ENT 3×09: North Star

Trip e T'Pol em planeta estilo velho oeste

Roteiro regular produz episódio totalmente fora do contexto do arco

Sinopse

Data: Desconhecida

Uma noite, no que parece ser uma cidade do Velho Oeste americano, quatro homens em cavalos cavalgam até uma árvore, onde um dos homens, que é um alienígena, é enforcado. Na manhã seguinte, dois humanos estão discutindo o pagamento pelo funeral do alienígena morto. Archer, que está vestido em roupas da época, olha ao ouvir a conversa. Ele se encontra com T’Pol e Trip, que confirmam que estes são, de fato, humanos. Eles vão a uma área isolada e o capitão contata a Enterprise.

Malcolm diz que eles rastrearam 90% da superfície e que há 6.000 humanos vivendo em povoados próximos e cerca de 1.000 alienígenas que vivem em povoados não muito distantes dos humanos. Não há sinais de tecnologia avançada, os primeiros prédios têm cerca de 250 anos e eles foram feitos de materiais provenientes do planeta. Archer instrui Trip e T’Pol a checar o povoado alienígena.

Humanos em planeta na Expansão Délfica

Archer entra num bar e se senta, descobrindo que o barman é um descendente direto de um homem que sobrepujou os alienígenas. Um ajudante do xerife, chamado Bennings, entra no bar e começa a provocar um garçom alienígena, fazendo com que beba whisky. Ele, então, oferece ao alienígena a chance de atirar nele e Archer decide interferir, pedindo ao garçom que, antes, traga a ele outra xícara de café. O xerife MacReady entra e pergunta qual é o problema. Archer sai e MacReady instrui Bennings a ficar de olho em Archer e se certificar de que ele saia da cidade.

Trip e T’Pol vão ao povoado alienígena e veem o casco depredado de uma nave espacial. Enquanto eles investigam, Archer visita a mulher que pagou pelo enterro do alienígena e descobre que seu nome é Bethany e que ela é a professora da escola da cidade. Ela é simpática aos skagarans, raça dos alienígenas, e convida Archer a ir a uma de suas aulas para as crianças no povoado skagaran.

Archer em bar estilo velho oeste

Lá, Archer se reúne com Trip e T’Pol para falar sobre suas novas descobertas. T’Pol encontrou alguns chips de dados e Archer os instrui a voltar à Enterprise para analisá-los. Ele ficará lá com Bethany. Algum tempo depois, Bennings e seus capangas os surpreendem, prendendo Bethany e Archer — é ilegal instruir crianças skagarans.

Na manhã seguinte, Bethany conta mais da história entre os humanos e os skagarans. Há 300 anos, esses alienígenas sequestraram os humanos na Terra e os trouxeram a este planeta como mão-de-obra escrava para construir uma colônia. Alguns anos depois, um homem chamado Cooper Smith queimou a nave skagaran, destruiu as armas e assassinou a maioria dos alienígenas. Ele criou leis para que os skagarans não pudessem ter terras ou se casar.

Bethany e Archer

Bennings aparece e diz a Archer que MacReady quer vê-lo. O xerife, que está na barbearia, pergunta o que ele está fazendo lá e diz que ele precisa sair da cidade em uma hora. Archer pergunta a ele quantos anos Bethany passará na cadeia por ensinar crianças skagarans. Dez, ele responde. Archer volta à prisão sozinho e nocauteia Bennings, pega as chaves e liberta Bethany. Eles pegam um cavalo e fogem, mas Bennings sai atrás e atira em Bethany. O capitão chama a Enterprise e é teletransportado, com a professora, à nave.

Phlox salva a vida de Bethany. Enquanto isso, Bennings diz a MacReady que Archer está trabalhando com os skagarans para que eles possam voltar ao comando. Ele se oferece para se livrar dos skagarans de uma vez por todas. MacReady diz que ele precisa manter a lei, então Bennings desiste de seu cargo para executar sua “solução”.

Archer e Bethany sendo transportados para a Enterprise após ela ser baleada

Na Enterprise, Archer diz à tripulação que, assim que eles tiveram terminado sua missão com os xindis, voltarão ao planeta para trazer aqueles humanos de volta à Terra. Archer, Malcolm, T’Pol e alguns MACOs descem ao planeta numa cápsula auxiliar. Archer fala com MacReady em seu escritório e diz que eles precisam mudar seu modo de pensar, porque preconceito não é mais aceito na Terra. Eles se acertam, mas um dos homens de Bennings dispara contra os dois. Um tiroteio se segue, mas os mocinhos prevalecem.

Bethany volta a ensinar as crianças, humanas e skagarans, com um padd na mão, falando sobre Orville e Wilbur Wright.

Comentários

O que este episódio da segunda temporada está fazendo na terceira? Esse é basicamente o problema de “North Star”, que, de resto, lembra muito o estilo narrativo de alguns episódios da Série Clássica.

Não é expressamente proibido fazer episódios totalmente desvinculados da premissa xindi durante o terceiro ano. Já aconteceu antes, em segmentos como “Extinction” ou “Impulse”. Mas em nenhum momento um episódio se desvinculou tanto do contexto geral da temporada quanto “North Star”.

Title Card Enterprise North Star

Até é compreensível que a Enterprise decida fazer um pequeno desvio em sua caça aos xindis para descobrir como alguns humanos foram parar num planeta imerso na Expansão Délfica. Por outro lado, é completamente descabido que Archer não só perca tempo interferindo nos assuntos desses humanos, mas arriscando sua vida para trazer um pouco de civilização àquele povoado.

A decisão de só tomar alguma providência com relação àqueles humanos depois que o assunto xindi estivesse resolvido deveria ter sido feita logo de cara, quando T’Pol e Trip Tucker voltaram à nave; não somente depois que os tripulantes se viram na impossibilidade de transportar os 6000 habitantes humanos daquele planeta a bordo da Enterprise.

Tripulação Enterprise em planeta estilo velho oeste

Se fizermos o devido procedimento de suspensão da descrença (que não é um pequeno esforço neste caso, é bom que se diga), de resto o episódio até que apresenta elementos interessantes. É sempre bom ter uma mudança de ares, num episódio com bom número de cenas em locação, cavalos e muitos personagens convidados — e “North Star” abusa desses elementos.

Em termos narrativos, o episódio lembra bastante, tanto no conteúdo como na gritante “moral da história”, os segmentos da Série Clássica. Temos, aqui, um típico manifesto contra o preconceito, a perpetuação de velhos conflitos e a necessidade de a humanidade seguir evoluindo para um estado de maior harmonia, civilidade e fraternidade cósmica.

Bennings e seus homens contra os skagarans

Além de tudo, também lembra a Série Clássica na (proposital) economia de maquiagem. Não só a maioria dos personagens é realmente humana, como os poucos que não são têm diferenças craniais bem sutis — os skagarans, até para enfatizar a mensagem do contrassenso do preconceito, são extremamente similares aos humanos.

A fim de contar essa história, o roteirista David A. Goodman força a mão até mesmo no argumento de como eles foram parar lá. O sequestro dos humanos pelos skagarans no século 19 e seu transporte até a Expansão Délfica soam falsos como uma nota de três reais, assim como a posterior revolta dos humanos, liderados por Cooper Smith, que é capaz de sobrepujar alienígenas com tecnologia vastamente superior e até mesmo fazer com que sejam marginalizados em pouquíssimo tempo. Até nessa falta de verossimilhança — em favor de uma “mensagem” –, o estilo lembra a Série Clássica.

Menina Skagaran

O tema do Velho Oeste também é recorrente em Jornada nas Estrelas. Só para citar os dois exemplos mais famosos, temos “Spectre of the Gun”, da Série Clássica, e “A Fistful of Datas”, de A Nova Geração, que seguem a mesma temática. Felizmente, os enredos são bem diferentes entre si.

Quanto aos personagens, não há muito o que falar — trata-se de um segmento totalmente orientado para a história e a tripulação da Enterprise tem pouco a ganhar, em termos de crescimento interior. A direção de David Straiton se sobressai nas cenas de ação e o momento mais destacado do episódio é o clímax, com a bonita descida da cápsula auxiliar no meio da praça central e o posterior tiroteio entre os homens de Bennings e a tripulação da NX-01.

No final das contas, não dá para dizer que é um episódio ruim; “North Star” apenas fracassa por estar no contexto errado e por abusar um pouco da boa vontade da audiência, num momento em que a evolução do arco xindi deveria ter precedência.

Avaliação

Citações

“Do you have any experience riding one of these animals?”
(Você tem experiência cavalgando em algum desses animais?)
T’Pol

“All the things humanity has accomplished, building ships like this and traveling to other worlds, and we’re still down there shooting each other.”
(Todas as coisas que a humanidade conseguiu, construir naves como essa e viajar a outros mundos, e ainda estamos lá embaixo atirando uns nos outros.)
Bethany

Trivia

  • David A. Goodman contou sobre as origens da história. “Esse episódio veio de Brannon me desafiando a criar uma história com uma ‘Terra paralela’ como as que eles tinham na Série Clássica, mas uma que se encaixasse em Enterprise. Minhas favoritas da Série Clássica eram “A Piece of the Action” e “Patterns of Force”, uma vez que não dependiam do impossível para explicar coisas como a ‘Lei Hodgkins de Desenvolvimento Planetário Paralelo’. Foi realmente inspirado por esses episódios e, como é um cenário de faroeste, eu fiz uma homenagem a “Spectre of the Gun” dando a um dos alienígenas o nome de Cronin.”
  • Glenn Morshower apareceu em dois episódios de A Nova Geração, como o alferes Burke em “Peak Performance” e como Orton em “Starship Mine”; ele também interpretou um guarda em “Resistance” (Voyager) e um navegador em Generations. Este é seu quinto papel em Jornada.
  • James Parks apareceu como Vel em “The Chute” (Voyager). Tom Dupont já havia trabalhado fora de cena em Jornada nas Estrelas V: A Última Fronteira, como um paramédico nas cenas do Parque Yosemite.
  • Scott Bakula comentou sobre o segmento: “Descobrimos uma civilização espalhada por esse planeta, em que vivem humanos que foram abduzidos da Terra 300 anos atrás. Isso, é claro, 300 anos antes de 2153. Então, eles eram uma caravana, sua tecnologia não era desenvolvida. Acabamos no Velho Oeste, com cintos e seis armas e o que faz o episódio interessante é a relação entre os humanos nos planetas e os skagarans, a raça que originalmente os abduziu”.
  • As cenas de faroeste do episódio foram filmadas no estacionamento da Universal Studios.

Ficha Técnica

Escrito por David A. Goodman
Dirigido por David Straiton

Exibido em 12 de novembro de 2003

Títulos em português: “Estrela Polar”

Elenco

Scott Bakula como Jonathan Archer
Jolene Blalock como T’Pol
John Billingsley como Phlox
Anthony Montgomery como Travis Mayweather
Connor Trinneer como Charlie ‘Trip’ Tucker III
Dominic Keating como Malcolm Reed
Linda Park como Hoshi Sato

Elenco convidado

Emily Bergl como Bethany
Glenn Morshower como xerife MacReady
James Parks como assistente Bennings
Paul Rae como barman
Steven Klein como Draysik
Gary Bristow como homem do estábulo
Mike Watson como skagaran
Alexandria M. Salling como garota skagaran
Jon Baron como garoto skagaran
Jeff Eith como caubói 1
Cliff McLaughlin como caubói 2
Tom Dupont como caubói 3
Dorenda Moore como MACO 1
Kevin Derr como MACO 2

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Edição de Mariana Gamberger
Revisão de Nívea Doria

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