VOY 3×06: Remember

Torres encontra raça telepática e vive romance durante os sonhos

Sinopse

Data estelar: 50203.1

Enquanto a Voyager transporta um grupo de enaranos para seu planeta-natal, Torres começa a vivenciar sonhos intensos. Todas as noites, ela se vê como Korenna, uma mulher enarana apaixonada por um homem chamado Dathan, procurado pelo pai dela, o líder militar Jareth.

Torres comenta suas visões perturbadoras com Chakotay, percebendo que, a cada sonho, a história de Korenna avança. Chakotay imagina se existe alguma relação entre os sonhos e a presença dos telepáticos enaranos a bordo. Mais tarde, Torres desmaia após ter outra visão.

Quando ela acorda na enfermaria, o Doutor conta que Torres não está tendo sonhos; está vivenciando memórias que foram especificamente implantadas em sua mente. Em sua próxima visão, Korenna descobre que o pai está “realojando” pessoas como Dathan à força, por rejeitarem a tecnologia moderna. O rosto de Korenna é acidentalmente ferido por um dos “criminosos” que tentava fugir dos soldados de Jareth. Quando Torres acorda, ela vai para os aposentos de uma velha mulher enarana chamada Mirell, que tem uma cicatriz como a que a tenente viu no sonho. Mirell admite ser Korenna, e que plantou as memórias na mente de Torres para que a verdade sobre o que aconteceu com aquelas pessoas no seu mundo não seja esquecida após sua morte.

Mirell telepaticamente revela a última parte da história a Torres: na noite em que Dathan contou a Korenna que Jareth estava matando aquele segmento da população, e não os relocando, Dathan pediu que Korenna fugisse com ele, mas Jareth disse a ela que o amante estava mentindo. Convencida de que Dathan não a amava de verdade, Korenna o traiu, e Jareth mandou executá-lo. Quando Torres acorda, Korenna Mirell está morta.

Enquanto os enaranos preparam um brinde de despedida para a tripulação, Torres aparece e os chama de assassinos. Ela os acusa de ocultarem seu passado, mas ninguém a escuta. Finalmente, uma jovem enarana de quem Torres se tornou amiga durante a viagem se dispõe a receber as memórias de Korenna. Torres o faz e tem a satisfação de saber que o que aconteceu naquele planeta nunca será esquecido.

Comentários

A história da semana é de Roxann Dawson, sem sombra de dúvidas. Mas as cenas em que B’Elanna aparece ficam em segundo plano. Aqui, a atriz encarna uma personagem totalmente diferente e faz um belo trabalho. O episódio é uma versão literalmente “light” de um tema abordado em “The Inner Light”, da Nova Geração. Alienígenas querem manter seu passado vivo, transmitindo-o a outros ao fazer com que eles vivam suas lembranças.

Há, entretanto, uma diferença de enfoque entre o episódio da Nova Geração e o de Voyager. Enquanto o primeiro prima pela emoção e pelo enfoque no personagem de Picard, o segundo prefere deixar os personagens regulares em segundo plano e opta por se centrar no tema da história — uma aparente alegoria do holocausto e da necessidade de estarmos sempre nos lembrando dele para evitar que ocorra novamente. O resultado, obviamente, não chega aos pés do primeiro.

A temática do episódio fica bem clara a todos. Os eventos vivenciados na mente de B’Elanna são bem familiares. Tem-se uma garota da alta classe apaixonada pelo plebeu, tem-se uma sociedade repressora e um pai vilão que está por trás de um genocídio. Esses elementos entram em Voyager sustentados por uma espécie no mínimo paradoxal.

Ao mesmo tempo em que os enaranos são um povo pacífico, cultural e avançado — e isso pôde ser visto durante a sequência no refeitório –, eles tentam esconder de todas as formas seu passado recente, quando ocorreu o extermínio em massa de todo um segmento da sociedade.

Foi bem típico de B’Elanna entrar cheia de raiva e rancor para acusar os enaranos de tentarem ocultar tal ocorrido. Afinal, ela vivenciou na pele a perseguição que os maquis sofreram tanto pela Federação quanto pelos cardassianos; isso, fora o seu já conhecido temperamento klingon, que a impede de guardar certos sentimentos para si. Embora seus motivos tenham sido nobres, como a capitão mesmo lembrou, não cabia a ela tentar mudar toda a realidade de um povo desconhecido. B’Elanna já bateu nessa tecla antes, em “Prototype”.

O roteiro em si foi bom, no sentido de que mexeu com a emoção do telespectador. Mas houve alguns buracos não explicados. O primeiro envolve Korenna. Se a jovem se deparou com o difícil dilema de escolher entre a verdade apresentada pelo pai ou pelo amante, por que ela não usou de seu poder telepático para chegar à verdade?

Como foi colocado por outros, as memórias de B’Elanna foram todas vistas em primeira pessoa. Se Korenna não viu alguma coisa, B’Elanna também não. Obviamente a maior parte dos enaranos não viu nada, ainda mais uma garota da alta sociedade. Ela sofre, sim, de um forte sentimento de culpa, mas em momento algum teve-se a ideia de que ela investigou a fundo as acusações de Dathan. Ao fim do episódio, não se pode dizer com 100% de certeza quem dizia a verdade.

No fim, tudo terminou como deveria terminar. B’Elanna, lembrada por Janeway da questão da Primeira Diretriz, pôde manter viva a história “não-oficial” dos telepatas ao transmitir para a amiga enarana o que lhe foi passado. Mas não teria sido mais fácil se Jora Mirell (ou melhor, Korenna) tivesse passado esse conhecimento diretamente para Jessen?

Avaliação

Citações

“Satisfying your curiosity is not worth brain damage”
(Não vale a pena danificar o cérebro para satisfazer a sua curiosidade)
Doutor

Trivia

  • Este episódio foi originalmente escrito por Brannon Braga para A Nova Geração e seria uma história baseada em Deanna Troi. Depois que Lisa Klink assumiu a roteirização e adaptou a história para Voyager, Joe Menosky e Braga concordaram que “Remember” ficou bem melhor.
  • Repare nos créditos deste episódio. Roxann Biggs-Dawson (B’Elanna Torres) está creditada apenas como Roxann Dawson. A atriz tinha acabado de se separar do ator Casey Biggs (o cardassiano Damar, de Deep Space Nine)
  • Aqui fica estabelecido que Janeway não sabe tocar nenhum instrumento musical. No próximo episódio, “Sacred Ground”, descobriremos que ela não sabe desenhar também. Terá alguma habilidade a capitão?
  • Lisa Klink, a roteirista deste episódio, também roteirizou “Sacred Ground”.
  • Winrich Kolbe, que dirige aqui, foi o diretor do episódio-piloto “Caretaker”.
  • Em entrevista, Roxann Dawson disse: “Um dos meus episódios favoritos foi ‘Remember’, apenas por causa do roteiro, que achei ter algo muito importante a passar, porque lidava com um tipo de holocausto. Ele assegura que nós sempre nos lembremos. Sem nos lembrarmos, algo como aquilo pode acontecer de novo. Achei que o roteiro foi brilhante nesse ponto e adorei trabalhar nele.”

Ficha Técnica

História de Brannon Braga & Joe Menosky
Dirigido por Winrich Kolbe

Exibido em 09 de outubro de 1996

Título em português: “Lembranças”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

Eugene Roche como Jor Brel
Charles Esten como Dathan
Athena Massey como Jessen
Eve Brenner como Jora Mirell
Bruce Davison como Jareth

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Edição de Stéphanie Cristina
Revisão de Nívea Doria

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