VOY 1×15: Learning Curve

Tuvok e Dalby

Último episódio da temporada não passa de um grande acidente de percurso

Sinopse

Data estelar: 48846.5

Quando um engenheiro maquis chamado Dalby interrompe a força para a grade de energia da nave ao fazer um reparo não autorizado, Janeway percebe que não pode esperar comportamento da Frota Estelar de pessoas que nunca foram à Academia. Para atualizar os oficiais maquis com os protocolos da Frota, a capitã pede a Tuvok que treine um grupo de quatro recrutas, incluindo Dalby. Como já era previsto, esses quatro maquis se recusam a seguir as regras de Tuvok até que Chakotay mostre de forma convincente que isso não é um exercício voluntário.

Como um bom sargento de instrução, Tuvok pega pesado com os maquis, ordenando trajes e comportamento dentro das regras. Dalby reclama com Torres sobre as táticas severas de Tuvok, mas ela sugere que ele está com medo de não conseguir passar no treinamento do vulcano. A conversa é bruscamente interrompida quando um dos pacotes de gel bioneural da nave deixa de funcionar, o segundo em poucos dias. Torres leva o pacote para a Enfermaria e o Doutor nota que o componente parcialmente biológico tem uma infecção e precisa ser “tratado” antes que o mal se espalhe pelos outros sistemas da nave.

As sessões de treinamento rigoroso de Tuvok parecem funcionar em nível superficial, mas os maquis são facilmente desencorajados. Tuvok confessa a Neelix que não entende por que suas técnicas, aprimoradas durante anos de instrução na Academia, não estão funcionando. O talaxiano sugere que Tuvok seja mais flexível na sua abordagem.

Tuvok e Neelix

Enquanto pondera sobre o conselho de Neelix no refeitório, Tuvok indaga se esporos bacterianos de um queijo caseiro que o talaxiano está fazendo estão sendo absorvidos pelos dutos de ventilação da nave, servindo de fonte para a infecção dos pacotes de gel. O Doutor inspeciona o queijo e o palpite de Tuvok se confirma.

Pouco tempo depois, Tuvok e seus alunos se encontram presos na área de cargas da nave quando outro sistema cai, vítima da infecção. Quando a tripulação da Voyager aquece os pacotes de gel com o calor produzido pelo reator de dobra para provocar uma “febre”, vapores tóxicos vazam na área de cargas onde Tuvok e os recrutas estão presos. Quase subjugado pela fumaça, Tuvok ajuda três dos quatro cadetes a escapar, depois volta para o quarto aluno que ficou para trás incapacitado. Quando o gás o derruba, as três ovelhas negras se juntam para resgatar os dois colegas. Por fim, Dalby percebe que se Tuvok pode quebrar os regulamentos às vezes, talvez eles também possam aprender os protocolos sob a sua tutela.

Comentários

“Learning Curve” é um episódio patético, sob qualquer ângulo que se olhe para ele. Os personagens estão descaracterizados, a problemática maquis é totalmente artificial e a “falsa-encrenca” causada pelo queijo de Neelix está mais para uma comédia pastelão do que para uma série de ficção científica.

Learning Curve title card

A tentativa foi trabalhar com a problemática maquis e a dificuldade de adaptação aos regulamentos da Frota. O objetivo é nobre, não fosse pelo fato de ter sido esquecido em quase todos os outros episódios. Além do mais, mesmo um maquis avisaria que faria um reparo antes de desativar um componente da nave. Isso não tem nada a ver com protocolos específicos, é só uma questão de bom senso.

O comportamento de Chakotay é incompreensível. Nem parece que aqueles maquis são a sua tripulação. Ele não manifesta nenhum desejo de tornar mais fácil a adaptação de seus colegas, nem hesita em esmurrar um tripulante para convencê-lo a se enquadrar. Nem parece o Chakotay que foi pedir a Janeway para aceitar B’Elanna Torres como engenheira-chefe.

O treinamento elaborado por Tuvok também dá uma visão bem pouco agradável do que imaginamos para a Academia — se você achava que a Frota Estelar era uma organização voltada principalmente para a exploração do cosmos, esqueça. É só mais uma versão do serviço militar atual.

Tuvok e os maquis

A atitude do oficial de segurança como um general é ridícula. O exercício de corrida é pior ainda. Por que não usar um holodeck para criar um ginásio ou mesmo um ambiente de maratona, em vez de ficar passeando pelos tubos Jefferies?

Se isso estivesse acontecendo na Enterprise de Jean-Luc Picard, os problemas teriam sido todos resolvidos sem abuso de autoridade ou maneirismos militares. Apesar da necessidade de disciplina, é certo que até no século 24 haverá métodos bem mais eficazes e agradáveis de criar senso de responsabilidade nos membros de uma equipe. Infelizmente, Tuvok ainda não os conhece.

A história do “queijo assassino” então, nem se fale. Tudo bem, podemos até engolir a ideia de que surja uma bactéria (ou mesmo de um vírus) produzida a partir da fermentação do queijo. Mas que isso seja capaz de desabilitar a nave, aí já é demais.

Se há componentes sabidamente orgânicos na Voyager, também deve haver esquemas eficientes de proteção. Senão, a cada resfriado de um tripulante, seria necessário trocar todo o equipamento.

Neelix B'Elanna, Tuvok e o queijo,

Embora o conceito de “febre” seja usado de forma totalmente equivocada, aquecer os circuitos seria um bom modo de eliminar os parasitas — o problema é que isso eliminaria junto a “vida” dos circuitos bioneurais! É como curar a doença matando o paciente. Ou seja, tudo não passa de um monte de tecnobaboseira escrita para manter Tuvok e os maquis em perigo na área de carga.

Para terminar a destruição, o diálogo final em que Dalby “decide” aceitar os padrões da Frota após Tuvok ter tentado salvar a vida de um dos maquis é ridiculamente falso, só para criar o clima de que tudo foi resolvido e nada sobrará para se comentar no episódio seguinte. Mais artificial, impossível.

A verdade é que não há nada de bom para falar sobre esse episódio. Para não dizer que tudo é uma perda de tempo, o início (única parte que mostra um sinal de continuidade na série), em que Janeway faz papel de governanta no holodeck, mostra o lado “família” da capitã.

De resto, trata-se de um grande acidente de percurso. E o percurso começará a ficar ainda mais cheio de acidentes na próxima temporada…

Avaliação

Citações

“Get the cheese to sickbay.”
(Leve o queijo para a enfermaria.)
B’Elanna

Trivia

  • Esse episódio foi escrito pela dupla Ron Wilkerson e Jean Matthias. Os dois também escreveram o elogiado episódio da última temporada da Nova Geração, “Lower Decks”. Os dois episódios introduzem um novo quarteto de jovens tripulantes que observam o alto escalão da nave (neste caso, Tuvok) sob a ótica de uma tripulante novata e comum.
  • Após este episódio, estava previsto que faltariam mais quatro episódios para completar a temporada. Porém, a UPN resolveu deixar os quatro restantes para a abertura da segunda temporada, esperando assim — como sairia na frente das outras emissoras na volta das reprises — conseguir mais audiência. Os episódios já filmados que foram atrasados são: “The 37’s”, “Elogium”, “Twisted” e “Projections”, este último com a presença do personagem recorrente da Nova Geração, tenente Reginald Barclay (Dwight Schultz).

Ficha Técnica

Escrito por Ronald Wilkerson & Jean Louise Matthias
Dirigido por David Livingston

Exibido em 22 de maio de 1995

Título em português: Curva de Aprendizagem

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

Armand Shultz como Dalby
Derek McGrath como Chell
Kenny Morrison como Geron
Catherine MacNeal como Henley
Thomas Alexander Dekker como Henry
Lindsey Haun como Beatrice

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Edição de Stéphanie Cristina
Revisão de Susana Alexandria

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