VOY 1×04: Phage

Alienígenas interessantes em enredo inspirado, mas pouco realista, marcam este episódio

Sinopse

Data estelar: 48532.4

Ao explorar um planeta que parece ser rico em dilítio bruto, Neelix é atacado e beira a morte. Os outros membros do grupo avançado o encontram e o transportam à enfermaria, onde o Doutor reporta que os pulmões do talaxiano foram removidos. Sem outra alternativa, o médico cria órgãos holográficos que podem mantê-lo vivo, mas apenas se ele ficar imóvel pelo resto da vida.

De volta ao planetoide, Janeway lidera um grupo avançado e descobre um laboratório médico cheio de órgãos extraídos, porém os pulmões de Neelix não estão lá. Minutos mais tarde, uma nave alienígena parte em dobra. O grupo retorna à Voyager e inicia uma perseguição.

Quando confrontados, os alienígenas admitem que roubaram os pulmões do talaxiano, mas justificam suas ações ao contar sobre a luta que sua espécie – os vidiianos – vem enfrentando contra uma praga terrível, a fagia – uma doença que destrói o código genético e a estrutura celular das vítimas. Incapazes de combater a doença, passaram a sobreviver extraindo cirurgicamente órgãos saudáveis de outras espécies. Eles dizem também que os pulmões de Neelix já foram transplantados para o corpo de um vidiiano. Decidindo não sacrificar o alienígena, a capitão os libera.

Gratos por terem sido poupados, os alienígenas oferecem ajuda para salvar Neelix, utilizando tecnologia médica superior. Kes doa um de seus pulmões, permitindo que Neelix leve uma vida normal. Inspirada por tudo que ocorreu, a ocampa passa a treinar para ser assistente do Doutor.

Comentários

“Phage” é um episódio com fatores positivos e negativos. Jogando a seu favor, um bom tema para o episódio e a introdução de uma interessante espécie do Quadrante Delta que voltaria a aparecer na série de forma recorrente. Do lado ruim, um roteiro forçado e uma perturbadora semelhança com o maior clássico trash de Jornada nas Estrelas, “Spock’s Brain”. Só que, desta vez, em vez de sair pela galáxia atrás do cérebro de Spock, a corrida é pelos pulmões de Neelix.

A origem da premissa é interessante e, mais uma vez, inspirada na atualidade – não são raras, tampouco novas, as histórias escabrosas de médicos que inadvertidamente roubam órgãos de pacientes durante intervenções cirúrgicas para fornecê-los a outro paciente, que pagará uma fortuna para ter o órgão que lhe falta para um transplante.

Com certeza, os produtores tiveram uma inspiração bastante real na hora de escrever o episódio. Infelizmente, a consistência com o universo ficcional de Star Trek acabou pegando o banco de trás nessa viagem. É óbvio que a clonagem de órgãos ou mesmo a replicação deles estaria disponível a nossos amigos do século 24. Se isso fosse levado em consideração, Neelix teria rapidamente outro par de pulmões para si e os vidiianos viveriam felizes para sempre. Mas, se isso fosse levado em consideração, traria dois efeitos colaterais sérios para o episódio: o drama desapareceria no ar e a história acabaria em 10 minutos.

Ou seja, fica transparente que o único modo de sustentar a trama foi forçando essa barra. Mas tudo bem, historicamente tecnologia aparece e desaparece em Star Trek conforme a conveniência e há aqui pontos positivos que compensam de forma efetiva os problemas.

O primeiro deles é a própria criação dos vidiianos. Eles não são vilões estereotipados – sua motivação é clara e compreensível, eles não são simplesmente maus. Até Janeway admitiu que entendia as circunstâncias que os levaram a agir daquele modo.

Além disso, algumas interações entre Neelix e o Doutor garantem boas risadas e sustentam o telespectador na frente da TV. Menos interessante, mas servindo também como combustível para o episódio, vemos o triângulo amoroso entre Kes, Neelix e Paris. É algo que, neste momento, soa como algo que existe mais na imaginação do talaxiano do que na realidade, mas, aos poucos, descobrimos que não é bem assim – como seria, por sinal, de se esperar, tendo em vista como Paris foi originalmente apresentado na série.

Avaliação

Citações

“The man drives a 700,000 ton starship, so somebody thinks he makes a good medic.”
(O homem pilota uma nave de 700 mil toneladas, então alguém pensa que ele daria um bom médico.)
Doutor

Trivia

  • O nascimento dos vidiianos veio de duas fontes. O escritor Timothy DeHaas apresentou uma premissa chamada “Heart & Soul”, que envolveria ter o coração de Paris explodido por alguma coisa e o Doutor iria substituir o órgão por uma versão holográfica. “Ficamos muito cativados por isso”, disse o roteirista Brannon Braga.
  • Ao mesmo tempo, Jeri Taylor e Michael Piller trabalhavam na ideia de uma raça alienígena que, por alguma razão, colhia órgãos pela galáxia. “Passamos por canibalismo e várias outras coisas bizarras, quando finalmente batemos na ideia de uma cultura que estava morrendo por um vírus incurável e que faria qualquer coisa para manter-se e a sua espécie vivas”, revelou Taylor.
  • Fascinados pelo conceito, os produtores decidiram que os vidiianos poderiam ser um grupo recorrente de vilões. Com efeito, eles voltam a aparecer na série em algumas outras ocasiões, a começar pelo episódio “Faces”, desta mesma temporada.
  • Esses alienígenas vítimas da fagia são, segundo o chefe de maquiagem Michael Westmore, “os mais feios alienígenas que já criei em Jornada nas Estrelas”.
  • O coordenador de efeitos especiais Joe Bauer criou a sequência em que o disparo de feiser da Voyager é refletido nos espelhos como uma homenagem ao episódio da Série Clássica “The Tholian Web”.
  • “Sou um médico, sr. Neelix, não um decorador.” Quando Robert Picardo leu essa frase no roteiro do episódio, logo disse: “Pensei que fosse uma piada, é uma das frases que o dr. McCoy diria. Depois me disseram que realmente era uma frase de McCoy e que iríamos utilizar algumas frases como essa às vezes, a partir de agora.”
  • A sequência da USS Voyager entrando em um asteroide é muito parecida com uma cena do episódio “The Pegasus”, do sétimo ano de A Nova Geração, quando a Enterprise-D também entra em um astro desse tipo.

Ficha Técnica

História de Timothy De Haas
Roteiro de Skye Dent e Brannon Braga
Dirigido por Winrich Kolbe

Exibido em 6 de fevereiro de 1995

Título em português: “Fagia”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

Cully Fredericksen como Dereth
Stephen Rappaport como Motura
Martha Hackett como Seska

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    Edição de Stéphanie Cristina
    Revisão de Nívea Doria

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