Showrunner de Picard fala sobre a 2ª temporada

A segunda temporada de Star Trek: Picard  começa hoje (no Brasil) com o episódio “The Star Gazer”. Em uma nova sequência de entrevistas com a produção da série, o site TrekMovie conversou com o produtor executivo e co-showrunner Terry Matalas, que também co-escreveu o episódio. Matalas comentou sobre esta nova temporada e deu algumas dicas do que veremos no terceiro e último ano de Picard.

SPOILERS A SEGUIR

O episódio de abertura “The Star Gazer” avança cerca de dois anos depois da primeira temporada. Matalas explica se procuraram redefinir os personagens e o universo Star Trek neste período.

De muitas maneiras, a segunda temporada de Picard é sobre personagens no precipício da escolha ou mudança. Alguns em seus relacionamentos pessoais, outros em suas vidas profissionais, mas Picard, principalmente, se vê preso na pergunta: “O que vem a seguir?” Ele está lutando com – ou melhor ainda, ignorando – as peças do quebra-cabeça de seu passado que o impedem de abraçar seu futuro. Claro, o reaparecimento de Q vai forçá-lo a olhar para dentro e chegar ao fundo de algumas dessas questões. Um dos relacionamentos inexplorados na vida de Picard é sua mãe. Então, vamos aprender muito mais sobre o que ela significava para ele.

O episódio pareceu um pouco diferente da primeira temporada com um tom mais leve e um ritmo mais rápido. Matalas explicou se isso é indicativo de que será assim até o fim da série.

Estou respondendo a essas perguntas, pois estamos literalmente a poucos dias da conclusão da terceira temporada, o gigantesco final de apostas altas, então tenho o benefício de alguma perspectiva futura aqui … acho que a coisa tremenda sobre a história de três partes de Picard é que cada capítulo, cada temporada, parece incrivelmente distinto. Visualmente, tonalmente, narrativamente, tematicamente. Eles são peças profundamente emocionais de ficção científica dirigida por personagens, mas também estão explorando coisas muito diferentes, fazendo perguntas diferentes. Acho que a 2ª temporada é semelhante à 1ª temporada, pois desconstrói Picard de maneiras que nunca exploramos antes. Então, para todo o gênero pipoca, também há muita psicologia e – ouso dizer – romance.

Apesar de Picard tender para o lado mais emocional dos personagens, Matalas não vê a série constituindo relacionamentos, mas o desafio de enfrentar a si mesmos, cada um em sua jornada.

Eu acho que é muito sobre o que Star Trek sempre foi – o horizonte. Só que, nesta temporada, não é o horizonte da descoberta cósmica ou política galáctica, é sobre o que vem a seguir para nós como pessoas. Não como humanidade, mas como humanos. O que queremos em nossas carreiras, nossos relacionamentos? Como reconciliamos as vozes em duelo dentro de nossas cabeças, o empurra-empurra dentro de todos nós que nos diz para ficar ou sair, lutar ou fugir, amar ou deixar ir? Q não é um personagem de enredo. Ele é um personagem personagem. Ele é a figura que você apresenta quando seus heróis precisam enfrentar seus verdadeiros eus. E é isso que Picard e sua equipe são forçados a fazer nesta temporada – enfrentar o desafio, enfrentar a si mesmos e decidir quem e o que eles querem se tornar.

A grande expectativa nesta temporada é sobre a participação de John de Lancie, retornando como Q, e Whoopi, como Guinan. Matalas deu uma palinha sobre os personagens e o significado deles na história.

Foi algo muito orgânico. Em um episódio em que Q vai lançar Picard nesse estranho futuro, parecia certo que Jean-Luc precisava de alguma perspectiva sobre seu passado. Quem ele é agora, como ele precisa mudar, por que ele está tão cheio de indecisão? E enquanto Q fornece o impulso, apenas Guinan pode chamar a atenção de Picard de suas próprias besteiras. Ela tem a liberdade de falar com ele de uma maneira que mesmo seus colegas de tripulação mais próximos nunca poderiam. Guinan define muito as apostas emocionais para Picard neste primeiro episódio – ela estabelece o roteiro e Q o coloca no caminho para uma escolha importante e que mude sua vida.

Além de Q e Guinan, o episódio teve muitos acenos e toques no cânone de Star Trek. Para Matalas, esses apelos à nostalgia não deixam de ser uma homenagem a toda a existência da franquia.

Eu admito (as referências), parte disso – bem, muito disso – é apenas uma diversão atrevida e nerd. Trata-se também de honrar o mundo, a história e o legado de Star Trek. Isso fez uma grande diferença na vida de todos que trabalham nesta série. Cada pequeno detalhe é uma carta de amor e cada easter egg é um agradecimento.

Com relação a estética atualizada da Frota Estelar, design de produção e uniformes, o produtor fez alguns comentários.

Star Trek de todo mundo é diferente. Todo mundo chega a Star Trek através de uma série diferente, um filme favorito, um personagem amado, uma certa ideologia. Então, entre mim e Akiva e Michael Chabon e os muitos escritores e designers, nós tentamos construir uma versão de Star Trek que cobrisse o terreno comum do que nos tornou Trekkies em primeiro lugar. Para mim, sou muito fã da era do filme Kirk e de A Nova Geração, então queria destacar certas opções de retrocesso nos uniformes. Até as naceles da nave! E especialmente na terceira temporada, você encontrará acenos para os elementos mais náuticos, de gato e rato, de filmes submarinos dos primeiros filmes de Star Trek também. Foi muito importante para mim incluir Mike e Denise Okuda – o retorno de LCARS – Doug Drexler e John Eaves. Todas as pessoas com quem eu costumava trabalhar quando eu era Produtor Assistente em Voyager. Foi emocionante trazer de volta essa estética. Quando me encontrei pela primeira vez com nosso designer de produção Dave Blass, era uma alta prioridade para mim – e ele estava 100% a bordo! Ele tinha todos os manuais técnicos originais e é fã de Star Trek há anos. Eu sabia que estaríamos em boas mãos.

A USS Stargazer sob o comando de Rios é uma nave totalmente nova, ou uma reforma da Stargazer original de A Nova Geração? Respondeu:

Como o primeiro filme de Star Trek no cinema, a Enterprise é um reaparelhamento massivamente atualizado. Gosto de pensar nisso como a história da vassoura: se um dia você troca o cabo e outro dia a escova, ainda é a mesma vassoura? Pensamos nela como uma nave infinitamente consertada e atualizada, alinhada com a tecnologia atual do futuro, de modo que em algum lugar sob todas as luzes e polimento estão os ossos da nave original de Picard. Isso faz sentido? Não sei. Mas com certeza gosto do espírito disso.

Eu poderia dizer se veremos o Stargazer novamente mais tarde na temporada, mas isso seria um grande spoiler, não é?

Quanto a produção da terceira temporada, Matalas deu uma atualização.

Estamos quase terminando a produção – quando isso terminar, estaremos a dias da linha de chegada – e, embora eu não possa dizer muito, direi: acho que está se tornando uma temporada extraordinária de televisão. É incrivelmente diferente das duas temporadas anteriores e apresenta, possivelmente, uma das melhores performances de vilões de Star Trek de todos os tempos que vimos até hoje. Mas eu não quero exagerar nos estágios iniciais! Ainda faltam quilômetros. Mas acho – espero – que estejamos concluindo a história de Picard da melhor maneira, mais apropriada e mais satisfatória. Mal posso esperar para que os fãs vejam o que temos reservado.

O episódio de estreia “The Star Gazer” estreou dia 03 de março nos EUA e no Brasil estreia hoje pelo Prime Video. Você poderá assistir no Brasil os episódios futuros todas às sextas-feiras.