Shatner fala de sua nova série #! Que Meu Pai Diz

Em uma recente entrevista ao site Collider para promover sua primeira comédia, “* #! Que Meu Pai Diz”, o ator William Shatner falou sobre o personagem, tentando algo que ele nunca fez antes e o que lhe dá o desejo de continuar a atuar, quando muitos de seus colegas já se aposentaram. Também mencionou novos projetos na música e em livros, e não poderia deixar de falar sobre Jornada.

O que você achou desse personagem quando o viu pela primeira vez?

“Quando o livro saiu, eu li com muita curiosidade e, no livro, há uma genuína cordialidade e um relacionamento entre pai e filho. Para sustentar um personagem como esse, ao longo de semanas, e para torná-lo palatável para que as pessoas venham assistir e aprender a amar o personagem, mesmo através de suas idiossincrasias, você tem que ser cuidadoso para que não seja arrogante e impressione as pessoas. Tenho certeza que foi um estilo de escrita, embora nunca tenha discutido isso tão especificamente como estamos agora, e certamente foi um estilo de atuação. Este não é apenas um momento. Nós estamos visando que todos vocês assistam toda semana e vejam a evolução desta relação entre filho e pai.”

Como foi aprender num novo fórum, como a sitcom (comédia)?

“Inacreditável. Você não pode imaginar o choque que tive quando eu caracterizei isso pela primeira vez. Primeiro de tudo, há essa coisa toda sobre fazer sitcom comédia. Eu não queria fazer essa coisa de comédia, mas eu não sabia mais o que fazer. Fui lentamente. Nós passamos a semana de ensaio, então começamos a rodar com as câmeras, que eu estou acostumado, por causa da minha experiência nos velhos tempos. Então, certo dia veio o dia de filmagem, com uma audiência, e foi impressionante. A quarta parede desapareceu totalmente (parede imaginária situada na frente do palco), e eu estava conversando com a platéia. Nós agora corrigimos todas as linhas e os escritores produziram outras linhas. A audiência está ciente do processo. A série foi impressionante, cativante, emocionante e caótica. Eu nunca tive antes experimentado algo assim, como um ator.”

Com sua sensibilidade à moda antiga, não deseja que  a série tenha um título diferente?

“Você sabe o que eu desejo? Eu gostaria que eles pudessem usar a palavra “merda”. Tenho netos. Eu criei três meninas, e todas elas tem filhos. Você diz: “Você precisa de doo doo. Vamos lá, você tem que fazer poo-poo no banheiro”. Eventualmente,”poo-poo” torna-se “merda”, e você diz:” Vai fazer cocô, e vai se sentir melhor”. A palavra ” merda” está ao nosso redor. Não é um termo terrível. É uma função natural, então por que estamos sendo cautelosos?”

Você se tornou conhecido por interpretar personagens épicos, mas esse cara parece ser bastante discreto. Essa foi uma atração pelo personagem?

“É interessante, sim. Eu estou tentando conseguir outra dinâmica, como um ator, e fazer um personagem que venha de um lugar diferente. Há um silêncio, e ainda há uma raiva e uma paixão que está dentro dele, que nós não sabemos ainda. O que nós estamos todos tentando encontrar no que este personagem seja emerge da imaginação do escritor, que então eu preencho isso. Exatamente que facetas nós faremos sobre ele. Ele não vai se tornar conhecido a qualquer um de nós, até que vários shows passem e descobramos exatamente o que é”.

Seu pai era como este cara?

“Algumas vezes eu descubro em entrevistas que você aprende mais sobre si mesmo nelas do que nas pessoas que aprenderam sobre você. Essa é uma questão interessante. Meu pai era um tanto taciturno (calado). O nome é austríaco Shatner e em parte germânico, há uma omissão germânica, talvez, mas há uma paixão por baixo. Meu pai tinha tudo isso, e talvez eu esteja canalizando o meu pai. Eu não sei. É possível. Isso não seria maravilhoso?”

Quando você se ofereceu para esta série, seu primeiro instinto foi de olhar para o site em que esta se baseia, ou você sequer olhou para ele, neste momento?

“Não, eu estava consciente do talento ilimitado que foi anexado a coisa toda – o script e as pessoas, em particular. As pessoas que estão ligadas a este show são os top-talentosos no negócio. Eu não quero fazer outra série, mas eu quero estar conectado com estas pessoas talentosas.”

Sem Jornada e pornografia, não haveria internet, e agora a internet parece ter fechado um círculo completo para você. O que você acha sobre isso?

“Obviamente, isto tornou-se uma Era Eletrônica. Jornais e revistas estão desaparecendo porque vão ser impressas eletronicamente. Há todo um debate sobre se o jornal deve existir, ou se devem apenas ser lidos em um IPAD. Eu tenho que lidar com o New York Times, e recebo isso no meu IPAD. É uma diferente era que veio  em cima de nós nos últimos cinco anos, e que ignorei até recentemente, quando eu tive que encontrar alguns jovens para explicá-la para mim. Todo mundo ao longo dos 25 anos de idade têm empregos que estão ameaçados por esta era eletrônica, e você não pode lutar contra isso. Você tem que participar. Este show é o primeiro show que foi construído a partir da era eletrônica. Gosto de pensar assim. É impressionante.”

Tendo feito muita televisão clássica, mesmo antes de Jornada, é engraçado estar em um show que nasceu de um Tweet?

“Sim, eu já existia antes de Jornada. Eu comecei na televisão ao vivo. Quando eu estava lá eram as câmeras do tamanho de uma mesa, tinham ventiladores internos que giravam com estrondo e tubos que, por causa do calor, vinham descendo direito até a nossa cara para um close-up. Agora, nós estamos falando sobre tela verde e colocando-nos em lugares que nós nunca vamos visitar. Infelizmente, não podemos ir a Paris, mas nos colocamos em Paris neste show e nunca deixamos o calor da Warner Bros. Isso está além da ironia. Está tentando pegar o tigre pela cauda. O que aconteceu para nós é um milagre, e o milagre é a nossa inventividade. A tragédia de nossas vidas é também a nossa inventividade. Está além da ironia.”

Leonard Nimoy parou de atuar. O que faz você querer continuar trabalhando?

“Eu estou vivo. Pensei sobre isso e eu cheguei à conclusão de que os atletas, quando dizem que sentem falta da multidão, não é que esteja faltando o som da multidão. O que está faltando é o sentimento interior que faz com que a multidão se entusiasme. Não é o rugido da multidão, é o silêncio interior.”

Muitas pessoas não tentaria sitcom depois de ter a carreira que você teve. É parte da viagem?

“Eu amo a idéia disso. No Twitter, todos passaram a serem amigos pelo fato de que um milhão e meio de pessoas envolve-se em 140 caracteres. Não é por acaso que o livro está na lista de best-seller. É algo mágico. Há algo lá que intirga as pessoas. Nós não sabemos o que é, e isso é geralmente o caso. Essa coisa me intriga. Eu pensava, “Eu não sei o que é, mas adoraria ser uma parte dela”. Isso é o que me intrigou.”

Você tem refletido em tudo a cerca de ser um ator que nunca tem um desgastado histórico?

“É verdade. Deve ser porque eu sou simpático, charmoso e inteligente.”

O que deu a você essa capacidade de se adaptar tão bem e ter longevidade na sua carreira?

“É chamado de sobrevivência.”

Seu último álbum foi recebido tão bem. Você vai fazer mais música?

“Eu tenho algo planejado e eu estou tentando encontrar tempo para fazer.”

Você tem mais livros para sairem?

“Eu tenho algumas idéias, mas nada certo agora.”

Você está esperançoso de que possa vir trabalhar no próximo filme de Star Trek, agora que você esteve em contato com J. J. Abrams e seu pessoal?

“Eu tornei-me um amigo de J. J., mas eu não sei se eles podem resolver o problema de como colocar o corpo que eu estou agora com o Kirk que nos lembramos de 40 anos atrás.”

Você viu os ecos do seu próprio desempenho como Kirk, no que Chris Pine fez?

“Eu apreciei o desempenho dele. Eu não vi o que algumas pessoas escreveram sobre isso, mas eu não sou tão observador.”

Algum interesse em trabalhar com as novas tecnologias, como as que foram usadas em Avatar?

“Com certeza. Avatar é um filme divisor de águas. Nós sempre nos eferimos a Lawrence da Arábia, da mesma forma. Nós sempre olhamos Avatar e dizemos: “Melhor é impossível”. É um avanço enorme, em todos os sentidos, no modelo e na forma, de fazer o filme.”