Viagens no tempo e no espaço – Parte zero

Pois é…

Não demora muito e 2009 chega sem que a gente perceba e junto com ele o aguardado (pelo menos para os fãs de Jornada nas Estrelas) Star Trek de J.J Abrams. O que a décima primeira encarnação cinematográfica da franquia nos reserva só o futuro dirá uma vez que Abrams montou uma barreira quase impenetrável em volta de tudo o que se relaciona ao novo filme.

Mas sabemos que este será mais um filme que usará um dos dispositivos de trama mais manjados da história da ficção Cientifica : A viagem no Tempo.  Desde que HG Wells popularizou o conceito ao escrever o romance  “A Maquina do Tempo (1865) o tema tem sido tratado de todas as formas tanto no cinema quanto TV. Quem não se lembra das trilogias “The Terminator” (1984, 1991 e 2003) e “Back to the Future” (1985, 1989 e 1990) ou dos mais recentes “The Butterfly Effect” (2004 e 2006)  ou mesmo das duas versões de “A Maquina do Tempo (1960 e 2002) baseados na própria obra de Wells ?

Na TV não dá para não falar no assunto sem lembrar-se de “Túnel do Tempo”, um seriado clássico de Irwin Allen, mas temos ainda outras opções como “Seven Days”, “Odissey 5” e “Quantum Leap” entre outras. Este é um tema intrínseco a ficção cientifica até por que quase todas as vezes que se fala em Sci-fi estamos falando de um tempo (seja qual for) que não é o nosso tempo.

O assunto chama tanto a atenção que a própria Paramount lançou em 2006 uma coleção chamada Star Trek: Fan Collective – Time Travel com episódios temporais selecionados pelos próprios fãs. Os eleitos foram “Tomorrow is Yesterday” e  “The City on the Edge of Forever” (Serie Clássica); “Yesterday’s Enterprise,” “Cause and Effect,” “Time’s Arrow” e “All Good Things” (A Nova Geração); “Little Green Men” e “Trials and Tribble-ations” (Deep Space Nine);  “Year of Hell (Partes I e II)” e “Endgame” (Voyager). Curiosamente “Enterprise”, com sua Guerra Fria Temporal não emplacou nenhum episódio nesta coleção.

Pois bem, enquanto à hora não chega e a coleção temática também não aparece em terras tupiniquins, por que não voltamos nossos olhos para o passado, (ou será futuro !?!?) e revisitamos os episódios que tiveram este mote em cada uma das encarnações da franquia, afinal esta pode ser uma boa maneira de passar o tempo. Pesquisamos os arquivos dos agentes  Lucsly e Dulmur da agencia de Investigações Temporais da Federação para descobrir se Kirk foi mesmo o campeão de violações temporais da Frota Estelar.

 Abandonemos então os infames trocadilhos sobre o tempo e vamos ao que interessa.

Engage !!!

 A Serie Clássica  

Responda rápido: Qual foi o primeiro episodio de Jornada sobre viagem no tempo?  A Resposta correta é “The Naked Time” embora muita gente não se lembre disto, o que é perfeitamente natural uma vez que a pequena viagem ao passado realizada pela Enterprise (cerca de 3 dias) foi uma mera reação do recurso utilizado para salvar a nave do desastre certo. Pelo menos acabou sendo assim.

Neste episodio após a tripulação ser contaminada com uma vírus que causa os mesmos sintomas da Embriaguez a nave é levada a beira do desastre e para salva-la, Scott é obrigado a usar um artifício para ligar os motores da nave a frio (que haviam sido desligados por um tripulante contaminado) para impedir que a nave caia no planeta PSI 2000. O desastre é evitado mas como efeito colateral ao fugir da aceleração da gravidade do planeta a Enterprise é lançada três dias antes daquele momento.

A maior curiosidade deste segmento é que ele deveria ser um episodio duplo que especula-se poderia ser “Tomorrow is Yesterday”. A idéia do segmento em duas partes foi abandonada o que não mudou muito o resultado final de nenhum dos dois episódios citados mas se a idéia original fosse mantida e as especulações confirmadas, tanto o final do primeiro quanto o inicio do segundo fariam mais sentido. Mas não percamos mais tempo com tais suposições.

“Tomorrow is Yesterday” é outro dos bons episódios da Serie Clássica. Sem duvida um dos melhores da primeira temporada. Aqui a Enterprise é jogada no passado após precisar se livrar do campo gravitacional de um “Buraco Negro” . (Re) Nasce ai o famoso “Efeito Estilingue” que seria reutilizado em Jornada outras vezes como veremos adiante.

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O que importa é que para este segmento a viagem trouxe contratempos indesejáveis, como o fato da Enterprise ter sido avistada no sec XX (e sua imagem gravada) pelo capitão John Christopher e este próprio ter sido transportado a bordo da nave criando a “encrenca da semana” para Kirk e sua trupe resolverem. Este divertido episodio tem alguns problemas (como toda historia que envolve viagens no tempo) com o tratamento dado a questão de como retornar ao “presente” e desfazer as mazelas da incursão não planejada.  Se não, vejamos:

Era preciso devolver Christopher de forma que ele não lembrasse de nada do ocorrido e segundo Spock, ao retornar no tempo e devolver o capitão ao seu caça no exato momento em que a Enterprise o transportou, seria como se nada tivesse acontecido. Assumindo esta premissa também não seria necessário enviar uma equipe para recuperar o filme e as fotos tiradas pelo capitão pois este também deixariam de existir.

Com a descida (desnecessária) a base criou-se mais um problema, o transporte acidental de um sargento da base de Omaha a nave. Este também foi devolvido pelo mesmo método usado para devolver Christopher, certo ? Mas poderíamos perguntar se o transporte funciona quando a nave está em Dobra ? A resposta pelo que se sabe seria não, logo nossos simpáticos clandestinos não poderiam ser devolvidos como foram. Para piorar, após entrar em dobra 1, a Enterprise levaria  aproximadamente 1,33 segundos para chegar a lua não deixando muito tempo para realizar tudo o que foi realizado na operação de retorno.

 Da maneira como foi apresentada a Enterprise volta no tempo como se um filme estive sendo passado ao contrario para que ela pudesse ir reparando os problemas pelo caminho, como se simplesmente eles fossem  desfazendo as suas pegadas ao retornar. O mais sensato seria fazer um salto ao passado, e em seguida ao futuro, em dois movimentos, mas não é isto que se vê em tela.

Nada disso atrapalha o segmento enquanto entretenimento mas abriu-se uma lacuna difícil de ser explicada, pois pelo que vemos aqui seria relativamente (sem trocadilhos) simples retornar ou avançar no tempo, como veremos mais adiante. As implicações disto são obvias.

Enfim é um segmento cheio de furos se for levado a Serio (?!), mas nem por isto deixa de ser um episodio delicioso da Serie Clássica valendo a pena não se concentrar muito em como as coisas acontecem e apenas deixarmos que elas aconteçam.

Nossa próxima parada é “The City on The Edge of Forever”, clássico dos clássicos de Jornada que nos leva ao passado deste universo ficcional para uma viagem inesquecível.

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A existência do Guardião da Eternidade faz deste um segmento singular, devido as particularidades deste artefato alienígena. Não só ele pode transportar pessoas a “todas as eras” como protege o planeta dos efeitos que as intervenções temporais podem causar. O planeta Gateway (como passaria a ser conhecido) funciona com uma ilha isolada de tudo o que possa acontecer nas linhas do tempo, o que para o roteiro é extremamente conveniente uma vez que permite que se conte a historia que se deseja contar sem se preocupar com os eventuais paradoxos temporais com os quais tem que se lidar quando se lida com tipo de assunto.

Harrlan Elisson talvez tenha pensado o seguinte: Se um personagem volta no tempo e altera o passado, como conseqüência mudando o futuro, logo ele mesmo não chegara ao momento inicial de onde foi lançado de volta ao passado de forma a alterá-lo. Este Paradoxo da alteração da Historia é tratado de varias formas em varias obras e em Jornada se convencionou que se pode viajar de um lado para outro e que as alterações causadas seriam facilmente entendidas e se necessário desfeitas.

Não deveria ser assim mas não é objetivo deste artigo se debruçar sobre tais teorias e para efeito do segmento abordado a solução adotada de transformar o planeta Gateway numa espécie de “Santuário Temporal” funciona a contento e ajuda  The City,,, a se tornar um dos mais importantes episodios de Jornada nas Estrelas.

Somente no fim da segunda temporada voltariamos a ter outro episodio “temporal”: “Assignement: Earth”. Neste episodio a Enterprise volta ao passado para observar eventos (fictícios)  acontecidos no ano de 1968: Um problema durante o lançamento de um míssil faz com que uma ogiva nuclear seja detonada a uma altitude relativamente baixa da Terra.

Durante a orbita a Enterprise intercepta um poderoso feixe de transporte que esta trazendo de volta ao planeta um terrestre que teria sido abduzido por uma raça alienigena e transformado em um tipo de 007 intergaláctico, descendentes de uma colônia de humanos levados da Terra séculos antes e que desenvolveram uma avançada sociedade desconhecida até mesmo para a Federação.

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Seven consegue se desvencilhar e chegar a Terra mas é seguido por Kirk e Spock. Ele prossegue na missão com a ajuda de sua secretaria, Roberta Lincoln. No final descobrimos que os eventos que a Enterprise veio estudar só aconteceram da forma como foram devido a intervenção da própria Enterprise, que volta para o seu tempo sem maiores conseqüências.

Este episodio serviria não só como segmento da Série Clássica mas também como piloto para uma nova serie de Gene Roddenberry que teria como nome o titulo do Episodio em questão. Gary Seven, o personagem que confronta Kirk e Spock noSéculo XX seria seu protagonista mas o projeto não evoluiu, ficando apenas este episodio de Jornada. Por conta disto o segmento soa fora de sintonia com o padrão da serie pois na verdade o centro das atenções aqui é o agente Gary Seven ficando o pessoal da Enterprise como coadjuvantes de luxo.

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Já o personagem Gary Seven voltaria a ter papel importante em Jornada através da sua literatura. The Eugenics Wars: The Rise and Fall of Khan Noonien Singh, (ainda não publicado no Brasil) é uma novela dividida em duas partes onde Seven enfrenta Khan tentando evitar que este domine o mundo durante as guerras Eugênicas. Quem ainda não conhece pode encontrar bastante informação em duas revisões feitas pelo Leandro Martins para o Trek brasilis: O material sobre Star Trek, The Eugenic Wars, Vol  1 e Vol 2 estão disponíveis no conteúdo Clássico do TB.

Outra novela Trekker onde Seven tem papel destacado é “Assignment: Eternity”, uma seqüência  (não-canonica) do eventos de “Assignment: Earth”, escrita pelo mesmo autor de The Eugenic Wars, e “To Reign in Hell: The Exile of Khan Noonien Singh”.

Em resumo Sevem seqüestra a Enterprise (que está novamente em missão no século XX) e segue em uma aventura dentro do espaço Romulano, para impedir que um viajante do tempo Romulano assassine Spock durante as negociações para o tratado de paz em Khitomer. Alguém por acaso acha tal enredo familiar ? Existem ainda quadrinhos contando as historias de Seven e sua assistente nenhuma delas publicada no Brasil.

Voltando ao que interessa, o segmento poderia se tornar um problema se recebesse mais destaque devido a forma como a viagem no tempo é posta no segmento, mas estranha e felizmente embora o Fandon se lembre de Gary Seven, acabam por esquecer a fatídica viagem da Enterprise ao ano 1968 como se tivesse ido na padaria comprar pão num domingo pela manha. Da mesma que em “Tomorrow is Yesterday” tal trivialidade poderia complicar roteiros de filmes como  “Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa” e “Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato” entre outros. Como entretenimento em si apenas um segmento regular da segunda temporada da Serie Clássica.

Saltemos agora a terceira temporada onde encontraremos o bom “All Our Yesterdays” . Neste episodio a Enterprise chega ao planeta Sarpeidon para tentar resgatar sua população antes que o sol de seu sistema, Beta Niobe se transforme em uma Supernova, fato prestes a acontecer. Entretanto ao chegar lá encontram somente uma única pessoa no planeta, o Sr Atoz, que se apresenta como o bibliotecário e se apressa em querer enviar os membros do grupo avançado para um “lugar seguro” sem perceber que estes são estrangeiros.

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Descobrimos então que os habitantes de Sarpeidon foram enviados ao passado, séculos antes da explosão de sua estrela usando um equipamento chamado Atavachron, uma maquina do tempo. Acidentalmente Kirk é enviado a idade media  do planeta e McCoy e Spock para a ela do gelo de Sarpeidon. Após alguns sustos eles conseguem voltar, Atoz se manda pelo Atavachron e a Enterprise escapa bem em cima da hora.

Neste segmento encontramos varias historias dentro da historia que merecem ser tratadas no guia de episódios com mais carinho. Para efeito deste artigo vamos nos ater as questões que nos interessam até o momento: A viagem no tempo e seus mecanismos. Começando pelo Atavachron, um equipamento muito interessante. Se compararmos as suas capacidades poderiamos concluir que ele é mais eficiente do que o Guardião da Eternidade uma vez que é extremamente fácil “sintonizar” um período qualquer no tempo algo que o Guardião tinha mais dificuldade em executar.

Em segundo lugar a “preparação” que ele executa nos viajantes temporais é um fato singular nas historias de viagem no tempo, se não único. Não parece valer a pena se debruçar sobre esta questão visto que tal dispositivo foi introduzido para inserir um senso de urgência nos retornos de nossos heróis ao presente bem como justificar que Zarabeth não pudesse voltar. Nada contra pois tal tática funciona bem dentro da proposta do segmento.

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Mas isto nos leva aos efeitos causados pela viagem no “grande trio”, principalmente em Spock, que começa a se comportar de forma irracional. A explicação de que Spock teria revertido aos seus antepassados a principio parece razoável mas ao mesmo tempo soa estranho tal efeito no Vulcano. Mais uma vez o episodio envereda pela criatividade singular como meio de criar um dilema para nossos personagens.

Por ultimo fica a questão de como a historia Sarpeidon poderia sobreviver intacta ao retorno de milhares, talvez milhões ou bilhões de pessoas ao passado, todos sabedores do futuro que os aguarda. Este talvez seja o maior dos paradoxos que segmento não comenta, e nem poderia, mas é uma “caixa de vermes” que precisa ser mantida trancada pois caso contrario “All Our Yesterdays” ruiria em segundos.

Outras questões que o segmento não responde ( e nem deveria mesmo) mas que dariam ótimas historias :

Como o Atavachron foi parar em Sarpeidon ? Teria sido construído pelos habitantes locais, algo pouco provável para uma civilização que não desenvolveu o vôo espacial ou seria um artefato alienígena? Como foi que o aparelho deixou de ser o instrumento de terror de um tirano (Zor Kahn) para se tornar a salvação do povo do  planeta condenado ? Qual a historia por trás de exílio de Zarabeth ? Enfim, uma serie de outras histórias poderiam ser contadas a partir dos eventos deste excelente episodio da Serie Clássica.

A Serie Animada

A Serie Animada também teve sua incursão temporal. Apenas um dos seus 22 episódios teve como gancho alguma estripulia temporal, mas o custo- beneficio foi muito positivo neste caso. “Yesteryear” é um talvez o melhor episodio da TAS graças a soma de diversos elementos agradáveis aos fãs, começando pela volta do Guardião da Eternidade além dos personagens Sarek e Amanda que ficaram eternizados como pais de Spock.

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Já no quesito temporal o segmento tem um problema grave na sua concepção. Segundo a pesquisadora que faz parte da equipe de estudos do Guardião, o problema que ocasiona a mudança na linha temporal fazendo com que Spock seja morto aos sete anos de idade acontece por que o Vulcano estava viajando com Kirk pelo passado no instante em que eles pesquisavam o passado de Vulcano. Notem que a equipe que relata isto não viajou ao passado através do guardião, apenas observava os acontecimentos através dele. Tal afirmação indicaria que o passado estaria “acontecendo” novamente toda vez que o guardião fosse ativado algo que não faz sentido algum.

Uma crica menor era que em “The City on The Edge of Forever” o guardião era incapaz de mostrar a passagem do tempo com o “ajuste fino” necessário para levar McCoy um dia antes para poder evitar o acidente a bordo da Enterprise que vitimou o medica da nave. Mas em “Yesteryear”  o guardião consegue levar Spock ao dia exato que ele precisa. Uma acomodação do roteiro sem duvida, mas um mal menor visto que poderíamos aceitar que a Federação possa ter desenvolvido instrumentos mais sensíveis a passagem do tempo.

O mais problemático aqui é que, racionalizando a partir deste episodio chegariamos a conclusão de que o tempo “normal” é aquele em que Spock morre e a via alterada é onde Spock permanece vivo. A coisa complica ainda mais se pensarmos que o jovem Spock morreu (como devia) mas o próprio Spock mais velho lembra que foi ele mesmo quem voltou ao tempo e o salvou quando jovem, mas como isto é possível, se o certo seria Spock jamais ter passado dos sete anos ?

Este um grande segmento quando se fala em acrescentar elementos importantes da vida pessoal e anterior do personagem Spock mas do ponto de vista “temporal” é um verdadeiro abacaxi, porém, como a serie tinha como meta atingir o público infanto-juvenil não se pode cobrar demais da mesma tornando aceitáveis certos deslizes.

Cinema

Para completar, não podemos deixar de fora “Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa”. Um grande clássico do cinema trekker, este filme mistura tudo começando pelo clássico efeito estilingue até chegar aos Klingons (ao menos uma nave Klingon) pescando baleias. Esta historia todo mundo já conhece em detalhes, por isto vamos ao que interessa e passando direto pelo famigerado “Efeito Estilingue”. Alem dos habituais este filme apresenta dois problemas temporais. O primeiro é questão da invenção do “alumínio transparente”.

Ora, se para a proposta do filme (que era de ser basicamente entretenimento, com muito bom humor) a saída de Scotty funciona bem se formos avaliar com um pouco mais de critério tal ação seria temerária alterando profundamente a historia conhecida. O filme chuta o manual do viajante temporal da Frota Estelar e que se dane e todo mundo achou muito engraçado. Depois ainda dizem que o fã de Jornada é xiita.

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Outra questão é de puro ponto vista (alias, o que não é ?) do autor deste artigo. Vejamos: Se consideramos que não deveriam existir Baleias no planeta naquele período onde a sonda espacial se dirigiu a Terra, o que foi a tripulação da Enterprise fez ao voltar ao passado foi alterar o futuro inserindo elementos na historia que antes não existiam e não deveriam existir. O futuro da Terra é alterado a partir daquele momento sem margem de duvidas a respeito disto. A Terra em sua linha normal de tempo deveria ter sido destruída no século 24 mas ai rasgaram o livro e ficou por isto mesmo, com direito a tapinha nas costas de Kirk e sua tripulação. Ou seja, os fins justificam os meios até mesmo em Jornada.

Chegamos ao fim desta viagem pela Série Clássica e o saldo das aventuras temporais até aqui parece positivo. Tirando as mazelas que obrigatoriamente acontecem em qualquer viagem temporal, como entretenimento este tema atendeu bem as necessidades dos roteiristas clássicos fornecendo boas horas de diversão para o fã de Jornada.

Dos segmentos apresentados, “The City on the Edge of Forever” e “All Our Yesterdays” são dois diamantes raros, “The Naked Time” e “Tomorrow Is Yesterday”, embora num nível abaixo também são favoritos entre os fãs e “Assignment: Earth” , embora não passe de regular também não chega a comprometer. Já “Jornada nas Estrelas IV: A Volta Para Casa” é um favorito entre os fãs. Para a Serie Clássica o saldo das incursões temporais foi amplamente positivo.

O segredo do sucesso da Serie Clássica em suas aventuras temporais foi entender que tal estratagema deveria ser apenas um meio para contar uma boa historia e não um fim em si mesmo. Perde-se muito pouco tempo explicando coisas que na verdade não tem explicação e dedicando esforço a mostrar como os personagens lidam com os desafios propostos em cada aventura, mas voltaremos ao final do artigo a estas reflexões.

Próxima parada: A Nova Geração