Em setembro de 1999, as livrarias brasileiras recebiam a nossa versão do importante livro de referência The Star Trek Compendium, da Pocket Books. Escrito por Allan Asherman, a obra teve quatro edições lá fora. A primeira delas saiu nos Estados Unidos em 1981, com capa azul. Em 1986, foi atualizada (e saiu com capa vermelha). Já em 1989, veio a terceira edição, com capa preta. A derradeira foi a de 1993, de capa branca, que abordava toda a Série Clássica e os seis filmes de cinema com os atores originais.
E foi esta última edição que a Meia Sete Editora trouxe ao Brasil, com tradução da trekker Cristina Nastasi, que inclusive escreveu algumas páginas extras com notas para complementar o livro nacional. Paulo Maffia foi o editor da obra em nosso país, e em sua série de memórias nas redes sociais, Contos do Jornalismo Pop de Guerrilha, comenta sobre os bastidores.
Do sonho de um fã à realidade acessível: uma jornada editora de impacto
por Paulo Maffia (*)
Em julho de 1989, aos 18 anos, parei em frente à Livraria Cultura na Avenida Paulista. Era um tempo pré-internet, e um livro específico me chamou atenção: The Star Trek Compendium de Allan Asherman. Fã de Star Trek e entusiasta dos bastidores de produção, aquele livro era um tesouro inatingível pelo preço do importado. Deixei-o lá, mas o desejo de torná-lo acessível a mais pessoas nunca me abandonou.
Dez anos depois, trabalhando na 67 Editora, tive um reencontro com o destino. Entre os direitos de publicação, deparei-me com o mesmo Compendium. A alma de editor e a de fã se uniram: por que não trazer essa obra tão desejada para o Brasil, de forma acessível?
As negociações foram um sucesso, mas enfrentamos um desafio: o alto custo de importação dos fotolitos/CDs com as imagens encareceria o produto. Lembrei-me da minha própria experiência. Foi então que propus uma solução inovadora para a época: a 67 Editora, com nosso scanner de última geração, digitalizaria e trataria as imagens aqui no Brasil, enviando-as para aprovação da editora americana. Não foi fácil convencê-los, mas após testes de qualidade, eles toparam! Isso reduziu significativamente os custos, garantindo um preço final acessível.
Para a tradução, contamos com a maior especialista em Star Trek no Brasil, Cristina Nastasi, assegurando fidelidade e paixão. O lançamento foi um sucesso, e o que mais me marcou foram os encontros com leitores que, como eu no passado, finalmente puderam ter acesso à obra.
Anos depois, a confirmação do impacto veio de uma amiga da FAAP: um professor de cinema recomendou nosso livro como uma das poucas publicações em português com detalhes sobre produção de filmes e séries nos EUA. Ali, tive a certeza de que cumpri meu dever.
Essa experiência me moldou. Ao longo da minha carreira em diversas editoras, sempre busquei democratizar o acesso à informação de qualidade. Seja em livros de referência sobre quadrinhos, filmes ou séries, meu objetivo sempre foi transformar o conhecimento de nicho em algo compreensível e acessível. Meu negócio é a informação, e minha paixão é torná-la acessível.
(*) Um dos trekkers mais conhecidos do Brasil, o jornalista Paulo Maffia já colaborou várias vezes com o Trek Brasilis, foi um dos nomes por trás do pioneiro fanzine Trekker Report, e fez história como editor de quadrinhos Disney em nosso país.
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