Star Trek: Enterprise relembra 25 Anos com humor e reflexão na STLV 2025

Em 2026, Star Trek: Enterprise celebrará 25 anos desde sua estreia. O fim da série em 2005 marcou não apenas o encerramento de uma era importante para Star Trek, mas também um momento de incerteza, com fãs temendo o fim da franquia devido à saturação da marca após anos de produções ininterruptas.

Durante a convenção a última STLV: Trek to Vegas, cinco atores do elenco — Connor Trinneer (Charles Tucker III), Anthony Montgomery (Travis Mayweather), Dominic Keating (Malcolm Reed), John Billingsley (Phlox) e Scott Bakula (Jonathan Archer) — se reuniram em painéis cheios de nostalgia, humor e reflexões sobre os altos e baixos da série.

Durante o bate papo com a plateia, uma fã observou que Enterprise era a série favorita de seu marido falecido e perguntou se tinha um tom mais “masculino”. Keating concordou, dizendo que a série tinha um clima de “clube dos homens” e que foi feita em uma época de mudanças na TV, antes do movimento Me Too.

Eu acho que havia, sim, um certo clima de ‘clube dos homens’, concordo. E acho que foi meio que o último suspiro disso, sabe? Foi antes do movimento Me Too. Tudo estava mudando. A gente não sabia que estava mudando, mas estava. Tudo estava se transformando enquanto estávamos literalmente gravando a série: o jeito de fazer TV, como as pessoas assistiam TV, como reagiam ao que viam na tela. Tudo isso estava mudando naquela época. Só que a gente não percebia, e é por isso que duramos só quatro anos.

Nota: O movimento Me Too ganhou destaque global em 2017, impulsionado por denúncias públicas de assédio e abuso sexual, principalmente na indústria do entretenimento. Durante a produção de Enterprise (2001–2005), o ambiente da televisão, incluindo os sets de filmagem, ainda refletia uma cultura mais permissiva em relação a comportamentos que hoje seriam questionados. Por exemplo, piadas, dinâmicas de elenco ou roteiros poderiam incluir elementos que, após o Me Too, seriam vistos como inadequados ou insensíveis, especialmente em relação a questões de gênero.

Montgomery complementou, sugerindo que a série conectava o público por mostrar personagens mais humanos e falhos, diferentes dos “heróis perfeitos” de outras séries de Star Trek, como a do Capitão Kirk.

Eu não sei se era exatamente o conceito de ‘homem viril’, mas, no fundo, acho que as pessoas se conectaram com a série porque ela era mais próxima de quem éramos naquela época. Infelizmente, está mais próxima de quem somos agora… E ele [Dominic Keating] está certo, com os movimentos Me Too, que claramente não tiveram o impacto que deveriam, mas isso é outro assunto para outro dia. Tudo mudou. Então, para nós, acho que as pessoas se conectaram porque viram em nós mais de si mesmas, em vez dos humanos perfeitos, como Kirk e os outros. Esse é o meu pensamento, porque somos definitivamente homens e pessoas imperfeitas, nesta sociedade em que estamos agora

Já Billingsley destacou o “milagre” de a série ter durado quatro temporadas na UPN, uma emissora que enfrentava dificuldades e tinha pouca audiência.

Eu diria que, considerando a realidade, o fato de estarmos na UPN, que a própria emissora estava morrendo, que não tinha grande penetração de mercado, blá blá blá. O fato de termos conseguido quatro [temporadas] é um milagre. Tendo participado de várias séries fracassadas que não chegaram a 13 [episódios]… Mas quatro temporadas em uma série de televisão aberta não são nada desprezíveis.

Impacto do 11 de Setembro na série

A terceira temporada de Enterprise foi um ponto de virada, segundo os atores. Diferente das duas primeiras, que seguiam histórias independentes, ela trouxe um arco contínuo inspirada nos acontecimentos pós-11 de setembro.

Keating disse que a temporada respondeu a esses eventos, mas não era sua favorita. Billingsley elogiou o ritmo mais dinâmico que o arco trouxe, resolvendo críticas de que a série parecia “lenta” no início.

Uma coisa que eu acho que fez – além da questão política, e acho que nós, muitos de nós, temos opiniões diferentes sobre se deveria ou não ter sido um comentário sobre o 11 de Setembro – foi que introduziu propulsão em nossas narrativas. E acho que muitas críticas à primeira temporada foram de que ela era um pouco inerte. Para nós, estar lá explorando, parecia meio que: ‘Cadê a motivação?’ Então, acho que criou um impulso na terceira temporada que estava meio que faltando.

Para Scott Bakula, os ataques de 11 de setembro de 2001 não apenas abalaram o mundo, mas também deixaram sua marca em Star Trek: Enterprise:

Aquele dia transformou tudo, inclusive o rumo da nossa série.

Foi nesse contexto que os produtores decidiram introduzir o arco narrativo Xindi na terceira temporada, uma mudança significativa no tom e na história. Quando consultado sobre a ideia, Bakula foi enfático:

Isso mudou a direção da série e levou ao arco Xindi. Os produtores me perguntaram sobre isso e eu disse: “É, vamos fazer.. É necessário.”

Embora tenha adorado o arco Xindi, admitiu que seu personagem, Capitão Archer, enfrentou momentos sombrios que ele, como pessoa, não sabia se conseguiria vivenciar.

Archer passou por algumas reviravoltas sombrias em sua trajetória. Gosto de pensar que isso não é algo que necessariamente tenho dentro de mim, e não fui testado na minha vida para saber a resposta para isso. Mas as coisas que aconteceram nas últimas temporadas, em que ele pisou fundo no acelerador, foram coisas… meio divertidas de interpretar, mas imaginar chegar a esses extremos é algo que nunca passei.

O Universo Espelho

Durante o painel, Scott Bakula divertiu a plateia com histórias nostálgicas sobre a produção. Um dos momentos comentados foi quando ele falou sobre a gravação do episódio duplo In a Mirror, Darkly”, que trouxe de volta os cenários clássicos da série original de Star Trek, como a ponte do USS Defiant. Bakula descreveu a experiência como “mágica”.

Foi incrível. Nos divertimos muito gravando aquele episódio, que é um dos meus favoritos. Michael Sussman o escreveu… e foi simplesmente fantástico. Foi realmente especial ver todo mundo no estúdio se reunindo ao redor daquele palco, com pessoas vindo de todos os cantos, até da contabilidade, para tirar fotos. Era meio mágico, sabe? Tão mágico quanto era estar todos os dias em um set que parecia uma nave espacial. Voltar àquele cenário clássico, que me marcou na infância e me fez apaixonar pela série, foi muito divertido. E depois interpretar aquela versão alternativa, que mudava completamente a dinâmica, foi uma das minhas experiências favoritas. Foi demais.

A controvérsia sobre “These Are The Voyages…”

Segundo Bakula, a missão central da temporada final era mostrar os primeiros passos da formação da Federação, o coração da visão de Star Trek para um futuro unificado.

Nosso objetivo era plantar as sementes da Federação

No entanto, o final de Enterprise, com o episódio “These Are The Voyages…”, dividiu opiniões. Sobre as críticas, Bakula amenizou:

Nem todo mundo vai ficar satisfeito.

As quatro temporadas de Star Trek: Enterprise estão disponíveis no Paramount+.

Fonte: TrekMovie

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