DSC 5×02: Under The Twin Moons

Michael e Saru em uma última missão juntos, em meio a um mundo pequeno

Sinopse

Data estelar: 866274.3.

A bordo da Discovery, Michael e Saru discutem o que pode ser a última missão dele antes de se tornar embaixador da Federação. O kelpiano diz que ela foi chamada a participar da audiência de avaliação das escolhas de Rayner em Q’Mau, que quase resultaram na destruição de uma cidade.

A presidente Rillak e o almirante Vance conduzem os procedimentos e insistem em ouvir de Michael se ela concordou com a decisão de Rayner de disparar contra a montanha e criar um risco de avalanche – ideia que acabou sendo apropriada por L’ak e Moll. Michael resiste a responder, mas acaba admitindo que discordou das ações de Rayner, o que o deixa em situação delicada. Ele parece não entender seu novo papel na Frota Estelar em um contexto de paz.

De volta à Discovery, Burnham e Book estão prontos para partir para Lyrek, planeta sugerido pelo diário de Valek. No planeta, há um ponto específico em que, a cada sete anos, ocorre o eclipse das luas gêmeas. É para lá que descem Michael e Saru, na borda de um campo eletromagnético que interfere com o teletransporte. Parece ser um cemitério antigo, usado pelos promellianos, com uma pirâmide ao centro. Michael e Saru se encaminham para ele enquanto conversam. Ela diz que ainda precisa encontrar um novo primeiro oficial, e o kelpiano acha que Book, apesar de não ser da Frota Estelar, poderia ser uma boa escolha. Ao se aproximarem, eles notam que vários corpos foram desenterrados, e o sítio foi violado.

Na Discovery, Culber está feliz de rever Book. Em conferência na enfermaria, ele conta tudo que sabem sobre L’ak e Moll – não é muita coisa. Em paralelo, no laboratório, Adira e Tilly (que veio a bordo para esta missão) detectam um pico eletromagnético no planeta.

Ao mesmo tempo, Saru e Burnham veem sondas serem disparadas de uma estátua, e um tiroteio começa. Na nave, Adira e Tilly tentam descobrir como desativar o sistema. Rayner aparece em forma holográfica para ajudar, tendo monitorado as comunicações.

As sondas tentam um ataque suicida. Saru tem a ideia de usar um pulso eletromagnético, o que pode ser obtido com a colocação de um feiser configurado para descarga de emergência na estátua de onde se originaram os dispositivos de ataque. Saru quer correr para atraí-los; Michael insiste em ir, com medo de perder o kelpiano em sua última missão, mas acaba cedendo ao pedido. Saru usa sua velocidade para atrair as sondas. Ele usa seus espinhos para atacar alguns dos drones, mas acaba cercado. Enquanto isso, Michael planta os dois feisers na estátua de onde partiram as sondas. A detonação dupla interrompe o ataque na hora agá, salvando Saru.

Na Discovery, Stamets trabalha nos dados do diário, quando Book chega à engenharia com equipamento de comunicação subespacial clandestino, a fim de tentar conversar com L’ak e Moll e negociar com eles. Book se apresenta como um ex-portador. Mas os dois dizem que não vão vender o diário, agora que sabem a que ele leva. Moll parece reconhecê-lo quando ele diz seu nome.

Michael e Saru chegam à pirâmide. Ela vê marcas de feisers e acha que L’ak e Moll chegaram primeiro. Mas as leituras indicam que nunca houve uma grande e poderosa tecnologia instalada lá. Saru, com sua visão mais aguçada, consegue distinguir texto em uma das estátuas – em romulano. Ele parece aludir a Betazed.

Eles lembram a cultura romulana do século 24, permeada por segredos, e procuram a porta traseira – na verdade, sob a estátua. Michael puxa um artefato, mais textos são encontrados e eles recolocam as coisas no lugar, antes que o sistema de segurança volte à ativa. Com isso, os dois voltam à Discovery.

O objeto trazido por Michael parece ter forma similar a outro diagrama no diário. Eles criam uma versão 3D do diagrama e percebem que os dois se encaixam. Eles concluem que é um mapa, separado em cinco partes. Faltam agora quatro. Analisando o conjunto de textos encontrados lá, descobrem que o próximo alvo da busca não é Betazed, mas sim Trill.

Em seus aposentos, Book revê a imagem de uma menina de cinco anos. Culber vai conversar com ele, e Book pergunta se o médico acredita em destino. Book revela que conhece Moll: na verdade ela é filha de Cleveland Booker IV, seu mentor.

Nos aposentos de Saru na Discovery, Michael se despede do kelpiano. Ele agradece a ela por tudo e a aconselha a seguir indo adiante. Já Michael agradece a Saru por ter dado a ela uma segunda chance.

No Quartel-General da Federação, o almirante Vance se encontra com Michael, que diz estar preocupada com Rayner. Vance diz ter pedido para ele aceitar uma aposentadoria antecipada. Michael então decide ir atrás dele e convidá-lo para ser o primeiro oficial da Discovery. Ela quer dar a ele uma segunda chance, como ela teve. Rayner a lembra que não é um sujeito de só dizer “sim, senhor”. Ela diz contar com isso.

Comentários

“Under the Twin Moons” é, acima de tudo, uma carta de amor fraternal entre Saru e Michael, sem perder de vista a história que está sendo trabalhada na temporada. De quebra, coloca Rayner em uma posição inusitada, mas que assegura protagonismo ao novo personagem pelo resto da temporada – uma boa notícia.

O título já faz rima entre o coração do episódio e sua parte mais factual. As “luas gêmeas” são tanto os satélites naturais do “planeta da semana” como os dois “irmãos de criação” de Discovery, Michael e Saru. O kelpiano está prestes a embarcar numa nova carreira, como embaixador, e sua missão de despedida sob o comando de Michael é o caminho perfeito para que os dois possam dizer tudo que sentem um pelo outro, e como se veem.

As emoções estão mais equilibradas, como o espírito da temporada enseja, mas isso não impede ótimas atuações de Sonequa Martin-Green e Doug Jones. É especialmente tocante a gratidão manifesta de Michael a Saru por ter permitido que ela tivesse uma segunda chance – o que ele de fato fez, ainda que de forma meio trepidante, após o desastre da Batalha das Estrelas Binárias, no comecinho da série.

A despedida também aumenta a adrenalina das sequências de ação, com o temor de que o kelpiano fosse morto justamente em sua última missão. Saru termina o episódio anterior dizendo que não pode fazer suas escolhas de carreira sem levar T’Rina em consideração. Aqui, ele faz questão de se colocar em risco para cumprir seu dever. É um contraste importante, que realça o que, no mais, é só uma correria por um planeta florestal em meio a artefatos arqueológicos e cadáveres. A vibe Indiana Jones mais uma vez está presente, na música e na tela, com cenas que parecem compatíveis com o que se viu na abertura de Os Caçadores da Arca Perdida.

Uma referência menos feliz, mas até mais próxima, é a do episódio “The Arsenal of Freedom”, da primeira temporada de A Nova Geração, em que Picard e seus comandados têm de lidar com o sistema de autodefesa do planeta, com sondas até que reminiscentes das vistas aqui, em meio a um ambiente de floresta. Óbvio, lá as cenas transparecem as restrições técnicas e orçamentárias de meados dos anos 1980; já aqui, são retratadas com perfeição – o que agrega valor ao episódio.

Ainda assim, incomoda um pouco o formato de “um planeta, uma peça do quebra-cabeças” que começa a se desenhar, lembrando muito o padrão de “The Chase”, episódio que inspira ao menos em parte os rumos desta temporada. A diferença é que em A Nova Geração tudo transcorreu em 45 minutos, e aqui teremos dez episódios. Quebras de ritmo e de expectativa, com o avançar da temporada, serão necessárias e bem-vindas.

E o que dizer do “Saru Aventura”? Muito divertido, remetendo aos momentos mais radicais do personagem nos episódios “Si Vis Pacem Para Bellum” (da primeira temporada, onde ele demonstra sua corridinha ultrarrápida) e “The Sound of Thunder” (da segunda temporada, onde seus espinhos ejetáveis aparecem pela primeira vez).

Durante a estadia no planeta, Michael e Saru discutem a necessidade de a capitão recrutar um novo primeiro oficial. A solução vem pronta, e meio telegrafada, quando após os eventos em Q’Mau a Frota Estelar decide forçar a aposentadoria de Rayner. Uma escolha melhor e mais pertinente que a sugerida por Saru – Book, que por sinal nem faz parte da Frota Estelar. (Mas não duvide que ele termine a temporada no lugar de Rayner, que ocupará a função apenas para cumprir a atual missão, e não em caráter permanente.)

Interpretado com vivacidade e autenticidade por Callum Keith Rennie, Rayner brilha no episódio, confrontando abertamente a presidente Rillak e o almirante Vance. É um homem de convicções fortes, carismático e rabugento, mas claramente bem intencionado. Sua participação (não autorizada) no resgate de Michael e Saru do planeta faz uma boa pontuação do tipo de comandante que ele é – um oficial da velha guarda, acostumado às crises e guerras típicas do período que antecedeu a reconstrução da Federação no século 32. Parece não haver mais lugar para ele nesta nova realidade, e esse é o tipo de nuance que mostra uma construção de mundo mais sofisticada nesta terceira temporada ambientada nessa época até então jamais explorada na saga de Star Trek.

Em compensação, somos confrontados mais uma vez com a síndrome de mundo pequeno, não uma, mas duas vezes. A primeira, quando descobrimos que Book conhece, ainda que por vias tortas, Moll – ela seria filha de seu mentor, Cleveland Booker IV. Essa relação promete boas reviravoltas, embora seja de fato uma coincidência extraordinária – tanto até que o roteirista Alan McElroy faz questão de “pendurar uma lanterna” nela, ao fazer Book perguntar a Culber se ele acredita em destino. A audiência também precisará acreditar.

A segunda, apenas ligeiramente menos absurda, é que a próxima pista do quebra-cabeça levará a Discovery de volta a Trill. Parece muito conveniente para trabalhar a situação de Adira e Gray, explorando mais os dois personagens, em particular Adira, que apareceu nos dois segmentos iniciais da temporada, mas apenas numa função acessória. Mas, em uma galáxia inteira, você precisa procurar cinco peças e uma delas está em um planeta que já visitamos antes é uma daquelas coincidências suspeitíssimas que só acontecem nos filmes. Lembra um pouco a Discovery encontrando, de todas as espécies, justo o kelpiano Su’Kal como responsável pela Queima. Esses são vícios que a série parece não estar disposta a abandonar. Se você convive bem com eles, não chegam a ser um problema.

De todo modo, com bastante aventura e diversão, misturada a alguma sensibilidade (sem exageros), “Under the Twin Moons” cumpre sua missão de equilibrar personagens e trama, ainda que faça uso de menos espetáculo do que a abertura da temporada.

Avaliação

Citações

“I’d hate to miss your wedding because I’m dead.”
“That would be a grave disappointment.”
“Did you just make a pun?”
(Odiaria perder seu casamento por estar morta.)
(Essa seria uma frustração de matar.)
(Você fez uma piada?)
Michael Burnham e Saru

Trivia

  • O episódio foi escrito por Alan McElroy, o quinto dele na série, depois de se juntar à equipe de roteiristas na segunda temporada.
  • O diretor Doug Aarniokoski fez aqui seu quinto episódio de Discovery, depois de dirigir um na primeira temporada, dois na segunda e um na terceira.
  • Este episódio foi lançado oficialmente em 4 de abril de 2024, junto com o primeiro da temporada.
  • A data estelar do episódio é 866274.3; a última mencionada na série foi na quarta temporada, no episódio “Rosetta”, 865783.7.
  • O planeta Lyrek já foi usado como necrópole para os extintos promellianos (introduzidos em “Booby Trap”, da terceira temporada de A Nova Geração).
  • Neste episódio ocorre a primeira menção ao Corpo de Engenharia da Frota Estelar no século 32.
  • Alguns dos figurantes do Comando da Frota Estelar seguem usando os uniformes cinza da terceira temporada (mantendo a tradição de usar figurinos antigos para figurantes em Star Trek para economizar).
  • Saru menciona o costume de casas romulanas terem uma porta da frente falsa (ou shaipouin), noção apresentada em “The End Is the Beginning”, da primeira temporada de Picard.
  • Foi Jett Reno quem deu o apelido de “Saru de Ação” para o kelpiano, inspirada pela forma como ele lidou com Zareh quando a Discovery chegou ao século 32, na terceira temporada.
  • Descobrimos neste episódio que a filha de Vance se chama Charlie.
  • Os aposentos de Saru serão preservados no estado em que estão, como um arboreto de Kaminar.

Ficha Técnica

Escrito por Alan McElroy
Dirigido por Doug Aarniokoski

Exibido em 4 de abril de 2024

Título em português: “Sob as Luas Gêmeas”

Elenco

Sonequa Martin-Green como Michael Burnham
Doug Jones como Saru
Anthony Rapp como Paul Stamets
Mary Wiseman como Sylvia Tilly
Wilson Cruz como Hugh Culber
Blu del Barrio como Adira Tal
Callum Keith Rennie como Rayner
David Ajala como Cleveland “Book” Booker

Elenco convidado

Oded Fehr como Charles Vance
Chelah Horsdal como Laira Rillak
Annabelle Wallis como Zora
Eve Harlow como Moll
Elias Toufexis como L’ak

TB ao Vivo

Enquete

TS Poll - Loading poll ...

Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

Episódio anterior | Próximo episódio