Voyager e sua tripulação são duplicadas
Sinopse
Data estelar: Desconhecida
O combustível da Voyager acaba. Quando os sistemas começam a ser cortados e alguns decks evacuados, Seven descobre um planeta Classe-Y com alta concentração de deuterium. Infelizmente, Chakotay ressalta que a Frota se refere àquele tipo de astro como “planeta demônio”, por causa da atmosfera tóxica. Quando a tripulação tenta transportar o deuterium a bordo, ocorre uma explosão. Kim e Paris, então, se candidatam a descer e explorar o combustível da própria superfície. Apesar de protegido por trajes ambientais, Kim é sugado para uma piscina de composto metálico e tem a roupa danificada. Seu oxigênio escapa rapidamente. O colega tenta ajudá-lo, mas também enfrenta um defeito na vestimenta. Ambos desmaiam antes de chegar à nave auxiliar.
Sem comunicação com os oficiais, Janeway decide aterrissar a Voyager no planeta e mandar um grupo avançado para procurá-los. Chakotay e Seven vestem os trajes ambientais e iniciam a busca. Não demoram a achar a nave auxiliar, mas também não encontram ninguém está a bordo. O comandante é puxado para uma poça semelhante à que tragou Kim. Enquanto tenta se levantar, Paris aparece — apenas de uniforme — e ajuda Seven a levantar Chakotay.
O piloto explica que ele e Kim aparentemente se adaptaram ao ambiente e convida os colegas a tirarem os trajes especiais. Eles se recusam a correr o risco. Chakotay pede que voltem à Voyager para exames. Assim que chegam, no entanto, Paris e Kim começam a sufocar. Eles são levados à Enfermaria e o Doutor rapidamente ergue um campo de contenção, preenchendo-o com os gases do planeta. Só assim a dupla consegue respirar. De acordo com o médico, o fluído metálico entrou na corrente sangüínea dos dois e alterou sua fisiologia em nível celular. A não ser que consiga reverter os efeitos, Tom e Harry terão de ser deixados para trás.
Janeway e Torres analisam a substância metálica no laboratório. Ficam surpresas quando o composto duplica um dedo da tenente. Na superfície, o grupo avançado descobre os corpos de Kim e Paris. Quase mortos, são transportados para a Enfermaria. A duplicata de Kim, que acompanhava o grupo, recusa-se a voltar à Voyager, alegando ter uma ligação com o planeta. A situação fica tensa quando uma imensa piscina começa a se formar debaixo da nave. Janeway tenta colocá-la em órbita, mas uma força eletromagnética impede a subida.
Quando consegue transportar a duplicata de Kim a bordo, a capitã ordena que sua nave seja libertada. Ele tenta explicar por que os prendeu. O composto é vivo, mas nunca experimentou consciência. Quando entrou em contato com os corpos de Paris e Kim, ficou ciente pela primeira vez e agora quer mais. A tripulação concorda em doar amostras de DNA, para que o planeta se auto-povoe. Depois disso, a Voyager é solta e continua sua jornada.
Comentários
Por onde começar a análise do segmento da semana? É difícil achar apenas um adjetivo, mas “tolo” aproxima-se bastante do sentido de “Demon”. Temos aqui uma premissa interessante até. Acabou o “combustível” da Voyager. Não vale nem a pena especular sobre como a capitã deixou que se chegasse a tal situação. Pensemos que a nave percorreu centenas de anos-luz sem uma fonte de deuterium ao alcance. De imediato, sente-se que algo “não cola” na atitude dos oficiais. O humor está totalmente fora de propósito em momentos de desespero como aquele. Aí, então, Seven – essa sim, bastante preocupada – continua trabalhando na Astrometria e descobre um planeta Classe Y.
Chakotay a desencoraja, explicando que a Frota considera aquele tipo de planeta o de ambiente mais hostil à vida. Nova contradição. Tom e Harry descem em seguida e caminham tranqüilamente pela superfície (supostamente corrosiva) com seus trajes espaciais. Sobre o alferes, há de se surpreender pelo seu súbito ar de confiança. Não que haja algo errado. Já se passaram quatro anos nesse laboratório chamado USS Voyager. Mas Harry voltará a seu old charming self a partir do próximo episódio. Tuvok também está mais irritante do que o usual. Por que implica tanto com os cobertores de Neelix? Não é lógico o Talaxiano ter de usar obrigatoriamente os lençóis-padrão da Frota. É claro, tudo isso apareceu na história apenas para provocar a seqüência na Enfermaria.
Em momento raro na série, nem o Doutor se salva. Pela gravidade da situação, com o racionamento de energia e tudo mais, por que o programa dele permaneceu ativo sem que houvesse emergências médicas? Ainda que o tenham preservado em respeito a seus sentimentos, por que ninguém o transferiu ao emissor móvel? Depois, quando de fato há uma emergência, por que o médico aciona as luzes ao máximo? A nave não estava operando em modo cinza? Tudo é incoerente. E os roteiristas escreveram dessa forma apenas para precipitar diálogos de pseudo teor humorístico.
Para se ter em mente quão desesperadora era a situação, a capitã ordenou que a Voyager aterrissasse na superfície do planeta. Decisão questionável, uma vez que ela própria alertara sobre o perigo de mandar uma nave auxiliar. De qualquer forma, Tuvok avisa: “Agora que descemos, não subiremos tão cedo”. Ou seja: ou a nave consegue deuterium, ou todos viram churrasco em questão de horas (sim, porque B’Elanna diz que eles têm apenas duas horas de oxigênio). Quando o composto mimético reage e Janeway tenta recolocar a Voyager em órbita, evidentemente lá se vai mais energia, mormente porque havia uma força impedindo a decolagem. Passam-se diálogos, argumentações, e a nave consegue ser liberada. Mas em momento algum ela coletou o deuterium de que precisava – e esse é o maior furo no roteiro de “Demon”.
Há também questões éticas interessantes aqui. Não parece conveniente demais que a discussão sobre a clonagem da tripulação não tenha sido mostrada em tela? Deduz-se que todos a bordo aceitaram ser duplicados e abandonar suas duplicatas no planeta – duplicatas essas que retêm as memórias dos tripulantes de origem. E quanto à Primeira Diretriz? Janeway literalmente dá toda a tecnologia e os conhecimentos da Frota Estelar a uma raça recém-criada, e depois parte para o Quadrante Alfa sem qualquer restrição ou dúvida.
Não sejamos tão negativos. Há, sim, belas surpresas no episódio. Os efeitos visuais são maravilhosos. “Demon” traz sem dúvida a melhor seqüência de pouso da Voyager na série. Aderir ao CGI foi uma decisão acertada do estúdio. Outro aspecto positivo foi a participação de todo o elenco na história. Em tempos de atenções voltadas apenas a Seven, foi bom ver uma distribuição mais equilibrada dos papéis. Mas não se anime, ela volta a ser a estrela no segmento seguinte.
Avaliação
Citações
“Everyone redouble your efforts. Keep your eyes open for new sources of deuterium. Tuvok, Chakotay, I want recommendations for further methods of conservation. Harry, you and I will give them a hand in geophysics. See if we can’t synthesise a substitute fuel. In the meantime, we stay in grey mode. If anybody’s got any other ideas, I’m listening.”
“We could set up a bicycle in the mess hall, attach a generator, pedal home.”
“Now why didn’t I think of that?”
(Todos redobrem seus esforços. Mantenham os olhos abertos para novas fontes de deuterium. Tuvok, Chakotay, quero recomendações para outros métodos de conservação. Harry, você e eu vamos ajudá-los na geofísica. Veja se não podemos sintetizar um combustível substituto. Nesse meio tempo, vamos manter o modo cinza. Se alguém tiver outras idéias, estou ouvindo.)
(Poderíamos montar uma bicicleta no refeitório, ligar um gerador, pedalar para casa.)
(Como é que não pensei nisso?)
Janeway e Paris
“Captain, maybe I can help.”
“Harry, the bicycle thing was just a joke.”
(Capitã, talvez eu possa ajudar.)
(Harry, aquela coisa da bicicleta foi só uma piada.)
Kim e Paris
“Take Seven of Nine with you.”
“You’re recommending her?”
“You said you needed cool heads, didn’t you? Nobody’s head is cooler than hers.”
(Leve Seven of Nine com você.)
(Você a está recomendando?)
(Disse que precisava de cabeças frias, não é? Ninguém tem a cabeça mais fria que ela.)
Torres e Chakotay
Trivia
- Os eventos do episódio repercutem em “Course: Oblivion”, da quinta temporada.
- O departamento de maquiagem provavelmente usou em Tim Russ as orelhas Vulcanas do Tuvok maligno de “Living Witness”. Aqui, elas estão maiores do que as convencionais.
Ficha Técnica
História de Andre Bormanis
Roteiro de Kenneth Biller
Dirigido por Anson Williams
Exibido em 6 de maio de 1998
Título em português: “Demônio”
Elenco
Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Jeri Ryan como Seven of Nine
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim
Elenco convidado
Alexander Enberg como Vorik
Enquete
Edição de Mariana Gamberger
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