A terceira temporada de Star Trek: Strange New Worlds consolidou sua posição como uma das séries mais inovadoras e emocionalmente ressonantes do universo Star Trek. Sob a liderança dos co-showrunners Akiva Goldsman e Henry Alonso Myers, a temporada revisitou elementos clássicos do cânone, enquanto aprofundou a jornada pessoal do Capitão Pike, no seu episódio final. Em entrevistas ao TrekMovie, os produtores compartilharam pensamentos sobre os episódios “Terrarium” e “New Life and New Civilizations”.
Reimaginando o Cânone com os Gorn
Os Gorn, icônicos lagartos introduzidos em “Arena” na série original, sempre foram uma paixão de Akiva Goldsman. Como co-showrunner, ele aproveitou Strange New Worlds para reimaginar esses antagonistas. Segundo Goldsman, o desafio era conciliar esses confrontos com o fato de que, em “Arena”, o Capitão Kirk não parece conhecer os Gorn. A resposta veio no episódio “Terrarium”. A revelação de que os Metrons manipulam as memórias dos envolvidos – apagando lembranças dos Gorn – explica, segundo Goldsman, a aparente ignorância de Kirk anos depois.
Há uma sugestão de que as memórias dos Gorn estão sendo adulteradas pelos Metrons. E que podem ser adulteradas novamente no futuro. Então, a ideia é que, potencialmente, houve outro encontro entre o que acabamos de ver [em ‘Terrarium’] e “Arena“. E, como resultado desse encontro, toda a memória dos Gorn foi apagada.
Henry Alonso Myers complementa, destacando que essa abordagem não apenas resolve questões canônicas, mas também instiga os espectadores com a promessa de histórias futuras.
Parte do que tentamos fazer é criar um problema futuro para nós mesmos e sugerir aos espectadores que existem histórias que vocês ainda não viram. Criamos a ideia de que existem histórias que vocês ainda não viram e que vão te contar a história. Se você continuar assistindo ao nosso programa, você vai vivenciar essas histórias. Esse é o objetivo.
Essa escolha narrativa de criar um “problema” sugere que outros encontros entre humanos e Gorn podem ter ocorrido e sido apagados, deixando espaço para histórias ainda não contadas.
A Jornada Emocional de Pike
O episódio final da temporada, “New Life and New Civilizations”, coloca o Capitão Pike no centro de uma narrativa emocional que remete ao clássico “The Inner Light” de A Nova Geração. Segundo Goldsman, a experiência vivida por Pike terá impactos duradouros, rompendo com a estrutura da televisão clássica, onde traumas do episódio anterior eram esquecidos na semana seguinte.
O que realmente me incomodou na estrutura da televisão aberta antigamente foi “City on the Edge of Forever“(Série Clássica) no final Edith Keeler está morta e Jim Kirk está destruído… e na semana seguinte ele está bem. Então, obviamente, o que estamos tentando fazer aqui com a continuidade do relacionamento entre os episódios é ter movimentos emocionais para que eles – para o bem ou para o mal – permaneçam. Então, por um lado, é claro que permanecerá. E ele também não vai se transformar em alguém que não seja o Capitão Pike. Ele é otimista. Ele supera o trauma. Ele vai trabalhar. Ele continuará a resolver esse problema, a explorar o espaço e a ser o capitão que ele é agora, influenciado por essa perda.
Myers reforça que o destino de Pike permanece inalterado, mas a temporada enriquece sua jornada, oferecendo uma visão mais complexa de sua vida antes do acidente inevitável. A relação de Pike com Batel, segundo Goldsman, foi planejada desde o início da temporada, com Melanie Scrofano (intérprete de Batel) ciente de seu arco trágico.
Conhecíamos o arco dela desde o início da temporada. Eu a escalei para o piloto porque eu dirigi, e ela foi simplesmente ótima, simplesmente incrível. Então pensamos: “Ah, tem algo de verdade aí”, então a trouxemos de volta. Mas quando estávamos chegando ao final da segunda temporada – que é, na verdade, o início da terceira temporada em termos de duas partes – pensamos: “Ah, aqui está uma coisa para fazer”. Então, a contratamos para um arco de uma temporada, e a Mel [Melanie Scrofano] sabia desde o início.
A decisão de não manter Pike “casado” durante seu futuro acidente alinha-se ao cânone, considerando a presença de Vina em sua história.
E, então, tem aquela coisa da Vina (The Cage e The Menagerie) com a qual a gente tem que lidar. Como Henry gosta de dizer, é só tentar te dar uma visão diferente dos momentos que você sabe que estão por vir. E enriquecendo a experiência dele, tornando-a complexa e dando a ele um amor pela vida dele – que então tiramos dele, mas com a estrutura da “The Inner Light”, para que haja um ponto de inflexão no tempo, para que possamos fazer tudo isso e, então, trazê-lo de volta à linha do tempo.
Detalhes visuais, como os olhos brilhantes de Batel, que lembram Gary Mitchell (Where No Man Has Gone Before), foram, segundo Goldsman, uma coincidência feliz dos efeitos visuais, não uma conexão intencional, mas que adicionou um toque marcante ao episódio.
Já os Vezda, introduzidos no final da temporada, são uma criação original, projetada para surpreender. Segundo Myers, após explorar os Gorn por temporadas, a equipe quis apresentar algo “novo e diferente” para abordar o conceito de mal de uma perspectiva única.
Tendo feito os Gorn serem os vilões por várias temporadas, uma das coisas que Akiva tinha era essa noção de que, na terceira temporada, você quer se deparar com algo surpreendente, novo e diferente, que faça você ver essas coisas pelas quais você acabou de passar de forma diferente. Sabíamos para onde estávamos indo emocionalmente com os Gorn, e quando você meio que chega lá emocionalmente, se você quiser continuar a explorar a ideia do mal no universo, você precisa se deparar com ele de uma maneira diferente. E esse era o objetivo com os Vezda. Vamos ver se conseguimos criar um personagem que possa continuar nos permitindo explorar essa ideia. Mas nós realmente queríamos torná-lo um tipo de espécie completamente diferente dos Gorn. Estamos explorando isso de uma maneira muito diferente.
Goldsman, no entanto, sugere que os Vezda, como os Gorn, podem não retornar, mas a série continuará a explorar o equilíbrio entre mal e empatia, uma marca da franquia.
Terminamos com os Vezda, assim como terminamos com os Gorn… Mas, falando do Henry, há uma espécie de movimento em Star Trek, se você pensar bem. Que é: encontramos algo, é “outro”, é maligno. E, então, começamos a nos conectar com ele e temos esses pontos de contato onde encontramos empatia, e é isso que Star Trek faz. E, ao mesmo tempo, o que nunca queremos fazer é dizer que não existe mal lá fora. Então, mantemos o mal vivo em nossa paisagem estelar.
Momentos leves, como um easter egg com a menção de Pelia conhecendo o Doutor da série Doctor Who, adicionam charme à temporada.
“Ela teve uma longa experiência de vida”, brinca Myers, embora Goldsman descarte um episódio centrado em Pelia, sugerindo que sua presença permanecerá como um fio sutil.
Desta vez, o final da terceira temporada de Strange New Worlds não deixou pontas soltas para um clinfhanger como foi na temporada anterior. Ao escrever o episódio “New Life and New Civilizations”, os produtores consideraram a possibilidade de que ele pudesse servir como o desfecho definitivo da série. Felizmente, com a confirmação de mais duas temporadas, a jornada da Enterprise continuará, prometendo um desfecho ainda mais gratificante para esta aclamada série.
Fonte: TrekMovie
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