Alienígenas conduzem experimentos científicos letais na tripulação
Sinopse
Data estelar: 51244.3
Janeway começa o dia com uma terrível dor de cabeça. O incômodo afeta a sua curiosidade científica habitual: Chakotay acaba sem ter com quem dividir o entusiasmo sobre pulsares binários na região. Nos tubos Jeffries, Tom e B’Elanna se encontram secretamente. Embora a tenente sinta-se observada, temendo ser pega em uma situação comprometedora, não tem idéia de que, também secretamente, há alienígenas a bordo conduzindo experimentos científicos na tripulação.
Quando Chakotay passa a envelhecer em ritmo extremamente acelerado, o Doutor determina que certos segmentos de seu DNA foram hiperestimulados. Neelix demonstra outros sintomas, que, por fim, também são atribuídos a alterações no código genético. Em pouco tempo, vários tripulantes apresentam-se à Enfermaria com os mais variados tipos de anomalias. À medida que a Voyager se vê em uma crise, B’Elanna e o Doutor encontram etiquetas microscópicas inseridas no DNA dos tripulantes. No meio da investigação, entretanto, ambos são incapacitados.
Mais tarde, o médico acessa os implantes auditivos de Seven of Nine e a chama para o Holodeck. Ele ajusta seus nódulos sensoriais Borgs para que a ex-zangão possa sondar a nave à procura de algo entranho. Caminhando pelos decks, Seven vê dezenas de alienígenas ocultados por algum tipo de camuflagem, operando nos oficiais com instrumentos cirúrgicos. Procura a capitã para lhe informar da descoberta, mas descobre Janeway também cercada de cientistas inimigos.
Seven diz ao Doutor que os alienígenas estão realizando experimentos médicos na tripulação. Ela pretende torná-los visíveis com um feixe de phaser modulado, mas é alertada pelo colega que os invasores podem retaliar. Em vez disso, sugere que um choque neurolíptico administrado em todos os tripulantes anulará os efeitos dos experimentos. Quando Seven tenta implementar o plano, é impedida por Tuvok, que desconhece suas intenções. Os alienígenas percebem que ela pode vê-los, o que a força a expor um deles. Janeway fica indignada ao descobrir que a missão dos “visitantes” é estudar os efeitos das manipulações genéticas para curar doenças físicas e psicológicas entre a raça Srivani. E mais: vê-se de mãos atadas ao ser ameaçada caso tente impedir a continuidade das pesquisas.
Frente às vítimas – algumas fatais -, a capitã decide que é hora de conduzir um experimento próprio. Ela trava um curso direto para os pulsares binários, consciente de que aquilo provavelmente significará a destruição da Voyager. Intimidados, os Srivani evacuam a nave rapidamente. A tripulação consegue sobreviver à jornada e o Doutor neutraliza os efeitos dos experimentos.
Comentários
“Scientific Method” é um episódio subestimado — ao menos, na opinião deste autor. Ele traz todos os elementos de uma boa história de ficção-científica: alienígenas ocultos conduzindo experimentos na tripulação, suspense, drama, conflito humano. Traz também excelentes atuações, trilha sonora, efeitos visuais. Em termos de Voyager, tem mérito ainda por focar-se exclusivamente nos personagens.
O segmento já começa bem ao desenvolver o relacionamento entre Tom e B’Elanna, sinal de que os roteiristas não esqueceram do que fora sugerido na terceira temporada e estabelecido em “Day of Honor” e “Revulsion”. Neste quarto ano, a produção parece preocupada em criar arcos paralelos. O telespectador agradece.
Convence, também, porque todos os comportamentos — dos “amassos” adolescentes do casal ao pavio curto da capitã — são explicados e se integram perfeitamente. Exemplo disso é quando Janeway repreende Tom e B’Elanna por suas demonstrações públicas de afeto. É evidente que, como oficiais, eles deveriam ter sido mais discretos. Evidente também que devessem sofrer advertência. Mas a capitã só o fez daquele jeito, rigorosa ao extremo, pois estava irritada, cansada, sem dormir há quatro dias e sofrendo de uma constante dor de cabeça.
A tensão aumenta quando a crise genética se instala. Há os que digam que “brincar” com o DNA se tornou clichê em Voyager. Em geral, estão certos. Houve “Faces”, “Threshold”, “Tuvix” e “Favorite Son” — alguns deles, exemplos do pior que a série pode fornecer. Mas, aqui, a premissa funciona. Talvez, porque os roteiristas não entreguem de bandeja a resolução para a trama. É sensacional a seqüência em que o Doutor e B’Elanna investigam o caso no laboratório. Quando descobrem etiquetas implantadas nas bases do DNA dos tripulantes, são ambos incapacitados.
Isso remete a outro ponto positivo: o episódio é sério, mas não perde o humor. E as tiradas irônicas são muito bem colocadas. É uma delícia assistir ao diálogo entre Chakotay e Neelix na Enfermaria. Os dois estão na miséria. A solução é “rir para não chorar”. Tuvok também rouba a cena quando é injustamente repreendido pela capitã e responde com uma ironia “comportada”. Ainda sobre Chakotay, é preciso que se diga: Beltran demonstra todo o seu potencial e versatilidade em “Scientific Method”. É lamentável que seu talento tenha sido desperdiçado virtualmente ao longo de todo o seriado.
Também roubam a cena, como de costume, o Doutor e Seven. A química entre os atores é aparente e se fortalece a cada história. Não é difícil compreender por que, a partir da quarta temporada, eles se tornam o sustentáculo do seriado. Ryan está ótima. Adaptou-se muito bem ao ritmo de Jornada. A própria Mulgrew não teve a mesma flexibilidade no início.
Mas não foi só de flores que se fez o segmento. É imperdoável que os alienígenas sejam fisicamente tão parecidos com os humanos. Isso deprecia bastante o roteiro. Da mesma forma, não dá para entender por que esses invasores não monitoraram as ações de Seven e seu contato com o Doutor. Deixaram-nos agir livremente. Também fica sem explicação a decisão da capita de jogar a Voyager contra os pulsares binários. Por que ela simplesmente não acionou o dispositivo de auto-destruição para intimidar os alienígenas? Ela o fez em “Basics”, quando a situação era bem menos dramática. Parece que os roteiristas quiseram precipitar uma resolução “anti-racional” que chocasse.
O desfecho foi totalmente desapontador: cientificamente improvável e de fácil resolução. A Voyager tem se provado um verdadeiro tanque de guerra ao longo dos anos. Não apenas sobrevive a batalhas contra as quais a Frota Estelar em peso teria sido dizimada (ex: Borgs), como também atravessa incólume por anomalias espaciais altamente destrutivas (ex: buraco negro em “Parallax”). Isso compromete toda a verossimilhança da série. Volta-se à velha questão do estado impecável da nave toda semana. Mas isto é tema para outro texto.
Avaliação
Citações
“I am unaccostumed to working in a hierachy. In the Collective, there was no need to ask permission.”
“If you are going to be a member of this crew, get used to it. Procedures exist for a reason. We’ve got to work together, follow the same set of rules…”
“Lieutenant?”
“I was given that lecture once. By Captain Janeway, when I first joined this crew. If I could adjust to Starfleet life, so can you.”
(Não estou acostumada a trabalhar em uma hierarquia. Na Coletividade, não havia a necessidade de pedir permissão.)
(Se você quer ser membro desta tripulação, acostume-se. Procedimentos existem por uma razão. Temos que trabalhar juntos, seguir o mesmo conjunto de regras…)
(Tenente?)
(Eu ouvi esse sermão uma vez. Da capitã Janeway, assim que me juntei à tripulação. Se eu consegui me ajustar à vida da Frota Estelar, você também conseguirá.)
Seven e B’Elanna
“Do you think he is going to say anything to the Captain?”
“I don’t know.”
“Well, how did he sound? Annoyed? Amused?”
“He sounded Vulcan. What more can I tell you?”
(Você acha que ele vai dizer alguma coisa à capitã?)
(Eu não sei.)
(Bom, como ele soou? Irritado? Entretido?)
(Ele soou Vulcano. O que mais posso lhe dizer?)
B’Elanna e Paris
“Whatever happens, I try to keep in mind that things could be worse. I still have my home here on Voyager, my friends.”
“Your hair…”
“True. But I’d gladly lose it if I could have my tastebuds back.”
“At least you are not losing your eyesight. See that display over there? Nothing but a blur.”
“You think that’s bad? The Doctor tells me my pupils have dilated 60%. I can’t even look at that display, it’s so bright!”
“Yeah? Well, I’ve got chronic arthritis in my fingers. I can barely keep this glass steady.”
“Well, that’s nothing. My spinal column is fusing together. In a few days, I won’t be able to walk.”
“Got you beat. I can barely walk now.”
(Aconteça o que acontecer, eu tento manter em mente quas coisas poderiam ser piores, Eu ainda tenho meu lar aqui na Voyager, meus amigos.)
(Seu cabelo…)
(Verdade. Mas eu o perderia com prazer se pudesse ter meu paladar de volta.)
(Pelo menos você não perdeu sua visão. Vê aquele painel ali? É só um borrão.)
(Você acha que isso é ruim? O Doutor me disse que minhas pupilas dilataram 60%. Não posso nem olhar para aquele painel, é tão brilhante!)
(É? Bom, eu tenho artrite crônica em meus dedos. Mal posso segurar este copo com firmeza.)
(Bom, isso não é nada. Minha coluna espinhal está se fundindo. Em alguns dias, não poderei andar.)
(Ganhei de novo. Eu mal posso andar agora.)
Neelix e Chakotay
“Who are you? And what the hell are you doing to my crew?
(Quem são vocês? E que diabos estão fazendo com minha tripulação?)
Janeway
Trivia
- Annette Helder, que interpreta a alienígena Takar (o nome é revelado apenas no roteiro e não deve ser confundido com o planeta Takar, de “False Profits”), fez uma guarda no filme Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato, de 1996. Também foi a tenente Nadia Larkin, em “The Siege of AR-558”, e Karina, em “Visionary” — ambos episódios de Deep Space Nine.
- O episódio não revela o nome da raça alienígena, mas o roteiro refere-se a eles como os Srivani.
- A USS Voyager tem 257 aposentos, de acordo com as especificações ditas pelo Doutor neste episódio.
- Como chefe da segurança, Tuvok tem 30 departamentos que se reportam diretamente a ele.
- O tataravô de Neelix era da raça Mylean, que ocupou uma região do espaço perto de Talax.
Ficha Técnica
História de Sherry Klein e Harry Doc Kloor
Roteiro de Lisa Klink
Dirigido por David Livingston
Exibido em 29 de outubro de 1997
Título em português: “Método Científico”
Elenco
Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Jeri Ryan como Seven of Nine
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim
Elenco convidado
Rosemary Forsyth como Alzen
Annette Helde como Takar
Enquete
Edição de Mariana Gamberger