VOY 3×04: The Swarm

Episódio traz ação para a nave, um Doutor holográfico gagá e seu criador

Sinopse

Data estelar: 50252.3

Paris e Torres são confrontados por alienígenas que se materializam em sua nave auxiliar, disparam uma arma contra eles e desaparecem tão rápido como tinham aparecido. Embora Paris esteja ferido, Torres se recupera o bastante para levá-los de volta à Voyager. Neelix conta a Janeway que não conhece esses alienígenas por nome, apenas por reputação. Eles atacam qualquer forasteiro que ousa entrar em seu território, juntando-se em uma nuvem como insetos ferozes. Infelizmente, traçar um curso em volta da vasta fronteira não é possível, então Janeway opta por permanecer na rota.

Na enfermaria, o Doutor não consegue se lembrar de como completar uma operação; os circuitos de memória do Holograma Médico de Emergência parecem estar se degradando. O único modo de ajudá-lo seria reiniciar seu programa, mas Torres revela que, se fizer isso, todas as memórias que o Doutor acumulou ao longo dos dois últimos anos serão perdidas, junto com muito de sua personalidade. Torres transfere o programa dele para uma recriação da Estação Júpiter no holodeck, onde seu banco de dados foi originalmente escrito. Lá, eles encontram uma versão holográfica do Dr. Lewis Zimmerman, o criador do HME. “Zimmerman” explica que o problema do Doutor é compreensível, já que o programa foi feito para rodar apenas por 1.500 horas.

A tripulação ajusta os escudos da nave para que ela possa passar pela rede de sensores dos alienígenas sem ser detectada. Mas, à medida que a Voyager procede, uma pequena nave dispara um pulso polárico que a torna novamente visível. A “nuvem” começa a persegui-la e a tripulação vai aos postos de batalha. As minúsculas naves se prendem à Voyager e começam a drenar sua energia. Percebendo que cada nave na nuvem está conectada em nível quântico, a tripulação cria uma reação em cadeia explosiva que as desativa a tempo suficiente de atravessar todo o território.

Com a degradação da memória do Doutor piorando a cada minuto, Kes convence o programa de Zimmerman a incorporar sua matriz à do médico. O procedimento funciona, embora leve algum tempo até que saibam se o Doutor manteve todas as suas memórias.

Comentários

É possível identificar duas tramas principais sendo trabalhadas em “The Swarm”. A primeira — e menos relevante — é a travessia da Voyager pelo território de uma nova espécie hostil e misteriosa, cujo nome nem é mencionado na história. A outra envolve o Doutor. Se apenas um médico holográfico já é puro humor, dois são entretenimento garantido.

Sobre os alienígenas da semana, o que se pode dizer é que há originalidade. Eles são incomunicáveis. A sintaxe de sua língua não pode ser analisada pelo tradutor universal, logo a comunicação verbal é impossível. Eles também não falam muito. A única frase que Harry consegue identificar é “Tarde demais” — isso mexe com a adrenalina do telespectador. A partir desse momento, o episódio é só ação e aventura.

Eles poderiam ser um inimigo em potencial para a série, mas nunca mais são vistos. Aí é que está o ponto fraco da história. A Voyager consegue escapar muito fácil da ameaça e os alienígenas desistem muito rapidamente do ataque. Para um povo tão meticuloso com suas fronteiras, isso é meio forçado. Aliás, a solução final toda é meio forçada e deixa o telespectador um pouco decepcionado. A Voyager passa 44 minutos se metendo em encrenca, o que deixa a audiência cheia de adrenalina e ansiedade, mas aí a solução para combater os alienígenas vem de uma explicação capenga e cheia de tecnobaboseira proporcionada por Harry Kim. É uma decepção. De toda forma, a aparição desses novos e misteriosos alienígenas é uma grande adição ao banco de dados xenobiológicos da nave perdida da Federação.

Por sorte, o enfoque principal fica mesmo no desenvolvimento do personagem de Robert Picardo, o Doutor. Não é à toa que já virou uma tradição dizer que as histórias centradas no Doc são sempre boas. No caso de “The Swarm”, aborda-se questões éticas, até filosóficas. Novamente tem-se o sentimento de realidade na série.

O médico da nave, um programa de computador tentando conquistar respeito e autonomia, de novo traz à tona o questionamento “afinal, ele é um ser vivo ou uma máquina?”, ao apresentar uma sobrecarga em seu sistema de memória.

Essa pergunta pesa muito na hora em que se decide apelar à recriação do Dr. Zimmerman, ao invés de simplesmente reiniciar todo o programa — procedimento que apagaria as vivências acumuladas pelo holograma médico. Aqui, o Doutor mostra o seu valor. Já não há dúvidas quanto à sua consciência. Ele tem amigos, respeito. Ele já não é o mesmo do episódio piloto.

Os produtores e roteiristas da série reconhecem no terceiro ano a potencialidade do personagem. Assim, os fãs podem esperar por diversas outras tramas envolvendo-o. Nesta temporada, “Real Life” e “Darkling” são exemplos.

Janeway está entre os outros destaques do episódio. Ela começou a temporada bem mais audaciosa e prática. É estranho como se preocupava tanto com a Primeira Diretriz até pouco tempo atrás e agora arruma meios de ocultar a Voyager de sensores para atravessar fronteiras territoriais sem a permissão dos habitantes locais. Talvez tenha sido a experiência final com os kazons… É sempre interessante ver esse lado “Kirk” da capitão. Muitos acham que é por aí que a série deveria ter seguido. Seria mais pertinente, honraria melhor a premissa, seria mais realista, crível.

Comentários quanto aos efeitos especiais são dispensáveis. É só se lembrar de cenas como a nuvem de naves perseguindo a Voyager.

Só mais uma coisa, a título de curiosidade. Os fãs também devem prestar bastante atenção em Tom Paris e B’Elanna Torres nesta temporada.

Avaliação

Citações

“All the soprani seem to have the most irritating personalities. These woman are arrogant, superior, and condescending. I can’t imagine anyone behaving that way.”
(Todas os sopranos parecem ter as personalidades mais irritantes. Essas mulheres são arrogantes, superiores e condescendentes. Não consigo imaginar alguém se comportando assim.)
Doutor

Trivia

  • Robert Picardo deu suas próprias sugestões sobre o Doutor para os produtores e roteiristas. Foi dele a ideia da perda de memória do holograma por causa do excesso de informações inúteis armazenadas, como ópera.
  • Tim Russ achou que seu personagem não foi muito bem tratado no episódio. Quando perguntado sobre a ausência de protestos de Tuvok após a decisão de Janeway de cruzar aquele espaço alienígena hostil, Russ respondeu: “Ele objetou na sala de reuniões e eu pedi aos produtores por mais que uma objeção. Achei que o personagem devia ter traçado o plano de voo por aquela região.”

Ficha Técnica

História de Michael Sussman
Dirigido por Alexander Singer

Exibido em 25 de setembro de 1996

Título em português: “O Enxame”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

Carole Davis como Diva
Steven Houska como Chardis

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Edição de Stéphanie Cristina
Revisão de Nívea Doria

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