VOY 4×14: Message in a Bottle

Doutor holográfico sendo enviado para a USS Prometeus

Voyager contata o Quadrante Alfa

Sinopse

Data estelar: 51462

Enquanto usa os sensores avançados no novo laboratório de astrométricas, Seven of Nine detecta uma estação de comunicações alienígena aparentemente abandonada e, ao estabelecer interface, consegue localizar uma nave da Frota nos limites do Quadrante Alfa. Janeway usa a tecnologia para mandar uma mensagem, mas a transmissão se degrada antes de chegar ao destino. B’Elanna sugere que apenas uma corrente de dados holográfica resolverá o problema. O Doutor é recrutado, transportado com sucesso através de milhares de anos-luz e vai parar na nave, agora identificada como USS Prometheus.

Estação de comunicação no quadrante delta

Assim que chega, no entanto, o médico descobre que a tripulação da Frota está morta e, o controle, nas mãos dos Romulanos. A Prometheus é um protótipo secreto com habilidades táticas avançadas e é intenção dos Romulanos testá-las. Acionando o modo de ataque em multi-vetores, a nave se separa em três partes distintas que desabilitam com facilidade qualquer oponente.

O Doutor aciona seu contraparte na Enfermaria e os dois concordam em trabalhar juntos para impedir os inimigos. Eles decidem usar o sistema de ventilação para distribuir gás anestésico e deixar os invasores inconscientes. Mas, para tanto, é preciso que o médico da Voyager acesse os controles ambientais na Ponte. Ele inventa uma história sobre infecção viral para chegar ao painel, mas os Romulanos desconfiam.

Doutor na USS Prometeus que foi tomada pelos romulanos

Enquanto isso, na Voyager, o link com a estação é cortado pelos Hirogens, uma espécie que alega ser dona da tecnologia. Janeway tenta usar de diplomacia para manter a comunicação, mas os alienígenas parecem irredutíveis. Diante da má vontade deles em permitir que a tripulação contate o Quadrante Alfa, Seven envia um pulso de energia que os deixa desacordados.

Na Prometheus, o Doutor é interrogado pelos Romulanos, que pensam ter sido infiltrados por espiões da Frota. A sessão é subitamente interrompida, quando um gás entra pela ventilação e os incapacita. O segundo holograma explica que simulou um risco ambiental e o computador abriu o sistema de ventilação automaticamente. O desafio passa a ser controlar a nave, que está em rota direta para o Império Romulano.

Doutores jogam gás na Prometeus e eliminam os romulanos

A Prometheus sofre ataque de naves de guerra inimigas e os médicos holográficos não sabem como operá-la. Em meio à batalha, também é atacada pela própria Frota, que pensa haver Romulanos no controle. Por fim, o segundo médico acidentalmente inicia o modo tático e consegue destruir uma das naves de guerra, provocando a retirada dos Romulanos. Oficiais da Frota vêm a bordo. Depois de falar com o quartel-general e explicar a situação, o Doutor é transmitido novamente à Voyager. Janeway e os tripulantes são informados de que a Federação já sabe que eles estão perdidos e fará o que for possível para trazê-los de volta para casa.

Comentários

“Message in a Bottle” é um dos melhores segmentos de Voyager. A constatação não deixa de ser irônica, já que o episódio reúne tudo aquilo que os produtores mais tentam afastar dos roteiros da série: continuidade estabelecida em arcos mais ou menos longos de histórias, fidelidade à premissa e desenvolvimento de personagens. Aqui – finalmente, depois de muito tempo -, o telespectador volta a ter a sensação de que a USS Voyager está mesmo perdida e longe de casa. Os pequenos detalhes é que fazem o roteiro funcionar nesse sentido: os rostos de incerteza e esperança, a ansiedade e expectativa, a fragilidade do elo com o Quadrante Alfa. Tudo isso deixa o fã na ponta da cadeira durante os 45 minutos e ansioso pelo que vai acontecer no final.

Title Card Voyager "Message in a Bottle"

O melhor: o roteiro consegue equilibrar toda a densidade emocional com uma carga incomum de humor ao designar como personagem central o engraçadíssimo Doutor, reconhecidamente o personagem mais carismático do seriado, assessorado aqui por Andy Dick, ator renomado por seus trabalhos em séries cômicas de sucesso. Uma boa saída para não tornar a história deprimente demais.

Pela primeira vez, também, a tripulação tem uma vitória real. Outros episódios, principalmente nos primeiros anos da série, trouxeram possibilidades bastante otimistas de um retorno imediato à Terra. Mas todos se frustraram, às vezes de maneira ridícula. Foram os casos de “Cold Fire” e “False Profits”, da segunda e terceira temporadas, respectivamente. Claro, de forma alguma os roteiristas podiam trazer a Voyager de volta naqueles momentos. Mas o telespectador não apenas se sentiu traído, como passou a questionar a competência da tripulação. A partir da terceira temporada, parece que os oficiais já se conformaram com a situação e procuram viver seu dia-a-dia sem a obstinação de ir para casa. É por isso, em parte, que “Message in a Bottle” funciona. Aquele sentimento original vem à tona e inesperadamente.

Doutor holográfico da USS Prometeus

Funciona também o vínculo que os roteiristas estabelecem entre Voyager e Deep Space Nine. Pode ser impressão, mas a trilha que tocou quando Seven disse se tratar de uma nave da Frota soou muito como a do tema de abertura da série co-irmã. Depois, a bordo da Prometheus, naturalmente, se vê o novo uniforme-padrão. Pequenos tributos que agradam. O EMH2 cita os Dominion – naquele momento a maior ameaça à Federação – e, os Romulanos, a Tal Shiar. As cenas de batalha – com as boas e “nem tão velhas” – naves do Quadrante Alfa são lindas. As Romulanas, em particular, despertam antigos sentimentos; quase uma nostalgia.

Só um parêntese sobre isso: em Deep Space Nine, a Defiant parece reinar absoluta, mas, aqui, fica claro que há várias naves da mesma classe em operação na Frota. A Prometheus, por outro lado, nunca mais apareceu.

USS Prometeus sendo atacada por naves da Federação e romulanas

A presença dos Hirogen no episódio, apesar de rápida, foi bem marcante. Eles deixaram uma “boa” primeira impressão. Fica mais ou menos claro que são uma ameaça. E não é para menos. Eles serão, ao lado dos Borgs, os maiores vilões da série. É aguardar os próximos episódios para constatar.

Dignas de aplausos são as atuações. É claro, o Doutor rouba a cena o tempo todo com seus diálogos, caretas e trejeitos. Divertida também é a preocupação – bastante legítima – de Paris, quando chamado para assumir a Enfermaria enquanto o médico está fora. Infelizmente, McNeill teve seu papel ao longo da série relegado a esse tipo de função, mas – dói dizer – ele o faz bem. É o “palhaço” da hora. Seven também manda ver. Suas atitudes insolentes, o desapreço pela hierarquia e a falta de educação condizem com seu período de ajuste à vida na Voyager. Nem poderia ser diferente: a ex-Borg sente-se superior aos humanos “desorganizados”.

Primeiro contato com os hirogens

Agora, aos pontos negativos. Quem deixou a desejar foi Andy Dick. Ele é engraçado por natureza, mas o ambiente de ficção-científica claramente lhe é desconhecido. Suas falas não fluem com naturalidade. Na ponte, no momento da batalha, nem “se sacode” direito. A atitude do Mark II também não caiu bem. O holograma não demonstrou qualquer simpatia à situação da Voyager. Pelo contrário, foi sarcástico e procurou não tomar conhecimento.

A falta de paciência de B’Elanna com Seven também não cola muito. Isso já foi comentado em outros segmentos. Parece se tratar de puro preconceito. E de onde a engenheira-chefe tirou a idéia de que mandar um holograma resolveria o problema da degradação da mensagem? Em que se baseou? Não foi satisfatória a explicação. Pareceu – como foi – só um pretexto para alistar o Doutor. Depois, quando avisa que o programa dele será baixado na Enfermaria da Prometheus, como ela sabe que aquela nave tem um sistema de EMH? Ela só pode ter deduzido que toda a Frota foi equipada depois do lançamento da Voyager, mas nada foi dito que corroborasse tal pensamento. Quando o Doutor é enviado pela estação alienígena, nota-se um bug: ele se desmaterializa com seu emissor móvel. O certo seria o aparelho cair no chão quando ele desaparecesse.

B'Elanna e Seven

Quanto aos Romulanos, foi sofrível constatar o quanto são incompetentes. Eram 27 deles na Prometheus, conseguiram eliminar a tripulação da Frota e roubar a nave, mas não puderam com dois hologramas não treinados? Para isso, há uma explicação fácil: sorte. Porque só assim para explicar como o EMH2 conseguiu acionar o modo de ataque multi-vetorial e acabar com as naves de guerra inimigas no momento exato em que precisava. Engraçado? Sim. Verossímil? Nem um pouco.

Por fim, pareceu que a história se estendeu demais e suas repercussões foram jogadas para os últimos segundos do episódio. O telespectador fica querendo saber o que se discutiu (fora das telas) no Comando da Frota, qual a reação dos almirantes, dos familiares. Nunca se saberá. E a resposta final de Janeway, embora emocionante, não fez jus ao que “Message in a Bottle” significa para a tripulação e a própria série. Cadê as comemorações? As lágrimas? Enfim, um clássico de Voyager que entretém, mas que sofre de furos no roteiro.

Avaliação

Citações

“She may look human, and she may sound human, but she’s all Borg.”
(Ela pode parecer humana, pode soar como humana, mas ela é toda Borg.)
B’Elanna

“What do you want me to do? Throw her in the brig for the rest of the trip home?”
“I’ve heard worse ideas.”
(O que quer que eu faça? Que eu a jogue na cela pelo resto da viagem para casa?)
(Já ouvi idéias piores.)
Chakotay e B’Elanna

“When I requested more away missions, this isn’t exactly what I had in mind.”
“You may be our only chance to communicate with that ship.”
(Quando pedi mais missões avançadas, não era bem isso que tinha em mente.)
(Você pode ser a nossa única chance de comunicar com aquela nave.)
Doutor e Janeway

“Beady eyes, terrible bedside manner. I recognise you. But you’re not part of this database. What are you doing here?”
“If you disengage your vocal subroutines for one second, I’d explain. I was transmitted onto this ship by a Starfleet vessel over sixty thousand light-years from here.”
“Sixty thousand light-years? We don’t have ships that far out.”
“It’s the Starship Voyager. We were taken into the Delta Quadrant four years ago by an alien force.”
(Olhos tortos, modos terríveis. Eu reconheço você. Mas não é parte deste banco de dados. O que está fazendo aqui?)
(Se desativar as suas sub-rotinas vocais por um segundo, vou explicar. Fui transmitido para cá por uma nave da Frota Estelar a mais de sessenta mil anos-luz.)
(Sessenta mil anos-luz? Não temos naves tão longe assim.)
(É a nave Voyager. Fomos levados para o Quadrante Delta há quatro anos por uma força alienígena.)
Doutor 2 e Doutor

“There are two ships at stake here, yours and mine! Now, I need to know more about what’s happening. Is the Federation at war with the Romulans?”
“No. The Romulans haven’t gotten involved in our fight with the Dominion.”
“The who?”
“Long story.”
(Há duas naves em jogo aqui, a sua e a minha! Agora, preciso saber mais sobre o que está acontecendo. A Federação está em guerra com os Romulanos?)
(Não. Os Romulanos não se envolveram na nossa luta contra os Dominions.)
(Os quem?)
(Longa história.)
Doutor e Doutor 2

“I’m as close to a sentient life-form as any hologram could hope to be. I socialise with the crew, fraternise with aliens. I’ve even had sexual relations.”
“Sex? How’s that possible? We’re not equipped…”
“Let’s just say I made an addition to my program.”
(Sou tão próximo a uma forma de vida ciente quanto um holograma pode ser. Eu socializo com a tripulação, fraternizo com alienígenas. Até tive relações sexuais.)
(Sexo? Como isso é possível? Não somos equipados…)
(Digamos apenas que fiz uma adição ao meu programa.)
Doutor e Doutor 2

“You may have noticed that some of the crew seem a bit on edge when you’re around.”
“I was Borg. I elicit apprehension.”
“No, that’s not what I mean. We’re not afraid that you’re going to assimilate us. We’re just not used to… you just… you’re rude.”
“I’m rude.”
(Deve ter percebido que alguns na tripulação ficam meio ansiosos quando está por perto.)
(Eu fui Borg. Causo apreensão.)
(Não, não é isso que quero dizer. Não estamos com medo de que nos assimile. Apenas não estamos acostumados… você só… você é grossa.)
(Eu sou grossa.)
B’Elenna e Seven

“Stop breathing down my neck!”
“My breathing is merely a simulation.”
“So is my neck. Stop it anyway!”
(Pare de respirar no meu pescoço!)
(Minha respiração é meramente uma simulação.)
(Meu pescoço também. Pare do mesmo jeito!)
Doutor e Doutor 2

“You killed him?”
“It was a mild shock. He will recover.”
“And when he does?”
“He wasn’t responding to diplomacy.”
(Você o matou?)
(Foi um choque leve. Ele se recuperará.)
(E quando ele se recuperar?)
(Ele não estava respondendo à diplomacia.)
B’Elenna, Seven e Janeway

“You got through to Starfleet?”
“I spoke directly with headquarters. Apparently, Voyager was declared officially lost fourteen months ago. I set the record straight. I told them everything that’s happened to this crew. They said they would contact your families to tell them the news and promised that they won’t stop until they’ve found a way to get Voyager back home. And they asked me to relay a message. They wanted you to know you’re no longer alone.”
“Sixty thousand light years… seems a little closer today.”
(Você contatou a Frota Estelar?)
(Falei diretamente com o quartel-general. Aparentemente, a Voyager foi declarada oficialmente perdida há quatorze meses. Eu corrigi os registros. Contei a eles tudo o que aconteceu com esta tripulação. Eles disseram que vão contatar as suas famílias para contar as notícias e prometeram que não vão parar até que encontrem um meio de levar a Voyager para casa. E me pediram para transmitir uma mensagem. Eles querem que saibam que não estão mais sozinhos.)
(Sessenta mil anos-luz… parecem um pouco menos hoje.)
Chakotay, Doutor e Janeway

Trivia

  • Neste episódio, a Voyager está nas coordenadas 18.205.47, a 60.000 anos-luz do Quadrante Alfa.
  • Segundo o protocolo 28 de segurança da Frota, subseção D, no evento de invasão alienígena hostil o holograma médico deve se desativar e aguardar socorro.
  • A Federação está em guerra com os Dominions, conforme foi estabelecido em Deep Space Nine, mas os Romulanos ainda não entraram no conflito.
  • A Frota Estelar havia concluído há quatorze meses que a Voyager estava oficialmente perdida.
  • Torres está usando um novo jaleco de trabalho para esconder a gravidez da atriz Roxann Dawson.
  • Os Hirogens são introuzidos brevemente no episódio e se tornarão a grande ameaça da tripulação nos próximos segmentos.
  • O EMH-2 diz que os Romulanos não se envolveram no conflito entre a Federação e os Dominion. “Message in a Bottle” foi exibido cerca de três meses antes de “In The Pale Moonlight”, segmento de Deep Space Nine em que a raça se alia à Federação e aos Klingons na guerra.
  • “Message in a Bottle” marca o primeiro contato estabelecido entre a Voyager e a Federação.
  • O número de registro da Prometheus (NX-59650) é mais baixo que o da Voyager (NCC-74656). Isso descredita a teoria de que as naves mais novas recebem números maiores.
  • Judson Scott já participou de outras produções da franquia. Fez Joachim, em Jornada nas Estrelas – A Ira de Khan, e Sobi, no episódio “Symbiosis”, da primeira temporada de A Nova Geração.
  • Tiny Ron também fez diversas aparições em Deep Space Nine. Esteve em “Prophet Motive”, “Ferengi Love Songs“, “Profit and Lace”, “The Emperor’s New Cloak” e “Dogs of War”.

Ficha Técnica

Escrito por Rick Williams
Dirigido por Nancy Malone

Exibido em 21 de janeiro de 1998

Título em português: “Mensagem na Garrafa”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Jeri Ryan como Seven of Nine
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

Andy Dick como EMH-2
Judson Scott como Rekar
Valerie Wildman como Nevala
Tiny Ron como Idrin
Tony Sears como oficial da Frota

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Edição de Mariana Gamberger

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