TOS 1×13: The Conscience of the King

Obra de William Shakespeare inspira episodio complexo

Sinopse

Data estelar: 2817.6

Kirk desvia a Enterprise de seu curso a pedido de um amigo, o Dr. Thomas Leighton, para investigar a suposta descoberta de uma comida sintética pelo cientista. Porém, enquanto os dois assistem a uma peça de teatro, Leighton revela que a descoberta era uma mentira inventada por ele para atrair Kirk, pois suspeita de que um dos atores da companhia, Anton Karidian, seja na verdade Kodos, ex-governador militar da colônia de Tarsus IV, que há 20 anos teria sido responsável pela execução de 4.000 pessoas. Ele espera que Kirk, que foi testemunha de tal massacre, assim como o próprio Leighton, possa ajudá-lo a descobrir a verdade.

Leighton insiste para que Kirk o ajude, mas o capitão permanece incrédulo quanto à possibilidade de Kodos estar vivo. Kirk volta à Enterprise após Leighton lhe dizer que convidou a companhia de teatro Karidian para um coquetel em sua casa à noite. Curioso acerca das suspeitas sob Karidian, Kirk começa uma pequena investigação usando as informações arquivadas no banco de dados. Ele descobre não existir registro de nenhuma atividade de Karidian antes da suposta morte de Kodos. Além disso, a comparação entre as fotos dos dois, levando em consideração o lapso de vinte anos entre tais registros, mostra alguma semelhança entre eles.

Kirk volta ao planeta e durante o coquetel na casa de Leighton encontra a filha de Karidian, Lenore, que informa que seu pai não irá comparecer ao evento. Ele passa então a investir em Lenore e, entre um flerte e outro, vai descobrindo o que pode. A convida para um passeio, ocasião na qual Kirk descobre o corpo sem vida de Leighton, que havia deixado a residência um pouco antes de Kirk chegar ao coquetel.

Cada vez mais desconfiado, ele promete à viúva de Leighton, Martha, descobrir por que seu marido foi morto. Kirk entra em contato com o capitão da Astral Queen, nave que deveria transportar a companhia para seu próximo destino, e pede que deixe a órbita do planeta sem aviso. Dessa forma, a única saída da companhia de teatro seria pedir carona à Entreprise.

Kirk descobre que outro sobrevivente do massacre é também um tripulante da Enterprise, o tenente Kevin Riley, que teve toda a sua família morta por Kodos e que recentemente havia sido transferido da engenharia para um posto em comunicações. Kirk ordena a Spock que transfira Riley de volta para a engenharia. O Vulcano pede uma explicação para a ordem, mas é ignorado.

Spock estranha as atitudes de Kirk e resolve discutir o assunto com McCoy, que, entretanto não vê nada demais nas atitudes do capitão e credita a presença da companhia Karidian a bordo a um suposto interesse de Kirk em Lenore. Spock permanece incrédulo. Kirk continua investindo em Lenore a fim de tentar descobrir mais informações, mas vai aos poucos se envolvendo com a moça, enquanto ela se esquiva como pode das indagações do capitão da Enterprise.

Spock começa sua própria investigação relacionando os fatos sobre Kirk, Karidian, Riley e Leighton e descobre o mesmo que Kirk já sabia. Ele leva a McCoy suas descobertas, informando as circunstâncias que conduziram Kodos a ordenar a morte dos colonos vinte anos atrás. Conta como uma contaminação de toda a comida da colônia fez com que Kodos, acreditando que a ajuda não chegaria a tempo, selecionasse sob seus próprios critérios quem seria morto para que outros pudessem viver.

Ele prossegue revelando que o corpo de Kodos na verdade nunca fora identificado, e ainda que a história de Karidian se iniciava imediatamente após a morte do ex-governador. Revela ainda que das nove pessoas que podiam identificá-lo sete já haviam sido mortas, e que todas as mortes aconteceram quando a companhia teatral Karidian estava presente. Após esse relato, Spock finalmente consegue a atenção de McCoy.

De volta à engenharia, Kevin Riley pede pelo intercom que Uhura, que estava na sala de recreação, cante para ele. Riley não percebe a presença de alguém na engenharia que mistura ao seu leite algum tipo de veneno, bebe o conteúdo do copo e começa a passar mal. Já com o tenente na enfermaria, Spock lembra a McCoy a importância de mantê-lo vivo –caso contrário, restaria apenas Jim Kirk com a capacidade de identificar Kodos.

Apesar de ter descoberto o que envenenou Riley, uma espécie de lubrificante encontrado na própria nave, McCoy ainda resiste à ideia de tentativa de homicídio. Já Spock não tem dúvidas de que o que aconteceu não foi acidente. Ambos vão ao alojamento de Kirk e apresentam a ele um relatório. McCoy reluta em afirmar que houve uma tentativa de assassinato de Riley, porém Spock mais uma vez discorda e teme que o mesmo possa acontecer com Kirk, acrescentando que está a par de suas suspeitas sobre Karidian.

Kirk o repreende por interferir em seus assuntos pessoais. Spock retruca, pois julga que esses assuntos estão interferindo na operação da nave. McCoy intervém em favor do vulcano, lembrando ao capitão que Spock está cumprindo sua obrigação com imediato e a discussão é interrompida. Eles passam a discutir sobre a possibilidade de Kodos ser realmente Karidian. Spock não tem dúvidas, mas Kirk ainda reluta.

Convicto que de fato ocorreu uma tentativa de assassinato a Riley e certo que o mesmo acontecerá ao capitão, Spock questiona Kirk sobre o porquê de se expor a essa possibilidade, mas Kirk argumenta que está interessado em justiça. McCoy o indaga se na verdade Kirk não procura por vingança e ele responde não ter certeza.

Sem McCoy, o debate entre Kirk e Spock continua nos alojamentos, quando Spock ouve o som de um feiser em sobrecarga. Kirk encontra a arma e lança para fora da nave poucos segundos antes da explosão. Perturbado pelo atentado, Kirk desiste da tática de aproximação lenta e vai ao alojamento de Karidian, indagando-o sobre seu passado. Ele devolve apenas evasivas, então Kirk exige que Karidian faça um teste de comparação de voz. A discussão entre os dois prossegue até que Lenore aparece e interrompe.

Na enfermaria, McCoy está fazendo seu registro e cita a possibilidade de que Karidian seja Kodos. Riley, ainda na enfermaria, mas recuperado, está ouvindo. A apresentação programada da companhia Karidian prossegue. Kirk e Spock analisam o resultado do teste de voz e uma vez mais Spock acredita que o teste seja positivo, enquanto Kirk ainda se nega a aceitar as provas que tem em mãos.

McCoy avisa que Riley sumiu da enfermaria. Quase ao mesmo tempo Kirk é informado pela segurança de que o depósito de armas fora arrombado e um feiser roubado. Um alerta contra Riley é expedido enquanto o capitão e Spock se dirigem ao local da apresentação. Kirk encontra Riley nos bastidores do teatro empunhando o feiser roubado e consegue demover o tenente de sua intenção inicial. Riley entrega arma a Kirk e volta à enfermaria.

Sem saber o que acontecia, Karidian está a ponto de confessar a Lenore sobre seu passado sem saber que sua filha já o conhecia. Lenore confidencia ter matado as outras pessoas que poderiam identificá-lo como Kodos, e que planejava matar os dois últimos (Kirk e Riley) ainda naquela noite, logo após a peça. Karidian fica transtornado e Lenore está fora de si.

Kirk ouve a confissão de Lenore e se aproxima pedindo que ambos o acompanhem. Um derrotado Karidian assume ser Kodos. Lenore, afetada pela loucura, insiste que ela e seu pai devem retornar ao palco, mas Kirk chama um segurança para que escolte os dois. Lenore toma o feiser do guarda e corre em direção ao palco. Em frente a uma plateia assustada, ela aponta para Kirk e atira, mas Karidian se coloca à frente do disparo e é morto pelas mãos da própria filha, que enlouquecida chora sobre o corpo caído do pai.

A Enterprise deixa a órbita de Benecia, após deixar Lenore entregue a uma equipe médica, sob tratamento. Segundo McCoy, a moça não lembrava mais do que havia acontecido, nem da morte do pai ou mesmo das mortes que causou. Jim Kirk está desolado, e quando McCoy pergunta a ele o quanto ele realmente se importava com Lenore, não obtém nenhuma resposta. O capitão apenas ordena velocidade à frente.

Comentários

“The Conscience of the King” é um dos segmentos mais impactantes da Série Clássica e que inaugura oficialmente a longa relação de Jornada com obra de William Shakespeare, relação essa que permearia as diversas edições da franquia por vários anos. Ele vai além da simples citação de trechos dos trabalhos do escritor inglês, transportando elementos de Hamlet e MacBeth para os decks da Enterprise com absoluto sucesso.

Se em Hamlet o personagem principal é atormentado pelo fantasma do próprio pai, aqui o Dr. Leighton, Kirk e o próprio Karidian são assombrados pelo fantasma do ditador Kodos, o que cria o motor principal da trama num episodio que começa como um thriller de investigação e aos poucos vai ganhando contornos mais sutis, dramáticos e atemporais. Encontramos aqui importantes questionamentos a respeito da alma humana como o sempre recorrente e atual paradigma “O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”, além de discussões sobre o amor, devoção, traição e por fim, a loucura.

Esse paradigma quase domina Kirk, que ao se convencer que Leighton poderia estar certo não hesita em usar todos os meios a sua disposição para conseguir seu intento. Ele mente, manipula, dissimula e usa de todo o poder que tem a sua disposição para conseguir sua vingança pessoal, deixando claro isso quando ele mesmo assume não ter certeza de suas reais motivações. Ao mesmo tempo ele hesita. Quando Spock finalmente se convence de que Karidian é mesmo Kodos, Kirk vacila em dar seu último e derradeiro passo mesmo diante das provas.

Lenore, outra alma atormentada, personifica a dissimulação de Lady MacBeth. Ancorada num roteiro de extrema competência, a atriz Barbara Anderson faz um belo trabalho entregando do início até quase o fim do episodio uma doçura e encantamento sublimes, e em seu final, uma verdadeira e comovente loucura. Sem dúvida uma excelente atuação de Anderson, cuja maior experiência vinha exatamente dos palcos do teatro.

Da mesma forma, Karidian se revela um personagem profundo. Um homem amargurado e atormentado pelo passado, herói de seu próprio julgamento e refém do julgamento da História – que nunca aconteceu de fato. Arnold Moss, outro veterano com experiência teatral faz igualmente um grande trabalho. Impressiona quando percebemos que após uma breve aparição na abertura do episodio o personagem só reapareceria novamente depois de 2/3 do episódio e na cena final. Moss consegue compor um personagem profundo e tridimensional de forma absolutamente convincente com grande talento.

Nota relevante aqui para a ligação que o episódio faz com as teorias eugênicas e o holocausto Judeu na segunda guerra, pois ainda que o tema não seja diretamente esse, o paralelo com os massacres ocorridos nos campos de concentração e as mortes ordenadas por Kodos, numa tentativa de “salvar” quem ele considerava “os melhores membros da comunidade” é claramente uma alegoria a esse triste fato histórico.

Willian Shatner também realiza um grande trabalho aqui mostrando um Kirk mais profissional, mas ao mesmo tempo maquiavélico e frágil. Mesmo a abordagem que faz a Lenore é relativamente sutil e elegante, e diferente de outros segmentos, o capitão da Enterprise consegue nos convencer que estava realmente apaixonado pela filha de Karidian/Kodos o que torna seu drama pessoal tocante.

Nesse episódio ele cruzou algumas linhas e esteve próximo ao ponto de não retorno. É que acontece quando ele ordena que Riley seja mandado de volta à engenharia numa tentativa clara de atrair um possível assassino, mesmo que para isso a segurança do tripulante fosse comprometida. Seu embate com Spock mostra uma pessoa obstinada, obcecada com uma vingança pessoal travestida de justiça, mas ao mesmo tempo uma hesitação, uma dúvida, pois na vida real nem sempre existirão certezas absolutas, e restará ao homem decidir por seus próprios valores.

O embate com Karidian também é um dos grandes momentos de Jornada nas Estrelas. Poucas vezes a serie clássica foi capaz de realizar uma discussão filosófica sobre a natureza da humanidade de forma tão brilhante. Aqui, Kodos, o Carrasco, se mostra um homem amargurado, perseguido por seus fantasmas pessoais, mas principalmente ainda em dúvida sobre suas ações no passado. Por outro lado, Kirk tem sua autoridade moral questionada pelo que seria o vilão da história numa atuação plena de Moss e Shatner, e com um texto inspiradíssimo.

Ao final, ao impedir Riley de matar Kodos (algo que Kirk mesmo assumiu que teria feito) o capitão recobra sua sanidade e salva sua alma do mesmo destino de Kodos. Aqui ele define a diferença entre vingança e justiça, entre certo e errado. A cena final entre Karidian e Lenore é poderosamente comovente. Arnold Moss e Barbara Anderson realizam atuações antológicas, onde Lenore deixa eclodir toda sua ingênua loucura devotada a seu pai, enquanto Moss transpira frustração e desespero ao perceber o que sua filha fez em seu nome. Nesse momento Kirk e Kodos estão brevemente unidos em sua tristeza por Lenore. Bravo!

Para além do elenco convidado, temos uma excelente participação de McCoy e Spock num dueto que viria a ser tornar uma das marcas registradas da série. Se num primeiro momento temos um McCoy aparentemente displicente e alheio às indagações de Spock (que mostra aqui toda a sua competência ao conseguir juntar as peças do quebra-cabeças), é justamente ele quem vai em defesa do vulcano quando esse é confrontando por Kirk ao ter suas ações questionadas. McCoy não hesita nem por um segundo ao defender Spock, definindo aqui de maneira indelével o caráter de nosso bom doutor.

Essa cena também é o exemplo mais didático de como funcionaria a santíssima Trindade de Star Trek, Kirk, Spock e McCoy em todo o seu esplendor, num momento que começa com o confronto e termina deixando claro a amizade e o respeito mútuos entre os três pilares da Série Clássica. O momento final do episódio entre Kirk e McCoy é de uma delicadeza única. Kirk completa a jornada do herói de forma trágica e sem recompensas, o que aconteceria novamente com ainda maior intensidade no clássico “The City on the Edge of Forever”.

Na parte técnica temos aqui um trabalho de direção de fotografia bem executado, onde a iluminação foi usada de forma muito adequada. Percebe-se tons mais suaves nos momentos românticos e tons escuros e opressores nas horas de drama.

Com cuidado é possível notar mais algumas sutilizas, como a coroa do Rei sobre a mesa nos aposentos de Karidian/Kodos, entre outros detalhes cenográficos, assim como o cuidado nos closes. Na cena onde Kirk confronta Kodos, o capitão é sempre mostrado com um ângulo ligeiramente pessoal, enquanto Karidian é mostrado numa posição ligeiramente mais baixa que o centro da linha da câmera, determinando a posição de cada um nesse duelo.

Destaque também para as várias versões do tema principal da série, em especial na festa, quando é tocado em jazz. O tema reaparece quando Kirk conversa com Lenore no deck de observação. Notem que no primeiro momento a música tema faz parte de diegese do segmento, ocorrência pouco comum e bem escolhida.

Para citar (forçadamente) os problemas desse episódio, talvez o principal seja a questionável autoridade de Kirk que, como capitão da Frota Estelar, não teria jurisdição (em teoria) para tomar as decisões que tomou de forma unilateral, mesmo que esses desvios tenham sido habilmente varridos para debaixo do tapete com as famosas “linhas de texto”, desviando o curso da nave por duas vezes, usar a Enterprise como nave de passageiros, sair do planeta após um assassinato (estranho que as pessoas presentes à festa não fossem detidas para investigação).

Lenore é transportada a bordo da Enterprise aparentemente sem autorização de ninguém e somente quanto ela está a bordo é que o capitão e o primeiro-oficial foram informados de sua presença.

Outro mistério é como ela conseguiu o feiser sem levantar suspeitas, sendo que o tripulante Riley teve que arrombar o arsenal para conseguir tal arma, sendo o fato imediatamente informado pela segurança ao comando. Além disso, como ela colocou o feiser no alojamento de Kirk se aparentemente Kirk e Spock não deixaram o local após a saída de McCoy? Por que o feiser que Lenore tomou do segurança e com o qual matou seu pai não estava regulado para tonteio?

A (horrorosa) máscara de borracha usado pelo Dr. Leighton, simulando uma espécie de prótese, parece querer dar a impressão de que ele teria sido torturado, o que não bate com a versão contada por Spock sobre os eventos ocorridos vinte anos antes. Ele diz que todas as vítimas de Kodos foram mortas de forma rápida e indolor.

De qualquer forma, essas citações são meramente uma obrigação “profissional” uma vez que “The Conscience of the King” merece que todos esses pecados sejam perdoados. Um belo segmento que produz uma profunda e discussão filosófica e humanista na melhor tradição de Jornada nas Estrelas, com excelentes atuações tanto do elenco principal quanto dos convidados, um belíssimo e inspirado roteiro e um grande trabalho de direção.

É significativo que passados mais de cinquenta anos a Série Clássica ainda consiga gerar tal encantamento. Essa perenidade em muito se assemelha à longevidade das questões levantadas pelo trabalho do escritor inglês William Shakespeare. Ambas as obras, cada uma a seu tempo e modo, têm o poder de tocar em questões humanistas e atemporais de forma brilhante.

Avaliação

Citações

“What hands are here? Ha! They plunck out mine eyes! Will all great Neptune’s ocean wash this blood clean from my hand? No. This my hand will rather The multitudinous seas incarnadine, making the green one red.” (MacBeth, Ato 2, Cena 2)”
(Que mãos estão aqui? Há! Elas esbugalham meus olhos! Todo o oceano do grande Netuno lavará esse sangue das minhas mãos? Não. Essa minha mão vai provavelmente deixar em carne os mares multitudinosos, fazendo do verde vermelho.)
Karidian

“Worlds are conquered, galaxies destroyed, but a woman is always a woman.”
(Mundos são conquistados, galáxias destruídas, mas uma mulher é sempre uma mulher.”
Kirk

“And this ship… all this power, surging and throbbing, yet under control. Are you like that, captain?”
(E esta nave… todo esse poder, emergindo e pulsando, mas ainda sob controle. Você é assim, capitão?)
Lenore

“My father’s race was spared the dubious benefits of alcohol.”
(A raça de meu pai foi poupada dos dúbios benefícios do álcool.)
Spock

Trivia

    • O falecido Arnold Moss foi um ator de ótima formação dramática, tendo se aposentado da profissão em 1976 e morrido 13 anos depois de câncer no pulmão. Seu filme de cinema mais popular é Viva Zapata! (1952), do diretor Elia Kazan e contando com nomes como Marlon Brando e Anthony Quinn no elenco.
    • Barbara Anderson, como Lenore, marca o recorde de figurinos usados por um mesmo personagem num episódio: 6. O recorde seria igualado depois por Ricardo Montalban e Joan Collins.
    • O episódio marcou a segunda e última participação do personagem do tenente Kevin Thomas Riley (a primeira ocorreu em “The Naked Time”) na série, que no rascunho inicial do roteiro se chamaria tenente Robert Daiken.
    • A cena onde Uhura aparece cantando e tocando o alaúde vulcano foi inicialmente pensada para Spock. Gene Rodenberry foi quem sugeriu a mudança a fim de aproveitar mais o talento de Nichelle Nichols, que já havia aparecido cantando no episodio “The Charlie X”. Gene L Coon foi o autor da letra da musica Beyond Antares.
    • Esse foi o primeiro episódio do showrunner Gene L. Coon em Jornada nas Estrelas. Coon trabalharia em Star Trek até a metade da segunda temporada e foi responsável por vários desenvolvimentos da franquia. Ele continuou a contribuir com roteiros para a terceira temporada, sob o pseudônimo de “Lee Cronin”.
    • Esse episódio marca a despedida melancólica de Grace Lee Whitney (como a ordenança Rand) da série. Grace enfrentava vários problemas pessoais e nesse episodio quase todas as suas participações foram removidas. Grace voltaria à franquia em The Motion Picture, Star Trek III: The Search for Spock e Star Trek IV: The Voyage Home. Sua saída se deu devido à pressão da rede de televisão NBC para que Kirk tivesse disponibilidade para ter uma sucessão de interesses românticos semana após semana.
    • A música do compositor Joseph Mulendore contribuiu muito para o clima sombrio do episódio. Apesar de não voltar a compor novamente para a série, os temas do compositor para este segmento ainda seriam aproveitados em outros episódios.
    • A necessidade de reduzir os custos da produção fica evidente ao olharmos pela janela da casa do dr. Leighton: o cenário exterior vem da estação de mineração de “Where No Man Has Gone Before” e o pano de fundo pintado foi, inicialmente, usado na conhecida cena do piquenique entre Pike e Vina de “The Cage”.
    • O convés de observação não seria visto novamente na série, mas o hangar das naves auxiliares (não mostrado aqui) faria várias aparições a partir do episódio seguinte, “The Galileo Seven”.
    • Leonard Nimoy viu um paralelo entre essa história e o julgamento de criminosos de guerra após a II Guerra Mundial. “Acredito que haja aqui uma forte noção de que o mal deve ser perseguido e punido. Há uma referência muito específica à teoria eugênica do doutor Kodos como uma separação entre os que escolhemos para a vida e os que escolhemos para a morte. Poderíamos dizer que é uma referência a Eichman e aos campos de extermínio nazistas. A história também lida com questões de responsabilidade. O anúncio de Kodos ao final de que ele era um soldado numa causa é reminiscente do dos nazistas no final da II Guerra Mundial que foram levados a julgamento em Nuremberg, cujo argumento era estar seguindo ordens.”
    • Nem tudo foi seriedade durante as filmagens, segundo Nimoy. “Durante o decorrer desse episódio, minha memória é a de que vários de nós tínhamos de dizer, várias vezes, os nomes dos personagens e da companhia de atores, então era Kodos e a companhia Karidian de atores. Shatner e eu tínhamos problemas com isso e eu claramente me lembro de vezes em que começávamos a rir, histericamente, e precisávamos ir à tomada 8 ou 9 para tentar acertar e então começávamos a rir antes mesmo que as palavras viessem, vendo a ruga nos olhos do outro e sabendo que as palavras estavam vindo e que um de nós teria de dizê-las, e ia errar. Foi um alívio hilariante da tensão e da tragédia do drama.”

Ficha Técnica

Roteiro de Barry Trivers
Dirigido por Gerd Oswald

Exibido em 08 de dezembro de 1966

Títulos em português: “A Consciencia do Rei” (AIC-SP), “A Consciencia do Rei” (VTI-Rio)

Elenco

William Shatner como James T. Kirk
Leonard Nimoy 
como Spock
DeForest Kelley 
como Leonard H. McCoy
James Doohan 
como Montgomery Scott
Nichelle Nichols 
como Uhura
George Takei 
como Hikaru Sulu

Elenco Convidado

Arnold Moss Como Anton Karidian
Barbara Anderson como Lenore Karidian
William Sargent como Dr. Thomas Leighton
Natalie Norwick como Martha Leighton
Grace Lee Whitney como Ordenança Rand
Bruce Hyde como tenente Kevin Riley
Karl Bruck como Rei Duncan
Marc Adams como Hamlet
Eddie Paskey como tenente Leslie
David Troy como tenente Larry Matson

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Edição de Carlos Henrique Santos
Revisão de Roberta Manaa

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