TB 20 anos: Star Trek é sobre otimismo, nós só dançamos a música

Em 24 de setembro de 2019, o Trek Brasilis completa 20 anos de existência. É com muito orgulho que celebraremos esta data, sobretudo pela confiança de que, em todo esse tempo, mantendo-se sempre como a principal referência para o fã brasileiro de Star Trek, o site jamais se perdeu dos ideais com os quais foi fundado.

Concebido como um portal de notícias de Jornada nas Estrelas que estendia sua produção a artigos, colunas, resenhas e entrevistas abarcando todos os aspectos de nossa franquia favorita, o Trek Brasilis sempre se pautou pela prática do jornalismo sério, preciso e imparcial no conteúdo factual e, no material opinativo, pelo respeito ao contraditório e ao espírito crítico, sem contudo perder de vista o foco e a atitude positiva com nosso público.

Apesar da eterna busca pela qualidade “profissional”, o TB sempre foi e sempre será um site feito pelos fãs, para os fãs. A exemplo da franquia que nos inspira, nosso objetivo maior é entreter de maneira edificante, cultivando os valores clássicos de infinita diversidade em infinitas combinações.

Star Trek já teve muitas encarnações ao longo de seus quase 53 anos de história. Impossível que todos gostem igualmente de todas elas. Muito mais provável que alguns cheguem a adorar algumas e desgotar de outras, como aliás vimos acontecer entre os fãs nas últimas décadas: houve os que gostavam de A Nova Geração, mas jamais toparam Deep Space Nine, há quem prefira Voyager, há quem despreze Voyager, e Enterprise foi massacrada à época de sua exibição para ser resgatada mais tarde por esses mesmos fãs.

Aqui, nós sempre partimos do pressuposto de que Star Trek deve ser um entretenimento saudável, capaz de cultivar os melhores sentimentos. Não fez, nem nunca fará, parte da cultura editorial do Trek Brasilis pressupor que um de nossos leitores vá procurar especificamente conteúdo de, digamos, Voyager para ver a série ser massacrada por um de nossos articulistas.

Por essa razão, cultivamos os “especialistas” de cada série e deixamos que a palavra deles falasse por nós. Daniel Sasaki é apaixonado por Voyager? Faz todo o sentido que ele escreva as resenhas desta série para o Guia de Episódios. Luiz Castanheira prefere Deep Space Nine mais que pão com manteiga? Ele é o chefe de DS9! Salvador Nogueira curtiu cada momento de Enterprise durante sua exibição original? Nada mais justo que ele cuidar daquele setor.

Acreditamos fortemente que o fandom tem de ser permeado de sentimentos positivos, ou não tem razão de ser. De que vale um fandom odiento? O mundo real já está cheio de motivos para indignação, e Star Trek faz parte da indústria do entretenimento, não da indústria da autoflagelação.

Tristemente, nesses tempos difíceis de polarização pelos quais atravessamos, em que todo mundo tem de ter opiniões extremadas sobre tudo ou vai pagar de “isentão”, essa atitude positiva passou a ser lamentavelmente confundida com a de “chapa branca”, ou seja, a de subordinação de nossa independência editorial (pela qual sempre prezamos e da qual jamais abrimos mão) a outros interesses. Às vezes chegam a aventar a absurda e ofensiva ilação de que somos pagos para falar bem da mais recente encarnação de Star Trek — como se não tivéssemos tido a mesma atitude com todas as versões anteriores da saga.

Não somos “chapa branca”, não somos pagos para defender qualquer série que seja, e nem faz sentido que um site que divulga Star Trek de forma abnegada, voluntária e independente por duas décadas precise agora ser pago para, pasme!, falar bem, com carinho, respeito e ponderação, de mais uma produção de Star Trek.

O Trek Brasilis sempre teve a missão de atender bem os amantes de todas as versões de Jornada nas Estrelas, seja a mais clássica, seja a mais moderna. Isso é cultivar consensos, isso é respeitar o fandom sem discriminação, é criar elos, é promover união. É reconhecer que podemos todos amar Star Trek, cada um a seu modo, sem precisar no entanto odiar algo na franquia para contrapor ao que se ama. Ninguém é obrigado a gostar de nada, mas cabe respeitar o gosto de cada um. E nosso objetivo é atender quem ama, sempre, e não quem odeia. É o que sempre fizemos, é o que continuaremos a fazer.

Em 2003, num texto de apresentação do Trek Brasilis, eu escrevi o seguinte:

E é com enorme prazer que recebemos a sua companhia nessa viagem. (…) Pois na capacidade de se entreter, de se divertir, de se maravilhar, está uma das maiores virtudes de nossa espécie.

Todos esses anos depois, esse nosso convite ao entretenimento continua valendo. Obrigado pela companhia, e vamos em frente!