Com uma carreira que começou como estagiário em A Nova Geração em 1990, Braga se tornou um dos maiores contribuidores para o crescimento do universo Star Trek, escrevendo mais de 100 episódios e dois longas-metragens, além de assumir a liderança como showrunner de Star Trek: Voyager e cocriador de Star Trek: Enterprise.
Durante um painel comemorativo do 30º aniversário de Voyager, Braga começou com uma reflexão nostálgica sobre as temporadas longas que marcaram Voyager. Braga destacou como a série, com seus 26 episódios anuais, criou um vínculo duradouro com os fãs.
Eu olho para esse público e acho que vocês estão aqui porque tiveram um relacionamento de longo prazo com Voyager. A série tinha 26 episódios por ano. Alguns de vocês provavelmente continuam assistindo porque é aconchegante e esse é o tipo de relacionamento que vocês tinham. Muitas séries agora são relacionamentos do Tinder — oito episódios a cada dois anos, eu acho. Isso não vai ser algo que você necessariamente vai passar para os seus filhos. E eu acho que é uma perda… É um novo paradigma. E algumas séries ainda fazem isso… NCIS (Naval Criminal Investigative Service) gosta de 22. Mas eu realmente não sei o que o futuro reserva para Star Trek, a franquia de TV, pelo menos, mas eu espero, eu espero que eventualmente eles voltem para uma temporada mais longa e sustentada.
Essa nostalgia não foi apenas sentimental. Braga apontou para a última temporada que teve 26 episódios de Star Trek, a segunda temporada de Enterprise, em 2002, contrastando com a era atual do Paramount+, onde temporadas de 10 episódios com intervalos de mais de um ano se tornaram a norma.
É difícil fazer grandes programas de TV. É complicado. Mas como conseguimos fazer 26 episódios? É como um milagre.
Braga ainda brincou sobre o infame episódio “Threshold“, da segunda temporada de Voyager, onde Janeway e Paris se transformam em salamandras.
Bem, claramente, considerando ‘Threshold‘, não houve nenhuma ideia rejeitada. Não deixamos nada de fora.
Apesar da fama do episódio, ele ainda defendeu sua primeira metade:
A primeira metade do episódio não é ruim.
Brannon Braga também discutiu The Orville, série de ficção científica criada por Seth MacFarlane, onde atua como produtor executivo, e que muitos fãs de Star Trek consideram capturar o espírito da franquia com mais autenticidade do que algumas de suas séries mais recentes. Braga revelou que ele e MacFarlane estão pensando em uma quarta temporada, mas isso ainda não se tornou oficial. Ele espera que aconteça. The Orville passa atualmente pelo Hulu.
Melhor episódio de Voyager para cada personagem
No painel, Braga também fez questão de homenagear cada membro do elenco de Voyager, escolhendo o episódio que melhor capturou a essência de seus personagens, em sua opinião.
Para Sete de Nove, interpretada por Jeri Ryan, ele apontou “Someone to Watch Over Me” (Alguém para Cuidar de Mim – T5 E22), elogiando a complexidade e vulnerabilidade que Ryan trouxe ao papel.
Se você já viu, sabe o que ela trouxe. Ela trouxe toda a complexidade e vulnerabilidade de Sete de Nove, e de alguma forma comunicou as duas coisas ao mesmo tempo, por algum milagre.
B’Elanna Torres, vivida por Roxanne Dawson, ganhou destaque em “Extreme Risk” (Risco Extremo – T3E5), onde sua engenhosidade e angústia Klingon foram exploradas ao máximo.
Roxanne trouxe perspicácia em engenharia, uma angústia meio Klingon… Mas para mim, ela era a personagem mais perigosa, a personagem mais inovadora, e naquele episódio, ela estava testando os limites de sua própria psique.
Tuvok, interpretado por Tim Russ, brilhou em “Meld” (Fundir T2 E16), na opinião de Braga, um episódio que mergulhou profundamente na psique Vulcana.
Isso é só uma análise profunda de Vulcano. Ele se funde mentalmente com um psicopata. E a atuação dele naquela coisa — e foi um dos primeiros episódios, bem no começo, a jogar isso nele. E ainda assim, acho que é o melhor episódio de Tuvok.
Chakotay, de Robert Beltran, foi lembrado por “Scorpion” Part 1 (Escorpião T3E26), onde sua tensão com Janeway destacou a força de sua liderança.
Ele usou a força de sua patente como primeiro oficial e desafiou o capitão. Eu só achei que você estava no seu melhor quando você e Janeway estavam brigando. Você fez essa dupla funcionar, porque precisávamos entender por que a ideia que Janeway estava prestes a ter era tão terrível. Precisávamos entender o perigo e o risco.
O Doutor, interpretado por Robert Picardo, teve a votação de Braga em “Latent Image” (Imagem Latente T5E11) um momento de reflexão profunda sobre trauma e ética.
Este não é um episódio em que ele canta, dança ou faz essas coisas. Mas é aquele que fala sobre o pós-trauma em relação a uma forma de vida artificial, e se deveríamos sequer considerar coisas assim. E como, com uma IA, por que não simplesmente excluí-la, e quais são as consequências disso? Acho que é um dos melhores episódios de Voyager, ponto final.
Harry Kim, de Garrett Wang, foi celebrado em “Timeless” (Atemporal – T5E6), onde quinze anos no futuro, Chakotay e Kim partem para mudar a história da destruição da Voyager.
A escolha óbvia, realmente mostrou suas habilidades de uma maneira muito, muito boa.
Tom Paris, de Robert Duncan McNeill, ganhou fama com o arco do Capitão Proton em “Bride of Chaotica!” (Noiva Caótica – T5E12), onde alienígenas acreditam que os personagens de uma holonovela criada por Tom Paris são reais.
Sei que parece uma resposta boba, mas realmente acho que conquistou Tom Paris e acabou se tornando algo muito popular.
Neelix, interpretado por Ethan Phillips, foi homenageado em “Mortal Coil” (Espiral Mortal T4E12), onde perdeu a fé após uma experiência de quase morte.
Neelix costumava ser o personagem que trazia alívio cômico, mas meu episódio favorito para ele foi ‘Mortal Coil’, em que ele perdeu a fé e foi desafiado após uma experiência de quase morte.
Já Kate Mulgrew, como a Capitã Janeway, foi lembrada por “Year of Hell” (Ano do Inferno – T4E8), o episódio em que o Império Krenim envolve a Voyager em uma guerra temporal mortal.
É um verdadeiro conjunto. Cada personagem tem um momento. É sobre a tripulação lutando contra adversidades impossíveis, que parte da premissa de estar perdido no Quadrante Delta e sobreviver ao seu limite absoluto. E eles permanecem juntos e são uma família até o último momento. E era disso que a série realmente se tratava. Era Janeway mantendo essa família unida.
Como Jennifer Lien, que interpretou Kes, não estava presente ao painel, Braga não escolheu nenhum episódio para ela. Após sair de Voyager, Lien enfrentou sérios problemas de saúde mental e alcoolismo, resultando em incidentes, prisões e ordens judiciais para tratamento de sua saúde mental.
Atualmente, Brannon Braga continua no trabalho de produtor executivo da série de ficção científica The Orville. Durante a STLV, Braga revelou estar envolvido na “pré-produção inicial” de um filme que não pôde detalhar, mas o descreveu como uma fusão entre crime real e elementos de terror.
Fonte: TrekMovie
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