TNG 4×18: Identity Crisis

Alienígenas fazem por Geordi La Forge o que os borgs fizeram por Picard

Sinopse

Data estelar: 44664.5

Geordi La Forge é contatado por Susanna Leijten, uma ex-colega que o acompanhou em um grupo avançado ao planeta Tarchannen III, cinco anos atrás. Segundo ela, o resto da equipe desapareceu, aparentemente após ter retornado ao planeta.

Quando Leijten começa a ficar doente, a dra. Crusher descobre que o DNA da amiga do engenheiro-chefe está sendo reescrito por um parasita, transformando-a em uma espécie diferente.

Geordi estuda os diários de sua antiga missão e encontra evidências de que havia uma entidade desconhecida perto do grupo avançado. Logo depois, o engenheiro também fica doente, acometido pelo mesmo mal que atingiu Leijten. Fora de controle, ele se transporta para a superfície do planeta.

Crusher restaura Susanna ao remover o parasita – na verdade o método de reprodução daquela espécie. Logo depois, as duas vão ao planeta, na tentativa de encontrar Geordi em tempo para curá-lo. Ao encontrá-lo, são capazes de apelar para o pouco que restou de sua humanidade, pedindo que ele retorne à nave. De volta à Enterprise, a equipe médica consegue restaurar sua condição original. Os outros membros do antigo grupo avançado não puderam ser recuperados.

Comentários

“Identity Crisis” é mais um episódio que traz seu foco para o engenheiro-chefe da Enterprise, Geordi La Forge. Apesar de poder ter sido mais trabalhado, acabamos tendo algum vislumbre sobre o passado e, mais ainda, sobre a determinação do jovem oficial.

A ideia foi casar bem o preceito dos produtores de que cada episódio obrigatoriamente deveria falar sobre um dos personagens regulares com a premissa original da história. De certo modo, “Identity Crisis” tenta fazer por La Forge o que “The Best of Both Worlds” fez por Picard.

Infelizmente, os moldes da história não permitem que a façanha seja repetida nas mesmas proporções. Embora o processo que toma conta de La Forge seja equivalente ao que envolve a assimilação pelos borgs (excluindo-se o fato de que, enquanto um é 100% biológico, o outro é 100% cibernético), a natureza pacífica da espécie responsável destrói a possibilidade de criar para La Forge um terror tão grande quanto o de Picard.

Por outro lado, a ideia é totalmente compatível com um dos ideais de Star Trek – a tendência a evitar estereótipos e maniqueísmos. Apesar do mal que os alienígenas causam a La Forge e seus ex-colegas, fica muito claro que eles não estão fazendo nada além de agir pela sobrevivência de sua própria espécie.

Levando essa premissa às últimas consequências, descobrimos que se trata de um grande conceito para uma história de ficção científica – é bem provável que seres vivos nascidos em um ecossistema alienígena tenham hábitos totalmente incompatíveis com a sobrevivência de outras espécies provenientes de outros mundos. Ou seja, a coexistência pacífica não é somente uma questão de opção – é muito mais uma questão ecológica. Predadores não podem coexistir pacificamente com suas presas. Ponto final.

A qualidade dessa história reside justamente na capacidade de ter assimilado essa premissa, ao mesmo tempo em que cria uma história interessante e traz novos lampejos sobre um dos personagens regulares.

Como destaque adicional, vale mencionar o espetacular trabalho de maquiagem e de efeitos visuais feito para este episódio. Tanto as etapas da metamorfose quanto a versão final dos alienígenas são simplesmente magníficas.

No fim das contas, trata-se de um bom episódio, embora um pouco arrastado, que está para “The Best of Both Worlds” assim como Geordi La Forge está para Jean-Luc Picard.

Avaliação

Citações

“Well, if anyone’s gonna figure this out, it’ll be the ‘Leijten and La Forge Show’, right? We always were a good team.”
(Bem, se alguém vai solucionar isso, será o ‘Show de Leijten e La Forge’, certo? Sempre fomos um bom time.)

“A hell of a team.”
(Um baita time.)
Susanna Leijten e Geordi La Forge

Trivia

  • O roteiro original, submetido de forma especulativa por Timothy DeHaas, envolvia dois tripulantes não regulares passando pela transformação. Michael Piller comentou: “Era um roteiro duro de resolver… era muito pesado em ponto de vista e em artefatos de estilo que não queríamos usar.”
  • Brannon Braga recebeu a missão de reescrever o roteiro após completar, com Ronald D. Moore, a escrita de “Reunion”. Foi dele a opção de focar a história em La Forge, simplesmente porque gostava de LeVar Burton como ator e achava que o personagem não estava recebendo atenção suficiente.
  • Versões preliminares do roteiro traziam uma relação romântica entre La Forge e Leijten, mas os roteiristas decidiram derrubar esse elemento depois de toda a exploração do tema com “Booby Trap” e “Galaxy’s Child”.
  • A primeira versão de Braga era muito mais chocante, com muito mais alienígenas na superfície. Nesse rascunho do roteiro, La Forge não seria transformado. Mas, para fazer o episódio funcionar, Braga considerou necessário incluir La Forge na lista dos transformados e reduzir o terror a um nível “contido e psicanalítico”.
  • A cena em que La Forge usa o holodeck para investigar a gravação do grupo avançado foi uma homenagem de Braga ao filme Blow-Up – Depois Daquele Beijo (1966), referência apreciada por Michael Piller e Jeri Taylor.
  • As filmagens do episódio se deram entre 16 de janeiro e 25 de janeiro de 1991.
  • O visual dos alienígenas foi criado com o uso de fluorescência ultravioleta, pintada sobre os trajes vestidos pelos atores e por sobre a maquiagem. Segundo Michael Westmore, o processo de maquiagem completo exigia quatro pessoas e levava seis horas – o mais longo de toda a história de A Nova Geração. O trabalho foi indicado ao Emmy de melhor maquiagem para série.
  • As cenas ambientadas em 2362 com a tripulação da USS Victory foram feitas com uniformes das duas antigas temporadas. Nelas, La Forge usa uma versão mais antiga do VISOR.
  • Mona Grudt, que faz a alferes Graham neste episódio, era então a Miss Universo. Além dela, dois DJs de Los Angeles, Brian Phelps e Mark Thompson, fizeram uma ponta como criaturas alienígenas.
  • Neste episódio, a enfermeira interpretada por Patti Yasutake finalmente ganha um nome completo: Alyssa Ogawa. Essa personagem será vista em muitos episódios daqui para a frente, até o último da série, “All Good Things…”. A enfermeira também faz uma participação no primeiro filme para cinema de A Nova Geração, Jornada nas Estrelas: Generations.
  • E falando no episódio final da série, “All Good Things…”, este episódio tem o mesmo diretor de “Identity Crisis”: Winrich Kolbe. Ele dirigiu muitos episódios das séries atuais de Jornada, tendo estreado em “Where Silence Has Lease”, da segunda temporada de A Nova Geração. É o terceiro diretor em número de episódios da série, com 16. Na frente dele estão Les Landau, com 21, e Cliff Bole, como líder absoluto, com 26 episódios dirigidos. O ator da série que mais dirigiu episódios de A Nova Geração foi Jonathan Frakes (Riker), com 8, seguido por Patrick Stewart (Picard), com 5, LeVar Burton (La Forge), com 2, e Gates McFadden (dra. Crusher), com 1.
  • Após fazer sua estreia como figurante na divisão de ciências da Enterprise-D em “Where No One Has Gone Before” e morrer fazendo uma ponta como um oficial da segurança de nome Ramos em “Heart of Glory”, o coordenador de dublês da série Dennis Madalone interpreta neste episódio o técnico de transporte Hedrick.
  • Marina Sirtis (Deanna Troi) não aparece neste episódio

Ficha Técnica

História de Timothy DeHaas
Roteiro de Brannon Braga
Dirigido por Winrich Kolbe

Exibido em 25 de março de 1991

Título em português: “Crise de Identidade”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William Thomas Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Gates McFadden como Beverly Crusher

Elenco convidado

Maryann Plunkett como Susanna Leijten
Patti Yasutake como Alyssa Ogawa
Amick Byram como Hickman
Dennis Madalone como técnico do transporte
Mona Grudt
como alferes Graham

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Edição de Maria Lucia Rácz
Revisão de Susana Alexandria

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