ESPECIAL: Esperando Enterprise

Continuamos tentando entrar na cabeça de Berman e Braga, apresentando e discutindo temas que permeiam a maioria das discussões ON-LINE sobre a nova série, seguem os pontos básicos usualmente presentes na maioria dos papos virtuais sobre Enterprise.

ALGUNS PONTOS BÁSICOS SOBRE ENTERPRISE:

Alguns se perguntam do motivo da ausência do nome “Star Trek” do título de Enterpise. Eu acho que é uma maneira discreta dos criadores de transmitir a mensagem de que a nova série é “mais amigável ao grande público do que as outras séries de Jornada” (seja lá o que isto queira dizer). Não acredito que exista um esforço em separar Enterprise da marca “Star Trek”, não vejo nenhuma atitude do pessoal de Marketing neste sentido. Acho algo MÍNIMO esta remoção de “Star Trek” do título, REALMENTE. Apesar disto, acredito que continuemos a ter o “Based upon Star Trek By Gene Roddenberry” na sequência de abertura. Convenhamos, o nome “Enterprise” é muito mais conhecido do que “Star Trek”, especialmente em países de lingua não-Inglesa, em alguns deles temos mesmo o título, das duas primeiras séries, traduzido como “A nave Estelar Enterprise”, ou algo assim. Ainda além, não é comum o fã usar o termo “Star Trek” quando se refere ao nome de sua série favorita de Jornada. Ele fala The Next Generation, Deep Space Nine e Voyager ou suas abreviaturas, TNG, DS9 e VOY ao invés dos seus nomes completos, com o prefixo “Star Trek”.

(Não acredito que esta seja uma medida para “driblar” o preconceito de parte do público com a marca “Star Trek”, o departamento de Marketing está aparentemente fazendo o contrário, capitalizando bastante sobre o fato de Enterprise ser a mais nova série de Jornada nas Estrelas.)

Nenhuma notícia, dentre todas sobre a produção de Enterprise, trouxe tanto impacto positivo quanto a confirmação de Scott Bakula como o capitão Archer. Um grande número de séries da atualidade conta em seus elencos com “nomes de peso” (John Lithgow, na falecida “Third Rock From The Sun”, Kurtwood Smith, em “That 70’s show” ; Michael J. Fox e depois Charlie Sheen, em “Spin City” ; Martim Sheen e Rob Lowe, em “The West Wing” ; Robert Downey Junior, em “Ally McBeal” ; Kevin Sorbo em “Andromeda” ; Richard Dean Anderson em “Stargate” etc.). Sendo, “estes nomes de peso”, entendidos no sentido deles terem uma carreira no cinema e uma visibilidade (por algum motivo), acima da média com relação ao grande público. Bakula é um destes nomes, estrelou “Quantum Leap”, uma excelente série SCIFI, o que lhe vale, até hoje, uma grande popularidade e simpatia entre os fãs do gênero. E mais, por esta mesma série, ele recebeu também inúmeros prêmios e nominações fora do gênero SCIFI, lhe dando uma visibilidade extra, além do público típico de ficção científica. Bakula é, em certo sentido, o “melhor de ambos os mundos”, um verdadeiro achado para o papel.

(Ainda é um mistério, exatamente que tipo de controle criativo Bakula irá exercer sobre a série? Ele irá receber um título de produtor ? Qual ? Alguns fãs mais pessimistas esperam um futuro negro para a série, um futuro onde Braga e Bakula irão brigar francamente sobre o controle criativo da série e, em algum momento, “só poderá sobrar um”.)

(Bakula também já teve a sua boa cota de “fracassos televisivos completos”, não se esqueçam disto. Espero que ninguém esteja com a noção de que ele está “prestando um favor” para Jornada. Ele está sendo muito bem pago, com inúmeras regalias. O estúdio vai cobrar MUITO dele. Ele VAI TER que corresponder. Felizmente não temos nenhum perigo de ficar sem protagonista, como no caso de Genevieve Bujold, que foi a atriz incialmente escolhida para interpretar a capitão Janeway, porém abandonou o papel durante as filmagens do piloto de Voyager, “Caretaker”. Bakula é um “animal televisivo” e “um animal SCIFI”, não vai decepcionar.)

(Eu sempre fui muito cético com respeito a contratação de Bakula, não me entendam mal, eu sempre fui um grande fã do ator. Só que estava achando “perfeito demais” termos Bakula, um ator de uma série baseada em fenômenos temporais, estrelando uma série escrita por Brannon Braga, um escritor que se notabilizou por escrever sobre fenômenos temporais. Estava com cara de brincadeira de primeiro de abril. Também tinha dúvidas sobre que tipo de poder criativo ele poderia vir a conseguir junto ao estúdio e de que forma Berman e Braga iriam reagir. Ainda que este último ponto ponto continue uma incógnita, só posso saudar a escolha do ator. Sou fã de “Quantum Leap”, um seriado que eu considero muito humano e feito com muito carinho. Muita desta qualidade vinha das atuações de Dean Stockwell e , dele, Scott Bakula.)

Um elemento que causou extrema polêmica com relação a sua autenticidade foi a, agora célebre, planilha de elenco, que continha informações descritivas sobre os personagens, agora confirmadas. Na época havia muita dúvida sobre se realmente a série seria um “prequel”, especialmente com Braga como co-criador. O ceticismo era enorme com relação aos próprios personagens, olhando a planilha tinhamos a nítida impressão que alguém havia tomado os personagens da série original e remanejado os seus gêneros, etnias e características pisicológicas. Não vou entar nos detalhes, pois tais pontos são mais do que óbvios para quem lê a planilha (podemos estabelecer outros paralelos, mas os com relação a série original são os mais imediatos e óvios). E mais, haviam personagens convidados nomeados de forma a fazer referência aos atores William Shatner, Leonard Nimoy e Deforest Kelley e mesmo um personagem de nome TOS(?). As características dos personagens continuam extremamente indefinidas. Do que já foi divulgado, o único personagem que parece interessante e (aparentemente) original é a oficial de comunicações Hoshi Sato. A falta de informação é realmente muito grande, fica difícil especular, mas, pelo que temos aé agora, não parece nada promissor. Os atores do elenco, com exceção de Bakula, não têm nenhum grande registro profissional. O que esperar dos atores e dos personagens, que é a questão central do funcionamento de qualquer série, continua de difícil resposta para Enterprise.

Devido a necessidade de colocar o programa no ar o mais rápido possível, a equipe por trás das câmeras é composta essencialmente por veteranos do Franchise, como: Marvin Hush (fotografia), Dan Curry (efeitos visuais, artes marciais e armamentos), Ronald B. Moore (efeitos visuais – favor não confundir com o produtor e roteirista Ronald D. Moore, agora na série “Roswell”), Peter Lauritson (Pós-Produtor), Michael Westmore (maquiagem e o mais premiado profissional da história de Jornada), Mke Okuda (artista cênico, tendo recebido do próprio Roddenberry a incumbência de elaborar a cronologia do universo de Jornada), Denise Okuda, Jon Eaves (Ilustrador-Chefe, na vaga deixada pelo veterano Rick SternBach, praticamente, o único veterano da produção, que não continua no Franchise), Doug Drexler (Ilustrador-Júnior) etc. O diretor do piloto será James L. Conway, outro veterano de Jornada e que já dirigiu obras-primas como “Duet” (primeira temporada de DS9) e “Necessary Evil” (segunda temporada de DS9). Outros diretores, conhecidos por já terem trabalhado em Jornada, também já foram confirmados no leme de alguns episódios regulares, tais como: Levar Burton (o Geordie La Forge da Nova Geração), Rober Duncan McNeill (o Tom Paris de Voyager) e Roxan Dawson (a B’elanna Torres de Voyager).

(Nesta lista da equipe de produção temos grandes nomes, alguns favoritos pessoais e uma promessa de que a série vai ser visualmente e auditivamente brilhante. Jornada de uma forma ou de outra têm produzido “escapismo adulto de qualidade” – CONTINUAMENTE – por mais de 25 anos, desde os preparativos para a, últimamente abortada e redirecionada para o primeiro filme de Jornada no cinema, produção de “Star Trek: Phase II”. Contando com tal quantidade de experiência acumulada, e um orçamento médio de mais de 2 milhões de dólares por episódio, fica até difícil para o resto da indústria competir.)

(A pergunta maior é se tal equipe conseguirá usar e respeitar, de forma adequada, a premissa da série e produzir uma abordagem REALMENTE nova para Jornada. Eu acho que chegamos a um ponto em que o “mais do mesmo” – POR MAIS SÓLIDO QUE SEJA – não vai ser suficiente para reenergizar o Franchise. )

O maior problema (na produção de Enterprise) é a aparente falta de “sangue novo” na equipe de roteiristas. Tal equipe será chefiada pelo co-criador e produtor-executivo da série, Brannon Braga. Infelizmente, nenhum grande nome foi contratado para engrossar as fileiras de escribas da série ao lado de Braga. O nome (confirmado) que recebeu maior destaque foi o de Stephen Beck, que trabalhou na série recém-cancelada, “Seven Days”, também da UPN . Segundo fãs do seriado, que também é baseado em fenômenos temporais, Beck (que esteve com a série durante todas as suas 3 temporadas) escreveu o seus melhores episódios, retirando do roteirista a culpa pelo total ausência de desenvolvimento dos personagens, que muitos imputam poder ser atribuida ao direcionamento que os produtores sempre quiseram dar ao programa. Tal falta de desenvolvimento causou inúmeros problemas com os atores que protagonizavam o seriado. O ator Nick Searcy (que viveu Nathan Ramsey na série) chegou a dizer (aparentemente em total “Robert Beltran Mode”) que “ainda bêm que esta droga acabou”.

(Aparentemente Beck é uma espécie de “alma gêmea de Braga que estava desempregado e VISIVELMENTE disponível”. Vamos esperar pra ver o tipo de contribuição que Beck pode vir a trazer para o Franchise, porém não posso imaginar tal pessoa peitando o Braga e tentando impor a sua vontade criativa.)