Luken conversou com o TrekMovie e Star Trek.com compartilhando insights sobre sua chegada à franquia e as reflexões de seu personagem acerca da Frota Estelar. A seguir, um resumo dos pontos mais destacados.
Teste para fazer parte do elenco
Quando Mynor Luken foi escalado para interpretar Beto Ortegas em Strange New Worlds, ele mergulhou em um processo de audição típico de grandes franquias: envolto em segredo e com poucas informações.
Me deram o mínimo possível. Eu sabia que seria um documentarista, irmão de alguém, e que interagiria com um personagem central, mas só isso.
Longe de ser uma limitação, esse papel foi um presente. Como Beto era um personagem novo e humano, o ator teve liberdade para moldá-lo, explorando suas nuances com criatividade:
Foi libertador. Tive a chance de fazer a minha própria versão, porque eu seria um novo personagem. Eu seria humano, e isso me deu liberdade para explorar e fazer o que eu quisesse. Foi muito legal, e eu gostei.
Conforme a temporada avança, porém, Luken aprofunda a essência do personagem, revelando um documentarista movido por curiosidade e introspecção.
Ele é muito curioso. Ele é um intelectual, mas definitivamente tímido e vulnerável. É por isso que ele se apegou tanto à Nyota. Foi benéfico porque era a sua maneira de se conectar e ele se sentia aceito por ela.
Obviamente, tem a irmã dele. Há um pouco de tensão e é um pouco complicado. No começo, foi muito desconfortável para ele, porque é um território novo. Ele é um cineasta, não exatamente um soldado ou guerreiro. Ele admira esse lado da irmã — a guerreira, a cavaleira e a valente. Ele é mais reservado; tem muito coração. Ele quer buscar a verdade; quer chegar ao fundo das coisas, sempre colocando sua arte em primeiro lugar, talvez de forma negativa às vezes. Mas ele é muito introspectivo e muito curioso.”
Luken descobriu Star Trek por meio de sua família e imediatamente se apegou a um personagem que achou fascinante.
Eu definitivamente sabia disso, obviamente bastante. Meu avô, pai da minha mãe, era um grande fã. Não tive a oportunidade de passar muito tempo com ele, mas lembro de assistir a alguns episódios juntos quando era criança.
Eu era fã do Spock. Sempre o amei. Não era tradição eu sentar com [meu avô] e assistir. Mas, à medida que fui crescendo, minha mãe começou a trabalhar muito. Eu passava a maior parte do tempo cuidando da minha irmã, assistíamos TV, então estava sempre na órbita, com certeza.
A Voz Oculta de Beto Ortegas
Em várias cenas, a voz de Beto Ortegas ressoa pelo ambiente como uma voz de fundo, guiando a narrativa, deixando os personagens reagirem às suas perguntas como se ele estivesse apenas além do enquadramento. Isso levanta uma curiosidade natural: será que essas sequências foram gravadas ao lado dos atores ou construídas depois, em um estúdio isolado? A resposta é um misto das duas abordagens.
Algumas cenas foram gravadas com os atores, como as com Beto e Nyota, onde eu e Celia Rose Gooding mostramos vulnerabilidade, aproveitando uma liberdade rara para improvisar, guiados pela diretora Sharon Lewis. Muitas das coisas que fiz com a Mel (Melissa Navia) também foram físicas. Capitão Pike (Anson Mount), aquele momento em que ele toca uma linda peça em seu bandolim, bem, eu estava lá. Esqueci, acho que entrevistei La’an (Christina Chong) também. E o resto, eu gravei as perguntas.
Construindo Laços com Ortegas e Uhura
As cenas com Ortegas, sua irmã na trama, e Uhura têm um peso especial, e Luken diz que a química entre os três floresceu naturalmente.
Durante a leitura com a Celia foi como se uma amizade instantânea tivesse acontecido ali, um ser humano tão lindo e maravilhoso que foi muito fácil construir uma conexão. Com a Mel, fizemos nossa leitura, e foi ótimo. Mas eu não ouvi muito dela depois da leitura, o que acho que acabou nos ajudando, porque na nossa primeira cena, a primeira vez que realmente dissemos “Ei, prazer em conhecê-lo”, fomos para o boxe na cena, sabe o que quero dizer? Então foi tipo, ei, prazer em conhecê-lo. Me conta, você sabe…
Assisti às duas temporadas anteriores, algo que talvez só um ator nerd irritante faria, e, episódio por episódio, anotei os adjetivos que definem Erica, tanto pela perspectiva dos outros quanto pela minha. Ao final dos 20 episódios, compilei uma lista de características variadas, e, se minha memória não falha, “corajosa” ou “engraçada” eram os mais frequentes. Partindo disso, imaginei que, vindo da mesma família e dos mesmos pais, ela é uma guerreira, enquanto eu sou o lado artístico. Assim, herdei essas qualidades, exceto a bravura, compensando-a, como diria, com introspecção e timidez — traços que, sendo naturalmente tímido, me vieram com facilidade. Como ator, conectei-me também ao lado cinematográfico de Beto, mergulhando nos documentários de Herzog, o que despertou meu amor pela arte documental. Maratonar a série e observá-la de perto foi essencial. Até imprimi essa análise, plastifiquei e, rindo, entreguei à Mel, dizendo: “Ei, aqui está uma pesquisa assustadora que fiz. Pode ficar com ela.”
Ao falar sobre sua preparação para o papel, Luken se refere a Werner Herzog, o renomado cineasta alemão, conhecido por sua abordagem única e poética em filmes como O Homem Urso e Fitzcarraldo, foi uma forma de se conectar com o lado cinematográfico e introspectivo do personagem, que é um documentarista.
Um Olhar Crítico sobre a Frota Estelar
Após os encontros com os Vezda em “Through the Lens of Time” e a dolorosa perda de um membro da tripulação, somada à situação dos Jikaru em “What is Starfleet?”, Beto Ortegas se torna uma presença inquieta, refletindo sobre a Frota Estelar, que ele enxerga, inicialmente, como uma força colonizadora e predatória. Mynor Luken revela as motivações iniciais de seu personagem:
Ele estava indo para lá com uma agenda. Ele estava indo para filmar seu documentário, mas também estava tentando ver onde poderia destruí-los. Ver onde eles se desintegrariam. Quando você tem um grupo de pessoas enfrentando uma entidade maligna, você começa a entender esse lado delas. Quando você coloca mais tropas em campo, você precisa resolver as coisas agora mesmo, pois suas vidas estão em perigo. Você vê o lado soldado de ‘lutar ou fugir’ dessas pessoas.
Entre conflito e compreensão na Frota Estelar
Enquanto Beto se questiona sobre a decisão da Frota Estelar de entregar uma “arma de guerra” viva a um planeta distante (em “What is Starfleet?”), Mynor Luken oferece uma reflexão profunda sobre o assunto:
No final das contas, porém, pode parecer errado o que eles estão fazendo, mas, na verdade, eles estão fazendo a coisa certa para esta criatura e para todos os envolvidos. Foi legal ver mais da Frota Estelar; há o aspecto militar e o aspecto mais valente. Obviamente, Beto ressoa mais com o lado emocional da Frota Estelar, que é o que estamos vendo neste episódio. Como podemos apaziguar essa situação em que nos encontramos? Isso é inerentemente difícil, mas precisamos fazer o que temos que fazer. Isso é crescimento, ver os dois lados, o que ajuda Beto a entender muito mais sobre a Frota Estelar, sobre toda a tripulação, e entender como essas pessoas carregam armas, mas também exploram o espaço.
Como ele mesmo diz, ‘você [ainda] é uma colonizadora’ (dizendo a Uhura). Mas quando ele vê a humanidade deles, começa a perceber que essas pessoas estão fazendo o melhor que podem, e não somos todos assim, no fim das contas?
O que faz com que Beto entenda essa mensagem é ver como Spock e Uhura estavam dispostos a arriscar danos cerebrais, até mesmo a morte, para se comunicar com os Jikaru.
É aí que entra a mudança de perspectiva. Saber que essas pessoas não são apenas pessoas que seguem ordens cegamente, mas sim pessoas que o fazem porque acreditam tanto nisso a ponto de estarem dispostas a arriscar suas vidas e seu bem-estar pela missão. E, novamente, a família é tudo o que você tem, é daí que vem a perspectiva delas. Esse é o momento de realização em que ele diz: ‘Não se trata apenas de pessoas seguindo coisas que não entendem ou com as quais talvez nem concordem. São pessoas que acreditam genuinamente que o que estão fazendo está mudando vidas e estão trazendo o melhor para os mundos que visitam.’ Ele encontrou respeito nisso. Ele encontrou honra nisso, e esse foi o momento crucial para ele. As coisas mudaram ali mesmo.
Por fim, para Luken trabalhar em Star Trek tem sido maravilhoso.
Foi uma experiência incrível. Enquanto fazíamos isso, pude realmente ver esses seres humanos com quem eu estava trabalhando, passando por essas coisas, e enxergar tudo como Beto. Ver essas coisas acontecendo te transforma como personagem, mas também te transforma como pessoa. Foi um momento tão catártico para mim, como ator e como personagem, ver todos se entregando ao máximo. Foi um momento muito legal de intersecção entre Beto e eu.
Novos episódios da terceira temporada de Star Trek: Strange New Worlds passam todas as quintas no Paramount+.
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