DS9 2×02: The Circle

Segundo ato fornece respostas, no melhor episódio da trilogia Bajoriana

Sinopse

Data estelar: Desconhecida 

Em seu escritório, Sisko diz ao ministro Jaro que não está feliz com a transferência de Kira para Bajor sem ninguém consultá-lo a respeito. O ministro lhe responde que a transferência é uma espécie de promoção dada à major pelo resgate de Li Nalas. O comandante fica mais tranquilo, porém ainda um tanto desconfiado, e pergunta por que não manter Li na capital bajoriana para fortalecer a posição do Governo Provisório. Jaro diz que não isso seria seguro para Li no momento e, além disso, não poderia haver um melhor oficial de ligação na estação do que o maior herói da história bajoriana. O ministro, então, parte para Bajor.

Jake chama o pai pelo comunicador e pede que ele o encontre na porta dos aposentos deles. Chegando lá, Sisko vislumbra o emblema do “Círculo” em sua própria porta.

Odo entra no quarto de Kira e fica transtornado por encontrá-la fazendo as malas para partir, aparentemente resignada com a transferência. Ela percebe o quão genuinamente Odo está perturbado com isso tudo.

O momento é interrompido por Dax, que vem devolver um pote de creme que ela tomara emprestado. Então, chega Bashir que veio desejar-lhe sorte. Depois, adentra O’Brien, que diz que foi um prazer servir com Kira. Logo depois, chega Quark, com uma garrafa de “syntahale”, para comemorar a partida da major. O quarto fica cada vez mais e mais barulhento até que, finalmente, a porta toca mais uma vez e, desta vez, é vedek Bareil, dizendo que não queria perturbar e não anunciou sua vinda à estação, pensando que assim seria melhor devido à crescente violência em Bajor. Ele a convida para passar alguns dias em seu monastério.

Kira vai fazer sua última visita ao OPS (Centro de Operações). Li Nalas, seu substituto, se junta a ela e, logo depois, Sisko também. Li diz que sente muito e que não queria esse posto. Ela responde que, a principio, também não queria, mas mudou de ideia com o tempo. Sisko diz a Kira que NINGUÉM poderia substitui-la e que vai fazer de tudo para tê-la de volta. A major pede permissão para desembarcar e vai embora.

Algum tempo depois, já no jardim do monastério em Bajor, Kira diz a Bareil que não tem nenhum dom para as Artes. Ele, então, a leva para uma câmara interna do monastério, onde fica guardada uma arca com um orbe (o “terceiro orbe”, o “orbe de profecia e mudança”) em seu interior. Bareil abre a arca e deixa Kira sozinha.

Envolta em luz, logo ela se vê na Câmara dos Ministros, com os legisladores gritando, mas ela não pode ouvi-los. Então, Dax, em uma roupa de vedek, a abraça, mas, quando se afasta, ela se transforma em vedek Winn. Kira recua e esbarra com as costas no ministro Jaro, que diz que as vozes clamam por ele. Mas Bareil aparece e diz que as vozes clamam por ela. Finalmente, ela se vê despida e pede que Bareil a ajude a escutar as vozes. Também despido, ele a abraça e a beija, então ela pode escutar. Fim da visão.

Quark vai até o escritório de Odo e diz saber que os kressaris estão fornecendo armas para o “Círculo”, suficientes para montar um exército. Odo, intrigado pois os kressaris nem ao menos têm forças militares, pergunta-lhe como obteve essa informação e ele diz não poder revelar as suas fontes. O comissário, enquanto aguarda o computador lhe dizer quando chegará a próxima nave kressari, nomeia Quark um oficial de segurança e lhe dá uma ordem de descobrir para onde as armas estão indo em Bajor. Frente aos protestos do ferengi, Odo diz que ele faz isso ou será preso por obstruir uma investigação. Quark acaba concordando.

Ao receber as novidades, Sisko decide ir a Bajor e pede que Li use suas ligações junto aos militares para descobrir quanto suporte o Governo Provisório possui.

Kira se encontra com Bareil no jardim, claramente não querendo falar sobre sua experiência com o orbe. Ele diz que a sua última experiência com o objeto envolveu Kira e que, por isso, a convidou para vir ao monastério. Eles escutam artilharia pesada a distância. Então, Winn surge e fala com eles do alto de uma ponte, quase acima de suas cabeças. Mais traiçoeira, doce e sutil do que nunca, Winn ataca Bareil por ele ter permitido a Kira o acesso ao orbe sem prévia consulta à Assembleia dos Vedeks.

Sisko visita o general Krim, um líder militar que ele encontrou no ano anterior, e que está comandando a defesa da capital. O comandante comenta que, aparentemente, toda vez que existe a possibilidade de um confronto direto entre os militares e as forças do “Círculo”, os militares batem em retirada. Ele diz também que o Governo Provisório necessita do apoio dos militares. Krim pede a simpatia de Sisko para esse conflito em que “bajoriano luta contra bajoriano” e parece surpreso quanto ao envolvimento dos kressaris como fornecedores de armas para o “Círculo”. Sisko, então, promete que, assim que descobrir onde são guardadas tais armas, o general bajoriano será o primeiro a saber. Ele fala também sobre a possibilidade de ter Kira de volta à estação, sobre o que Krim diz não ter autoridade alguma, mas faz questão de dizer que não esquecerá o fato de que Sisko não tentou trocar a informação sobre os kressaris por um favor a respeito do caso da major.

No OPS, Li e Dax estão retardando ao máximo a partida do cargueiro kressari para que O’Brien e Odo possam fazer uma “inspeção” em sua carga. Finalmente, o chefe de operações deposita um contêiner no hangar do cargueiro e autoriza sua partida. Logo em seguida, uma parte da lateral desse contêiner desliza e se transforma em um rato.

Sisko visita Kira no monastério e diz que ainda não desistiu de trazê-la de volta, e que o “Círculo” está armado para um golpe de Estado iminente. Sisko não tem certeza se os militares vão apoiar o Governo Provisório. Assim que ele parte, Kira é atacada por um grupo extremamente similar ao que atacou Quark anteriormente. Eles lhe aplicam algum tipo de droga, e a levam embora.

No hangar de carga da nave kressari, Odo (como rato) assiste quando um gul cardassiano se transporta a bordo com várias caixas. O capitão do cargueiro inspeciona o armamento e recebe em um PADD a impressão digital do polegar do cardassiano, que logo depois se teleporta da nave.

Kira recobra os sentidos em uma construção subterrânea, usada como quartel general do “Círculo”, onde ela fica surpresa por ver o ministro Jaro dando ordens. Ele não tem mais nada a esconder: “- Eu sou o ‘Círculo’, major”. Kira finalmente entende por que Li Nalas foi transferido para a estação: a sua presença na capital seria uma ameaça ao golpe planejado por Jaro. Ela, então, pergunta como ele pode se voltar contra o seu próprio governo.

Jaro pergunta a Kira o que Sisko fará quando tiver certeza do golpe. Frente à frontal recusa da major em responder, ele lhe informa de que o “Círculo” aprendeu algumas coisas com os cardassianos, “como saber encorajar as pessoas a falar, por exemplo”.

A tripulação da estação está discutindo a abdução de Kira e Li oferece o seu nome para tentar conseguir alguma cooperação. Quark adentra o OPS e, para espanto geral, diz ter descoberto o local do quartel general do “Círculo”. Sisko monta uma equipe de resgate. Li pede para ir pois, entre outras coisas, deve muito à major, com o que o comandante concorda.

Eles se materializam nas cavernas, e Sisko distribui comunicadores extras para todos; quem pegar Kira primeiro deve prender o comunicador nela e chamar pelo teletransporte. O tiroteio começa e Bashir acaba encontrando-a primeiro, toda machucada e ensanguentada. O médico vai a nocaute, mas ela pega o comunicador e o grupo de resgate se desmaterializa.

Kira é tratada na enfermaria, onde diz que Li Nalas é o único que pode parar Jaro, mas que ele nunca chegaria vivo até a Câmara dos Ministros.  Odo chega com um PADD contendo uma prova definitiva, um manifesto de carga com a impressão do polegar de um gul cardassiano. O “Círculo” não sabe da real fonte do seu armamento. Os motivos cardassianos são simples: quando a Federação partir, devido ao iminente golpe, eles vão voltar e tomar o controle do sistema bajoriano.

Sisko pede que Dax abra um canal para Bajor porque Li Nalas deseja se pronunciar perante a Câmara dos Ministros pelo subespaço. No entanto, todas as comunicações com Bajor estão sendo bloqueadas. O golpe já está em andamento. Ele, então, lhe pede que contate o almirante Chekote no Comando da Frota Estelar.

Enquanto isso, no altar de um templo bajoriano, Jaro pede a Winn o seu apoio público. Ela responde que a sua voz é pouco ouvida na Assembleia dos Vedeks. O ministro diz que isso vai mudar quando ele, o próximo líder bajoriano, entrar na ordem dela e promete que fará tudo em seu poder para vê-la se tornar a próxima kai. Winn sorri.

O’Brien diz que duas naves de assalto bajorianas estão vindo para a estação, dando ordem de que todo o pessoal não bajoriano deve deixar o local em sete horas. Sisko coloca o almirante Chekote a par de toda a sombria situação. Entretanto o almirante, mesmo com o envolvimento cardassiano, considera o iminente golpe um assunto interno bajoriano e aplica a Primeira Diretriz. Ele ordena que a DS9 seja evacuada.

Voltando ao OPS, sua mente funcionando a toda, Sisko pergunta a O’Brien quando demoraria uma TOTAL evacuação de pessoal e propriedade da Federação. O chefe de operações responde que levaria vários dias e as naves de assalto chegarão em menos de sete horas.

Continua …

Comentários

Existe uma espécie de dito popular que postula que, em toda trilogia, seja ela em qualquer arte, o segundo ato é sempre o seu melhor momento. Esta trilogia está de acordo com tal regra.

São apresentadas respostas para o porquê da transferência de Li Nalas para a estação e de Kira de volta a Bajor, bem como são posicionados os dois principais candidatos à sucessão de kai Opaka: Bareil e Winn. Chega sem surpresas a verdade de que Jaro está por trás do “Círculo” e é também sem surpresa a confirmação do envolvimento cardassiano. Mas o que funciona realmente de forma maravilhosa é que este grupo xenófobo radical, o “Círculo”, está sendo armado pelos cardassianos (o seu pior inimigo) sem o seu conhecimento.

É impressionante como se conseguiu empacotar tanta coisa em uma única hora de televisão. Vejamos, Kira recebe um BOCADO de desenvolvimento, entendendo sua relação com a tripulação (especialmente Sisko), tendo sua primeira experiência com um orbe e o vislumbre de um possível relacionamento afetivo com Bareil. Temos também a re-introdução de Bareil e Winn, a apresentação de inúmeros elementos de trama que confirmam o perigo que o “Círculo” representa, a confirmação do envolvimento de Jaro com esse grupo, a confirmação do envolvimento cardassiano no suprimento de armas, a “valsa” de Winn e Jaro e o início de conflitos militares em Bajor com a iminente entrada das forças do “Círculo” na capital bajoriana, conflitos estes que nunca são mostrados, mas servem para dar um senso de urgência à trama, que culmina com a ordem de evacuação da estação.

Ao contrário do que se pode imaginar, o passo de episódio é lento, com cenas longas e bem estruturadas, mas o iminente golpe de Estado serve como uma espécie de bomba-relógio que explode ao final do episódio. Eventos realísticos que se baseiam de forma consistente em elementos já estabelecidos durante a série parecem levar os personagens (e o espectador) em uma enxurrada fora do controle deles. Bravo!

A direção de Corey Allen é excepcional, mantendo um passo tipicamente cinematográfico, mas com uma fotografia talvez ainda mais inventiva do que a de Winrich Kolbe em “The Homecoming” (basta conferir QUALQUER cena em que alguém entra ou sai do elevador).

Ótimas atuações de Langella (em especial), Beymer, Anglim e Fletcher. O elenco regular está muito bem também, mas o destaque vai, de novo, para Nana Visitor.

A cena “da despedida”, logo no começo do primeiro ato, com toda a tripulação indo para se despedir de Kira em seus aposentos, é maravilhosa. É lindo como ela descobre o quanto aquelas pessoas passaram a significar pra ela ao longo do último ano.

A última visita de Kira ao OPS (com uma fotografia totalmente não usual), a entrada de Li Nalas em cena e depois Sisko, mostram uma bela direção. A fala de Sisko de que ninguém poderia substituir a major soa infinitamente verdadeira e mostra que algo se solidificou entre ela e Sisko ao longo do tempo, aliado ao fato de ela dizer a Li que não queria esse posto no início, mas que isso havia mudado.

A visão de Kira é brilhantemente executada, oferecendo talvez a mais madura utilização de sexualidade até aquele momento em Jornada nas Estrelas. Tal visão oferece elementos que serão utilizados no próximo episódio e ao longo da temporada.

A cena entre Odo e Quark, na qual Odo termina por recrutar Quark como oficial de segurança é maravilhosa. O que funciona muito bem é que é Quark quem descobre que os kressaris estão armando o “Círculo” e, ao final, o local do quartel-general do próprio “Círculo”.

(Funciona tão bem quanto a descoberta do brinco de Li Nalas, por parte do próprio Quark, em “The Homecoming”. Parece realmente o tipo de coisa que Quark pode obter através de canais “não-oficiais”.)

A cena entre Winn e Jaro, em que os dois selam a sua união tendo Bajor ao fundo É CINEMATOGRÁFICA!

Aparentemente o Governo Provisório é formado por um bando de lesmas preguiçosas e Jaro tem um bom número de generais “em seu bolso”. Mas acho que Krim não é um desses generais.

O segmento mais fraco do episódio é a fuga de Kira da base do “Círculo”, não chegando nem aos pés da fuga de Li Nalas em “The Homecoming“. Porém, o fato de a tortura de Kira ser realizada fora de cena, e ela ser mostrada apenas já brutalizada é bastante efetivo (apesar do “toque mágico de Bashir”, logo em seguida na enfermaria, tirar um pouco do impacto desse ato de tortura).

Avaliação

Citações

“We’ve got to leave! Well, I do, anyway; you can just turn into a couch”
(Nós temos que ir embora! Bem, eu irei de qualquer forma; você pode simplesmente se transformar em um sofá..)
Quark

“Could someone please explain this conversation to me?”
(Alguém poderia por favor explicar esta conversa pra mim?.)
Bashir

Trivia

  • Toda a trilogia da qual este episódio faz parte foi escrita simultaneamente. As partes 1, 2 e 3 foram escritas respectivamente por Ira Steven Behr, Peter Allan Fields e Michael Piller, baseadas na história de Jeri Taylor e modificada por Behr.
  • O diretor Corey Allen filmou inicialmente a cena da despedida no quarto de Kira em uma tomada só com “câmera aberta”, como no teatro. Porém, apesar de Allen ter ficado com essa versão da cena como souvenir, a versão exibida, por decisão dos produtores, foi bem mais convencional (mas, de qualquer forma, excelente).
  • Quando Robert Hewitt Wolfe (o “Vulcano”, como é chamado pelo seus colegas da produção) escreveu o primeiro rascunho de “In The Hands Of The Prophets“, ele idealizou vedek Bareil como uma figura velha e sábia, uma figura como Ghandi. Foi Michael Piller que o fez mudar de ideia e tornar Bareil uma figura jovem e vigorosa.
  • O episódio teve locações (para as cenas no jardim do monastério) no Parque Griffith. Porém tal locação, apesar de bonita, é um desastre em termos de áudio e todos os diálogos tiveram que ser dublados em pós-produção.
  • A cena em que Odo se transforma em rato foi um desafio, não somente por problemas técnicos, mas por um temperamental ator: O RATO.
  • Mike Genovese, que faz Zef’No aqui, também fez um holograma no episódio da primeira temporada de A Nova Geração, “The Big Goodbye“.

Ficha Técnica

História de Jery Taylor e Ira Steven Behr
Roteiro de Peter Allan Fields
Dirigido por Corey Allen

Exibido em 04 de outubro de 1993

Título em português: “O Círculo”

Elenco

Avery Brooks como Benjamin Lafayette Sisko
René Auberjonois como Odo
Nana Visitor como Kira Nerys
Colm Meaney como Miles Edward O’Brien
Siddig El Fadil como Julian Subatoi Bashir
Armin Shimerman como Quark
Terry Farrell como Jadzia Dax
Cirroc Lofton como Jake Sisko

Elenco convidado

Richard Beymer como Li Nalas
Frank Langella como ministro Jaro Essa [não-creditado]
Stephen Macht como general Krim
Bruce Gray como almirante Chekote
Philip Anglim como vedek Bareil Antos
Louise Fletcher como vedek Winn Adami
Mike Genovese como Zef’No
Eric Server como um oficial bajoriano
Anthony Guidera como um cardassiano

Balde do Odo

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Edição de Muryllo Von Grol
Revisão de Nívea Doria

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