas e levá-los a bordo da Enterprise.

Cidade de Urquat totalmente destruída

A NX-01 parte em velocidade máxima, mas as naves de Tret iniciam a perseguição. A Enterprise não é páreo para o combate e Trip está com problemas para manter a nave intacta. Tret pede a rendição quando Archer aparece na ponte, parcialmente recuperado, indagando sobre o porquê do ataque. Phlox informa a Tret que Archer era um dos contaminados, que está reagindo bem ao tratamento. Cessadas as hostilidades, a Enterprise concorda em ceder uma dose do antiviral para que os alienígenas possam desenvolver um meio mais civilizado de conter a epidemia.

Resta a Phlox destruir a última amostra do vírus. Ele pede autorização ao capitão, que recusa. Archer não quer ser o responsável pela destruição da última chama que mantém os lokeks vivos de algum modo. Ordena que o médico mantenha a amostra preservada, em estase.

Comentários

Embora o “gancho” para esta aventura seja o arco xindi, está claro que temos, em “Extinction”, mais um segmento convencional de Enterprise, que poderia muito bem estar em qualquer uma das duas temporadas anteriores. Apesar de contar com vários clichês incômodos, ele traz inovações suficientes para não ser considerado perda total.

Para começar, agrada o uso de uma analogia com as formas primitivas de combate a doenças realizadas na Terra. O procedimento de “descontaminação” dos alienígenas para combater o vírus tem desagradável similaridade com métodos usados para extinguir surtos de peste negra, por exemplo.

Title card Enterprise "Extinction"

Atualizar a história para um cenário futurista, sem dúvida, foi um esforço interessante. E a premissa por trás do vírus em si também acaba funcionando — o último suspiro de uma espécie prestes a se extinguir.

O que mais incomoda aqui, na verdade, é o aspecto “jornadesco” do episódio: para variar, Phlox consegue, em cinco minutos, curar uma doença cuja solução havia escapado a outros médicos por décadas. E a Enterprise não se mostrou tecnologicamente superior às naves alienígenas para justificar tamanho salto científico.

E, mesmo que Phlox fosse realmente um gênio capaz de tamanha façanha, a velocidade com que Archer e Sato se recuperam, para dar uma lição a Tret e seus colegas de mentalidade medieval, é muito pouco crível. Não funciona e não há nada que se possa fazer quanto a isso.

Archer já quase recuperado de vírus alienígena

Também temos o clichê da “indestrutível” fisiologia vulcana, que a tudo resiste sem pestanejar. Embora eu não consiga imediatamente pensar em algo para manter a história e, ao mesmo tempo, evitar esse chavão, essa era a obrigação de André Bormanis, o roteirista do episódio, infelizmente negligenciada.

Os produtores continuam insistindo em aprofundar o relacionamento de Trip e T’Pol via a bobagem introduzida em “The Xindi”. Felizmente, aqui, a apelação é bem menor, mas não resolve muito, ao ser substituída por piadas infames ligadas ao chulé de Trip. Trocaram seis por meia dúzia, basicamente.

Trip e T'Pol em mais uma sessão de massagem

O grande destaque do episódio fica por conta das atuações de Scott Bakula, Linda Park e Dominic Keating. Apesar das dificuldades impostas pela maquiagem e pelos papéis em si, os atores conseguem dar aparência bem realista e orgânica a seus novos comportamentos alienígenas (evidentemente auxiliados por um bom trabalho dos editores de som, que incluíram todo tipo de chiado esquisito na fala deles).

A maquiagem, como de costume, é espetacular e o efeito, dessa vez, foi ajudado pela magia das imagens geradas por computador, que deram incrível vivacidade às transformações ocorridas com Archer, Reed e Hoshi. Tivemos até mesmo uma tomada mostrando as transformações nos órgãos internos de Archer.

Órgãos internos do Archer sofrendo mutação por vírus

E a qualidade dos efeitos especiais não se limita isso. A apresentação de Urquat (tanto de forma exuberante, em sonho do capitão Archer transformado, como destruída, como está na realidade) é espetacular, com uma tomada panorâmica de dezenas de construções e centenas de pessoas. Apesar disso, a cena grita “CGI” o tempo todo, o que não contribui muito para a sensação de realismo.

A direção de LeVar Burton é consciente, eficiente nas cenas de perseguição pela floresta, capaz de imprimir a velocidade e o dinamismo necessários às sequências. Apesar dessa qualidade, numa série que já fez tantas “cenas de perseguição em floresta/caverna”, talvez fosse o caso de arriscar um pouco mais, inovar, buscar ângulos inusitados. O esquema, aqui, é bastante burocrático e deixa a história falar por si.

Cidade de Urquat em sonho de Archer

Para concluir, a discussão filosófica a respeito da preservação do vírus parece igualmente falsa. Os lokeks estão, para todos os efeitos, extintos. A preservação da amostra, que jamais poderá ser usada para restaurar a população lokek, não apresenta vantagem alguma, exceto a manutenção de um perigo biológico desnecessário. A preocupação de Archer soa falsa, apesar de todas as boas intenções.

No fim das contas, temos um episódio apenas “passável”, com elementos interessantes e uma série de clichês. Voltamos, aqui, à tônica média das temporadas anteriores de Enterprise. Nada que seja terrivelmente ruim, apenas brando demais para exigir uma segunda olhada.

Avaliação

Citações

“Your ship is in restricted space.”
“Sorry. It wasn’t very well marked.”
(Sua nave está em espaço restrito.)
(Sinto muito. Não estava bem marcado.)
Tret e Tucker

“This was created as a final effort to preserve a civilization of people. That species we became… they cease to exist the moment this virus is gone. We came out here to stop the Xindi from destroying humanity, I’ll be damned if I’m going to have a hand in destroying another race in the process.”
(Isso foi criado como um esforço final para preservar uma civilização de pessoas. Aquela espécie que nos tornamos… ela cessa de existir no momento em que o vírus sumir. Viemos aqui impedir os xindis de destruir a humanidade, eu serei condenado se tiver a ver com a destruição de outra raça no processo.)
Archer

Trivia

  • As filmagens duraram sete dias, concluídos em 29 de julho de 2003.
  • Daniel Dae Kim faz sua segunda aparição como o cabo Chang.
  • Linda Park disse: “Acabei de interpretar uma salamandra alienígena primitiva e superforte, em que tive de usar uma cabeça de borracha e lentes de contato (eu ajoelho para o John [Billingsley] depois dessa experiência). Apesar da dor, acho que vai ser um ótimo episódio.”

Ficha Técnica

Escrito por André Bormanis
Dirigido por LeVar Burton

Exibido em 24 de setembro de 2003

Títulos em português: “Extinção”

Elenco

Scott Bakula como Jonathan Archer
Jolene Blalock como T’Pol
John Billingsley como Phlox
Anthony Montgomery como Travis Mayweather
Connor Trinneer como Charlie ‘Trip’ Tucker III
Dominic Keating como Malcolm Reed
Linda Park como Hoshi Sato

Elenco convidado

Daniel Dae Kim como cabo Chang
Roger Cross como Tret
Troy Mittleider como Palmer
Craig Baxley Jr. como agente descontaminador 1
Philip Boyd como oficial de comunicações
Kiante Elam como humanoide alienígena
Jimmy Ortega como agente descontaminador 3
Keith Schindol como agente descontaminador 2
Brian Williams como dublê de agente descontaminador

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Edição de Mariana Gamberger
Revisão de Nívea Doria

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