TNG 1×02: The Naked Now

Apresentação de personagens redunda em reprise de episódio da Série Clássica.

Sinopse

Data estelar: 41209.2

A Enterprise é enviada para investigar estranhas ocorrências na nave de pesquisa USS Tsiolkovsky, que estava monitorando o colapso de uma estrela. Ao ir a bordo da nave, o grupo avançado descobre que toda a tripulação está morta.

O que eles não sabem é que Geordi LaForge está voltando para a Enterprise trazendo consigo uma doença transmissível que afeta os tripulantes, fazendo com que sintam-se como se estivessem intoxicados e mentalmente instáveis, em efeito similar ao da embriaguez.

A tripulação por fim descobre que uma contaminação desse tipo já foi registrada pela Enterprise NCC-1701, sob o comando do capitão James T. Kirk. Enquanto a dra. Beverly Crusher procura por um antídoto, o caos toma conta da nave, com Wesley dominando a engenharia e assumindo o comando da Enterprise.

Por fim, o tenente-comandante Data e a engenheira-chefe MacDougal conseguem restabelecer o controle da nave e salvá-la de um fragmento estelar que vinha em sua direção. Para tal, contaram com a ajuda de Wesley, que conseguiu em tempo recorde inverter a potência do raio trator ligado à Tsiolkovsky, usando-o como um raio repulsor para afastar a Enterprise e assim ganhar mais alguns segundos para que a nave pudesse escapar.

Comentários

“The Naked Now” é um episódio que não faz a menor questão de esconder que é uma cópia descarada de uma história da Série Clássica. Como se só a premissa básica não bastasse para ligá-lo ao roteiro original, até os trejeitos dos personagens ao serem contaminados, olhando para as mãos com olhar de estranheza e suando muito, são reproduzidos.

Esse é um roteiro feito com base empírica. Sabia-se que era importante desenvolver e situar os personagens, suas relações e características básicas. Olhando para a Série Clássica, o episódio que melhor conseguiu trazer à tona os aspectos mais sutis (e ao mesmo tempo mais relevantes) de cada um dos tripulantes foi “The Naked Time”.

Partindo do pressuposto de que em time que está ganhando não se mexe, os produtores de A Nova Geração decidiram fazer um remake do episódio, para trazer os mesmos efeitos para os recém-criados personagens. O esforço de adaptação foi mínimo – tanto que o roteirista do episódio original, John D. F. Black, ganhou créditos por esse episódio sem trabalhar no novo roteiro.

Apesar de não funcionar tão bem como o original, além de ser uma ideia velha, o episódio até que “quebra um galho” para explicar as relações entre os personagens. A carência afetiva de Tasha Yar, o caso mal resolvido entre o capitão Picard e a doutora Crusher, a irritante genialidade de Wesley e a paixão de Troi por Riker são expostas de forma bastante honesta e contundente.

Worf está sobrando no episódio, refletindo uma tônica que duraria por toda a temporada. Nem contaminado ele conseguiu ficar. Aliás, por falar em contaminação, o roteiro nem deixa claro se ela se dá por um vírus ou por uma substância orgânica qualquer. Sabe-se apenas que é algo semelhante ao que aconteceu com a Enterprise original, sob o comando de James T. Kirk.

O episódio serve para demonstrar uma certa imaturidade por parte da produção. Em troca de algumas piadas de riso fácil, eles corromperam o personagem de Data, permitindo que ele ficasse “bêbado”, mesmo sendo um androide.

Vale lembrar que isso não passa de um déjà vu. No episódio clássico, Spock seria a vítima do mau gosto. Na forma em que foi originalmente escrito, o episódio mostrava um Spock se esforçando para não chorar, vagando pelos corredores da Enterprise, quando um tripulante alucinado passa por ele e pinta um bigode em seu rosto, para a total desmoralização do vulcano.

A cena só não foi para o episódio pelos protestos de Leonard Nimoy, que sugeriu um arranjo muito melhor, em que Spock entra na sala de reunião e passa por um embate interno entre sua lógica e suas emoções – o humor barato pelo drama consistente foi uma boa troca na ocasião.

Já Data não teve a mesma sorte. Em “The Naked Now”, temos que ver o androide fora de seu juízo, chegando até a levar tombos na ponte da Enterprise.

No fim das contas, o episódio reflete as boas intenções da produção em caracterizar os principais personagens da nova série. Mas, como dizem por aí, de boas intenções o inferno está cheio…

Avaliação

Citações

“I am fully functional, programmed in multiple techniques.”
(Sou totalmente funcional, programado para múltiplas técnicas.)
Data

“I’m only going to tell you this just once. It never happened!”
(Vou dizer isso apenas uma vez. Jamais aconteceu!)
Tasha Yar

Trivia

  • Este episódio foi filmado em exatamente 6 dias seguidos.
  • O nome do roteirista, J. Michael Bingham, é na verdade um pseudônimo usado por D.C. Fontana. John D. F. Black, apontado como coautor da história, na verdade só escreveu o episódio original de 1966, no qual este foi baseado.
  • A presença da atriz Brooke Bundy como a chefe de engenharia Sarah MacDougal iniciou uma grande alternação de personagens neste posto. Isso somente foi resolvido com a transferência de Geordi LaForge da ponte para a posição. O ator Michael Rider, que neste episódio interpreta um chefe de transporte anônimo, participou ainda de mais dois episódios seguintes, em um deles como guarda da segurança.
  • O pseudorrelacionamento amoroso Picard-Beverly Crusher foi se arrastando sem maiores novidades até o episódio “Attached”, da sétima temporada, onde finalmente foi abordado de forma mais consistente.
  • A nave Tsiolkovsky, da classe Oberth (igual à USS Grisson de Jornada nas Estrelas III: À Procura de Spock, porém com pequenas mudanças), foi nomeada em homenagem a Konstantin Tsiolkovsky, o “pai” da astronáutica. Uma cópia da placa da nave feita para o cenário foi enviada para o Museu Kaluga, em sua cidade natal, na Rússia.

Ficha Técnica

História de John D. F. Black e J. Michael Bingham
Roteiro de J. Michael Bingham
Dirigido por J. Michael Bingham

Exibido em 5 de outubro de 1987

Título em português: “A Hora Nua”

Elenco

Patrick Stewart como Jean-Luc Picard
Jonathan Frakes como William T. Riker
Brent Spiner como Data
LeVar Burton como Geordi La Forge
Michael Dorn como Worf
Gates McFadden como Beverly Crusher
Marina Sirtis como Deanna Troi
Wil Wheaton como Wesley Crusher
Denise Crosby como Natasha “Tasha” Yar

Elenco convidado

Brooke Bundy como Sarah MacDougal
Benjamin W.S. Lum como Jim Shimoda
Michael Rider como chefe de transporte

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Edição de Salvador Nogueira
Revisão de Maria-Lucia Rácz

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