Como o leitor do TB já sabe, há quase três décadas a Meia Sete Editora, que já publicava a revista brasileira Sci-Fi News, resolveu que era hora de se arriscar no mercado literário de ficção científica e produziu livros de Jornada nas Estrelas, por meio de seu novo selo dedicado ao projeto, o Sci-Fi Books. Foram três títulos colocados nas livrarias entre 1998 e 1999: o crossover de A Nova Geração e os X-Men, Planeta X; a romantização do longa Jornada nas Estrelas: Insurreição; e aquele que seria o primeiro deles e que mais chamaria a atenção de todos à época, O Retorno do Capitão Kirk, escrito por William Shatner e o casal Reeves-Stevens. Mais alguns foram estudados para serem produzidos, só que por questões econômicas jamais viram a luz do dia.
Paulo Maffia foi o editor desta coleção. Em sua série de memórias nas redes sociais, Contos do Jornalismo Pop de Guerrilha, ele falou um pouco dos bastidores do lançamento do crossover entre os mutantes da Marvel e A Nova Geração, confira.
Planeta X: um crossover com DNA Brasileiro
por Paulo Maffia (*)
Em 1998, a Meia Sete Editora trouxe uma grata surpresa aos fãs brasileiros: X-Men: Planeta X, um livro de Michael Jan Friedman que uniu os universos de X-Men e Jornada nas Estrelas: A Nova Geração. Naquela época, eu dividia meu tempo entre trabalhar na Editora Abril, na redação de quadrinhos de super-heróis, das 8h às 18h, e na Meia Sete. Nesta, eu me dedicava à publicação da revista Sci-Fi News e de uma linha de livros de ficção científica, das 18h até altas horas — coisas que fazemos quando somos jovens e estamos no início da carreira.
Quando começamos a pensar em publicar X-Men: Planeta X, a capa original me incomodava muito por ser, em minha opinião, bastante feia. Eu tinha contato com artistas brasileiros que já desenhavam para a Marvel, e decidimos que o grande diferencial da nossa edição nacional seria uma capa exclusiva, desenhada pelo talentoso Roger Cruz, da Fábrica de Quadrinhos. Roger era, naquele período, um dos desenhistas principais de X-Men, e seu toque brasileiro marcou esse encontro épico de sagas.
O curioso é que ficamos receosos em relação à reação da editora original do livro. O que eles pensariam de mudarmos a capa? Para nossa surpresa, quando pedimos a autorização e explicamos que Roger Cruz desenharia a capa, a reação deles foi: “Meu Deus, como vocês conseguiram isso?!” A aprovação foi imediata.
Além disso, consegui convencer meus chefes na Meia Sete a comprar anúncios de quarta capa nas revistas de X-Men da Editora Abril. Vale ressaltar que, como a Meia Sete era uma editora pequena, livrarias e distribuidoras nos olhavam com desconfiança e relutavam em comprar nossos livros. Por isso, praticamente só vendíamos por telefone. Quando o anúncio saiu nos gibis, as linhas telefônicas da editora explodiram! Tivemos que chamar mais pessoas para dar conta do serviço. Foi, sem dúvida, um dos livros mais vendidos que publicamos.
P.S.: Não tenho o livro aqui porque o perdi em uma das mudanças. Se houver alguma alma abençoada por aí que queira me doar, ficarei muito grato!
(*) Um dos trekkers mais conhecidos do Brasil, o jornalista Paulo Maffia já colaborou várias vezes com o Trek Brasilis, foi um dos nomes por trás do pioneiro fanzine Trekker Report, e fez história como editor de quadrinhos Disney em nosso país.
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