Mike Johnson fala dos quadrinhos Star Trek

Mike JohnsonNuma entrevista ao site popmatters, o escritor Mike Johnson falou a respeito de seu trabalho nas histórias em quadrinhos da editora IDW, chamada de Star Trek ongoing, e a chance de reescrever as aventuras de Kirk, Spock e cia através dos dois filmes de J. J. Abrams. Ele também comenta sobre novas histórias, a conexão com o terceiro longa, além da origem de Khan baseado no filme e no cânon.

O que funcionou em Star Trek que deixou você fazer isso e que outros livros não fizeram? 

MJ: Trabalhar em Star Trek me dá a chance de escrever nas vozes dos personagens como eles foram estabelecidos pelos atores nos novos filmes. Muitos quadrinhos de super-heróis, por exemplo, não tem uma “voz” definitiva para o personagem, conforme estabelecido por um ator ou atriz. Com Jornada, é um desafio divertido capturar o único que Zachary Quinto traz para Spock, Zoe Saldana traz para Uhura.

Qual foi a  sua série favorita de Jornada? Personagem?

MJ: Eu sou um fã de A Nova Geração. Eu assisti a série original, em sua reprise, mas eu assisti A Nova Geração desde o dia em que estreou até o fim. É difícil escolher um personagem favorito, então eu vou com um empate: Spock e Data.

Você era um fã quando criança?

MJ: Eu era. Mesmo que a série original já estivesse em reprises quando eu era criança, eu tinha o grande Kirk e Spock em figuras de ação Mego com os uniformes de pano. Brincar com eles é uma das minhas primeiras memórias.

O que motivou esses novos livros para colecionadores?

MJ: Os novos livros surgem do desejo de dar aos fãs o melhor possível nas edições. É sempre divertido ver o trabalho apresentado de maneiras diferentes, especialmente quando eles destacam a bela arte por dentro.

Como é que o seu texto complementa a arte? 

MJ: Eu realmente tento pensar e escrever, cinematograficamente. Uma das melhores coisas sobre o filme Star Trek é que não são apenas as explosões e ação. Grande parte da história é impulsionada por pensamentos e conversas. Isso pode ser um desafio, porque você não quer que os quadrinhos sejam apenas um bando de cabeças falantes, então eu dou o melhor de mim para equilibrar os momentos mais calmos com imagens mais visualmente impressionantes para o artista desenhar.

Como você lida com o legado de Jornada, quando escreve?

MJ: Se eu pensar muito sobre isso eu acho que teria medo de digitar uma única palavra, então eu só faço lembrar o que eu amo mais sobre a franquia em toda a sua forma, e transmitir isso através da minha escrita. Eu tenho sorte de ter Roberto Orci, um dos roteiristas e produtores do novo filme, como uma caixa de ressonância. Sobre Jornada, ele sabe melhor do que ninguém.

A CBS/Paramount fornece a orientação? Sem uma série atual ou filme em produção, eles mantem algum tipo de regras a seguir como Roddenberry fazia? 

MJ: A CBS e a Paramount têm sido grandes parceiras nos quadrinhos. Elas abraçaram a noção de que os quadrinhos devem ser capazes de empurrar o material em termos do tipo de histórias que podemos contar. Ter todos na mesma página (por assim dizer) é uma grande vantagem para esta coleção.

Quem é o seu personagem favorito para escrever diálogo? 

MJ: Eu gosto de escrever para Spock e Magro. Tanto o elenco original e os novos atores trazem um ritmo quase musical para suas linhas que fazem uma maravilha para escrever.

Os filmes de Abrams parecem ter estado um pouco longe da ciência da ficção científica, como você acha algo sobre a ciência quando você escreve? Você lê revistas científicas ou usa outras contribuições científicas em busca de inspiração?

MJ: Eu não acho que os filmes de Abrams tenham deixado a ciência para trás, há muita coisa da ciência que pode ser colocada em um filme de duas horas, quando o script tem terreno para isso. Mas eu tento tocar em conceitos científicos, tanto quanto eu posso. Quando eu escrevo, estou sempre verificando os sites relacionados com o espaço para a inspiração.

Você pode me dar um exemplo de uma invenção sua que você se sentou depois de criá-la e disse: “Uau, isso é tão Jornada?” 

MJ: É uma coisa pequena (sem trocadilhos), mas na edição que mostrou os bastidores de Keenser, amiguinho de Scotty, eu fiz Keenser a pessoa mais alta em seu planeta natal. Ele não se ajustava lá. E então entrou para a Frota Estelar, e é o menor do grupo, mas sente-se em casa, pois seus conhecimentos de engenharia são respeitados. Parecia como se Jornada transformasse sua situação em sua cabeça, mostrando-o como um pária alto em sua terra natal (e para mostrar um novo mundo alienígena que nunca tinha visto antes), e como isso afetou seu caráter e desenvolvimento.

Qual é o problema mais frustrante para você ao trabalhar em um livro com tais personagens bem conhecidos? 

MJ: Não ter 200 páginas para cada edição, para que eu pudesse dar a cada um dos membros da tripulação um momento para brilhar em cada edição. Mas eu faço o meu melhor para mostrar a todos como a série se desenrola.

Há lugares psicológicos que você gostaria de levar nos quadrinhos, mas que resistiu porque pensou que foi longe demais? 

MJ: Não realmente. Uma das melhores coisas sobre Jornada que é completamente sem medo de ser diferente – audaciosamente indo – com episódios como “The Naked Time” e “Best of Both Worlds”.

Com tudo isso de viagem no tempo e linha de tempo redefinida, você tem dificuldades em conciliar os universos de Jornada? 

MJ: Não, eu acho que a genialidade do filme de 2009 foi fazer uma ruptura com a linha de tempo original, de modo que o original foi preservado, enquanto a nova linha do tempo pode dizer suas histórias, sem afetar o velho.

Falando sobre a viagem no tempo, você acha que é um enredo contado em demasia? 

MJ: Somente quando ele é feito mal. Como qualquer conceito familiar ou gênero, depende tudo da execução.

Alguma dica sobre o que acontece agora quando a missão de cinco anos começa de novo? Os livros da IDW audaciosamente indo em algum lugar antes que Abrams e equipe apareçam para uma visita?

MJ: Nós temos uma grande história no espaço da galáxia que envolve os Klingons e os Romulanos, depois de estarmos caminhando para o espaço profundo para a missão de cinco anos. Nós realmente queremos mostrar novos lugares e estranhos e personagens que não vimos antes. Haverá algumas caras conhecidas da cronologia original, mas a maior parte será de novas aventuras.

Se não houvesse regras e nem legados, apenas uma grande nave chamada de Enterprise e sua equipe intrépida, o que você gostaria que eles fizessem? 

MJ: Eu vou colocar isso em termos do que uma nova série de TV sobre Jornada faria: mostrar como é a vida em todos os níveis da tripulação. Tradicionalmente, o foco é na ponte, mas eu gostaria de expandir isso para incluir todos, desde o cozinheiro da nave aos mais humildes redshirts.

O que inspira você no momento? 

MJ: Eu sou inspirado pelo que está se desenrolando na exploração do espaço hoje. Observando as descobertas que estão sendo feitas em Marte, e pela nossa nave espacial enviada através do sistema solar. É a vida real de Jornada. É também um momento fascinante com o governo financiando a exploração e abrindo caminho para mais investimentos privados no espaço.

Qual é o próximo passo na sua agenda, Jornada ou outro projeto?

MJ: Com Jornada, a série em curso continuará até o próximo filme, e enquanto isso, temos a Star Trek: Khan mini-série que estréia em outubro, que mostrará as origens de Khan no século 20 e como ele acabou congelado. Além de Jornada, eu estou trabalhando pela IDW nos quadrinhos de Transformers, co-escrevendo a série Beast Hunters, e estou desenvolvendo alguns projetos próprios.

Como você aborda a criação de uma história de fundo que realmente tem duas backstories? A linha de tempo de Kahn tecnicamente antes do lançamento do reboot de Abrams, para terminar ambas com a mesma história de fundo. 

MJ: Eu não posso dizer muito, sem estragar a história, mas há sempre a possibilidade de que os dois períodos não fossem completamente idênticos, mesmo antes de Nero chegar com sua nave.

Alguns dos trabalhos anteriores sobre Khan podem aparecer aqui? De romances ou de outras fontes. Abrams parece desenhar a partir de fontes não-canônicas, de tempos em tempos, você vai estar fazendo isso, ou será Orci a orientar os fatos, enquanto você guia o personagem?

MJ: Nós estamos indo estritamente pelo que sabemos das duas fontes sobre Khan: no episódio “Space Seed” original e o filme A Ira de Khan. Bob Orci e eu discutimos a melhor forma de extrapolar a origem de Khan com base nestas duas fontes canônicas.